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O que mais vem com a esquiva?

No documento COERÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES (páginas 151-199)

M a n t e n h a s e u n a r iz lo n g e d e p r o b le m a s . No laboratório, não vemos ap en a s que o sujeito im pede os choques p ressio n an d o su a barra, m as que tam bém p a ssa a finalm ente fazer pouco m ais que isso. Tudo o m ais é punido. Um m acaco n e sta situ ação n ão m ais explora, b rin ca ou se exercita, e raram en te com e ou bebe. Ele n a d a faz que o afaste d a seg u ran ça de su a b arra. Ele g a sta seu tem po pressionando a b a rra e lim pando-se, dois atos que pode desem pe­ n h a r sim u ltan eam en te, um com cad a m ão. Se não estivéssem os cientes d a h istó ria do anim al, haveríam os de nos d efro n tar com a dificuldade de explicar su a e s tra n h a d u p la preocupação — p ressão à b arra, '‘ritu alística”, e lim par-se, “a u tis ta ”.

A contingência cria u m d esisten te real, particu larm en te, qu an d o não h á sinais de aviso de choque im inente. Avisos explícitos dão ao sujeito m ais liberdade; en tre sin ais ele pode deixar a b a rra e fazer o u tra s coisas em seg u ran ça, desde que ele não se afaste p ara m uito longe. E n tretan to , o sin al interrom pe tudo o m ais, puxando o anim al de volta p a ra a b a rra como po r u m elástico.

Um sujeito n este estad o é, n atu ra lm e n te, u m caso extrem o, um p ro d u to de punição freqüente e intensa. No en tan to , fazemos isso u n s aos outros. E xistência sob a am eaça de p u nição freqüente e in te n sa não é incom um . C ontingências de esquiva podem afin ar as p esso as tão b em que elas se to rn am au tô m ato s. V er isso acontecer no laboratório faz com que nos apercebam os de que am eaças co n s­ ta n te s podem d estru ir o potencial p a ra ap ren d e r de u m ser vivo. As p esso as podem ap ren d er por meio de contingências de esquiva, o que elas aprendem , no en tan to , é a se esquivar e pouco m ais. Se su a aprendizagem se deu principalm ente por esquiva, elas vão se confi­ n a r ao seguro e previsível, provavelm ente fazendo seu trab alh o efi­ cientem ente, m as incapazes de experim entar e de tira r vantagem de op o rtu n id ad es de livrar-se do estabelecido.

Populações in teiras não conhecem o u tra existência. Q uando o am b ien te n a tu ra l provê ap en a s recu rso s lim itados, co n tin u am en te am eaçando de re tirad a ou dim inuição severa d esses recu rso s, a vida se to rn a estreitam en te restringida. Toda ação p a ssa a ser dom inada pela sem pre p resen te am eaça de calor ou frio excessivos, aridez, m agros reb an h o s e colheitas esp arsas. C onsiderando tu d o o m ais perigoso, a com unidade se devota ao básico d a sobrevivência.

A daptações às várias am eaças da n a tu re z a incluem a q uase sonolência d as p esso as nos trópicos (provavelm ente tam b ém u m a a d ap tação fisiológica), a vida nôm ade dos caçadores n a calo ta polar do Norte ou no deserto, a sociedade agrícola m ais estável, m as prim itiva, que freq ü en tem en te p ro d u z um único produto, ou reli­ giões, m isticism o ou m etafísica que perm eiam todos os asp ecto s da existência e aju d am a co n tra b alan ç ar a m iséria p resen te, prom oven­ do u m a gloriosa vida após a m orte. O am biente físico pode su p o rta r pouco m ais. E squivar-se de desconforto severo ou de d e sa stre s n a ­ tu ra is — atos de D eus — to rn a-se a preocupação que tudo consom e d as pessoas. T entativas de ap ren d er q u alq u er o u tra coisa desviam a atenção e recu rso s d as sem pre p resen tes contingências de esquiva, A com unidade, vendo a m aior p arte d as inovações p ro n tam en te p u ­ n id as pelo am biente hostil, co n d en a afastam en to s d a c o n d u ta tra d i­ cional como pecam inosos ou heréticos.

