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3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE “O QUE SE SABERIA” A PARTIR DE

3.2 QUE POLÍTICA É ESSA, DA QUAL JÁ NÃO CONVÊM FALAR?

Antes de se levantar os possíveis ranços de uma dita confusão entre uma política

“feita” por profissionais em tempos convenientes (como seriam as eleições)28 ou, em

seu aparente oposto, de resgatar a política em sua potência original e como remédio

ainda disposto na prateleira para permanente reconstrução da sociedade29, é

preciso certo cuidado.

Mais que instigar a escolha de um ponto de vista, a ironia implicada no duplo sentido utilizado pelo pesquisador30 que acusa uma possível divindade do termo política, ao

tempo em que se despede dele, exercitando seu “ceticismo prolongado” – ou sua reticência em continuar a valer-se dos dogmas de que se alimentou –, nos convida a pensar nas implicações outras que a tomada da política como objeto de pesquisa pode incitar.

28 Fazendo um reexame da “gênese da profissão de político” a partir do estudo da “formação ou do desenvolvimento da carreira de empresários políticos profissionalizados” na França do final do século XIX e início do século XX, Phélippeau (2001, p. 187) conclui que o “hábito” de confundir a política com uma profissão, por exemplo, provoca uma série de ambiguidades, dada a tradicional abordagem de um caráter imoral e próprio da manipulação das massas eleitorais pelos políticos. Canêdo (2002, p. 178-189), por sua vez, lista as “exigências preliminares” que seriam um importante elemento para a entrada e saída “da vida política” ou da “prática do serviço público”; entre elas, dá destaque ao caráter “hereditário” da profissão e ao aprendizado do “domínio de si”, da oratória e da gestão do “capital social” ou de amizades que podem servir de recurso para o atendimento das necessidades emergenciais daqueles que procuram o político, e, para quem este deve estar “sempre disponível” para “defender uma causa”. Já Palmeira (1996, p. 41-42), relata a aparente luta partidária dentro das sedes dos municípios a fim de se obter o “controle do poder local”, cuja paixão empregada nos meios para consecução dos votos faz com que as eleições “sintomaticamente” ganhem o rótulo de “tempo da política, época da política ou simplesmente política”.

29 “[...] tentando explicar a política por outra coisa que ela mesma, perdemos sua especificidade e, deste fato, esquecemos de manter seu movimento próprio, abandonando seu estudo. Para reencontrar a preciosa eficácia da palavra política, é preciso partir da idéia de que, segundo a vigorosa expressão de Mme. Thatcher, „a sociedade não existe‟... Se ela não existe, é preciso fazê-la. E se é preciso fazê-la, é preciso estabelecer os meios para isto. A política é um destes meios”. (LATOUR, 2005, p. 11-12).

Ao longo deste trabalho, os primeiros registros e até mesmo desabafos da técnica (Escarlate) sobre o campo pesquisado deram conta de situar uma luta travada em seu local de trabalho, luta esta, diria ela, entre funcionários técnicos e políticos. Eles refletem muito bem as duas posturas citadas no primeiro parágrafo, situando, de um lado, aqueles que utilizariam a política partidária como espetáculo e como poço sem fundo de benefícios de toda ordem e, do outro, aqueles que embriagam-se do espírito empreendedor que visa a permanente reconstrução e “melhoramento” da sociedade em que vivem, este último é o chamado “franco engajamento remunerado”, citado pelo Prof. Mendonça Filho (2012).

Mas antes de tratar desta luta ou para fazer dela uma batalha sem motivos é preciso se perguntar: o que é a política? De fato, tudo é político? De que política queremos falar?

Dos Antigos, Hannah Arendt (1993; e, 2001) resgata uma política original/ideal, conferindo uma certa atualidade utópica a esse resgate. Ela cita o falar político enquanto aquele baseado não em uma verdade, mas em uma doxa (opinião) e essa

doxa, por sua vez, era como a construção verbal da forma como o mundo era visto

por cada um, “não era, portanto, fantasia subjetiva e arbitrariedade, e tampouco alguma coisa absoluta e válida para todos” (ARENDT, 1993 p. 96).

