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Francisco Batista Menezes Júnior

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Academic year: 2021

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Francisco Batista Menezes Júnior

Organizador

2017, Goiânia

Edição Independente

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Fraternidade na Casa Espírita – Além das diferenças Copyright by Francisco Júnior

1ª edição - 1000 exemplares – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Organização: Francisco Júnior

Autoria: Airton Veloso de Matos, Ângela Moraes, Cíntia Vieira Soares, Edvard

Corrêa, Eliane Gonzaga, Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta; Eurípedes Veloso, Francisco Júnior, José Robinson Gomes, Juliano Pimenta Fagundes, Márcia Ramos, Régina Oliveira, Silvana Prestes.

Assessoria editorial: Fátima Salvo

Projeto gráfico, capa e diagramação: Juliano Pimenta Fagundes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

DIREITOS RESERVADOS - O organizador autoriza a reprodução de trechos

da obra para fins de estudo e aplicação nas Casas Espíritas, desde que citada a sua origem e autoria conforme a Lei de Direitos Autorais nº 9610/98.

Impresso no Brasil Printed in Brazil 2015

FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE Goiás – FEEGO

Rua 1133 nº 40- Setor Marista – Goiânia-GO CEP: 74.180-120.Fone (62) 3281-5114/3281-0200

www.feego.org.br A351

CDU: 133.9:316.34 Além das Diferenças: Fraternidade na Casa Espírita. Além das Diferenças: Fraternidade na Casa Espírita/ Francisco Batista Menezes Júnior, Organizador; Fagundes, Juliano Pimenta, Ilustrador. - 2ª Ed. Goiânia: Edição Independente, 2017.

172 pg.

1. Espiritismo. 2. Fraternidade. 3. Diferenças sociais. 4. Inclusão social. I. Menezes Júnior, Francisco Batista. II. Fagundes, Juliano Pimenta.

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AGRADECIMENTOS

ESPECIAIS

E

sta nova obra, também gratuita, apresenta uma dívi-da de gratidão com inúmeras pessoas. Sem o apoio delas, nem o conteúdo nem a gratuidade da edição teriam sido possíveis.

No que se refere ao conteúdo, reafirmamos nossa gra-tidão aos amigos e irmãos de ideal cuja contribuição não apenas forneceu subsídios para este estudo como ajudou a nortear toda a abordagem.

Aos amigos Fátima Salvo, por sua assessoria editorial e Juliano Pimenta Fagundes por seu trabalho com capa e diagramação; ambos conferiram qualidade a este trabalho;

Ao Augusto Francisco Silva, do CEGAL;

Aos nossos familiares, em especial nossos cônjuges, que mais uma vez nos perdoaram a ausência, liberando-nos de muitas obrigações de família para que pudéssemos nos de-dicar quase exclusivamente ao trabalho de organização des-te novo livro;

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mais uma vez tornaram possível a gratuidade desta obra, por meio de doações e patrocínios que, relacionados a se-guir, estão também estampados na contracapa como sinal de nossa gratidão:

• Grupo Espírita Mensageiros da Luz, na pessoa de sua Presidente, Sr.ª Márcia Maria Ramos;

• AME - Associação Médico-Espírita de Goiás, na pes-soa do irmão José Robinson;

• DOCE PALADAR, na pessoa do Elcival, grande apoiador na cidade de Anápolis;

• Francisco Bueno Engenharia, na pessoa do irmão Ed-son (Edinho);

• Centro Espírita Paz e Amor, nas pessoas de diretores e trabalhadores;

• BRV Consultoria e Assessoria Ltda., na pessoa do jo-vem Bruno Raoni;

• Farmácia Homeopática Santa Efigênia Ltda., na pes-soa do Saulo Oliveira;

• Federação Espírita do Estado de Goiás, nas pessoas de seus diretores que colaboraram com seus artigos; • Petrópolis Ind. de Produtos de Limpeza Ltda.-

PROE-ZA -, na pessoa do Uelson;

• MEGA Supermercados, na pessoa de Roney Rodri-gues.

• Agradecemos, sobretudo, aos amigos espirituais que nos confiaram semelhante empreendimento, ao qual não faltou sua assistência durante toda a realização.

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APRESENTAÇÃO

N

o rol das vertiginosas mudanças que vão amalga-mando a era de Regeneração da Terra, o Espiri-tismo se apresenta como roteiro de renovação de conceitos e comportamentos a burilar uma humanidade mais aperfeiçoada, mais harmônica.

Há algumas décadas, o cenário era bem diverso do atu-al. Ao desconhecimento sobre a proposta espírita aliavam-se o preconceito e as hostilidades aos aliavam-seus profitentes. Jul-gava-se que os espíritas viessem trazer crendices malévolas, espalhar cizânia nas aglomerações consideradas cristãs, nas famílias.

O paciente trabalho de esclarecimento e os testemu-nhos de amor e fraternidade dos espíritas, sem distinção de credo, classe ou qualquer outra forma de sectarismo, aos poucos veio despertando o interesse das pessoas.

Há apenas alguns anos, a evolução tecnológica no cam-po da informação amplia o alcance das comunicações ao mesmo tempo em que acelera o tempo em que elas se dão.

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es-paço na mídia de uma forma jamais vista, além dos meios que tradicionalmente têm sido utilizados, como os livros, palestras, ações sociais e doutrinárias. São eventos, progra-mas, novelas, filmes, aplicativos, redes sociais, blogs e uma infinidade de suportes que alcançam rincões inimagináveis em todo o planeta.

Como as comunicações atuais possuem característi-cas democráticaracterísti-cas, onde qualquer pessoa publica o que bem quer, ao trigo se mistura o joio.

E o que este cenário nos traz? Uma leva de seres hu-manos, antes incrédulos ou adeptos de religiões diversas, sedentos de esclarecimento para suas dúvidas existenciais e consolação para suas dores, aportam às Casas Espíritas leva-dos por uma mensagem, um post, uma cena de novela, um livro, algo assim.

Dirigentes e trabalhadores, estaremos preparados para acolhê-los fraternalmente, amorosamente? Como estará o nosso conhecimento doutrinário? Estarão harmoniosas as nossas relações interpessoais? Como as casas espíritas po-dem se preparar para estes novos tempos?

A obra que ora apresentamos, organizada por Francis-co Júnior traz a Francis-contribuição de Francis-companheiros experientes em suas respectivas áreas, da recepção fraterna ao intercâm-bio espiritual, passando pelas reflexões sobre as atividades e formas de atendimento às diversas fases da vida dentro

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das casas espíritas: infância, juventude, maturidade, terceira idade. Lançam, também, um olhar atento às diferenças, à diversidade, as quais precisam ser compreendidas e acolhi-das dentro dos parâmetros inerentes a cada uma.

Os textos redigidos por eles e as referências para o apro-fundamento do estudo aqui proposto fazem deste livro um roteiro para o aprimoramento da vivência espírita em nos-sas canos-sas.

Apreciemos e, sobretudo, apliquemos o que aqui nos é exposto.

Ivana Raisky

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INTRODUÇÃO

E

m nossa jornada na Seara Espírita temos observado que muitas casas espíritas apresentam dificuldades nas várias áreas de atuação, quer seja doutrinária ou assistencial por falta de um norteamento em seus conceitos e atividades.

A FEB e as federativas têm procurado oferecer capacita-ção, orientação em forma de eventos, publicações e outros recursos.

Por outro lado, há companheiros que desenvolveram estudos e acumularam experiências capazes de minimizar ou até eliminar estas dificuldades. Basta que cada casa as adapte à sua realidade.

Convidamos alguns destes companheiros para compar-tilhar conosco o que aprenderam, o que vêm desenvolven-do em suas instituições no âmbito desenvolven-do Movimento Espírita Goiano, cada um em sua área de ação.

A resposta foi bastante positiva e é assim que, nas pró-ximas páginas poderemos refletir sobre temas que nos são

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caros como a recepção fraterna, a atenção às crianças e jo-vens, o acolhimento aos idosos, aos portadores de necessi-dades especiais, nossa postura perante o exercício da me-diunidade, a gestão de nossas casas, as ações de unificação.