G overnos repressivos criam ex istências sim ilarm ente confi­ n a d a s e estreitas. Eles exercem controle estabelecendo co n tin g ên ­ cias de esquiva, d ecretan d o com o ilegal q u alq u er com portam ento não-desejado ou n ã o -u su a l e p u n in d o q u an d o um cidadão sai fora d a linha. Eles ata c a m e stu d a n te s e professores violentam ente p o r­ que u n iv ersid ad es são lu g ares onde o p e n sa r ocorre; a ú ltim a coisa que u m a d ita d u ra civil ou m ilitar q u er é u m cidadão p en san te . A população, m a n ten d o -se próxim a de s u a s b a rra s de esquiva, tem pouco tem po ou en erg ia p a ra novas ap ren d izag en s, m esm o que o regim e não te n h a p u n id o q u a lq u e r d e sta s te n ta tiv a s com o n ão - conform idade perigosa. Produtividade to rn a-se secu n d ária em re la ­ ção à segurança. Pessoas envolvidas n esse tipo de coerção aprendem ap en a s a sobreviver.

N ã o b a la n c e a c a n o a . Indivíduos que levam u m a vida de esquiva sé to rn am negativos e inflexíveis. E squivadores raram en te fazem o inesperado; te r opções os am edronta. “Regras não foram feitas p a ra serem q u eb rad a s”, eles dizem. Nós todos j á tivem os co n ­ ta to com ad m in istrad o res que postergam cad a decisão in term inavel­ m ente e, se finalm ente colocados n a parede, sem pre dizem: '‘Não, isso não pode ser feito.” Nós todos certam en te n os lem bram os de professores que insistiam que cad a problem a que nos davam tin h a ap en as um m étodo de solução. E m bora nossos em pregadores nos digam que n osso trab alh o é en co n trar resp o stas, ou fornecer servi­ ços, ou e n sin ar o u tro s como a ta c a r e resolver problem as, ou to rn a r possível p a ra o u tro s fu n cio n ar efetivam ente, m uitos de nós têm d e s­ coberto que o u tro s critérios realm ente determ inam n o ssa seg u ran ça

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e promoção. Era u m a burocracia, decisões são perigosas, m ais p ro ­ váveis de trazer ce n su ra do que elogio. A prendem os a trilh a r os cam inhos certos.

Esquivam os de ser culpados por u m a decisão errad a, não tomando q u alq u er decisão; arquive o problem a ou p asse-o ad ian te para o u tra pessoa. “Não” é m ais seguro que “Sim ”. É m uito m ais difícil p a ra os o u tro s ap o n tar u m dedo acu sad o r p a ra algo não-feito do que p a ra u m a ação identificável. Se n a d a fazem os, eles não po­ dem n os cu lp ar por fazê-lo errado. Q uando u m a prom oção depende de esquiva bem -sucedida da culpa, e não de inovação ou produtivi­ dade, a inação dom ina a ação. Podem os criar novas m an eiras de esquivar d a cen su ra, m as. ao ap renderm os novas m an eiras de a tin ­ gir nossos objetivos de trab alh o não serem os reconhecidos ou sere­ mos rotulados como cau sad o res de problem as.

C ontingências de esquiva criam especialistas em esquiva. Qualquer aprendizagem que atrav essa o cam inho de esquiva bem - sucedida é perigosa. Finalm ente, os esquivadores m ais bem -su ced i­ dos se to m am os chefes. Como bolhas su b in d o em um líquido — apenas aq u elas que se esquivam de b a te r em o u tra s bolhas chegam ao topo — funcionários de instituições p ú b licas e privadas que con­ seguem escap ar de conflitos tam b ém chegam ao topo. O sistem a é autoperpetuador.

M a te - o s to d o s . Hoje, a ráp id a difusão de inform ação perm ite a todos, em todo lugar, ver todas as variedades de existência h u m a ­ na, em to d a s as p arte s do m undo. Pessoas extrem am ente pobres, vítimas das m ais severas coações sociais, políticas e religiosas rece­ bem im agens televisionadas de lazer, conforto e riqueza inim agina- dos. Elas vêem te rra s onde a sim ples sobrevivência raram en te está em questão. E las vêem c u ltu ras n as quais a coerção consiste, m ais cbm um ente, n a am eaça d a privação d a propriedade, seg u ran ça, con­ veniência ou liberdade — qualidades d a vida que elas ja m a is co n h e­ ceram. Elas vêem a vida h u m a n a valorizada por si m esm a, não sim plesm ente pelo que contribui p a ra a sobrevivência física e econô­ mica do grupo. Com as m aravilhas do tran sp o rte m oderno, trazendo exemplos vivos deste ilim itado luxo ao alcance d as m ãos, a q u e la j pessoas, su jeitas à co n tin u ad a repressão que am eaça a vida, têm descoberto e explorado u m a nova form a de coerção — o terrorism o. Elas têm forçado os privilegiados do m undo a p ressio n ar u m a b a rra de esquiva não-fam iliar: “D ê-nos o que vocês têm ou destru irem o s tudo que vocês valorizam .”

