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O QUE SÃO OS CENTROS ESPÍRITAS:

No documento Francisco Batista Menezes Júnior (páginas 128-139)

Juliano Pimenta Fagundes

1. O QUE SÃO OS CENTROS ESPÍRITAS:

1.2 São núcleos de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho, praticados dentro dos princípios espíritas;

1.3. São escolas de formação espiritual e moral, que trabalham à luz da Doutrina Espírita;

1.4. São postos de atendimento fraternal para todos os que os buscam com o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação;

1.5. São oficinas de trabalho que proporcionam aos seus frequenta- dores oportunidades de exercitarem o próprio aprimoramento íntimo pela prática do Evangelho em suas atividades;

1.6. São casas onde as crianças, os jovens, os adultos e os idosos têm oportunidade de conviver, estudar e trabalhar, unindo a família sob a orientação do Espiritismo;

1.7. São recantos de paz construtiva, que oferecem aos seus frequen- tadores oportunidades para o refazimento espiritual e a união fraternal pela prática do “amai-vos uns aos outros”;

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Inclusão Social dos Surdos na Casa Espírita

primeiras casas do Cristianismo nascente, pela prática da cari- dade e pela total ausência de imagens, símbolos, rituais ou ou- tras quaisquer manifestações exteriores; e

1.9. São as unidades fundamentais do Movimento Espírita.

2. SEUS OBJETIVOS - Os Centros Espíritas têm por objetivo pro- mover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita, aten- dendo as pessoas que:

2.1. Buscam esclarecimento, orientação e amparo para seus proble- mas espirituais, morais e materiais;

2.2 Querem conhecer e estudar a Doutrina Espírita;

2.3. Querem trabalhar, colaborar e servir em qualquer área de ação que a prática espírita oferece.

3. SUAS ATIVIDADES BÁSICAS - Os Centros Espíritas tem por atividades básicas:

3.1. Realizar Palestras Públicas destinadas ao público em geral, nas quais são desenvolvidos temas abordados à luz da Doutrina Es- pírita;

3.2. Realizar reuniões de Estudo Sistematizados da Doutrina Espírita - ESDE, de forma programada, metódica e constante, destina- das às pessoas de todas as idades e de todos os níveis culturais e sociais, possibilitando um conhecimento abrangente e aprofun- dado do Espiritismo em todos os seus aspectos;

3.3. Realizar atividades de Atendimento Espiritual no Centro Espírita para as pessoas que procuram esclarecimento, orientação, aju- da e assistência espiritual e moral, abrangendo as atividades de: recepção, atendimento fraterno, explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, passe e magnetização de água, irradiação e Evangelho no lar;

3.4. Realizar reuniões de Estudo e Educação da Mediunidade, com base nos princípios e objetivos espíritas, esclarecendo, orientan- do e preparando trabalhadores para as atividades mediúnicas; 3.5. Realizar Reuniões Mediúnicas destinadas à prática da assistência

aos espíritos desencarnados necessitados de orientação e escla- recimento;

3.6. Realizar atividades de Evangelização Espírita da Infância e da Juventude, de forma programada, metódica e sistematizada, atendendo a criança e o jovem, esclarecendo-os e orientando-os dentro dos princípios da Doutrina Espírita;

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3.7. Realizar atividades de Divulgação da Doutrina Espírita utilizan- do todos os veículos e meios de comunicação social compatíveis com os princípios espíritas, tais como: palestras, conferências, livros, jornais, revistas, boletins, folhetos, mensagens, rádio, te- levisão, internet, cartazes, fitas de vídeo e áudio;

3.8. Realizar atividades do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita – SAPSE, destinado a pessoas carentes que buscam aju- da material: assistindo-as em suas necessidades mais imediatas; promovendo-as por meio de cursos e trabalhos de formação profissional e pessoal; e esclarecendo-as com os ensinos morais do Evangelho à luz da Doutrina Espírita; necessitados de orien- tação e esclarecimento;

3.9. Realizar Atividades Administrativas necessárias ao seu normal funcionamento, compatíveis com a sua estrutura organizacional e com a legislação do seu país;

3.10. Participar das atividades que têm por objetivo a União dos Espí- ritas e das Instituições Espíritas e a Unificação do Movimento Espírita, conjugando esforços, somando experiências, permu- tando ajuda e apoio, aprimorando as atividades espíritas e for- talecendo a ação dos espíritas.

