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QUE TEMATIZOU O GEOPROCESSAMENTO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER

A utilização da localização espacial e dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) como ferramenta importante para o planejamento de ações pelo setor público vem crescendo de modo significativo nos últimos anos, no Brasil.

A consulta à produção acadêmico-científica permitiu observar o registro desse movimento. Novamente recorreu-se ao levantamento de teses e dissertações e, para tanto, realizou-se busca junto ao Banco de teses e dissertações da Unicamp, Banco de resumos de teses e dissertações da Capes; e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, site do IBICT. A busca envolveu o campo “Assunto” e os principais descritores utilizados foram: georreferenciamento; geoprocessamento; esporte e lazer; em suas possíveis combinações. Estes serviram como filtro para se percorrer as referidas bases de dados, considerando o período janeiro de 2007 a junho de 2012.

TABELA 23 - NÚMERO DE TESES E DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS SOBRE GEOPROCESSAMENTO / GEORREFERENCIAMENTO, ESPORTE E LAZER – BRASIL, 2007 A 201280.

Descritores

Base de Dados

UNICAMP BTD/CAPES BDTB/IBICT Total

80

Importante mencionar que se identificou duplicidade nas informações sobre as teses e dissertações junto aos bancos de dados da Capes e do IBICT. Ou seja, do número total indicado na tabela acima há que se considerar a duplicidade informações.

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Geoprocessamento / esporte 0 4 4 8

Geoprocessamento / lazer 3 8 10 21

Geoprocessamento/ esporte e lazer 0 0 0 0

Georreferenciamento / esporte 0 5 1 6

Georreferenciamento / lazer 0 6 2 8

Georreferenciamento /esporte e lazer 0 0 1 1

Total 3 23 18 44

Fonte: Elaboração própria.

Dos trabalhos levantados optou-se por considerar somente àqueles que apresentassem afinidade teórico-metodológica e/ou procedimental, seja na abordagem dos temas esporte e lazer ou, ainda, pela proposta de desenvolvimento de um Sistema de Informações Geográficas.

Importante registrar o ínfimo número de trabalhos, dissertações e teses, defendidos junto aos Programas de Pós-graduação em Educação Física. Dentre os levantados, abordando a temática, identificou-se somente a dissertação de mestrado de Eraldo dos Santos Pinheiro, apresentada em 2009 junto ao Programa de Pós Graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o título: “Mapas e cenários do crescimento, da aptidão física e dos indicadores sociais georreferenciados de crianças e jovens sul-brasileiros: atlas do projeto Esporte Brasil (PROESP).”

Esta evidência corrobora com o identificado, apresentado e discutido, no Capítulo 1, sobre o crescimento da produção no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em Educação Física, da produção acadêmico-científica problematizando as políticas de esporte e lazer no Brasil, sobre o protagonismo e certo domínio na produtividade de pesquisadores com formação em Educação Física e, contraditoriamente, o pequeno espaço que estes têm encontrado junto aos primeiros. Ou seja, ainda que pesquisadores da EF tenham apresentado maior interesse e produtividade sobre o tema, estes não têm encontrado espaço junto aos Programas de Pós-Graduação em Educação Física para o desenvolvimento de suas pesquisas.

Com relação apresentação de trabalhos com afinidade teórico-metodológica e/ou procedimental, na abordagem dos temas esporte e lazer ou na proposta de desenvolvimento de um SIG, identificou-se na tese de doutorado de José Eduardo da Fonseca, defendida, em 2011, junto ao Programa de Pós-graduação do Departamento de Medicina Preventiva e Social da

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Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, área de concentração Epidemiologia, a proposição de utilização de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para a organização de ações dos Programas de Saúde da Família.

Segundo o pesquisador no campo da Epidemiologia o geoprocessamento tem sido utilizado na análise, na avaliação da situação de saúde de populações e na identificação de áreas e grupos sob alto risco de adoecer. Após estudo detalhado sobre as diferentes experiências registradas na literatura da área, o autor desenvolveu uma metodologia visando à integração de dados requeridos pelo PSF com informações espaço-territoriais que possibilitassem a identificação e o mapeamento de áreas e populações de risco, visando à qualificação do planejamento e uma atuação mais direta dos responsáveis pelos serviços de saúde. Os resultados obtidos pelo pesquisador demonstram que a utilização de um Sistema de Informações Geográficas contribui para a construção de um “modelo de vigilância”, subsidiando planejamento de ações, de intervenção e monitoramento mais seletivo, com base em uma metodologia científica, visando identificar fatores de risco ou de proteção que não são disponibilizados pelos sistemas de informações de rotina, voltados para a área da saúde.