Porque te rro ristas têm pouco a p erd er e, freqüentem ente, acred itam que têm m uito a g an h ar depois d a m orte, eles estão p ro n ­ tos p a ra d e stru ir m esm o a si próprios no processo de ex ecu tar su a s am eaças. Dirigidos por pressões n a tu ra is e sociais in te n sa s p ara p ra tic a r esta form a extrem a de coerção social, eles po ssu em o m ais estreitam en te restringido de todos os repertórios com portam entais. S u a s opções foram red u zid as à sim ples rep resália, d isp en san d o um único choque coercitivo — m a tan ça indiscrim inada.

Não podem os fazer com que ab andonem e ssa opção cedendo às su a s dem andas; ta l reforçam ento ap en as g aran tiria m ais ato s de terrorism o. Não podem os fazê-los ab an d o n a r s u a ú n ica opção; sem ela, n ãc lhes re sta ria q u alq u er esperança, n e n h u m a m an eira de extorquir algum a p arte dos recu rso s do m undo p a ra si m esm os. Aí está porque é tão difícil lidar com terro ristas. Inevitavelm ente, co n ­ tram ed id as tom arão deles essa opção. Eles, então, n a d a terão em que se ap o iar a não ser desespero. A g u erra co n tra o terrorism o indiscutivelm ente se rá vencedora, m as deixar u m g rande segm ento do m u n d o sem qu alq u er outro m étodo p a ra m elhorar s u a sorte não é h u m an o e n ão é u m a perspectiva confortadora.

Q uando os que n a d a tém , a quem faltam até m esm o as n ecessid ad es b ásicas, reagem d estru in d o indiscrim in ad am en te o u ­ tro s ap en a s porque eles parecem te r tudo, então as opções dos privilegiados se to m a m restritas tam bém . O rçam entos de defesa das nações ricas finalm ente u su rp a m os próprios recu rso s que eles s u ­ p o stam en te defendem e to rn am im praticáveis as qualidades d a vida que su p o stam e n te eles preservam . E xistências em pobrecidas são a carga de q u aisq u er cidadãos que têm que g a sta r seu tem po p ressio ­ n an d o b a rra s de esquiva, an u lan d o am eaças e restrin g in d o -se a ações e em preendim entos que n ão en trem em com petição com a sem pre p resen te necessidade de esquivar-se. Todo m u ndo acab a perm anecendo perto do m aior núm ero possível de b a rra s de esquiva. Aprendizagem cessa. C riatividade e produtividade to m am -se coisas do passado. Q uando recorrem os à coerção social p a ra m a n ter na lin h a aqueles em pobrecidos pela coerção n a tu ra l, em pobrecem os a n ó s m esm os; n inguém ganha.

A p re n d iz a g e m le n ta

C ontingências de esquiva, então, im postas a u m a nação, ci­ dade, escola, sala de aula, hospital, fábrica, loja ou família, estab ele­ cem o rígido controle que caracteriza a tirania. Vítim as da tirania, vivendo sob am eaça co n stan te, raram en te cau sam su rp re sa s. E squi-

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va, en tretan to , não é sem pre fácil de en sin ar, m esm o p a ra um tira ­ no. Q uanto m ais forte e m ais freqüente os choques que tom am os, mais rap id am en te aprenderem os e m ais p ersisten tem en te c o n tin u a ­ remos a p ressio n ar n o ssa b arra. E n tretan to , algum as vezes, falhas no p ressio n ar n o ssa b a rra de esquiva podem ap en a s raram en te tra ­ zer u m a p u n ição forte. Nesse caso, podem os "ap ren d er n o ssa lição” lentam ente. Com choques infreqüentes, pode p a s s a r u m longo perío do a n te s que possam os sab er se ou não estam o s sendo b em -su ced i­ dos em dim in u ir a q u an tid ad e de punição que obtem os. Podem os ter que to m ar m uitos choques an tes que possam os e sta r certos de que estam os fazendo algum bem p a ra n ós m esm os.

