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Evolução dos Grupos de Pesquisa no País

4. Planejamento Urbano e Regional

1.1.2 A PRODUÇÃO ACADÊMICO CIENTÍFICA SOBRE AS P OLÍTICAS

1.1.2.2 S OBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICO CIENTÍFICA VEICULADA EM PERIÓDICOS

Os levantamentos denominados “Estado da Arte” ou “Estados do Conhecimento” apresentaram aumento significativo tanto no Brasil como em outros países, como demonstrou Ferreira (2002). Segunda a autora tais pesquisas são definidas como de caráter bibliográfico e visam, predominantemente, mapear e discutir a produção acadêmica, nos diferentes campos do conhecimento. Objetivam responder

que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários. Também são reconhecidas por realizarem uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado. (FERREIRA, 2002, p. 258).

Segundo Martins (2011) um dos estudos sobre o Estado do Conhecimento, amplamente divulgado na área da Educação é o de Soares (1989), no qual a autora sublinhou que

as pesquisas de caráter bibliográfico, com o objetivo de inventariar e sistematizar a produção em determinadas áreas do conhecimento (chamadas, usualmente, de pesquisas do ‘estado da arte’), são recentes no Brasil, e são sem duvida, de grande importância, pois pesquisas desse tipo é que podem conduzir à plena compreensão do estado atingido pelo conhecimento a respeito de determinado tema – sua amplitude, tendências teóricas, vertentes metodológicas. (SOARES, 1989, apud MARTINS, 2011, p. 29).

Depreende-se, portanto, que nestes estudos objetiva-se analisar a produção bibliográfica de um determinado campo de conhecimento, a partir da definição de um evidente recorte, temporal e espacial. Estes apresentam, ainda, aportes que viabilizam tanto a análise crítica da produção, por evidenciar tendências, contribuições e lacunas, quanto às possibilidades de indução de pesquisas futuras, uma vez que explicitam aspectos e/ou dimensões que demandam aprofundamento e/ou correção de rumos ou, ainda, problemáticas inexploradas.

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No campo das Políticas Públicas de Esporte e Lazer os estudos do tipo “Estado da Arte” são escassos, como observou Starepravo, 2011. Para o autor este fato pode estar relacionado à ‘jovialidade’ da área, ainda em processo de consolidação, e ressalta:

De qualquer forma, esses trabalhos nos dão um panorama das potencialidades e fragilidades da área, resgatando em parte a história da constituição do subcampo científico/acadêmico que tem por objeto de estudo as políticas públicas de esporte e lazer. (STAREPRAVO, 2011, p. 85).

O procedimento inicial para a realização deste balanço da produção acadêmico-científica sobre as Políticas Públicas de Esporte e Lazer, no período de 2007 a 2012, esteve atrelado, por um lado, a compreensão da importância dos estudos sobre o ‘estado da arte’, como mencionado nos parágrafos anteriores, e por outro lado sensação do não conhecimento dos estudos e pesquisas realizados na área de Educação Física sobre esse tema, associado, ainda, à intenção de avaliar o, possível, crescimento dessa produção (STAREPRAVO, 2011; SANTOS; 2011), considerado em seus aspectos quantitativos e qualitativos. Julgou-se que ordenar periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos, permitiria avaliar as possibilidades de integração de diferentes perspectivas, aparentemente autônomas, e identificar duplicações ou contradições, bem como, lacunas e vieses.

Tendo em vista a importância que tomou a produção de artigos e a sua publicação em periódicos na atualidade (SILVA, 2013; MANOEL; CARVALHO, 2011; Del DUCA et. al., 2011) optou-se por, inicialmente, levantar a produção sobre o ‘Estado da Arte’ em Políticas Públicas de Esporte e Lazer, e partir destes identificar interesses temáticos, opções teórico- metodológicas, procedimentos e recortes temporais e espaciais utilizados. Identificaram-se os seguintes estudos:

 Húngaro et. al., (2008), que analisaram os trabalhos apresentados no GTT de Políticas Públicas, em forma de comunicação oral, no 10º, 11º, 12º, 13º e 14º Conbraces, realizados nos anos de 1997 (Goiânia, GO), 1999 (Florianópolis, SC), 2001 (Caxambu, MG), 2003 (Caxambu, MG) e 2005 (Porto Alegre, RS);

 Santos, Batista e Araújo (2007) que analisaram produção de conhecimento em Políticas Públicas, Educação Física, Esporte e Lazer divulgada nos eventos científicos organizados pela Secretaria Estadual do CBCE em Pernambuco (SECBCE/PE), tomando como referência os trabalhos apresentados no GTT Políticas Públicas (GTT 10), no período de 2000 a 2006;

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 Starepravo, Nunes e Marchi Jr (2009) analisaram os trabalhos apresentados no GTT de Políticas Públicas no Conbrace de 2007;

 Amaral e Pereira (2009), que analisaram a produção sobre o tema, no período de 1999 a 2009, veiculadas pelas Movimento, RBCE e Motrivivência, além da produção do GTT de Políticas Públicas, apresentadas nos Conbraces;

 Castro et al., (2012) que realizar um mapeamento das teses, dissertações e artigos disponibilizados on-line que abordam políticas sociais de esporte e lazer no período de 2000 a 2009.