E reproduzimos aqui, na íntegra, o texto do CFN - Con- selho Federativo Nacional destinado aos centros espíritas para que possamos, juntos refletir sobre a condição de nossa casa, respondendo a questões primárias do dia a dia, sobre nosso papel na inclusão:

1. O processo de nossos trabalhos e/ou estudos responde à diversi- dade dos frequentadores e trabalhadores?

2. Os trabalhos e/ou estudos são preparadas para o trabalho na di- versidade?

3. Os trabalhos e/ou estudos são acessíveis a todos? Os materiais contemplam os diferentes contextos e culturas? A linguagem usada é acessível a todos?

4. As aulas contribuem para maior compreensão das diferenças? 5. Os frequentadores e trabalhadores são estimulados a ouvir opi-

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dimento das diferenças de cultura, gênero, deficiência, religiões etc.?

6. Os frequentadores e trabalhadores são ativos no seu processo de aprendizagem? São estimulados a dirigir sua própria aprendiza- gem? São estimulados a ajudar os companheiros?

7. Há oportunidades de, em equipe, avaliar o trabalho realizado? Os resultados das avaliações servem para introduzir mudanças? 8. As disciplinas estudadas e/ou trabalhadas, inspiram-se no res- peito mútuo? Os frequentadores e trabalhadores são consulta- dos sobre como podem melhorar sua atenção para aprender? As normas de comportamento são explícitas?

9. Os evangelizadores planejam, revisam e ensinam em colabora- ção? Os instrutores compartilham do planejamento dos traba- lhos? Os trabalhadores mudam suas práticas a partir das suges- tões recebidas?

10. Os evangelizadores preocupam-se em apoiar a aprendizagem e participação de todos e reconhecem a importância de tratar a todos com equidade? Os instrutores procuram desenvolver a independência e a autonomia de todos?

11. Os profissionais de apoio preocupam-se com a participação de todos? Existe uma descrição clara acerca das funções e tarefas do pessoal de apoio?

12. Os deveres da casa contribuem para a aprendizagem de todos? Os deveres da casa têm sempre um objetivo claro? São todos estimulados a participarem de diferentes atividades? As visitas, quando feitas, são acessíveis para todos?

A nossa sociedade é formada por diversas pessoas com diferentes crenças, culturas e valores. É perfeitamente nor- mal, no ambiente da casa espírita, a diversidade, então é exi- gido, do trabalhador cristão, que saiba lidar com a mesma, reconhecendo, no deficiente, suas virtudes e facilidades e não as dificuldades, dando à pessoa com necessidades es- peciais as mesmas responsabilidades que os demais a fim de construir um conhecimento único entre todos, tornando,

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Além das Diferenças assim, a educação igual para todos conforme a própria Lei da Constituição Federal7.

No dia 10 de Dezembro comemora-se o Dia da Inclu- são Social. Antigamente, a sociedade não aceitava bem os portadores de deficiência - e até hoje algumas famílias têm vergonha de ter um familiar assim. Estas pessoas não estu- davam nem trabalhavam, isso porque a sociedade tinha um padrão em relação às pessoas e todos os que fossem diferen- tes sofriam preconceitos.

Antigamente os deficientes eram considerados inúteis, pois não havia recursos para incluí-los na sociedade. Em re- sultado da evolução nos campos da tecnologia e da ciência, no século XX, particularmente no campo da surdez, a edu- cação dos surdos, em seu início nos EUA, passou a ser do- minada pelo oralismo (que encara a surdez como algo que pode ser corrigido). No entanto, sem a cura da surdez, os insucessos do oralismo começaram a ser evidenciados, pois os surdos oralizados não tinham mais facilidades em, por exemplo, conseguir um emprego, comunicar-se com ouvin- tes desconhecidos ou manter uma conversa fluída8.