Não temos a pretensão de ditar regras, mas de iniciar um diálogo sobre o acolhimento dos que nos chegam todos os dias e alavancar projetos que tragam melhorias à nossa vivência espírita.

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AUTORES

AIRTON VELOSO DE MATOS - Historiador, expositor

e escritor espírita com larga experiência doutrinária e as-sistencial, tanto em sua mocidade em Minas Gerais quanto posteriormente ao radicar-se em Goiás. Co-fundador e tam-bém um dos coordenadores do Projeto Memória Espírita do Estado de Goiás. Conhece bem as raízes do Movimento Espírita e os vários aspectos da diversidade de instituições e pessoas que o compõem.

ÂNGELA MORAES - Jornalista e expositora espírita.

Pos-sui mestrado e doutorado em filosofia da linguagem, com ênfase em análise de discurso. É professora de comunicação dos cursos de graduação e pós-graduação da UFG e PU-C-GO. Nessas universidades coordena grupos de pesquisa sobre jornalismo, comunicação, espiritismo e sociedade. E-mail: atmoraes@uol.com.br.

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CÍNTIA VIEIRA SOARES - Diretora do Departamento de

Infância e Juventude da FEEGO, escritora, (Evangelizando Bebês, A Arte de Educar - bebês e crianças na evangeliza-ção) professora de música, mestre em educação, evange-lizadora atuando com bebês fora e dentro do Movimento Espírita Nacional.

EDVARD CORRÊA - Participa ativamente do Movimento

Espírita do Estado de Goiás, desde a sua infância, sendo um dos assinantes da ata de fundação da União Espírita Goiana, antecessora da FEEGO, em 1950. Sócio fundador da Casa Espírita Fonte de Luz em Senador Canedo. Há décadas tra-balha em prol da Unificação, percorrendo o Estado junto com vários companheiros para esclarecer, apoiar e aproxi-mar as casas espíritas.

ELIANE GONZAGA - Trabalhadora do Centro Espírita

Je-sus Cristo é Humildade, onde atua no Atendimento Frater-no, é evangelizadora da 1ª infância e médium psicofônica/ psicográfica.

ELZI NASCIMENTO - Psicóloga clínica e escritora.

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do Espiritismo da FEB; Diretora da Comunicação Social Es-pírita e Coordenadora adjunta do Nepe da Federação Espí-rita do Estado de Goiás; membro do Conselho deliberativo da FEEGO e do Conselho de Administração da Associação Campo da Paz.

ELZITA MELO QUINTA - Pedagoga especialista em

Edu-cação, escritora. Coordenadora Nacional Adjunta da Área de Estudo do Espiritismo da FEB; Diretora da Área de Es-tudos e Cursos e Coordenadora Geral do Nepe da FEEGO; membro do Conselho deliberativo da FEEGO e presidente do Conselho de Administração da Associação Campo da Paz.

Elzi e Elzita são responsáveis pelo Blog Espírita: luzes-doconsolador.com. E-mail: iopta@iopta.com.br. Fone: (62) 3251 8867.

EURÍPEDES VELOSO - Palestrante, dirigente e escritor

espírita. Coordenador do Projeto Memória Espírita do Es-tado de Goiás; membro da equipe de assessores da FEEGO colabora nas atividades de unificação do Movimento Espí-rita Goiano.

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FRANCISCO BATISTA DE MENEZES JÚNIOR - Sócio

efetivo e membro do Conselho Deliberativo da FEEGO e Sócio efetivo do Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo - Casa de Eurípedes. E-mail: franciscomjr@yahoo.com.br. Fone: (62) 99624 – 3556.

JOSÉ ROBINSON GOMES - Gestor e Sanitarista, CREA

4306/D – SANEAGO. Pós-graduação área sanitária pela FIOCRUZ – Rio de Janeiro. Membro do Conselho de Ad-ministração e Assessor na FEEGO – Federação Espírita de Goiás. Um dos diretores da AME – Associação Médico Espírita. Vice-presidente do CERLUZ e CEIBEM – Cen-tro Educacional Bezerra de Menezes. Orador e atuante no Movimento Espírita. Possui cursos de Gestão/Liderança/ Coaching pela FGV Fundação Getúlio Vargas. E-mail: ro-binson.ame@hotmail.com. Fone (62) 98428-0197.

JULIANO PIMENTA FAGUNDES - Designer gráfico,

ges-tor de marketing industrial e intérprete em LIBRAS, atuante no Congresso Espírita do Estado de Goiás; expositor espí-rita; trabalhador do Centro Espírita Jesus Cristo é Humil-dade; evangelizador da pré-mociHumil-dade; analista doutrinário da FEEGO e médium psicofônico/ psicográfico, o que lhe

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permitiu receber o romance do espírito Célia, A Hora do Espelho, publicado pela FEEGO. Possui outros livros em processo de publicação, tanto de lavra própria quanto psico-grafados. E-mail: julianovento@gmail.com.

MARCIA MARIA RAMOS - Diretora da área de

Assistên-cia e Promoção SoAssistên-cial Espírita da FEEGO. Advogada, com especialização em direito e processo do trabalho. Pós-gra-duada em direito público. Professora universitária de direito Constitucional e também professora de língua portuguesa, literatura luso - brasileira e goiana. Fundadora e atual pre-sidente do Grupo Espírita Mensageiros da Luz, que é com-posto de cinco casas.

RÉGINA MARIA DE OLIVEIRA - Odontóloga.

Exposito-ra espírita. CoordenadoExposito-ra da Área de Atendimento FExposito-rater- Frater-no/Espiritual da FEEGO.

SILVANA PRESTES - Expositora espírita. Atualmente é

diretora da área da mediunidade da FEEGO - Federação Espírita do Estado de Goiás. Participa também da Casa de Eurípedes, coordenando o curso de Mediunidade, Estudo e Prática.

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SUMÁRIO

O ESPÍRITA PERANTE A TERCEIRA IDADE

Airton Veloso de Matos

ÉTICA NAS INTERAÇÕES COMUNICATIVAS

Ângela Moraes

CRIANÇAS E JOVENS - COMPANHEIROS DE JORNADA

Cíntia Vieira Soares

FUNDAMENTOS DA UNIFICAÇÃO ESPÍRITA

Edvard Corrêa

EVANGELIZANDO CORAÇÕES

Eliane Gonzaga

AFINIDADES ESPIRITUAIS

Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta

PRECONCEITOS

Eurípedes Veloso

ALÉM DAS DIFERENÇAS - EXERCÍCIO DA TOLERÂNCIA NA CASA ESPÍRITA

Francisco Batista de Menezes Júnior

GESTÃO, INOVAÇÃO E FRATERNIDADE

José Robinson Gomes

INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS E DEMAIS DEFICIENTES FÍSICOS NA CASA ESPÍRITA

Juliano Pimenta Fagundes

CARIDADE PARA COM OS FILHOS DE DEUS

Marcia Maria Ramos

RECEPÇÃO FRATERNA NA CASA ESPÍRITA

Régina Maria de Oliveira

A FRATERNIDADE E OS GRUPOS MEDIÚNICOS

Silvana Prestes CONCLUSÃO

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O ESPÍRITA PERANTE

A TERCEIRA IDADE

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O Espírita Perante a Terceira Idade

A

s descobertas científicas, principalmente da mo-derna tecnologia, a aceleração dos meios de co-municação, levaram o homem ao ponto máximo. É como nos afirma Nobre (1997) em Lições de Sabedoria “o desenvolvimento tecnológico exacerbado de nossos tem-pos, sem a necessária expansão da fraternidade entre as criaturas, vem colocando em risco permanente a vida do planeta”. Emmanuel, retomando o ensinamento de Jesus à mulher samaritana, afirma que “a religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador”1.

Diante de tantas descobertas e aperfeiçoamento tecno-lógico tivemos como consequência o aumento da média de vida do ser humano. Em épocas passadas era rotina as pes-soas desencarnarem com poucos anos de vida. As pespes-soas diziam: “o fulano desencarnou de repente”.