No livro “A condição humana”, Arendt (2001) fala do que seriam as condições básicas com as quais a vida foi dada aos homens e resgata, ainda, a expressão Vita

activa, que seria uma “vida dedicada aos assuntos públicos e políticos” (2001, p. 20). Segundo ela, a política era, na época, o próprio “exercício da liberdade”, e de forma alguma era entendida apenas como um “meio de proteger a sociedade” (2001, p. 40).

Dentre os aspectos da condição humana, a ação é descrita como sendo uma das suas atividades fundamentais31, esta seria a “condição de pluralidade” pela qual se tornaria possível “toda vida política” ou a liberdade de fato (idem, ibidem, p. 15). A

31 Os demais aspectos seriam o labor, ou seja, o processo biológico do corpo humano); e, o trabalho, que representa o artificialismo da existência humana pelo qual o mundo artificial das coisas é produzido. (ARENDT, 2001, p. 15)

submissão a uma ordem dada como conhecemos no Estado dos dias hodiernos, nos tempos cultuados por Arendt (2001, p. 41), eram tidos como conceitos “pré-políticos” e, portanto, não pertencentes à esfera pública.

Arendt (2001, p. 42-43) esclarece, ainda, que atualmente há uma dificuldade muito maior para diferir as esferas públicas e privadas da vida humana, pois, o “abismo” construído pelos antigos desapareceu, colocando ambas esferas em um mesmo nível; daí a confusão. Nesse emaranhado, terminamos por comprar como o governo de todos o que na verdade seria um “governo de ninguém” e, em certa medida, “uma das mais cruéis e tirânicas versões” (idem, ibidem, p. 50)

É preciso abrir um parêntese para esclarecer de que tirania se fala. Trata-se da “exclusão da possibilidade de ação” por meio da imposição de “regras” para estabelecer um “certo tipo de comportamento”. Essas regras, por sua vez, tendem a “normalizar” e fazer comportarem-se do mesmo modo todos os membros de uma determinada sociedade. A tirania vem justamente quando aceita-se como “suposta opinião única” ou “suposto interesse único” o resultado quantitativo da abolição da “ação espontânea” ou da “reação inusitada” (ARENDT, 2001, p. 50). Na contagem dos votos e opiniões, o que é diferente é deixado de lado em nome da maioria. É a prova factual de Bobbio (1992 e 2007), que faz do Estado democrático o terreno fértil para o constante aperfeiçoamento de uma sociedade de direitos e deveres, escondendo a mentira que lhe é intrínseca. Nas palavras de Rancière (1996, p. 120), trata-se do “apagamento „racional‟ e „pacífico‟ da aparência na exposição integral do real, do erro de contagem do povo na apuração da população, e do litígio no consenso, que traz de volta o monstro da alteridade radical na ausência da política”. Hoje, ingressar na esfera pública (ou exercer uma função política) é “simples vaidade”32; dada a deterioração da condição humana, para Arendt (2001, p. 68), hoje

vivemos numa época na qual o homem parece não existir, pois, “já não se percebe a diferença objetiva e tangível entre ser livre e ser forçado pela necessidade” (idem,

ibidem, p. 81); todos enfim, comportam-se de uma mesma maneira, são “prisioneiros da subjetividade da própria existência” (p. 67).

Rancière (1996, p. 29) acrescenta que, seja nas “formas policiadas da sociedade contratual”, seja nas “formas brutais de afirmação igualitária”, há uma “proposta fundamental”, a saber, “não há parcela dos sem-parcela” e, consequentemente, “não há política ou não deveria haver”. Assim, na sociedade do consenso, onde a parcela que não entra na maioria é excluída ou é tomada como inválida, ou como um “barulho”, para usar Rancière (1996, p. 36), a política é reinventada, perdendo seu conceito original, deixando de ser política e passando a ser “polícia” 33.

