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3.1 OS OBSERVATÓRIOS SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE CONTROLE

3.1.1 O que é um observatório social?

O Observatório Social (OS), em termos gerais, é uma associação sem fins lucrativos, criada com a finalidade de monitorar os processos licitatórios e a qualidade dos gastos públicos em nível municipal, estadual ou federal, além de incentivar a participação popular na fiscalização e na tomada de decisões da Administração Pública, promovendo o exercício do controle social de forma organizada.

Segundo Observatório Social do Brasil (2018), um observatório:

É um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de contribuir para a melhoria da gestão pública.

Cada Observatório Social é integrado por cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da transparência e da qualidade na

aplicação dos recursos públicos. São empresários, profissionais, professores,

estudantes, funcionários públicos e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam- se à causa da justiça social (grifos nossos).

Segundo Observatório Social do Brasil (2018a), o “Observatório Social do Brasil (OSB) é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, disseminadora de uma metodologia padronizada para a criação e atuação de uma rede de observatórios sociais (OS), organizações democráticas e apartidárias do terceiro setor: o Sistema OSB”.

Kanitz (2018) aponta o que é o terceiro setor:

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público (grifo do autor).

Segundo o site do Observatório Social do Brasil (2018a), este é responsável por coordenar os observatórios de nível municipal, promovendo a capacitação e oferecendo o suporte técnico aos OSs.

Os observatórios sociais devem ser formados por pessoas que não tenham nenhum vínculo partidário, porque a atuação de controle e de fiscalização exercida por esse organismo precisa ocorrer de maneira imparcial, o que não seria possível caso houvesse algum integrante que fosse ligado a algum partido, pois este poderia vir a ser omisso propositalmente, fazendo “vista grossa”, dentre outras condutas, e como sabemos, em geral, isso é o que já acontece com as formas de controle do próprio Estado.

Além disso, se um observatório social de algum município fosse composto por pessoas de partidos contrários ao da administração dele, este órgão poderia ser tachado de movimento de oposição, o que não é o seu objetivo. Ou seja, o que se presa com o não envolvimento de pessoas ligadas a partidos políticos é a isenção da atuação desses organismos.

Nesse sentido, Schommer e Moraes (2010, p. 319) lembram-nos o fato de que o Observatório Social de Itajaí e os demais ligados à Rede OSB,

não aceitam pessoas filiadas a partidos políticos em seus quadros de associados. Colocam suas lideranças que, embora a política partidária seja importante, é preferível, no contexto atual, que os observatórios não tenham qualquer vinculação formal com partidos, em função do baixo grau de legitimidade destes e pela possível associação com disputas por cargos e recursos e casos de corrupção.

Da mesma forma, é de suma importância que as pessoas envolvidas nos espaços dos observatórios sociais sejam oriundas das mais diversas classes sociais, profissionais, bem como do maior número de entidades representativas possível, pois, assim, cria-se um

ambiente verdadeiramente democrático, rico em pontos de vistas e mais atento aos anseios de toda a população e não só de um setor ou de uma parte dela.

Outro fator importantíssimo nessa questão é o voluntariado. A importância presente nesse ponto, deve-se ao fato de que, quando o engajamento em uma questão ocorre de forma espontânea e voluntária, é um grande sinal de que aquela pessoa está realmente movida por um sentimento de buscar fazer a diferença sem receber nada em troca, porém essa não é uma regra absoluta, uma vez que os observatórios também podem manter pessoas remuneradas pelo serviço que prestam, principalmente para aqueles de ordem técnica.

Juridicamente falando, o Observatório Social é uma pessoa jurídica de direito privado, em forma de associação, de fins não econômicos regido por seu estatuto, além de outras disposições legais aplicáveis.

Esses espaços, sem fins lucrativos, são mantidos através de doações da população, entidades, empresas, etc., e segundo o site do Observatório Social do Brasil (2018b), os observatórios sociais atuam

como pessoa jurídica, em forma de associação, o Observatório Social prima pelo trabalho técnico, fazendo uso de uma metodologia de monitoramento das compras públicas em nível municipal, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço, de modo a agir preventivamente no controle social dos gastos públicos. Além disso, o Observatório Social atua em outras frentes, como:

• a educação fiscal, demonstrando a importância social e econômica dos tributos e a necessidade do cidadão acompanhara aplicação dos recursos públicos gerados pelos impostos.