Com o aumento da média de vida, conselhos e reco-1 NOBRE, Marlene Rossi Severino. In: Lições de Sabedoria. Editoria Jornalística Fé, São

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Além das Diferenças mendações começam a ser feitos pelos especialistas em ge-rontologia para que a pessoa idosa preserve ao máximo a saúde física e psíquica. Este fato determinou o aparecimento do termo idoso em substituição ao termo velho. Entendem os especialistas, principalmente os gerontologistas, que o termo velho nos dias atuais em muitas colocações é empre-gado de forma pejorativa, trazendo a conotação daquilo que é ultrapassado, fora de uso e desatualizado.

Incontri no seu livro A Educação segundo o Espiritismo fazendo alusão ao emprego da referida palavra assim se ma-nifesta: “Essa mania de inventar palavras para mudar um conceito, coisa muito comum em nossa época, parece-nos prejudicial, na medida em que a palavra usual vira um tabu”.

O que nos interessa é mudar a mentalidade e até res-gatar o sentido original de uma palavra e não retirá-la do vocabulário. Velho, por exemplo, é um termo com força própria que aparece na literatura, na poesia, no cancioneiro popular e representa uma imagem forte e quase nunca pejo-rativa. Não é por causa do abuso de alguns que o usam com menosprezo no cotidiano que devemos aboli-lo.

Consoante o que afirma a educadora, chegamos à con-clusão de que não é simplesmente com a mudança de mos ou palavras que haverá transformações. A fase da ter-ceira idade ou idoso pode ser de grande beleza espiritual, vejamos alguns exemplos que a História nos proporciona:

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O Espírita Perante a Terceira Idade

Cora Coralina, octogenária, apresentava poemas de beleza ímpar; Chico Xavier, já com os seus quase noventa anos le-gava uma obra espiritual imorredoura; o mesmo podemos afirmar em relação à Madre Tereza de Calcutá, Divaldo Pe-reira Franco e tantos outros no cenário mundial.

Em nosso Estado, citamos um entre tantos casos: quem se esquece de Militão, que em avançada idade, ainda percor-ria as ruas e repartições levando pequenas mensagens espí-ritas que chegaram a tempo de impedir ações desastrosas como aborto, suicídio e tantas outras mazelas humanas?

Diziam os poetas em épocas passadas: “A velhice é uma sobra da juventude”; “A velhice é o outono da vida”;

E apesar de tudo, é uma das belezas da vida, e certamen-te uma de suas mais altas harmonias.

Como índice de senilidade improdutiva ou enfermiça constitui apenas um estado provisório da mente que desis-tiu de aprender, e de progredir, nos quadros de luta redento-ra e santificante que o mundo nos oferece.

“A velhice é uma escola rigorosa de meditação”2.

A Doutrina Espírita tem por campo de ação correspon-der às necessidades do espírito, sem descurar as do corpo, despertando o homem para valores que lhe mostrem a vida por um prisma repleto de esperança, amor, possibilidade de 2 NAPOLI, Allan Eurípedes. IN O Espiritismo de A a E, FEB, Rio de Janeiro, RJ, 1995.

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Além das Diferenças boas realizações, independente das condições (ou limita-ções) impostas pela idade.

A partir do movimento iluminista, em meados do sé-culo 18, cria-se o homem novo, especialmente na área do Direito, com o advento de regalias individuais como o habe-as corpus, inviolabilidade do domicílio, e desenvolvimento de ciências como psicologia, psiquiatria e psicanálise. Essas mudanças tinham por escopo valorizar o ser humano, a fa-mília, a qualidade de vida.

Infelizmente, as leis e os conceitos são desprezados por grande parte da humanidade. Há avanços, é inegável, po-rém, em relação à terceira idade, o que se vê nos dias atuais são os abrigos de velhos, casas de repouso, abarrotadas de pessoas idosas abandonadas pelos familiares, que ali vão uma única vez para internarem os parentes e nunca mais voltarem.

No campo do trabalho apressam-se os dirigentes a subs-titui-los por gente mais nova, quando o ideal seria promo-ver a interação entre um e outro para que ambos comple-mentassem o escopo de recursos necessários à consecução das tarefas: um com a força, energia, conhecimentos novos; o outro com sabedoria, equilíbrio e experiência.

Existe também o abandono dos idosos dentro do pró-prio lar, instalando-os nos piores quartos da casa, segregan-do-os do convívio social, em troca da felpuda aposentadoria.

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Rodri-29

O Espírita Perante a Terceira Idade

gues no livro E para o resto da vida (1979, Ed. O Clarim): uma criança sempre procurava seguir os exemplos de seus pais. Ao observá-los tratando mal o velho avô, especialmen-te à hora das refeições, relegando-o a um canto da cozinha com uma tigela tosca, entalhou um cocho para que seus pais pudessem se alimentar quando a velhice chegasse para eles.

O procedimento dos filhos para com os pais precisa ser consoante com o que nos recomenda o Evangelho: gratidão, amor, respeito, estima e obediência. Mas se estes não forem plantados no período educacional, não florescerão na ma-turidade, o que levaria a uma convivência mais justa e amo-rosa com aqueles que chegaram à chamada terceira idade.

Aos governantes, legisladores, religiosos e à sociedade em geral cabe o dever de colaborar em suas respectivas áre-as para o alcance deste objetivo.

E, em nosso caso, como espíritas, cumpre criar ativida-des no campo doutrinário e de promoção social que con-templem a inserção do idoso nos trabalhos conforme sua capacidade de resposta. Assim, apenas para exemplificar, três pessoas com 70 anos podem participar das tarefas de maneiras diferentes; o primeiro traz energia para as tarefas como a montagem de cestas básicas, o transporte de caldei-rões de sopa; o segundo possui a lucidez para a direção de grupos doutrinários, a preleção; o terceiro, mais frágil, pode distribuir mensagens aos frequentadores, comentar a

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pági-30

Além das Diferenças na de estudo, cuidar da papelada administrativa e assim por diante. Enfim, há lugar para todos.

Sobretudo, é importante aproximá-los das crianças e jo-vens para que estes possam absorver a sabedoria adquirida ao longo de toda uma vida; assim formam atitudes de res-peito e consideração a serem multiplicados em suas existên-cias com os idosos com os quais convivam para que, a seu turno, possam ser merecedores da mesma atenção.

Teremos aí uma sociedade mais justa, mais fraterna.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Deolindo E. Espiritismo e os problemas

humanos. São Paulo: [s.ed], 1985.

BITTAR, Eduardo C. B. Doutrinas e Filosofias

Políti-cas. São Paulo: Atlas, 2002.

INCONTRI, Dora. A Educação segundo o

Espiritis-mo. Bragança: Comenius, 2006.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013.

NAPOLI, Allan Eurípedes. O Espiritismo de A a E. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

NAZARETH, Joamar. Um desafio chamado família. Araguari: Minas Editora, 2003.

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O Espírita Perante a Terceira Idade

NOBRE, Marlene Rossi Severino. Lições de Sabedoria. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1997.

PERROT, Michele (ORG). História da vida privada, v. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

RODRIGUES, Wallace Leal V. E para o resto da vida. Matão: O Clarim, 1979.

SALES, Mione Apolinário e outros (organizadores).

Po-lítica Social, Família e Juventude. São Paulo: Cortez

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ÉTICA NAS

INTERAÇÕES

COMUNICATIVAS

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Ética nas Interações Comunicativas

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ivemos o século da comunicação e da informação. A possibilidade de estabelecermos conexões em fração de segundos nos coloca uns diante dos outros, com cada vez menos censura e entraves institucionais. Processos comunicacionais altamente dinâmicos, especialmente após a chegada da internet, revelam com facilidade as diferenças e as semelhanças entre seres humanos, grupos sociais e culturais, desafiando nossa capacidade de interlocução.