A despeito de fazer considerações polêmicas sobre a sociedade do consenso, Arendt termina por não sustentar essas conclusões quando subentende que há ainda a possibilidade – de certo modo natural – de, em uma organização social como a nossa, por exemplo, haver as condições para a realização da política tal qual ela atesta o sumiço34; ela parece desejar a política. Assim, diferente do que postula Arendt, Rancière (1996, p. 43) considera que a política só é possível quando dois processos heterogêneos têm lugar em formas variadas de encontro, o que seria um

acontecimento raro (idem, ibidem, p. 31), pois este aconteceria apenas quando a

maquinaria que conhecemos por política é interrompida. Dada essa conclusão, a política, como a entendemos a um primeiro olhar, é denunciada pelo autor como sendo “a mentira sobre uma verdade que se chama a sociedade” (idem, ibidem, p. 90).

Para desespero dos que creem na política enquanto sonho a realizar, Rancière (1996, p. 26) alerta que “a política existe [apenas] quando a ordem natural da dominação é interrompida pela instituição de uma parcela dos sem-parcela”. Isso, no entanto, não é tão fácil de ocorrer em uma sociedade onde parece que todos estão, inevitavelmente, no dentro. Aqui, a entrada ativa no mundo dos dominantes pelos dominados para compartilhar deles o poder – que constituiu o sonho marxista –, não passa da negação da política e da afirmação da polícia. Pois, para obedecer uma ordem, tanto é preciso compreendê-la em si, como compreender que é preciso

33 Segundo Rancière (1996, p. 41) a polícia, que geralmente chamamos de política, é o “conjunto dos processos pelos quais se operam a agregação e o consentimento das coletividades, a organização dos poderes, a distribuição dos lugares e funções e os sistemas de legitimação dessa distribuição”.

34 Um exemplo dessa ideia pode ser visto na seguinte afirmação: “Conviver no mundo significa essencialmente ter um mundo de coisas interposto entre os que nele habitam em comum, como uma mesa se interpõe entre os que se assentam ao seu redor; pois, como todo intermediário, o mundo ao mesmo tempo separa e estabelece uma relação entre os homens” (2001, p. 62).

obedecer-lhe, ou seja, é preciso “ser o igual daquele que manda” (RANCIÈRE, 1996, p. 31). Esse é o tiro no pé que faz a máscara de ação sobre a invisível submissão. É aqui onde o tudo é político faz a política enfim, desaparecer35.

35 “O conceito de poder permite concluir de um „tudo é policial‟ um „tudo é político‟. Ora, a consequência não é boa. Se tudo é político, nada o é. Se então é importante mostrar, como Michel Foucault o fez magistralmente, que a ordem policial se estende para muito além de suas instituições e técnicas especializadas, é igualmente importante dizer que nenhuma coisa é em si política, pelo único fato de exercerem-se relações de poder. Para que uma coisa seja política, é preciso que suscite o encontro entre a lógica policial e a lógica igualitária, a qual nunca está pré-constituída”. (RANCIÈRE, 1996, p. 44).

OS ÚLTIMOS DIAS DE ESCARLATE

Tendo como prova as palavras de despedida rabiscadas em um papel que dizem ter sido encontrado amassado em um das suas imóveis mãos, a mídia especializada diz que se tratou de suicídio. Quem é adepto da teoria da conspiração, pelo contrário, afirma ter se tratado de assassinato, baseando-se no fato de que a base de duas taças molhadas havia marcado o chão empoeirado da casa onde um dia Escarlate viveu e onde seu corpo teria sido encontrado. Ali, portanto, teria estado mais de uma pessoa.