Na dissertação de mestrado de Marcos David Gonçalves, apresentada, em 2012, ao Programa de Pós-graduação em Geografia, do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás, identificou-se a proposição do desenvolvimento de Sistemas de Informações Geográficas para espacializar a ocorrência de taxas de criminalidade no Município de Goiânia. O pesquisador organizou em um Banco de Dados as seguintes informações: (i) dados gerais de ocorrência; (ii) dados sobre as vítimas; (iii) dados sobre os acusados. Paralelamente à formulação do banco de dados promoveu a espacialização dos mesmos, a partir de mapas temáticos elaborados com a utilização do software livre Spring. Os resultados encontrados na pesquisa demonstraram que a desigualdade existente na ocupação do espaço urbano goianiense tem relação com taxas de violência e criminalidade. Segundo o pesquisador, embora o temor da violência perpasse por toda a sociedade, se pode observar, a partir dos dados levantados, que, em relação à mortalidade, as vítimas de fato estão concentradas em limites geográficos claros, informação que pode qualificar as políticas públicas de segurança no Município.

Fiori (2010) em Cartografia e as Dimensões do Lazer e Turismo: o potencial dos tipos de representação cartográfica, artigo publicado na Revista Brasileira de Cartografia, Nº 62/03, 2010, discutiu a importância da representação da informação no tempo-espaço em mapas temáticos. Segundo o pesquisador ao longo das últimas décadas houve crescimento exponencial de materiais

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classificados como ‘mapas para o lazer e turismo’, mas sem a necessária discussão teórico- metodológica sobre o assunto. Segundo o mesmo, a maior parte dos trabalhos nessa linha de estudo tem se preocupado apenas com a temática cartografia-turismo-planejamento, não havendo um interesse mais consistente em relação ao mapa como objeto de orientação do público-usuário (visitantes e turistas), potencialmente leigos na semântica cartográfica.

Ainda no campo do Lazer e do Turismo, Mariana Mello Valin, em 2009, em sua dissertação de mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, na área de concentração em Transporte, desenvolveu um aplicativo de baixo custo de operação e alto desempenho, capaz de articular a união entre gestão do espaço turístico e a difusão de informações sobre dispositivos que conferem acessibilidade aos locais reconhecidos como pontos de interesse turístico pela Prefeitura Municipal de Campinas. Para tanto, foi necessário desenvolvimento de um Sistema de Informação Geográfica para Web (SIG Web), baseado em softwares livres. O SIG Web intitulado “Acessibilidade aos Atrativos Turísticos de Campinas” reuniu informações sobre acessibilidade aos atrativos turísticos culturais e naturais do município, enfocando a possibilidade de acesso das pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida atais locai realizado por meio de transportes público urbano e particular. Segundo a pesquisadora, a verificação da existência ou falta de equipamentos de acessibilidade existentes nos pontos de ônibus e nos estacionamentos próximos aos atrativos turísticos apoiou-se na legislação vigente que embasa o direito de acesso das pessoas com deficiência ao transporte e aos locais de cultura e lazer.

No âmbito da Educação Física a produção acadêmico-científica demonstrou-se limitada, o que denota o pouco interesse da área, ao nível da pós-graduação, pelo tema. Os dois trabalhos tematizando a utilização do Georreferenciamento e/ou Geoprocessamento voltados à qualificação da política pública de esporte e lazer identificados são resultantes de pesquisas experimentais desenvolvidas no âmbito da graduação e veiculadas, uma em Anais de Evento e a em capitulo de livro organizado para difusão de produção sobre Políticas Públicas de Esporte e Lazer de um grupo de pesquisa.

Em GEOPROCESSAMENTO NA GESTÃO TERRITORIAL URBANA DE ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS DE LAZER E VAZIOS URBANOS EM JOÃO PESSOA-PB, Silva e Beppler, visando contribuir para o crescimento sustentável do bairro de Mangabeira, localizado na zona sul de João Pessoa-PB, apresentaram uma proposta de implantação de espaços públicos abertos de lazer, recreação e esportes em alguns vazios urbanos localizados em áreas que não

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sofrem a influência dos espaços de lazer já existentes no bairro. Para tanto, realizaram as seguintes atividades de pesquisa: a verificação do nível de desatualização da base cartográfica, com relação aos vazios urbanos e praças públicas; a identificação e mapeamento dos espaços públicos abertos de lazer; a identificação das áreas desprovidas de espaços públicos de lazer; e o mapeamento dos vazios urbanos localizados no bairro. Utilizaram ainda, o software livre de SIG Terra View e desenvolveram uma metodologia utilizando um mapa digital relacionando as informações alfanuméricas a uma imagem de satélite da área do estudo, visando verificar a distribuição dos espaços de lazer e dos vazios urbanos e localizar àqueles aptos a serem transformados em áreas de lazer.