Este artigo trata das relações interpessoais enquanto interações comunicativas, ou seja,“toda a ação conjunta, conflituosa ou cooperativa, que coloca em presença dois ou mais atores” (Vion, 1992, p.17). Por causa disso, elas são um processo de influências mútuas que os interlocutores exer-cem uns sobre os outros na troca comunicativa, um lugar onde há um jogo de ações e reações. Essas interações podem ser verbais ou não verbais. Podem dar-se pela mediação das palavras escritas ou orais e, ainda, pelos gestos, expressões faciais, imagens, tom de voz, e outros sons.

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Além das Diferenças Todos esses elementos presentes nas relações entre pes-soas e grupos carregam significados que podem ser apre-endidos de forma diferenciada pelos sujeitos da comuni-cação. Isso nos leva a estabelecer uma primeira distinção entre efeito pretendido e efeito produzido na circulação dos sentidos do processo de interação. Nem sempre os efeitos pretendidos pelas pessoas que dizem alguma coisa são os produzidos naquelas que ouvem essa mesma coisa dentro da relação comunicativa.

Essa constatação, corroborada em vários estudos sobre as interações humanas, é muito importante para o contexto espírita. Os espíritas constantemente se veem em situações onde há muita troca de sentidos e interações sociais: reu-niões públicas, intercâmbio mediúnico, grupos de estudo, ações sociais, divulgação doutrinária. Mesmo nas situações informais de conversação não é incomum as expressões “não é bem isso que eu quis dizer”, “você não entendeu o que eu disse”, mostrando que pode haver mal-entendidos, desconfortos e até desavenças, mesmo não intencionais. Isso ocorre por dois motivos: um relacionado à forma, outro ao conteúdo da comunicação.

A forma adotada pelos interlocutores nem sempre é a mais adequada para alcançar a mútua compreensão. Cite-mos algumas situações hipotéticas para exemplificar. Um orador erudito não adéqua o seu discurso para falar a uma

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plateia de semialfabetizados. Além de ele não se fazer enten-dido, pode passar uma imagem de “pedante” e “orgulhoso”, mesmo que não o seja. Outro exemplo: uma senhora está bastante ocupada fazendo um almoço beneficente, alguém faz uma pequena observação sobre a falta de tempero. Ela entende como crítica negativa, ao passo que a outra achou que estivesse ajudando.

Em relação ao conteúdo, os problemas do mal-enten-dido dizem respeito às diferenças de pontos de vista sobre alguma questão, apesar de os interlocutores terem compre-endido o que realmente um ou outro quis dizer. Nesse caso, podemos imaginar um leitor espírita que gosta de determi-nado médium psicógrafo e dos espíritos com os quais esse trabalha. Tais espíritos fornecem uma informação sobre o mundo espiritual que diverge ou não encontra similar em outros livros mais consagrados. Isso pode gerar constran-gimentos explícitos ou não, rupturas, distanciamentos e até fanatismos. Tanto na dimensão da forma quanto do conteú-do, a situação de conflito deve ser resolvida dialogicamente.

Uma intercompreensão pode ser alcançada mediante algumas técnicas, mas principalmente, mediante uma éti-ca comuniéti-cacional. Comecemos pelas primeiras, cujo autor fonte é um filósofo da linguagem inglês, Paul Grice, que te-orizou sobre o princípio cooperativo nas interações. Ética nas Interações Comunicativas

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Além das Diferenças

As máximas de Grice

A forma comunicacional proposta por Grice (1975) compõem-se de quatro máximas: quantidade, qualidade, relevância e modo. A máxima da quantidade diz respeito à suficiência de informações para que algo seja entendido. Em grupos de estudo, por exemplo, algumas pessoas levam mais tempo para compreender determinados conceitos, ou precisam de mais exemplos. Repetições ou abordagens al-ternativas são, às vezes, necessárias.

A máxima da qualidade diz que as informações aloca-das na interação devem ser verdadeiras. É importante não dizer o que se acredita ser falso ou sem evidências compro-batórias. Credibilidade é tudo. Boatos, ou mesmo mentiras intencionais, comprometem as relações interpessoais assim que descobertas, além do que podem prejudicar a dignida-de dignida-de terceiros e propagar conceitos equivocados. A máxi-ma da relevância tem a ver com a adequação do conteúdo e pertinente ao contexto da interação. Deve-se evitar a inser-ção de assuntos desviantes do tema objeto da conversainser-ção, pois isso, além de ser improdutivo, pode causar cansaço e desinteresse por parte dos interlocutores.

A máxima do modo tem relação com as formas de ex-pressão. Linguagem clara, precisa, concisa e ordenada evita confusão de sentidos. Evitam-se, assim, a obscuridade (uso

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de palavras excessivamente técnicas e desconhecidas pela maioria), a ambiguidade (elementos que permitem dupla interpretação), a prolixidade (oposto da objetividade) e a desordem (ideias sem sequência coerente).

Essas “regras” idealizadas pelo autor têm o propósito de auxiliar os interlocutores em relação à melhor construção e compreensão dos significados das palavras e ideias, mini-mizando os mal-entendidos advindos desse aspecto das in-terações comunicativas. Evidentemente que nem todos têm essa habilidade desenvolvida de maneira completa. Por isso, é importante ressaltar que ninguém deve ser impedido de manifestar seu pensamento por não dominar uma ou outra técnica aqui apresentada. Como dissemos, o mais impor-tante é adotarmos uma ética na comunicação.

Ética nas relações

Discutiremos, agora, alguns princípios e valores que convém observarmos para construirmos práticas comuni-cacionais mais responsáveis e, por consequência, melhorar-mos a qualidade de nossas relações interpessoais e sociais. Os autores que nos ajudam a pensar sobre isso é Plaisan-ce (2011), pesquisador e professor de ética estadunidense; Paulo Freire (1981), educador brasileiro conhecido interna-cionalmente; e Habermas (2012).

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Além das Diferenças Plaisance aborda o tema a partir de seis princípios: transparência, justiça, dano, autonomia, privacidade e co-munidade.

O princípio da transparência não diz respeito apenas à possibilidade de deixarmos visíveis nossas ideias. Transpa-rência é deixar em evidência nossas motivações, aspirações e intenções para os demais sujeitos que integram nosso gru-po de relações, a fim de que gru-possam, como seres racionais, avaliarem nossas ações. Ao negarmos informações, estamos negando a possibilidade de racionalização do outro, portan-to, estamos tornando o outro um mero meio ou objeto.

No contexto da casa espírita, isso pode ser aplicado em várias situações: prestação de contas e debates sobre as di-ferentes decisões tomadas pelos dirigentes aos demais tra-balhadores e frequentadores; não mentir quanto às razões de determinadas ações; não pressupor que as pessoas são incapazes de avaliar e ajudar; e construir um ambiente de confiança mútua.

O princípio da justiça é, para o autor, analisado em duas dimensões: a conservadora e a transformadora. Na primeira dimensão, a justiça se preocupa na manutenção da ordem e das instituições sociais que trabalham na conciliação de interesses concorrentes. A justiça transformadora esforça-se na correção de erros e de transgressões sociais percebidas de modo a incluir novos grupos sociais historicamente marginalizados.

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Na casa espírita - os que lidam diretamente com as ati-vidades de gestão - devem perceber o pluralismo das ori-gens, experiências e formação cognitiva dos membros que a integram. Conciliar os diferentes interesses, integrando, cada vez mais, as minorias sociais ou intelectualmente di-vergentes, demonstra amadurecimento e permitem relações mais democráticas.

O conceito de dano é pensado a partir de uma avaliação da dignidade e da integridade pessoal. Nossos atos têm im-plicações morais e somos responsáveis por qualquer dano que venha a se apresentar durante uma determinada rela-ção. Nesse sentido, devemos prever e minimizar qualquer prejuízo que possa advir de nossas ações. Problemas, nes-se nes-sentido, são muito comuns quando adotamos discursos moralistas que mais têm a ver com questões culturais do que propriamente espirituais. Preconceitos e purismos podem ferir as pessoas, intensificando o desprezo que a sociedade já alimenta. Além disso, afasta as pessoas das casas espíritas, por essas não encontrarem acolhimento e aceitação.

