• Nenhum resultado encontrado

O QUE A SOCIEDADE ESPERA DA EDUCAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO?

No documento Download/Open (páginas 62-65)

CAPITULO II A FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES: UMA NECESSIDADE CONSTANTE.

2.3 O QUE A SOCIEDADE ESPERA DA EDUCAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO?

As transformações do processo produtivo, a revolução da informática e dos meios de comunicação, a necessidade de se revalorizar a ética, colocam a educação diante de uma agenda, de acordo com Guiomar Namo de Mello os principais itens são:

a) Formar mão-de-obra qualificada para o novo perfil de produção no qual a inteligência, o conhecimento, a solução de problemas, a capacidade de selecionar e processar informações e a autonomia é fundamental;

b) Qualificar para o exercício da cidadania moderna e responsável, que sabe organizar-se e utilizar conhecimentos para melhorar as condições de vida;

c) Preparar para a convivência produtiva e crítica com os processos de difusão de conhecimento propiciados pelas tecnologias da informação;

d) Contribuir para recuperar e construir a dimensão social e ética do desenvolvimento. (MELLO, 2004, p. 27)

Diante do exposto por Mello, os problemas da educação brasileira refletem, em grande medida as distorções de distribuição de renda que faz do Brasil um dos campeões de desigualdades, contudo é preciso entender que o mundo mudou, e que a prática pedagógica precisa dar conta das novas mudanças nesse novo período histórico da educação no Terceiro Milênio.

Precisamos de gente que pense, tome iniciativas, expresse pensamentos e ideias, saiba ouvir o outro, que saiba trabalhar em grupo. Hoje essa é a função da escola. Acabou-se o tempo em que só um ensinava e vários aprendiam, sempre a mesma coisa, com a mesma prática pedagógica de anos após anos. São hora de formar pessoas completas, jovens capazes de viver a própria vida por inteiro. O desafio está colocado.

As Universidades devem passar para os futuros professores que estão formando, que ser professor é ser um formador de ideias, de opinião e que antes de tudo deve sair da “linha de montagem” – taylorismo (ancorados nos livros didáticos). Em vez de especialistas em conteúdos, precisamos de pessoas compromissadas com a ideia de que todos aprendemos a todo instante e durante toda a nossa existência. O que vale é saber como devemos enfrentar os problemas? Como superá-los, em casa, no trabalho, no mundo? Esses são os alicerces para o Ensino Médio no Terceiro Milênio, em vigor desde 1998.

Retomando, a mudança no cenário das relações de trabalho encontrou o Ensino Médio brasileiro em meio a uma histórica crise de identidade. Ele nasceu vinculado ao Ensino Superior e, como um afluente, só servia para conduzir seus (poucos) navegantes ao leito principal das faculdades. Em outras palavras, tinha caráter exclusivamente preparatório, que os especialistas chamam de propedêuticos. Havia, sim, uma alternativa: O ensino profissionalizante, voltando para os mais pobres. Desse segundo afluente (um pequeno córrego, se comparado ao total da população jovem) fazem parte às escolas técnicas federais e o chamado “sistema S” (Senai e Senac). O problema é que as duas linhas d’água nunca se encontravam – aliás, reproduzindo nosso trágico abismo social.

Até 1931, quando passou a ter existência formal autônoma, o Ensino Médio não era sequer condição necessária para o ingresso no Ensino Superior. Na época bastava fazer um curso preparatório, que podia inclusive ser feito em casa, como já

discutimos no 1º capítulo. Desde então, foi uma reforma a cada dez anos, deliberações e emendas. Algumas desastrosas, como a de 1971, que impôs a profissionalização obrigatória e causou transtornos profundos, principalmente na rede pública.

Em 1988, com a reforma do sistema, expressa na forma de diretrizes e parâmetros curriculares, propõe, juntamente com a flexibilidade e a autonomia dadas às escolas para definir um projeto pedagógico e o currículo propriamente dito, dois conceitos essenciais: a interdisciplinaridade e a contextualização. Em cima desses dois pilares podem ser erguidos os “edifícios diversificados”. Em outras palavras, cada grupo de professores tem liberdade para adaptar os conteúdos ao contexto social, geográfico e econômico do colégio. O mesmo vale para a integração entre as disciplinas – que deve ser feita de acordo com o perfil dos estudantes.

É fácil fazer isso? Definitivamente não. Os professores têm décadas de experiência no que chamamos de atuação disciplinar, tanto na condição de alunos, como de mestres é o que torna mais difícil e onde existe uma maior resistência do professor em trabalhar de forma interdisciplinar. Não só ela não está bem absorvida como também as possibilidades que oferece para a prática de ensino ainda são pouco conhecidas.

Na prática, é necessário reinventar a escola. A procura pelo Ensino Médio cresceu em virtude da expansão do Ensino Fundamental, com mais alunos concluindo os nove anos de escolaridade, e o grande volume de pessoas que, já trabalhando, volta à sala de aula em busca de formação e qualificação para garantir um emprego e futuro melhor. Por essa razão, é cada vez maior a oferta de turmas no horário noturno.

Esse aluno, que precisa trabalhar e estudar ao mesmo tempo tem um projeto de vida mais complexo do que aquele que vive protegido pela família e, tradicionalmente, é a clientela do Ensino Médio, segundo Guiomar Namo de Mello. Esse aluno é dono de uma autonomia conquistada à duras penas e, não raro, humilhações, ele possui relações de trabalho, familiares (muitos têm filhos) e perfil social diferenciado. Por isso, não pode pensar na possibilidade de falhar nos estudos novamente. Na verdade, esse jovem conhece na prática a noção de competência, pois precisa exercitar habilidades para continuar empregado e cabe aos professores dentro do novo contexto social adaptar-se a nova realidade do

Ensino Médio e procurar reaprender a trabalhar com o aluno da era digital, que traz conhecimentos que muitos professores não dominam.

No documento Download/Open (páginas 62-65)