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QUE FUNÇÃO PARA A ESTALAGEM? 4.1 APROXIMAÇÃO AO

FUTURO PROJETO

122 aéreas beneficiou uma maior acessibilidade 123

ao arquipélago, tendo ainda sido anunciado no corrente ano, que o Plano de Revitalização Económica da Ilha da Terceira irá incluir criação de novas rotas low-cost a partir do Porto e de Lisboa para a ilha Terceira, alargando assim, a acessibilidade do continente ao arquipélago.2

Estas novas rotas serão inauguradas em Dezembro, ainda deste ano.

A comunicação social tem dado destaque aos Açores, classificando-os de “melhor destino”, nos últimos anos, como por exemplo, a revista National Geographic Traveler, que na sua edição holandesa classificou em primeiro lugar de 20 destinos “a visitar” em 2016, ressalvando que “desde 2012, o arquipélago destaca-se principalmente na área do turismo sustentável, permitindo que os visitantes e a natureza estejam em completa harmonia.”3

Com as perspetivas de futuro favoráveis, que as mudanças dos últimos anos têm trazido aos Açores, acredita-se que apostar numa unidade hoteleira na localização da Estalagem da Serreta, tornar-se- ia uma mais-valia para a região, fomentando-se assim o desenvolvimento de uma área fora da concentração urbana, que se tem centralizado apenas no arco sudeste da ilha, entre as cidades de Angra e Praia, deixado outras áreas da ilha apenas como pontos de passagem. Com uma unidade de alojamento relevante na Serreta, verificar-se-ia a criação de um triângulo de interesse, onde a oferta hoteleira poderia se tornar mais inclusiva, na sua tipologia e distribuição.

Concretizada para satisfazer aspirações locais, vinda de um tempo em que o turismo não conhecia as dimensões dos dias de hoje, a Estalagem da Serreta seria certamente direcionada para um público-alvo reduzido, elitista. O antigo proprietário teria planos em criar na Serreta um Resort e Spa de luxo, no entanto a crise não o permitiu. A sua localização e as vistas privilegiadas, isolada no meio da natureza, destaca-se ainda por estar inserida dentro dos limites da reserva natural,

o que lhe permite fácil acesso a um conjunto de atividades ligadas à natureza (como por exemplo trilhos pedestres), acredita-se que a Estalagem enquanto parte de um empreendimento turístico, caraterizado pelas condições especiais onde se insere, tenha a capacidade de atrair um segmento do mercado.

Abordar um conceito de Resort e Spa de luxo, parece ser redutor, nesta realidade, abrangendo apenas um restrito nicho de mercado. Acredita-se que a intervenção deve ser pensada a uma escala, que possa atrair uma diversidade de segmentos do turismo, desde do turista, que procura um lugar para um retiro de spa, ao turista ecológico ou até mesmo, alcançar o “turista de arquitetura”.

Acredita-se que a reabilitação, deverá passar pela possibilidade de devolver à Estalagem da Serreta o prestígio fugaz, que a consagrou, como unidade de excelência e com isso possibilitar albergar um número de turistas rentável sem, no entanto, a tornar inacessível ao turista de excursão que, deverá poder usufruir de um conjunto de comodidades, que esta venha a oferecer, como previsto inicialmente nos anos 50.

O projeto de reabilitação do edifício existente será a principal e mais urgente tarefa a ser aplicada pelos proprietários, colocando um fim à crescente degradação. Embora, a sua ampliação em número de quartos e outras facilidades seja unanimemente reconhecida, para a viabilidade do empreendimento turístico, a sua proporção deve ser controlada visando-se manter a unidade do projeto original. Neste ponto, considerando-se indiscutível a importância do valor e da reabilitação da Estalagem da Serreta, pela sua importância enquanto marco da revisão do Movimento Moderno no século XX e pela crescente “obrigação de conservar o património do século XX”, que deve ter “a mesma importância que o nosso dever de conservar o património significativo de épocas anteriores”4, cabe aos arquitetos e população em

geral, lutar pela para a preservação deste edifício.

A reabilitação e preservação da Arquitetura Moderna é um assunto, que se tem tornado cada vez mais eminente, e torna-se necessário informar algumas diretrizes, para um projeto de reabilitação consciente. Importa salientar mecanismos, que têm desenvolvido um trabalho em torno da reabilitação da Arquitetura Moderna em específico. É o caso International Committee for Documentation and Conservation of Buildings and Neighbourhoods of the Modern Movement (DOCOMOMO) ou o International Council on Monuments and Sites (ICOMOS), identidades que têm desenvolvido um vasto trabalho, nas últimas décadas, de forma a documentar, alertar e refletir sobre a preservação desta arquitetura.

Atendendo à caraterização do panorama da preservação, em contexto contemporâneo ,há dificuldades em se desenvolver critérios de seleção e intervenção, tornando-se relevante expor um documento, com recomendações especificamente direcionadas para este tipo de património. O Documento de Madrid 2011, criado pelo ICOMOS em Junho de 2011 em Madrid, procura contribuir para o tratamento adequado deste importante período arquitetónico.