*** Dias antes...

***

Sem saber que estava sendo observada, Escarlate abriu os olhos tranquilamente... cada célula do seu corpo sabia a que horas acordar e se antecipavam dia após dia ao toque do despertador como quem compreendia os enormes deveres a cumprir. Na frente do espelho, Escarlate alisava os impecáveis cabelos cujas pontas eram periodicamente cortadas, de modo a combinar perfeitamente com o seu blazer e salto alto, que lhe davam a seriedade e a imponência necessárias à credibilidade do seu trabalho.

Chegando ao trabalho, de detrás do computador, ela acreditava seriamente que tinha o dom de planejar as melhores e mais bem intencionadas ações de intervenção na vida das pessoas para quem trabalhava, afinal, ela não só ia até eles com frequência, mas também fora um deles em sua infância.

Fechando a porta de sua sala, que ainda guardava a gélida temperatura do ar- condicionado recém desligado, Escarlate fora fazer uma visita domiciliar se queixando aos colegas pelo fato de ter vindo tão arrumada naquele dia, pois, para

fazer visitas, considerava ideal carregar um pouco menos na sua produção. Era preciso misturar-se com o público-alvo de suas ações, para ter garantido o feedback necessário. Sempre buscava aproximar-se deles, ouvir suas mais mirabolantes histórias sem mostrar espanto, para então saber aconselhar-lhos de forma sutil e eficiente.

Chegando à porta da casa que seria visitada, Escarlate foi recebida por uma das crianças que ali morava e esta se prontificou a chamar a mãe que cuidava dos afazeres domésticos no quintal. O menino gritava pela mãe dizendo que tinha uma mulher bem arrumada na porta. Escarlate, apesar de achar seu visual um pouco inconveniente para a ocasião, não deixou de se sentir lisonjeada.

A dona da casa estava envolta pelo cheiro da fuligem produzida pelo fogo a lenha com o qual cozinharia o almoço do dia, e sala começava a ser tomada por uma leve fumaça branca que impregnava o cabelo de Escarlate quando, alegremente, foi convidada a entrar. Ali Escarlate deixaria a cesta básica sob enormes agradecimentos de toda a família.

Saindo da visita com a sensação de paz por ter realizado a sua boa ação do dia, Escarlate voltou para o trabalho. Quando estava chegando bem próximo do prédio no qual trabalhava o carro que levava Escarlate quebrou. Após tentar insistentemente ver a causa do problema sem sucesso, o motorista resolveu pedir ajuda, mas tanto o seu celular quanto o de Escarlate não tinham sinal. A despeito de estar calçada com salto alto, Escarlate resolveu seguir a pé pelo pequeno trajeto que restava para chegar ao seu local de trabalho. O fato de se tratar de ruas calçadas com paralelepípedo fazia o pequeno trecho parecer interminável.

Quando finalmente cruzou a esquina em direção ao prédio no qual trabalhava, Escarlate teve uma surpresa. Ali, no prédio onde acabara de estar, não restava mais nada além de ruínas.

Desesperada, Escarlate olhou em volta pra ver se havia errado o caminho, mas não restavam dúvidas de que era ali. Ela não havia errado, estava no lugar certo, mas tudo estava diferente. As ruas estavam desertas e as ruínas as quais um dia

formaram as imponentes e sólidas paredes do seu trabalho, agora estavam cobertas por uma densa camada de vegetação, como se há séculos tivesse sido abandonada. Para compor a triste cena, Escarlate sentou pesadamente sobre uma das pedras e, cobrindo o rosto com as mãos, chorou.

Enquanto cobria sua face e soluçava, Escarlate não viu aproximar-se a senhora idosa que tocaria seu ombro e diria: “Não chore minha filha, tudo isso nunca deveria

ter parecido eterno, até porque existem outras formas de viver aqui”. Recebendo rudemente aquele toque fraternal, Escarlate disse: “Não! Isso só pode ser um

pesadelo! Esse lugar é a minha vida!”. Escarlate então se levantou, livrando-se do

que toque da senhora que tentava acalmá-la. Ela não reconheceu aquela senhora que um dia havia visitado no fundo do curral pois, para ela, não havia praticamente nenhuma diferença entre os milhares que costumava visitar em seu trabalho.