Abrir os olhos para as questões espirituais não quer dizer fechá-los para as determinações terrenas no âmbito legal. A sociedade avança como um todo em prol do ser hu- 7 Constituição Federal. Artigo 1º, incisos II e III e Artigo 3º, inciso IV. Barueri: Manole,

2015.

8 CARVALHO, Paulo Vaz de. Breve História dos Surdos no Mundo e em Portugal. Lisboa:

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mano em várias instâncias e é gratificante quando vemos os valores humanos defendidos por Jesus tornando-se va- lores legais de nosso conjunto de leis. Entender os valores do Cristo significa, também, estar em sintonia com as ne- cessidades de nosso povo e o que está sendo feito a favor daqueles que necessitam de reajuste.

Muitas vezes não seremos nós, os espíritas, a ponta de lança das transformações sociais, mas, acompanhando o trabalho da espiritualidade no âmbito da administração pública e das discussões sociais, poderemos ser agentes de mudança na vida de muitos.

Ainda sobre a questão do conceito destacado no Evan- gelho Segundo o Espiritismo e tão valorizado por Jung, lembramo-nos de uma das primeiras lições que recebemos quando ainda éramos estudantes da Língua Brasileira de Si- nais: “Aprendam, todos vocês, a não enxergarem o deficien- te auditivo como alguém desprovido de um dos sentidos, porque, na prática, o surdo não se vê desprovido de nada. Não é algo que lhe faça falta, pois a maioria dos surdos nas- ceram nessa condição e a compensam, naturalmente, com uma acuidade visual quase sobre-humana.

Nós os chamamos de surdos - ou, alguns, ainda adep- tos de ultrapassadas concepções, de surdos-mudos, o que é uma incongruência, pois os mudos são raros e a grande maioria dos surdos é capaz de falar se tiver determinação em aprender – e eles nos chamam de ouvintes, não nos tra- tando como privilegiados, apenas como diferentes. Explicar

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Além das Diferenças para o surdo o que seja música, é o mesmo que tentar des- crever para um cego como é a cor amarela. Para o deficiente auditivo o som, muitas vezes, é uma abstração que lhes força a imaginação, e mesmo aqueles que se utilizam de aparelhos auditivos ainda não podem discernir palavras faladas ou melodias sonoras. Havendo som ambiente, “ouvem” mais pela vibração física das notas graves do que pelos tímpanos.

Para entender o indivíduo surdo, devemos aprender a vê-lo, não como deficiente físico, mas como uma espécie de estrangeiro que visita nosso país e que fala um idioma dife- rente, no caso, a LIBRAS, que não é língua portuguesa sina- lizada, é outro idioma, com gramática e regras próprias, o segundo idioma oficial do Brasil. Todo surdo se torna bilín- gue, porque aprende na escola os dois idiomas, assim como os intérpretes em LIBRAS. Tratando o surdo como alguém procedente de outra cultura estaremos dando o primeiro passo para entendê-lo e aceitá-lo”.

Na verdade, nós temos muito mais barreiras a serem quebradas, porque, enquanto os deficientes já souberam se superar e para eles a superação não é questão de escolha, é questão de sobrevivência, nós nos perdemos tentando supe- rar questões básicas, como a não-aceitação, tentando supe- rar o preconceito, a vergonha, a falta de jeito em lidar com quem é diferente.

E como é válido esse ensinamento para ser aplicado a outros tipos de deficiência, senão todas! Na prática, a vi-

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vência com os deficientes físicos vem nos ensinar que, na maioria das vezes, os verdadeiros deficientes somos nós, com nossa falta de entendimento sobre as diferenças entre os seres e quanto ainda temos que melhorar para superar- mos nossos preconceitos.

Hoje, a maior referência religiosa em inclusão social chama-se: Testemunhas de Jeová, que apresenta ao mundo números impressionantes:

1. As Testemunhas de Jeová produzem DVDs em 43 línguas de sinais;

2. Para fornecer mais publicações aos surdos, as Testemunhas de Jeová têm 59 equipes de tradução para línguas de sinais no mundo inteiro;

3. Existem mais de 1.200 congregações das Testemunhas de Jeo- vá em língua de sinais em todo o mundo.

As Testemunhas de Jeová são uma verdadeira potência religiosa a favor dos deficientes físicos e dos surdos. Eles são uma grande referência.