Para os autores, tendo em vista o

intenso processo de urbanização das cidades os espaços públicos abertos de lazer deveriam exercer a função de equilíbrio em uma sociedade, integrando e sociabilizando os habitantes, gerando assim, uma melhor qualidade ao ambiente construído e a vida das pessoas que nele habitam. (SILVA; BEPPLER, 2012, p. 01).

Ainda segundo os autores, a

preocupação demasiada do poder público em desenvolver as cidades no sentido de acompanhar o crescimento econômico e a produção dinâmica que atinge o centro urbano acaba gerando o esquecimento da importância dos espaços públicos abertos de lazer. Esse descuido se apresenta, inclusive, como um dos maiores desafios na tarefa de um planejamento apropriado. (SILVA; BEPPLER, 2012, p. 01).

Portanto, com a intenção de qualificar a vida na cidade, a partir do fundamental equilíbrio entre os serviços oferecidos à população e um planejamento que possibilite soluções adequadas para os problemas encontrados, Silva e Beppler (2012, p. 02) propuseram a utilização das tecnologias de geoprocessamento, “visando auxiliar nessa tomada de decisões cada vez mais essenciais para os gestores públicos na administração e planejamento das cidades: coletando, armazenando, analisando e integrando os mais diversos tipos de informações espaciais”.

Para a realização do trabalho os pesquisadores utilizaram o software de SIG Livre Terra View 3.4.0 para manipular os seguintes dados: (i) uma imagem Quick Bird 2005 do bairro de Mangabeira, cedida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, georreferenciada no Sistema de

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Referência SAD-69; (ii) a base cartográfica gerada no ano 2000, também cedida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, por meio da Diretoria de Geoprocessamento e Cadastro.

Para a identificação dos espaços públicos abertos de lazer e dos vazios urbanos os Silva e Beppler (2012) consultaram a tabela de atributos existente e localizaram 12 parcelas territoriais urbanas classificadas como praças públicas. Observaram que os espaços públicos abertos de lazer a serem considerados no trabalho estavam todos classificados como praça pública, apesar de neste “grupo” também estarem presentes: parques, quadras poliesportivas, entre outros. Quanto aos vazios urbanos identificaram, inicialmente, 298 lotes. Entretanto, notaram uma desatualização quanto à classificação dos vazios urbanos, sendo constatada então, uma inconsistência nos dados da base cartográfica. Essa desatualização pôde ser observada pelo conhecimento, dos mesmos, sobre a existência de um complexo esportivo no bairro que na base cartográfica encontrava-se classificado como vazio urbano. Sendo assim, resolveram utilizar a imagem de alta resolução do satélite, Quickbird, para analisar a veracidade das informações quanto à atividade realizada na parcela, comparando assim a base cartográfica com a imagem de satélite da área estudada, a fim de confirmar ou não a presença dos vazios urbanos.

Concluída a análise chegaram ao número de 271 parcelas territoriais em que, realmente existiam vazios urbanos, ou seja, sem nenhuma atividade sendo exercida no local. Nas 27 parcelas restantes não foi possível confirmar a atividade desenvolvida, devido principalmente à presença de nuvens na imagem, fato que impossibilitou a verificação de todos os alvos.

Tendo em vista o quadro, a saída encontrada pelos pesquisadores, para a verificação completa das parcelas territoriais, foi à realização de visitas ao campo, visando confirmar as atividades realizadas nas respectivas parcelas. As visitas in loco serviram, também, para a verificação das 12 parcelas identificadas como praças públicas, já que havia a necessidade de se trabalhar com os espaços de lazer que realmente ofereciam condições básicas aos frequentadores. A partir do levantamento in loco os pesquisadores constataram que dos 27 vazios urbanos visitados apenas 14 realmente eram áreas ociosas. Em relação às praças públicas, observaram que apenas 1 das 12 praças pré-identificadas possuíam reais condições de lazer e recreação para a população.

Para seleção dos vazios urbanos aptos para implantação de áreas de lazer Silva e Beppler (2012), identificaram as áreas do bairro que estariam sob influência dos espaços de lazer existentes, definindo assim áreas contempladas e desprovidas, buscou-se identificar os vazios urbanos (incluindo campos precários e praças abandonadas), que possuem área mínima do

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