A autonomia se refere às forças de autodeterminação que cada ser humano possui como ser racional, isto é, nossa natureza deliberativa. Noutras palavras, é a nossa capacida-de capacida-de capacida-definir a própria natureza e assumir as responsabilida-des de nossas ações e das identidaresponsabilida-des que assumimos.

Não se trata se estabelecermos uma liberdade livre de Ética nas Interações Comunicativas

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Além das Diferenças restrições, mas da necessidade de controlar as razões de nossas ações. É quando assumimos o domínio das ações ao contrário de ter apenas a liberdade de fazê-las. Assim, po-demos prejudicar nossas relações interpessoais com postu-ras controladopostu-ras e radicais. Os indivíduos podem e devem ter acesso aos códigos e pensamentos que valorizamos, mas devem ter seu livre-arbítrio preservado e garantidas suas oportunidades de manifestação. Diálogos e debates racio-nais são bem-vindos e fazem crescer o conhecimento.

A privacidade ajuda a assegurar a segurança individu-al. Mas Plaisance (2011) apresenta uma pergunta instigante para aprofundar o conceito. Será simplesmente a privacida-de o direito privacida-de ser privacida-deixado em paz? A resposta a essa per-gunta é desafiadora ao dizer que temos a privacidade como valor instrumental (e não como valor em si) que vai permi-tir que a individualidade se constitua, como ser social e mo-ral. A privacidade é importante para alcançarmos objetivos morais.

Para clarear esse princípio, precisamos considerar o an-terior. É importante e constitui um direito a liberdade de expressão e de opinião. Todavia, manifesta-se se o quiser. As pessoas não podem se sentir obrigadas a fazê-lo como se estivessem em um confessionário. Instigar frequentadores e trabalhadores a exporem assuntos que só dizem respeito a eles mesmos, e que não se sintam confortáveis em falar, não

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é atitude respeitosa. Momentos solitários de reflexão fazem parte do autodescobrimento.

O último princípio é o do comunitarismo. O autor en-tende que a comunidade não se baseia unicamente no senso de pertencimento, mas também nos laços emocionais que estimulam o arejamento e a tolerância das diferenças. To-dos devem participar da comunidade para que toTo-dos pos-sam desenvolver suas identidades individuais. As pessoas desejam fazer parte de grupos para desenvolverem suas ha-bilidades relacionais, se sentirem protegidas e amparadas. Mas o grupo não pode engessar normas e sufocar iniciativas criativas, apenas porque a “tradição” convencionou deter-minados procedimentos.

Em um país multicultural como o Brasil, as diferenças sociais, culturais e políticas são abundantes. Se os gestores souberem lidar com isso, o movimento espírita só tem a crescer e ganhar em pluralidade. A unificação será, enfim, alçada pelo sentimento do amor e não pela padronização de práticas exteriores.

Ética comunicativa

Para entendermos o pensamento de Paulo Freire a par-tir de uma ética da comunicação, precisamos entender o seu conceito de diálogo que:

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Além das Diferenças [...] é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro. (Freire, 1981, p. 92)

Nesse conceito, o autor corrobora a ideia de que o diálo-go é incompatível com a autossuficiência, e não se constitui em “ato arrogante”. Dessa forma, ele se pergunta: a) Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo no outro, nunca em mim?; b) Como posso dialogar, se me sin-to participante de um “guesin-to” de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são “essa gente” ou são “nativos inferiores”?; e c) Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?

Nessas perguntas, percebe-se a preocupação do educador com a atitude e com as intenções e pressupostos que nos colocam no processo de interlocução com os outros. São bastante condizentes com a moral cristã espírita, uma vez que vai de encontro ao egoísmo, à vaidade e ao orgulho que, muitas vezes, nos orientam a forma como vemos e tratamos os outros nas relações comunicativas. Mesmo em ambientes religiosos onde, a princípio, deveria prevalecer a fraternidade.

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consenso. Mas para que isso ocorra, o autor estabelece a condição da liberdade, da participação democrática e da crítica. Para ele, todo aquele que se envolve numa prática de argumentação tem que pressupor pragmaticamente que, em princípio, todos os possíveis afetados poderiam participar, na condição de livres e iguais, de uma busca cooperativa da verdade. A única coerção admitida é a do melhor argumento. As divergências no campo das ideias não podem ser vistas como algo negativo. A diversidade faz parte da natureza e da condição humana. Forçar a adoção de padrões porque achamos que temos razão, sem sequer oportunizar o debate racional sobre eles, constitui imposição incompatível com a proposta de uma ética espírita. O amor ao Espiritismo tem que se manifestar nas relações e não na defesa intransigente de pontos de vista, receoso do enfrentamento racional.

Dessa forma, quem se dispõe ao diálogo, se dispõe tam-bém à crítica. O desenvolvimento argumentativo só se reali-za quando este encontra oposição. Basta verificarmos o que sucedia na Revista Espírita editada por Kardec. Em várias ocasiões, os opositores do codificador encontravam visi-bilidade nas páginas da publicação, e não havia temor por parte dele em dialogar com as mais diferentes críticas que chegavam ao seu trabalho. É essa a postura que precisamos resgatar enquanto espíritas e enquanto movimento.

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Além das Diferenças

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janei-ro: Editora Paz e Terra, 1981.

GRICE, P. Logic and Conversation. IN: COLE, P; MOR-GAN, J (Orgs). Sintax and Demantics. New York: Acade-mic Press, 1975.

HABERMAS, Jurgen. Teoria do Agir Comunicativo. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

PLAISANCE, Patrick Lee. Ética na Comunicação:

princípios para uma prática responsável. Tradução de

Joi-ce Elias Costa. Porto Alegre: Penso, 2011.

VION, R. La communication verbale: Analyse dês

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CRIANÇAS E JOVENS

COMPANHEIROS

DE JORNADA

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Crianças e Jovens - Companheiros de Jornada

“Jesus foi o maior educador que o mundo já conheceu e conhecerá (...) Conhecedor da natureza humana em suas mais íntimas particularida-des, sabia que o trabalho da redenção se resume em acordar

a divindade oculta na psique humana.”

Vinícius

R

eceber crianças e jovens no ambiente espírita parece ser, atualmente, uma atribuição clara dentre tantos papéis desempenhados pelo Centro Espírita. Tendo a função de templo de oração, hospital, e mais do que nun-ca, de escola, o centro espírita vem enfrentando os desafios de como melhor acolher crianças, jovens e suas famílias em seu espaço religioso.

Observa-se muitas vezes, em atividades desenvolvidas junto aos centros espíritas, que as crianças são vistas como barulhentas e inquietas, e os evangelizadores voluntários ti-dos como “babás”. Estes, geralmente muniti-dos de boa

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Além das Diferenças de, mas às vezes, sem formação para a tarefa, realizam suas atividades em espaços precários e inadequados às necessi-dades infantis, e muitas vezes com recursos próprios para os materiais pedagógicos.

Os jovens que “ainda não sabem nada” ou “não têm condições de realizar nenhuma atividade ainda”, têm pouco espaço para dizer o que pensam ou para contribuir com sugestões e ações na rotina da instituição, se restringindo a uma participação passiva no cotidiano das atividades espíritas.

A criança que não é compreendida e o jovem que não se sente pertencente, mostram-se desmotivados em participar das atividades da instituição, e muitas vezes, a família não tem forças para incentivá-los a continuar “frequentando” o centro espírita. Ancorado neste contexto, a família se sente impotente e o afastamento pode ser inevitável.

Para conduzir nossas reflexões acerca da temática re-lembramos Paulo em sua epístola aos Coríntios quando diz:

“Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?”1.

A trombeta, antigamente chamada de shofar, era instru-mento musical sagrado utilizado pela tradição judaica para juntar o povo, reunir a multidão, preparar para batalhas, anunciar vitórias e guerras. Com seus diferentes toques, o 1 Paulo (I Coríntios, 14:8)

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Crianças e Jovens - Companheiros de Jornada

som da trombeta tinha outras funções ainda mais impor-tantes: chamava ao despertamento da alma, acordando as pessoas da letargia mental pelas questões terrenas; inspirava a alma, provocando vibrações extraordinárias nos corações; ativava os sentimentos; enfim, era um alerta para a dimen-são espiritual.