No documento, procura-se clarificar conceitos e oferecer à conservação deste património a mesma importância, que se dá ao de outras épocas, por esta ser considerado “um testemunho material do seu tempo, lugar e uso”5. Entre os diferentes

pontos enunciados destacam-se as cedências, por vezes necessárias, para atingir este objetivo, assim como alternativas práticas para metodologias e estratégias de intervenção.

A profundidade das intervenções devem ser minimizadas e no caso da necessidade de ampliações, estas devem ser reconhecíveis como elementos posteriores, respeitando o desenho na escala, forma, textura e cor, sem ambicionar competir com o edifício original. A conservação de elementos existentes é preferível à sua substituição, desaconselhando-se também

a reconstrução de elementos completamente perdidos. Segundo o documento, aceita-se a possibilidade de se abdicar de normas vigentes de acessibilidade, segurança, etc. de modo a preservar as intenções do projeto original.

O objetivo de uma metodologia conservativa pode ainda estender-se à reutilização do edifício intervencionado, ou seja, a revitalização do mesmo, para que, este possa voltar a ser usado, mantendo ou alterando a sua função primitiva, no caso de uma reconversão, por vezes implicativa de uma alteração tipológica. Além de um objetivo projetual, a reutilização pode evitar uma futura decadência e consequente perda do valor patrimonial do edifício, sem, necessariamente alterar a sua substância construída, tornando-se assim um tipo de intervenção.6

Dos objetivos, ressalva-se também o incentivo à publicação de “investigações e planos de conservação do património arquitetónico do século XX”, que contribuam para a disseminação do estudo de conservação deste património.

Assim, considera-se necessária uma investigação adequada, documentação e análise da materialidade histórica do bem, de forma a guiar qualquer mudança ou intervenção. A integridade do património arquitetónico do século XX deve ser preservada, não devendo ser descaraterizada por intervenções insensíveis. Desta forma, é imperioso uma cuidadosa avaliação da medida em que um sítio inclui todos os componentes necessários, para expressar o seu significado e também garantir uma completa representação das características e processos, que contribuíram para o seu significado.

Deve-se procurar no lugar e na obra a intervir o modo de atuar, devendo-se valorizar o existente e nele se inspirar.

2 - MELO, Ana Carvalho, Ilha Terceira terá voos Low-cost, Açoriano Oriental, 29-04-2016, publicado em http://www.acorianooriental.pt/noticia/ilha-terceira- tera-voos-low-cost, (consultado a 20-08-2016).

3 - WITTE, Sabine, publicado em http://beachcam.meo.pt/newsroom/2016/01/ national-geographic-elege-acores-como-o-local-mais-belo-do-mundo/, (consultado a 20-08-2016).

4 - ICOMOS (2011). Critérios para a conservação do património arquitectónico do século xx, documento de Madrid, Madrid, p.2. publicado em http://icomos- -isc20c.org/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/MDversionportugese.pdf (consultado a 22-08-2016).

5 - ibidem. 6 - ibidem.

125 124

Tendo em consideração o processo desenvolvido em torno da Estalagem da Serreta, acredita-se que, na obra de reabilitação do edifício, se possam restaurar particularidades de outrora. Apesar dos danos causados pela vandalização se mostrarem visivelmente graves, através da informação documentada fotográficamente, em desenhos e escritos, agora reunidos neste trabalho, permite-se contribuir assim, para uma intervenção de reabilitação consciente.

Auxiliado por um levantamento métrico, fotográfico e documental, constroem-se os materiais necessários, de forma a completar esta narrativa.

Reúne-se assim, um conjunto de elementos, que se consideram cruciais, para a compreensão completa deste edíficio. Através de um percurso documentado pelo edíficio, transmite-se a matéria fundamental, para uma futura intervenção na história da Estalagem da Serreta.

4.2 MÁTERIA

GSEducationalVersion

E S T A L A G E M D A

S E R R E T A

LEVANTAMENTO DE SITUAÇÃO ATUAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA 2016 105

108

E S T A L A G E M D A

S E R R E T A

LEVANTAMENTO DE SITUAÇÃO ATUAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA 2016

a b

Os desenhos técnicos elaboradores tiveram como bases levantamento topográfico original (cf. anexos), plantas de mobilíário originais (cf anexos.), plantas de projeto de ampliação (cf. anexos) em simultâneo com levantamento de medidas interiores e exteriores realizado a 9/04/16;

IMPLANTAÇÃO

-1969 - 2015 [3]; [4]; [5]; [6]; a) b) c) [7]; [8]; c GSEducationalVersion

128 129 GSEducationalVersion 3 8,42 1 2 3

ALÇADO SUL

ALÇADO OESTE

ALÇADO NORTE

GSEducationalVersion [10]; [11]; [12]; [14]; [13]; [15]; [16]; [17];

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