Daquele cenário devastador Escarlate saiu correndo, tentando distanciar-se o máximo possível e, cada vez que avançava os passos, via que tudo estava diferente. Ela não mais parecia estar incluída naquele mundo.

Escarlate ficou vagando pelas ruas até anoitecer como quem esperava que o pesadelo fosse acabar eventualmente. Havia faltado eletricidade, o céu estava carregado de nuvens e o vento forte dava conta de avisar a chegada de uma tempestade. Escarlate achou abrigo em um coreto de praça, totalmente deteriorado, mas que tinha parte da cobertura aparentemente ainda resistente. Ali, ela sentiu-se tão só quanto jamais havia se sentido e, devido ao esforço da caminhada, Escarlate adormeceu.

***

– Ela acordou? – perguntou a pesquisadora ao seu professor.

– Ainda não. Podemos aplicar um sedativo para nos dar mais tempo para pegar o

diário! – disse o professor.

Meneando a cabeça positivamente, a despeito da tristeza no seu olhar, a pesquisadora consentiu e, deixando Escarlate adormecida, foram buscar o seu

precioso diário. Era quase meio dia quando chegaram à casa onde um dia morara Escarlate e sua família. Eles não precisariam preocupar-se se alguém os estaria vendo, pois a cidade estava quase vazia e eles tinham a chave do portão.

Mesmo sendo dia, não abriram a janela do quarto de Escarlate, apenas ligaram a lanterna que traziam à mão e a deixaram posicionada sobre uma prateleira, de modo que a sua luz incidia sobre uma enorme pilha de encadernações que estavam milimetricamente colocadas sobre a mesa do computador de Escarlate. Trabalhando a quatro mãos, rapidamente conseguiram localizar o diário e levá-lo e, como ainda era dia, esqueceram a lanterna acesa no quarto e não se preocuparam em fechar o portão por onde entraram, pois aquela não era sua casa e não havia mais nada ali do seu interesse.

Quando retornaram, Escarlate não estava no cativeiro. Ela havia fugido. Mas, na condição que a deixaram, eles sabiam que ela não iria para longe, pois não tinha muito mais tempo. Ainda assim decidiram tentar a sorte indo novamente a casa de Escarlate, pois, depois das últimas horas que ela teve, julgaram que talvez ela buscaria retornar para a casa, onde se sentia segura e confortável.

Já era noite quando voltaram novamente à casa de onde saíram no meio da tarde. A luz que vinha do quarto de Escarlate cintilava sendo obstruída por uma sombra que parecia tremer a sua frente.

– Só pode ser ela! – disse a pesquisadora.

O professor tirou um pequeno frasco de seu bolso da calça e, com o liquido contido nele, umedeceu um lenço que trazia no bolso da camisa.

– Dê-me o pano, por favor! Eu preciso fazer isso! – Disse a pesquisadora.

O professor consentiu e seguiu a pesquisadora que, de súbito, logo que entrou pelo portão da casa, tapou a boca e o nariz de Escarlate com o pano, tirando-lhe a respiração. A pesquisadora teve dificuldade para suportar o que lhe pareceu ser o

peso de Escarlate desacordada e pediu ajuda ao professor de modo que pudesse arrastá-la até o chão da sala.

De sua bolsa, a pesquisadora tirou duas taças. Quando voltou o olhar para o lugar onde havia acabado de deixar Escarlate, ela havia sumido. Varrendo o chão da sala sem móveis com o olhar, a pesquisadora viu que os traços que haviam sido riscados a pouco sobre a poeira do chão pelos imóveis pés de Escarlate haviam desaparecido, como que por mágica. E, como quem sabia e esperava por esse momento, a pesquisadora disse:

– Sinto não poder fazer o brinde, professor. Temo que a vida de Escarlate, assim

como o mundo no qual ela vivia, nunca existiu e não era tão real quanto ela pensava.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

E OUTRAS FONTES

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