Escrita antiga e ao mesmo tempo tão atual, esta epístola é bem pertinente à proposta deste artigo, pois se refere à grande batalha. Aquela à qual fomos convocados, desde o início, ao exercício do bem, como espíritos em luta moral nas diversas encarnações.

Assim como nós, crianças e jovens são espíritos na ba-talha moral, em momento de reeducação de sentimentos e pensamentos, para que as ações se concretizem no bem.

Estão no momento de serem ‘acordados’ para a dimen-são espiritual para que se preparem para a batalha moral. Entretanto isso só se torna possível, se a trombeta der ‘so-nido certo’.

O que vem a ser o ‘sonido certo’?

É o sinal que vai ativar a alma, que vai provocar vibrações extraordinárias no coração, acionando a dimensão espiritual.

É a melodia que se forma a partir da escuta sensível das necessidades espirituais da criança e do jovem, e que alcan-ça seus corações possibilitando que o conhecimento espírita lhes faça sentido.

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Além das Diferenças Para tanto, é preciso percebê-los como seres espirituais em aprimoramento, que trazem em seu coração o código divino, o gérmen fecundo e latente, clamando pela possibili-dade do terreno fértil do nosso amparo e incentivo, a fim de que ‘germine e floresça, frutifique em abundância’. É preciso ativar a Lei de Deus que já existe no coração.

Isso significa, que a criança e o jovem trazem uma he-rança reencarnatória, composta de conquistas e aprendiza-dos espirituais, assim como de necessidades de aprimora-mento moral; que têm potencial de ação e são capazes de contribuir e compartilhar suas experiências e conhecimen-tos, sendo portanto, participantes ativos da evangelização e da mocidade.

Em se tratando da infância, o “sonido certo” é articular os conhecimentos de Jesus à forma lúdica. É contemplar as múltiplas linguagens, próprias da criança, respeitando suas singularidades. É fazer da evangelização o momento ines-quecível em que são vivenciados os ensinamentos de Jesus, propondo o aprendizado dos conhecimentos espíritas de forma encantadora e atrativa.

O jovem, por sua vez, quer fazer. Para ele, não basta ficar ouvindo, assistindo, observando... o “sonido certo” é a reali-zação. Ele precisa ser o protagonista de sua história, mesmo se apoiando na experiência do adulto. O jovem anseia por ser ouvido, necessita de espaço para falar, sugerir, planejar, executar, enfim, contribuir com sua visão de mundo, apren-dendo com a integração do estudo, convivência e ação.

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Crianças e Jovens - Companheiros de Jornada

Desta forma, asseveram os espíritos à Kardec que “a

educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém exige muito tato, muita expe-riência e profunda observação”2.

E nós, evangelizadores, educadores, pais, dirigentes e trabalhadores em geral, onde estamos nesta história?

Nós somos as trombetas, somos os medianeiros da mensagem, somos os instrumentos capazes de comparti-lhar o amor de Jesus e os ensinamentos da doutrina espírita. Temos portanto, que conhecer profundamente a partitura. Temos que saber a mensagem, senti-la e buscar exercitá-la.

Sem conhecer a ‘verdade’, o evangelizador pode arris-car-se em equívocos doutrinários. E como estamos na base da formação do ser, é imprescindível que tratemos da dou-trina com zelo e cuidado para que ela possa ser impregnada verdadeiramente na memória espiritual das crianças e jo-vens, facilitando assim a compreensão dos valores espiritu-ais rumo à evolução.

Segundo Joanna de Ângelis3, “ao educador (...), são

in-dispensáveis os conhecimentos da psicologia infantil, das leis da reencarnação, alta compreensão afetiva junto aos 2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, FEB 2010. p. 917.

3 FRANCO, Divaldo. SOS Família. Educação. Pelo espírito de Joanna de Ângelis. Salvador,

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Além das Diferenças problemas naturais do processo educativo e harmonia inte-rior, valores esses capazes de auxiliar eficientemente a expe-riência educacional.”

Precisamos ainda, ser instrumentos afinados com o dia-pasão do Mestre, ou seja, sintonizar a nossa fala com a nossa ação. A vibração que toca a alma da criança e do jovem vem do acorde consonante da palavra com o exemplo.

Somos exemplos o tempo todo. Somos ação educativa em sentido mais amplo, seja dentro ou fora do Centro Es-pírita. A criança e o jovem estarão sempre a nos observar enquanto pais ou educadores, criando seu próprio arcabou-ço de ações baseadas nos aprendizados do espírito e no que aprendeu conosco.

Amélia Rodrigues reafirma que “todos somos

educado-res. Educamos pelo que fazemos, educamos com o que dize-mos. Quem não educa no sentido positivo, edificando, educa, no sentido negativo, danificando o caráter”4.

Sendo assim, nos esforcemos em sermos para nossos jovens e crianças, exemplos dignos de serem observados e inspiradores de novas ações.

Que o Centro Espírita, seja sempre um campo educati-vo, não somente para jovens e crianças, mas para todos nós, espíritos em aprimoramento moral. Que seja espaço para 4 FRANCO, Divaldo. Sementeira da Fraternidade. Pedacinho de Gente. Pelo espírito de

Amélia Rodrigues. Salvador BA: Leal, 1979. Apud DUSI, Miriam. Sublime Sementeira. FEB, 2012, p.94.

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Crianças e Jovens - Companheiros de Jornada

se exercitar a Lei de Amor, despertar bons sentimentos em convivência fraterna e amorosa, internalizar princípios e comportamentos assertivos, conquistando nos atos genero-sos a transformação moral da própria realidade de espírito em processo de reeducação.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM. 1. Coríntios, 14:8. 2002. CAMARGO, Pedro (Vinícius). O Mestre na Educação. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p. 44.

FRANCO, Divaldo. JOANNA DE ÂNGELIS (espírito).

SOS Família: Educação. Salvador: LEAL, 2002. p. 85.

__________. AMÉLIA RODRIGUES (espírito).

Se-menteira da Fraternidade: Pedacinho de Gente. Salvador:

Leal, 1979. Apud

DUSI, Miriam. Sublime Sementeira. Brasília: FEB, 2012, p.94.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Brasília: FEB, 2010. p. 917.

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Fundamentos da Unificação Espírita

FUNDAMENTOS DA

UNIFICAÇÃO ESPÍRITA

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Fundamentos da Unificação Espírita

A

unificação tem origem Divina. Está estampada na estrutura e no mecanismo da vida de todos os seres inorgânicos e animados, representando a vontade exercida pelo Criador de todas as coisas.

Tudo se encadeia no Universo de maneira admirável, revelando uma causa, uma intencionalidade: o equilíbrio. Desde o microcosmo ao macrocosmo, tudo está interligado. A lei de gravitação universal enunciada por Sir Isaac Newton (1642-1727) está a mostrar a interdependência existente entre os corpos celestes, e, ampliando nossa visão mental, percebemos que os princípios desta lei estão em toda a Natureza, estabelecendo a união das forças e valores semelhantes.

Para o bom êxito das atividades desenvolvidas nas casas espíritas, faz-se imprescindível que seus dirigentes e demais trabalhadores conscientizem-se quanto à necessidade da prática da unificação dentro e fora de cada instituição.

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Além das Diferenças que cada um veja os outros como irmãos muito queridos ao seu coração, sinta as dificuldades dos outros como se fossem suas próprias dificuldades, desenvolvendo apoio mútuo na execução de cada tarefa que lhes compete realizar.

Fora, realizando intercâmbio com trabalhadores em outras casas, de forma a ampliar as possibilidades de acer-to, somar experiências, aumentar conhecimentos, colhen-do como resultacolhen-do desse esforço, a segurança no estucolhen-do, na prática, e na divulgação da Doutrina Espírita.