Exemplos como esses, dos nossos irmãos Testemunhas de Jeová nos mostram o quanto nossa querida Doutrina Es- pírita ainda tem que caminhar, nas questões de inclusão so- cial. É claro que o Espiritismo está à frente de muitas doutri- nas em várias questões, sobretudo nas questões espirituais, mas em muitos pontos, nós espíritas ainda estamos comen- do poeira no rastro de outras religiões.

Em Lucas 14:13, o Mestre diz: “Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos e os

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Além das Diferenças cegos”. E, nesse momento, nós nos perguntamos: Será que nossas casas espíritas estão preparadas para receber os po- bres, aleijados, os mancos, os cegos, os surdos, para que participem dos nossos banquetes de luz, que são os nossos estudos, as nossas palestras, as nossas atividades? Será que nós estamos preparados para receber pessoas diferentes en- tre nós? Para lidar com aquele que é diferente?

Nã há utopia quanto a esse assunto, segue-se apenas o plano de ação estabelecido pelo CFN – Conselho Federativo Nacional, para o Movimento Espírita no quinquênio 2013 / 2017.

Considerando-se que o Movimento Espírita tem por missão promover e realizar o estudo, a divulgação e a práti- ca da Doutrina Espírita, recomenda-se que suas atividades sejam desenvolvidas dentro das seguintes DIRETRIZES DE AÇÃO:

1. A difusão da Doutrina Espírita;

2. A preservação da unidade de princípios da Doutrina Espírita; 3. A comunicação social espírita;

4. A adequação dos centros espíritas para o atendimento de suas finalidades;

5. A multiplicação dos centros espíritas;

6. A união dos espíritas e a unificação do Movimento Espírita; 7. A capacitação do trabalhador espírita;

8. A participação na sociedade.

E sobretudo os itens 7 e 8, nos convidam a nos quali- ficarmos, intelectualmente e moralmente para a prática da

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Doutrina Espírita e o trabalho na casa espírita. Além disso propõe que, como espíritas, nos tornemos relevantes social- mente.

Dentro do plano estabelecido entre a FEB e as federati- vas, onde nos encaixamos? Em qual item vamos nos desen- volver? Precisamos abraçar a causa do Movimento Espírita, precisamos nos encaixar em um desses 8 itens.

No livro A Gênese 18:25, Allan Kardec nos diz: “O Espi- ritismo não cria a renovação social; a madureza da humani- dade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento”.

Como disse anteriormente, a fraternidade é um assunto muito antigo, mas ainda é novo, pois ainda estamos cami- nhando para o amadurecimento do entendimento maior, do que é ser fraterno. No livro de Marcos 16:15, Jesus nos diz: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. E no livro de Mateus 10:8, nos diz: “Curai os enfermos, lim- pai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai”. É claro que não vamos sair por aí curando, mas podemos levar o medicamento ao enfermo, podemos levar o pão ao faminto e também pode- Inclusão Social dos Surdos na Casa Espírita

mos levar a palavra àqueles que não podem ouvir, seja surdo ou simples analfateto. Como Beethoven, somos muito mais capazes do que podemos supor. Se não fosse pela surdez, talvez Beethoven fosse conhecido por ser um simples pia- nista e nunca chegasse a escrever uma única sinfonia.

A Doutrina Espírita nos chama a um dever maior, um dever que extrapola nosso corpo, nossa alma, nossa existência.

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. João 9:2-3. São Paulo: Paulus, 2002.

Constituição Federal. Artigo 1º, incisos II e III e Artigo 3º, inciso IV. Barueri: Manole, 2015.

D.O.U. de 02/09/2010, P. 1.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo VI, item 6. Rio de Janeiro: FEB, 1973. Tradução de Guillon Ribeiro.

JUNG, Carl Gustav. Frases. Domínio Público.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritis-

mo. Capítulo II, item 5. Rio de Janeiro:FEB, 1973. Tradução

de Guillon Ribeiro.

GUARINELLO, Ana Cristina. O papel do outro na es-

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CARIDADE PARA COM

No documento Francisco Batista Menezes Júnior (páginas 128-139)

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