E s p e r e a t é q u e d o a . Esquiva, portanto, em bora extrem am en ­ te forte u m a vez que a ten h am o s aprendido, pode ser b a s ta n te frágil enquanto estam o s no processo de aprendê-la. Ai está por que fre­ q üentem ente acabam os esp eran d o pelos choques e então desliga­ mos, em vez de im pedir, logo de início, que eles aconteçam . A ime- diaticidade da fuga nos controla m uito m ais efetivam ente do que os indicadores a tra sa d o s d a esquiva bem -sucedida. Os exem plos são m uitos. A inda b aseam o s nosso sistem a de cuidado com a saú d e n a cura em vez d a prevenção. O sistem a educacional responde de novo e de novo à falta de engenheiros, cientistas, m édicos e professores com su p erp ro d u ção , ain d a não aprendem os a evitar os ciclos de escassez e excedentes do m ercado de trabalho. Q uando o pico de um crescim ento populacional p assa, transform am os edifícios escolares em s h o p p in g c e n te r s e qu an d o o próxim o pico de crian ças em idade escolar chega, estabelecem os tu rn o s extras e com eçam os a c o n stru ir novos edifícios escolares; estes, n atu ralm en te, estarão p ro n to s exa­ tam ente q u an d o a população escolar m ais u m a vez declinar. A d es­ peito de periódicas faltas de energia, construím os a rra n h a -c é u s que poúco utilizam d e tecnologias de conservação de energia; cad a um deles consom e ta n ta eletricidade quanto u m a cidade razoavelm ente grande. E n q u an to isto, a acelerada dim inuição de reserv as de en er­ gia está inexoravelm ente levando à g u erra as prin cip ais potências m undiais, g u erra que pode ap en a s tem p o rariam en te a tra s a r a exaustão final d esses recursos, até m esm o p a ra o seu vencedor.

Todo m undo “conhece” essas contingências, ain d a assim não tom am os co n tram ed id as efetivas. Isso porque o conhecim ento com u- m ente é indireto. A m enos que experienciem os u m a ataq u e cardíaco, sabem os ap en as o que ouvim os os o u tro s dizerem sobre os perigos do colesterol. N aturalm ente, é possível ap ren d e r esquivas seguido regras, m esm o sem ja m ais te r experíenciado o evento tem ido. Uma

crian ça n ão p recisa se queim ar p a ra aprender, de u m com ando dos pais, a n ão to car no fogão quente, m as u m a p eq u en a q u eim ad u ra inquestionavelm ente produziria u m a aprendizagem m ais rápida. Po­ dem os p a ra r de fu m ar sem te r p assad o por u m a cirurgia cardíaca, m as u m ataq u e cardíaco m enor realm ente acelera o processo de aprendizagem . Avisos verbais são freqüentem ente inefetivos, refletin­ do a le n ta aprendizagem d a esquiva que ocorre q u an d o choques, reais ou am eaçados, vêm ap en a s pouco freqüentem ente.

D e s tr u iç ã o n u c le a r : e l a é e v itá v e l? Um exem plo extrem o de aprendizagem len ta por c a u sa de choques in freq ü en tes é nosso fra­ casso em resolver a m ais terrível contingência de esquiva de todas, a am eaça do holo cau sto nuclear. N ossa inabilidade em d e stru ir os in stru m en to s que to m a m a destruição n u clear possível m antém viva a am eaça. E sta contingência é u m caso especial, u m a vez q u e o choque — a destru ição to tal d a h u m an id ad e — é de um tipo que ninguém ja m a is experienciou. Além do m ais, u m a vez que o expe- rienciem os, não terem os u m a seg u n d a ch an ce de ap ren d e r a evitá- lo.