Allan Kardec sugere a aproximação entre as casas espí-ritas, declarando em O Livro dos Médiuns, item 334, último parágrafo. “A dificuldade ainda grande, de reunir crescido

número de elementos homogêneos deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes, à multipli-cação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visi-tando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”.

Há algum tempo, ficamos admirados quando tivemos a informação de que alguns dirigentes espíritas, talvez por falta de estudo, de experiência e de maturidade, estariam isolando das demais, as instituições que “comandavam”.

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Fundamentos da Unificação Espírita

quela época, chegavam-nos, também, informações de que alguns dirigentes resolviam realizar movimento de “unifica-ção” a parte, ignorando os órgãos de unificação já existen-tes. Quanto a isso, recordemos as exortações do iluminado Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes em seu artigo pu-blicado no jornal O País, transcrito para o livro: Espiritismo

Básico, de autoria de Pedro Franco Barbosa: [...] “Já é tempo de se ligarem todos os espíritas para que se cumpra nesta par-te do Planeta a tarefa que lhes foi distribuída. Compreende-se que é pela união dos espíritas que Compreende-se pode dar a ligação, a harmonia de seus esforços, sem a qual, diz o Mestre, cada um cavará o sulco por onde hão de correr as lágrimas de seu arrependimento”.

Pelo bem da causa que abraçamos, sugerimos que os dirigentes e demais trabalhadores das casas espíritas, deem maior importância às atividades de unificação. Entendemos que o estudo da unificação espírita merece a mesma aten-ção, a mesma dedicação que aplicamos ás diversas áreas de ação, pois, consideramos essa atividade como uma das po-derosas alavancas propulsoras na propagação da Doutrina Espírita em base segura.

“Unificar significa reunir num só todo, fazendo convergir para um só fim. Unificação espírita é a reunião de valores para a melhor difusão e propagação do pensamento dos Es-píritos, pensamentos coletados e comentados pelo insuperável

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Além das Diferenças

professor de Lion, definindo os rumos seguros e elevados de cada um, no campo de serviço onde foi situado”... (Francisco

Spinelli – Crestomatia da Imortalidade).

A Unificação, relacionando-se com todas as áreas de atividade da casa espírita, estabelece aproximação e enten-dimento entre todos os trabalhadores , gerando um clima de contentamento, de alegria, de paz e fraternidade, onde o amor ao trabalho está presente fornecendo o combustível que impulsiona cada trabalhador a encontrar no desenvol-vimento de cada tarefa a maneira própria de agir, produ-zindo o melhor.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Básico. Rio de Janeiro: FEB,1986.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns - Item 334. 41ª Ed. FEB.

_____. Obras Póstumas: O Projeto 1868. 13ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973.

SPINELLI, Francisco. Crestomatia da Imortalidade:

cap. 50. Rio de Janeiro: FEB. 1969.

WIKIPEDIA. Isaac Newton. In https://pt.wikipedia. org/wiki/Isaac_Newton

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Fundamentos da Unificação Espírita

EVANGELIZANDO

CORAÇÕES

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Evangelizando Corações

“Deixai vir a mim as criancinhas1.”

Jesus

Q

uando Jesus convida as crianças a participar de Seus ensinamentos, Ele demonstra claramen-te que elas necessitam saber sobre a verdadeira grandeza da alma, já que o conteúdo de Seu Evangelho é para o aprimoramento moral. A intenção de Jesus ao men-cionar a aceitação das crianças junto de Seus estudos é mais simples que imaginamos.

Aceitemos as crianças diante de suas necessidades, as-sistindo-as com atenção e dando a devida importância que elas têm. Cada criança, com sua individualidade, deve ser recebida - e compreendida - na sala de evangelização. Cada Casa Espírita, conta com o seu público diferenciado, crian-1 “Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as

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Além das Diferenças ças com realidades de vida diferentes, tanto do ponto de vista social, como econômico e emocional, ditando, assim as formas do evangelizador se relacionar e oferecer o que o evangelizando busca.

Por isso, entre todas as técnicas de se evangelizar, a úni-ca fundamental, é o amor2.

O evangelizador precisa gostar de crianças, ter paciência, compreender o seu desenvolvimento, entender a sua inquietação, os seus barulhos e peraltices. Às vezes aparecerão crianças com comportamentos difíceis de serem controlados, mas isso não passa de mais um desafio para o evangelizador e, nestas circunstâncias, é aconselhável buscar nas preces as orientações espirituais junto ao seu mentor, ou aos mentores do trabalho. Com a sintonia, virá a inspiração necessária.

Lembremos que somos trabalhadores do Cristo e que não estamos sozinhos.

É importante conhecer a individualidade de cada evan-gelizando, para que possam ser abordados temas específi-cos, atingindo diretamente a dificuldade mais evidente e também auxiliá-la nas suas necessidades, sejam elas ma-teriais, espirituais e morais. Por isso não importa quantas obras o evangelizador tenha estudado, se ele não tiver

inte-2 ”O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado”. O Evangelho Se-gundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. 11, item 8.

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Evangelizando Corações

resse, sentimentos verdadeiros e naturalidade, ele não con-seguirá envolver as crianças em seu estudo.

A aula iniciada com a música traz leveza e direciona a aula para o caminho que deve seguir. Cada estrofe de uma canção traz consigo uma mensagem que, guardada na men-te, vale mais que muitas palavras. Canções que falam do amor de Jesus para conosco, da presença dEle em nossas vidas e da certeza da Sua espera por nós, gerando sensa-ções de paz e alimentando a alegria de viver que dissipa as dores incalculáveis do ser e, principalmente, harmoniza o ambiente.

A dinâmica numa evangelização seria o contato do evangelizador com o evangelizando, as atividades seguindo o tema proposto e enfatizando sempre as lições de Jesus. Não podemos nos esquecer de que o ideal é que em todos os conteúdos constem o exemplo do verdadeiro e único Mestre.

Depois do mais importante quesito para evangelizar, que é o amor, vem o equilíbrio em todos os aspectos. Nós espíritas entendemos que a vibração gerada no ambiente, através dos nossos pensamentos, automaticamente geram reações. É necessário buscar a educação moral para nos ele-varmos quando entramos em contatos com seres tão sensí-veis, as crianças, que captam nossas energias sem precisa-rem estar perto, devido a sua sensibilidade.

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Além das Diferenças Para se conseguir esse equilíbrio, o melhor caminho é a instrução, estudando os ensinamentos de Jesus, juntamente com os de Kardec, para se acender a luz que o evangelizador procura. Primeiro, a clareza tem que chegar a si, para depois ajudar o outro a encontrar o caminho que se fará clarão, tratando seus conflitos, frutos de experiências vividas nessa ou noutras existências.

Fazendo-se tudo na paciência, na esperança, assim como Jesus, que nos espera sem cobranças, porque sabe que um dia iremos para os Seus braços. E quando formos, deve-remos chegar a Ele com a alma desnuda.

Outro aspecto importante é não criar obstáculo para evangelizar, quando não há recursos materiais ou há pro-blemas no ambiente físico, sem nos tornarmos reféns de materiais e acessórios didáticos ou evadirmos para a recrea-ção desnecessária. O que não pode faltar nunca é a compre-ensão da razão da evangelização infantil existir, lembrando sempre às crianças que a evangelização não é um local de diversão e que somos assistidos pelo mundo espiritual jun-tamente com crianças desencarnadas e que deveremos es-quecer, naquele momento, do mundo exterior.

Lembremos da singela forma de Jesus transmitir os Seus ensinamentos através de Suas palavras, muitas vezes utilizando os dedos para desenhar na areia. Aproveitando os exemplos do Mestre que ensinava através de parábolas,

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podemos utilizar o teatro com as crianças para que elas con-sigam compreender e fixar melhor as histórias, podendo agrupá-las e encenar mesmo na sala de aula3.

Quando recebemos o evangelizando no grupo infantil com a idade de até 3 anos, geralmente os pais o acompa-nham. Não é regra, mas existem crianças que não sentem segurança longe dos pais, e isso deve ser compreendido, para que exista uma confiança por parte do evangelizando.