• a inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios, contribuindo para geração de emprego e redução da informalidade, bem como aumentando a concorrência e melhorando qualidade e preço nas compras públicas.

• a construção de Indicadores da Gestão Pública, com base na execução orçamentária e nos indicadores sociais do município, fazendo o comparativo com outras cidades de mesmo porte. E a cada 4 meses realiza a prestação de contas do seu trabalho à sociedade.

Ou seja, os observatórios sociais são espaços importantes de promoção da cidadania e da participação popular na atuação da Administração Pública, agindo de forma preventiva para combater à corrupção, através da análise das licitações, entrega dos produtos, serviços e obras públicas.

O Observatório ao promover também o aumento no número das empresas licitantes, incluindo as microempresas, incentiva o aumento da concorrência, o que contribui para diminuir o preço dos produtos licitados ou serviços prestados, ao passo que incentiva a livre iniciativa dos pequenos empresários.

Como podemos observar, eles atuam em diversas esferas, contribuindo com a educação fiscal, na construção de indicadores da gestão pública, o que é muito importante também, pois transformam dados orçamentários do setor público, muitas vezes complicados de serem compreendidos pela população, em uma linguagem intuitiva e simplificada, que facilita a identificação de como estão sendo investidos os recursos públicos.

Segundo o site do Observatório Social do Brasil (2018a), o OSB tem os seguintes preceitos:

PRINCÍPIO GERAL: A justiça social será alcançada quando todos os agentes

econômicos recolherem seus tributos corretamente, os agentes públicos os aplicarem com ética e eficácia.

MISSÃO: Despertar o espírito de Cidadania Fiscal na sociedade organizada,

tornando-a proativa, através do seu próprio Observatório Social, exercendo a vigilância social na sua comunidade, integrando a Rede de Observatório Social do Brasil.

VISÃO: Ser uma rede nacional propulsora do controle social para o aprimoramento

da gestão pública e integridade empresarial.

VALORES: Apartidarismo; cidadania; comprometimento com a justiça social;

atitude ética, técnica e proativa; ação preventiva e visão de longo prazo.

OBJETIVO: Fomentar e apoiar a consolidação da Rede OSB de Controle Social, a

partir da padronização dos procedimentos de monitoramento e controle da gestão pública, além da disseminação de ferramentas de educação fiscal e de inserção da micro e pequena empresa no rol de fornecedores das prefeituras municipais.

OBJETO DE ATUAÇÃO: As ações de educação para a cidadania fiscal e controle

social focadas no presente serão objeto de atuação do OS, atuando preventivamente, em tempo real, contribuindo para a eficiência da gestão pública, por meio da vigilância social da execução orçamentária, em sinergia com os órgãos oficiais controladores.

Os observatórios sociais também devem seguir a seguinte Carta de Identidade (OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL, 2018c):

 Garantir, em qualquer nível organizacional, a associação de pessoas idôneas, sem vinculação partidária ou subordinação a órgão observado.

 Fundamentar o alicerce institucional a partir da mais ampla diversidade representativa da sociedade civil organizada.

 Estimular o trabalho voluntário no controle social e pela cidadania fiscal.

 Respeitar as diretrizes estabelecidas pelo Observatório Social do Brasil, fundamentado na padronização dos trabalhos.

 Primar pela sustentabilidade ética, sem vínculo com recursos de órgão fiscalizado ou de fonte inidônea.

 Garantir a adequação dos Estatutos Sociais ao do Observatório Social do Brasil.

 Submeter-se ao Conselho de Ética instituído pelo Observatório Social do Brasil.

 Primar pela qualidade da aplicação dos recursos públicos e estimular a cidadania fiscal, focado no interesse coletivo.

 Divulgar, pública e periodicamente, os relatórios de atividades e prestação de contas, aprovadas pela diretoria.

 Manter uma postura imparcial e impessoal, focada na avaliação construtiva de processos e resultados.

Dessa maneira, percebemos que os Observatórios Sociais possuem valores bem delineados que norteiam sua atuação de modo que eles possam atuar da maneira mais eficaz possível naquilo que se prestam a fazer, e é muito importante que esses valores e preceitos apresentem-se de forma clara, pois, assim, forma-se uma identidade institucional bem definida que os põe em um rumo e uma direção únicos.