Observou-se que os trabalhos buscaram, por diferentes estratégias e opções teórico- metodológicas, analisar a produção acadêmica que problematizou as Políticas Públicas de Esporte e Lazer, no Brasil, objetivando apreendê-la e, em certa medida, demarcar suas ‘fronteiras’. Ao longo da exposição dos dados levantados neste estudo buscar-se-á dialogar com as obras mencionadas.

Conforme os dados apresentados no Gráfico 3, p. 56, foram localizados 35 Artigos publicados em periódicos pertentes aos estratos A2, B1 e B2, referente ao Qualis da Educação Física, para o triênio 2010-2012, que veiculam a produção científica da área em seu diálogo com as Ciências Humanas e Sociais, devidamente relacionados no Apêndice – C. Na Tabela 15, abaixo, pode se observar o nome do periódico, o Qualis correspondente para o período e o número de artigos veiculados, tendo em vista o recorte temporal estabelecido para este estudo.

TABELA 15 – DEMONSTRATIVO DO NÚMERO DE ARTIGOS PÚBLICADOS POR PERÍODICO, NO PERÍODO DE 2007 A 2012, E O RESPECTIVO QUALIS/CAPES – DA EDUCAÇÃO FÍSICA, PARA O TRIÊNIO 2010/2012 - BRASIL, 2013.

Revista Qualis Nº de artigos

1 Revista Motriz A2 06

2 Revista Movimento A2 13

3 Revista Pensar a Prática B1 01

4 Revista Bras. de Educação Física B1 01

5 Revista Bras. De Ciências do Esporte B1 08 6 Revista de Salud Pública (Colômbia) B1 01 7 Revista Bras. de Ciência e

Movimento B2 02

8 Revista Polis, Revista de La

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9 Revista da Educação Física – UEM B2 02

Número Total de Artigos 35

Fonte: Elaboração própria. Dados disponíveis em: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/

Identificou-se, portanto, que o número de revistas, que no período de realização da pesquisa, adequaram-se aos critérios estabelecidos e apresentaram produção sobre o tema, foi de 9, e o número de artigos levantados 35. É possível inferir, portanto, que a média de produção de artigos no período foi de 7 ao ano e que os periódicos de destaque foram: Revista Movimento, com 37% dos artigos resultantes de pesquisa científica publicados; a Revista RBCE, com 23% dos artigos publicados; e a Revista Motriz, com 17% artigos publicados, como pode ser observado no Gráfico 17, abaixo.

GRÁFICO 17 – DEMONSTRATIVO DA PORCENTAGEM DA PRODUÇÃO, SEGUNDO OS PERÍODICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA - QUALIS/CAPES PARA O TRIÊNIO 2010/2012 - BRASIL, 2013.

Fonte: Elaboração própria.

5% 17% 3% 3% 23% 6% 3% 3% 37%

Revista da Educação Física UEM Motriz. Revista de Educação Física. UNESP

Pensar a Prática Polis - Revista de la Universidad Bolivariana

Revista Brasileira de Ciências do Esporte Revista Brasileira de Ciências e Movimento Revista Brasileira de Educação Física e Esporte Revista de Salud Pública

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Outros autores (AMARAL; PEREIRA, 2009; CASTRO et al., 2012), também se dedicaram a análise da produção acadêmico-científica veiculada em periódicos, identificando limites e perspectivas. Julgou-se que a observação dos procedimentos e dos resultados encontrados pelos pesquisadores e pesquisadoras possibilitaria a identificação de continuidades e descontinuidades, com relação à pesquisa em PPEL e a sua difusão.

Amaral e Pereira (2009) ao analisarem a produção sobre o tema no período de 1997 a 2007 estabeleceram os seguintes critérios para definição dos periódicos a serem consultados:

que contemplassem os padrões de regularidade e periodicidade na circulação, além de serem considerados periódicos de impacto internacional, quanto ao formato, qualidade de conteúdo e composição do corpo editorial e consultores; que possuíssem uma abertura para as pesquisas apresentadas na área de educação física, esporte e lazer que dialogam e interagem com as humanidades, em especial com a subdisciplina das políticas públicas; caso alguma das revistas não atendesse ao primeiro critério mencionado, mas contemplasse o segundo e tivesse dedicado edições exclusivas à temática das políticas públicas, ela seria analisada. Foram selecionadas as revistas Movimento, Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) e Motrivivência. (AMARAL; PEREIRA, 2009, p. 43)

Para a definição do conjunto dos artigos que seriam analisados as autoras definiram como critério de corte a identificação da falta de clareza quanto ao trato metodológico no corpo do texto, não sendo possível, portanto, considerá-lo como resultante de pesquisa. Na Tabela 16, abaixo, apresenta-se as Revistas e o quantitativo levantado e analisado pelas autoras.