A percepção da criança é entender que, se os pais estão ali é porque é um lugar bom e poderá, num futuro próxi-mo, passar a participar sozinha das aulas, mesmo porque a evangelização não é uma escola cheia de regras e, sim, um lugar onde se encontram pessoas amigas que estão dispostas a estudarem juntas.

Com a participação dos pais, percebemos que, muitas vezes, eles também necessitam de apoio e de alguma orientação, ficando nítido que não se trabalha apenas a criança, mas toda a família. Isso faz com que o evangelizador conheça mais a criança, enriquecendo o seu plano de aula abordando diretamente dificuldades específicas a serem resolvidas.

Ao ser evangelizada, a criança passa a conhecer a Dou-trina Espírita dentro de sua linguagem e vai sendo

prepa-3 Vide as obras Mensagem do Pequeno Morto, do Espírito Neio Lúcio, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Cascata de Luz, do Espírito Luiz Sérgio, psicografado por Irene Pacheco Machado.

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Além das Diferenças rada para futuramente saber se portar dentro de uma Casa Espírita, como assistir uma palestra; o porque se desligarem as luzes na hora do passe; o que é o passe; a importância da água fluidificada e outros. Por isso a evangelização é de suma importância para a Casa Espírita, por formar novos trabalhadores equilibrados para o trabalho. Deve-se investir nas crianças, pois elas são os futuros divulgadores do Evan-gelho de Jesus e se elas já tiverem sido preparadas consegui-rão trilhar o seu caminho, mais seguras.

A maior satisfação e motivação para o evangelizador é saber que um mal comportamento da criança foi modifi-cado através do Evangelho de Jesus e saber sempre que o mérito é somente dEle.

Quando se recebe o convite para trabalhar na evangelização é preciso que se saiba que não é por acaso, nem um mero convite, mas uma das mais belas propostas feitas pelo Mestre. Ele quer que demos continuidade em suas lições e que permaneça vivo o Seu Evangelho. Então se você foi um escolhido para a tarefa, aceite o convite, pois ele vem de Jesus!

REFERÊNCIAS

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KARDEC, Allan . O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XI, item 8. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: 1973.

XAVIER, Francisco Cândido; Neio Lúcio (Espírito).

Mensagem do Pequeno Morto. 10ª Edição. Brasília: FEB,

2015.

PACHECO, Irene; Luís Sérgio (Espírito). Cascata de

Luz. 6ª Edição. Brasília: Recanto, 2000.

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Fundamentos da Unificação Espírita

AFINIDADES

ESPIRITUAIS

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Afinidades Espirituais

S

e temos na saga do Espírito Imortal o foco de todo projeto de estudo dentro da casa espírita, não se pode negar que a “educação da alma é a alma da educação” conforme sugere André Luiz1.

Nessa lógica, a convivência dentro do meio espírita deve primar por uma abordagem focada na reeducação de sentimentos e pensamentos. O que indica um trabalho pro-fundo nos processos de intra e inter-relação.

A intra-relação fala do contato da criatura com ela mes-ma; das condições daquele que corajosamente mergulha em si e traz à tona a análise de suas vivências2

.

Quem assim busca viver tem melhores chances de facear o mundo à sua volta, com mais desenvoltura e amabilidade.

Indica a possibilidade de um renascimento proveitoso, pois ao relacionar-se positivamente consigo mesmo, enten-1 Waldo Vieira/André Luiz – Conduta Espírita. Rio de Janeiro,FEB 1998.

2 KARDEC, Allan . O Livro dos Espíritos - questão 909. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio

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Além das Diferenças de que “a boca fala do que está cheio o coração”3

e dessa for-ma a palavra de ordem é renovar-se. Buscar novos padrões mentais, desenvolver hábitos saudáveis que sinalizem para a vivência do bem, do amor e da caridade.

Ao chegar a essa vivência plena, entende a máxima da filosofia universal: “nenhum mal que os outros me fazem me faz mal, porque não me faz mau – somente o mal que eu faço aos outros me faz mal porque me faz mau”4.

A inter-relação sinaliza a forma de contato dos seres entre si. A vivência baseada no respeito mútuo reflete a in-tensidade de um BIP ALERTA pautado na Benevolência para com as imperfeições alheias, na Indulgência para com todos, no Perdão das ofensas5.Esta ação transformadora

de-fine bem o conceito do verdadeiro espírita que encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo6.

Quanto mais conhece, mais entende que pouco sabe. Quanto mais busca os tesouros que as traças não roem e os

ladrões não roubam7, mais preparado estará o Espírito para

a marcha ascensional na Espiral Evolutiva.

Francisco Cândido Xavier, o iluminado missionário 3 Mateus 12:34 – A Bíblia de Jerusalém. 2002.

4 Rodhen. Huberto. Rumo a Consciência Cósmica. Fundação Educacional e Editorial

Uni-versalista. Porto Alegre.1978

5 KARDEC, Allan . O Livro dos Espíritos - questão 886. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio

de Janeiro: 1973

6 KARDEC, Allan . O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XVII, item 4. Tradução

de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: 1973.

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Afinidades Espirituais

de Pedro Leopoldo, era enfático ao afirmar “que se tivesse

qualquer autoridade, por mínima que fosse, repetiria para si mesmo e para todos os irmãos em humanidade, as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que trouxe a superação do amor ao próximo como a si mesmo”8.

Referia-se, o maior médium de todos os tempos, à recomendação do Mestre de todos os mestres ao enunciar o seu próprio mandamento, concitando os discípulos ao “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”9. Nessa

máxima Jesus estabelece a norma augusta para o inter-relacionamento humano.

Ensina que o foco deve ser o vir-à-ser de cada criatura. Sinaliza que a base maior para a compreensão será sempre o respeito à individualidade de cada um.

Mostra que cada qual, em sua dimensão, só terá condi-ção de dar o que tem.

Alerta que a exigência com o outro seja pautada no mesmo diapasão aplicado à harmonia interna de cada ser.

Fraternidade com Jesus é sintonia perene com a luz. É geração de vínculos profundos, enraizados no que há de mais nobre, belo, puro e bom.

Adote, no seu círculo de convivência fraterna, os ajustes da paciência que escuta, da palavra que consola e da percep-ção que amplia os horizontes.

8 Francisco Cândido Xavier – vídeo - https://youtu.be/Fku_HFA3QaM 9 João 15:12 – A Bíblia de Jerusalém. 2002

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Além das Diferenças No dia a dia da casa espírita veja em cada irmão de fé uma pérola preciosa, geradora e catalizadora de uma rede de simpatias que fortalece laços e define afinidades espirituais.

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. João 15: 12; Mateus 6:19 e

12:34. São Paulo: Paulus, 2002.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o

Espiritis-mo. Capítulo XVII, item 4. Rio de Janeiro:FEB, 1973.

Tra-dução de Guillon Ribeiro.

_____. O Livro dos Espíritos - questões 886. E 909., Rio de Janeiro: FEB, 1973. Tradução de Guillon Ribeiro.

RODHEN, Huberto. Rumo a Consciência Cósmica. Porto Alegre: Fundação Educacional e Editorial Universa-lista, 1978.

VIEIRA, Waldo. André Luiz. Conduta Espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1998.

XAVIER. Francisco Cândido. vídeo - https://youtu.be/ Fku_HFA3QaM

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PRECONCEITOS

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Preconceitos

Existe, nas infinitas galerias da obra divina, uma arte única - a maior de todas - intitulada: “O PRÓXIMO”.

Na parte inferior da indescritível tela que a retrata, do lado direito de quem a deleita, está escrito: DEUS.

O autor

N

otória característica nos seres encarnados, o conceito é um dos maiores impedimentos ao pre-ceito: “Amai-vos uns aos outros”.

A começar das experiências iniciais nos reinos inferio-res, as instintivas escolhas, na definição das companhias, são fatores determinantes para as afinidades.

Os girinos se sobrepõem uns aos outros, à busca de oxi-gênio e temperatura. Adaptam-se, sobrevivendo, fazendo parte de uma nova colônia.

Referências

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