Avisos verbais n ão foram suficientes p a ra m a n ter o nível de esquiva que as explosões atôm icas originais geraram . A an álise do com portam ento provê u m a b o a razão p a ra este fato. É característica da esquiva que o sucesso origina fracasso. À m edida que p assam o s m ais e m ais tem po sem u m choque, a esquiva autom aticam en te parece m enos e m enos n ecessária. Se form os co n tin u ar a p ressio n ar n o ssa b a rra de esquiva, devem os te r ocasionalm ente algo m ais que um lem brete verbal de que o choque está por vir. E assim , o h o rro r de H iroshim a e N agasaki se esvanece à m edida que os choques não recorrem .

Q uando a au sên cia de choques faz com que a esquiva se enfraqueça, aplicam os o term o técnico, ‘extinção”, diz-se que o ato de esquiva se extingue. O term o agora adquire u m duplo sentido; à m edida que n o ssa esquiva da g u erra n u clear se extingue, a u m e n ta a probabilidade de a vida h u m a n a tam bém se extinguir. O p adrão de coerção d a política diplom ática aproxim a os dois tipos de extinção. A m eaças de d estru ição m u tu am en te asseg u rad as, apo iad as em fo­

guetes; e m ísseis cad a m aiores e m ais poderosos, até aqui funcio­

naram . E n tretan to , à m edida que estas am eaças fracassem em ser levadas adiante, su a eficácia autom aticam en te dim inuirá. F inalm en­ te um choque será necessário p a ra rein stalar n o ssa esquiva de su i­ cídio nuclear. M as agora, com o q uase ilim itado potencial destrutivo

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das arm as n u cleares, este choque não deixará ninguém p a ra se preo cu p ar com s u a recorrência.

É grave o pen sam en to de que no sso conhecim ento de co n tro ­ le coercitivo por contingências de esquiva deve nos levar a qu estio ­ n ar a probabilidade de que serem os capazes de c o n tin u a r a nos esquivar da au to d estru ição nuclear. D estru ir a rsen ais n u cleares in ­ discutivelm ente esten d eria o tem po de seg u ran ça d a h u m an id ad e, m as, como com o ab rir a caixa de P andora, o conhecim ento voou livrem ente. O k n o w - h o w p ara a co n stru ção de m ecanism os capazes de d estru ição universal perm anecerá disponível p a ra a m a n u fa tu ra de su b stitu to s.

Um vez que um choque ocasional, u m “lem brete”, é n ecessá­ rio p a ra que ato s de esquiva n ão se extingam , podem os te r que perm itir conflitos “convencionais” ocasionais, u san d o arm am entos n ão -nucleares. Esquiva bem -su ced id a de toda g u erra pode n a reali­ dade provar-se au to d erro tad a, no sentido de que a total au sên cia até m esm o de com bate convencional en fraq u ecerá n o ssa esquiva de conflitos m ais perigosos. G u erras lim itadas — lim itadas em com pa­ ração com a g u erra n u clear — serviriam p a ra m a n ter u m a lin h a de base de choques que fortaleceria n o ssa esquiva de lu ta s m ais d es­ trutivas. D esagradável e pavorosa como é esta alternativa, as leis do com portam ento podem im pô-la a nós.

N ã o p o d e a c o n te c e r co m ig o . P ara indivíduos, tam bém , cho­ ques infreqüentes e a tra sa d o s podem red u zir a efetividade d as con­ tingências de esquiva. Indivíduos são notoriam ente negligentes em sep arar dinheiro e outros recu rso s p esso ais p a ra a ten d er a em ergên­ cias raras, m as inevitáveis. C onseqüências ra ra s e rem otas parecem irreais, freq ü en tem en te incapazes de apoiar nova aprendizagem m esm o q u an d o n o ssa vida está em jogo. O com portam ento re s u lta n ­ te, em bora não-inteligente, e algum as vezes ap aren tem en te venal, está, no en tan to , sujeito a leis.

Até que a doença nos atin ja de m odo suficientem ente fre­ q ü en te ou sério, co n tinuam os a com er em excesso, ain d a que a obesidade au m en te a probabilidade de m orte p rem atu ra; afinal de contas, ap en as sabem os que o u tr a s p esso as m orrem . Os frios fatos eobre o tabaco são de conhecim ento com um , m as q u an d o o v erda­ deiro choque chega é tard e dem ais p a ra e n sin a r a nós m esm os técnicas de esquiva bem -sucedidas; m ilhões co n tin u am a fum ar, encorajados por um governo que vê a s ta rd ias am eaças do tabaco à

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