TABELA 16 – DEMONSTRATIVO DAS REVISTAS E DO NÚMERO DE ARTIGOS LEVANTADOS E ANALISADOS POR AMARAL E PEREIRA (2009) - BRASIL, 2013

Revista Total de Artigos Não encontrada referência à Pesquisa Pesquisa RBCE 19 01 18 Movimento 11 00 11 Motrivivência 10 02 08 Total 40 03 37

Fonte: Adaptado de Amaral e Pereira (2009, p. 46).

Ao analisar os dados apresentados por Amaral e Pereira (2009) observou-se que o 3 revistas adequavam-se ao critério estabelecido pelas autoras, e que estas analisaram 37 artigos,

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veiculados pelos periódicos de acordo com o recorte temporal estabelecido. Portanto, é possível inferir que a média de produção de artigos no período foi de 3,7 ao ano, e o destaque foi para a Revista RBCE, responsável pela publicação do maior número de artigos resultantes de pesquisa científica, como pode ser observado na Tabela 16, acima.

Castro et al., (2012) ao realizarem um mapeamento das teses, dissertações e artigos disponibilizados on-line e que abordam o tema das políticas sociais de esporte e lazer, no período de 2000 a 2009, delimitaram a busca aos

periódicos nacionais voltados a publicar pesquisas científicas sobre temas relacionados à Educação Física e com classificação B1 e/ou B2. Assim, a busca ocorreu na Revista Motriz, Revista Movimento, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e Revista da Educação Física UEM. Utilizamos o campo de “Pesquisa” para, através das palavras-chave citadas acima, realizarmos as buscas. Encontramos 12 trabalhos. Apesar da busca envolver as palavras-chave apresentadas acima, durante o levantamento alguns trabalhos foram descartados, pois o objeto de estudo central dos mesmos não envolvia políticas públicas sociais de esporte e lazer. Portanto, analisamos (...) e 9 artigos de periódicos. (CASTRO et al., 2012, p. 4)

Observou-se, ao analisar os dados apresentados pelos autores que foram 5 as revistas que se adequaram aos critérios estabelecidos, e 9 os artigos analisados. Os autores não identificaram publicação de artigos nos periódicos relacionados nos anos de 2000, 2001, 2002, 2006, e 2007. Portanto, é possível inferir que a média de produção de artigos no período estudado foi de 1 ao ano, e que o tema das PPEL não foi uma constante nas produções científicas. O periódico com maior número de artigos publicados, resultantes de pesquisa científica, foi a Revista Movimento, como pode ser observado no Gráfico 18, abaixo.

GRÁFICO 18 – DAS REVISTAS E DO NÚMERO DE ARTIGOS LEVANTADOS E ANALISADOS POR CASTRO ET AL. (2012) - BRASIL, 2013

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Fonte: Castro et al., (2012, p. 9).

Os dados levantados, quando comparados aos identificados nos estudos de Amaral e Pereira (2009), e de Castro et al., (2012), consideradas as diferenças e semelhanças, permitem indicar um crescimento significativo da produção difundida por periódicos e o crescimento do número de Revistas que veicularam a produção sobre o tema. Percebe-se, ainda, o ‘movimento’ descrito por Silva (2013, p. 122), com relação à qualificação dos periódicos nacionais, visando à internacionalização da produção científica da área. Por outro lado, o ‘paradoxo’ mencionado por esse mesmo autor, qual seja, a diversificação epistemológica da área, ao invés de contribuir para o fortalecimento e amadurecimento da Educação Física tem servido

como ‘instrumento’ de luta no âmbito da área, como argumento para qualificar uma tendência (geralmente as empírico-analíticas) em detrimento das outras (principalmente, as fenomenológicas-hermenêuticas e crítico-dialéticas) (...). Esta disputa no nosso entendimento acirrou-se nos últimos anos, em virtude das modificações implantadas pela CAPES, na sistemática de avaliação dos programas, a partir do biênio 1997/1998. (SILVA, 2013, p. 122 – Grifo do autor)

Os dados apresentados no Quadros 3 e 4, localizados na página 46 deste, permitem aferir possíveis consequências do referido ‘paradoxo’. Observem-se alguns dos dados lá indicados: das 2.448 pessoas que estiveram envolvidas com a pesquisa em EF, 590 pessoas (24,10%) envolveram-se com a pesquisa em Políticas Públicas de Esporte e Lazer. Os pesquisadores do Campo da Educação Física foram responsáveis pela publicação de 12.748 artigos em periódicos de circulação nacional, 5.177 artigos em periódicos de circulação internacional. Os pesquisadores

0 1 2 3 4 5 6

Movimento RBCE Motriz RBEFE UEM

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