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Quem foi o último grande bruxo? O Professor Alvo Dumbledore, talvez? Famoso pela descoberta dos doze usos do sangue de dragão e por seu trabalho em alquimia. Ou talvez, caso esteja mais inclinado para o lado sombrio e dos Comensais da Morte, você prefira Tom Marvolo Riddle, mais tarde conhecido como Lord Voldemort? O mais poderoso dos bruxos das trevas, Riddle alegou ter extrapolado os limites das forças mágicas para mais além do que nunca.

De fato, o último grande mago, e muitas vezes sombrio, foi Isaac Newton. O trabalho de Newton tinha beleza, simplicidade e elegância. Considera-se que ele tenha produzido a maior obra científica já criada. Newton foi o filósofo natural britânico do século XVII que descobriu as leis da física que governam o cosmos. Ele criou novos ramos da matemática, dominou a composição da luz e deduziu as leis da gravidade e do movimento, que regem todo o universo. Newton inaugurou uma era, a Era Newtoniana, baseada na noção de que todas as coisas no cosmos estavam abertas à compreensão racional.

Mas, em 1936, um vasto arquivo de manuscritos particulares de Newton foi colocado em leilão na Sotheby’s, famosa casa de leilões, em Londres. Os documentos permaneceram ocultos por mais de dois séculos. Cem lotes dos manuscritos foram arrematados pelo famoso economista britânico John Maynard Keynes, que descobriu que muitos dos documentos de Newton estavam escritos em um código secreto. E por seis anos, Keynes lutou para decifrá-los. Ele esperava que revelassem os pensamentos íntimos do fundador da ciência moderna. Mas o que o código realmente revelou foi outro lado, muito mais sombrio, do trabalho de Newton, pois, nos

manuscritos, Keynes encontrou um Newton desconhecido para o restante do mundo – um Newton obcecado por religião e um disseminador de práticas de heresia e de ocultismo.

O alquimista

Os dias de Newton foram realmente voláteis. Na época de Newton, a Inglaterra viveu o Grande Incêndio de Londres, a peste e uma Guerra Civil que levou à morte 190 mil de seus compatriotas de uma população de apenas 5 milhões. Foi também o período que testemunhou o início da revolução científica, uma época em que a ciência e a razão redefiniriam o mundo.

Mas a ideia moderna de Newton não poderia estar mais distante do que o próprio Newton pensava. Seus manuscritos particulares mostram que, no ano em que se tornou professor em Cambridge, Newton também comprou dois fornos, um apanhado de substâncias químicas e uma curiosa coleção de livros. Newton havia encontrado a alquimia.

A alquimia na época havia sido proibida. Naqueles dias desesperados de confusão e crise, o governo temia que fraudes corrompessem a economia com ouro falso. E, se você fosse pego praticando alquimia, o castigo era rápido e severo. Alquimistas excomungados eram habitualmente enforcados em um cadafalso dourado. E, às vezes, eram obrigados a usar roupas cintilantes quando enforcados, para torná-los ainda mais um espetáculo público.

Em meados da década de 1670, Newton havia se retirado do cenário internacional da ciência. Jurou nunca mais publicar outro artigo científico. Em vez disso, no isolamento de Cambridge, Newton mergulhou em sua alquimia. Mas Newton não estava procurando enriquecer. Ele simplesmente queria conhecer a mente do próprio Deus. Como seu amanuense de Cambridge, Humphrey Newton, disse sobre Isaac: “Qual seria o objetivo dele, eu não fui capaz de compreender, mas sua dedicação e diligência nesses momentos determinados me fizeram pensar que ele visava algo muito além do alcance da arte e da indústria humanas”. Os estudiosos ortodoxos consideraram a alquimia de Newton inútil. Mas eles não entenderam

o ponto crucial. Para Newton, a alquimia era o caminho direto para o próprio Deus.

A alquimia era a teoria da matéria medieval. Era uma ciência que buscava respostas para as perguntas mais básicas, tais como “O que é a Terra? De que é feito o cosmos? Quais são os componentes da matéria?”. Newton examinou os mais antigos textos em busca de respostas. Ele acreditava que os Antigos compreendiam grandes verdades sobre a natureza e o cosmos. Essa sabedoria se perdeu com o tempo, mas Newton acreditava ser um emissário de Deus nesta Terra. Ele acreditava que era sua tarefa encontrar os códigos secretos, ocultos tanto na Bíblia como nos mitos gregos, que ele interpretava como receitas alquímicas codificadas.

A alquimia de Newton era uma maneira oculta de investigar a filosofia natural. Sua prática da alquimia foi a química moderna em seus primórdios. Newton estava experimentando substâncias alcóolicas estranhas e procurando transformar materiais de uma forma em outra.

Gravidade

A alquimia pode ter continuado como a obsessão de Newton, mas, na década de 1680, o astrônomo Edmond Halley, hoje conhecido pelo cometa, perguntou a Newton que tipo de curva seria descrita pelos planetas. Halley e outros começaram a suspeitar de que os planetas eram atraídos ao Sol por algum tipo estranho de força. A pergunta de Halley mudaria o mundo para sempre. Nos dezoito meses seguintes, Newton trabalhou na questão de como os planetas se deslocavam pelo espaço. Ele mal comeu e dormiu e não viu quase ninguém até que finalmente criou sua obra-prima de 500 páginas, Princípios Matemáticos, considerada por muitos o livro de ciências mais magnífico, abrangente e ousado já escrito. Newton havia publicado um sistema do mundo, uma teoria de tudo. Ele viu que a órbita da Lua ao redor da Terra, o movimento das luas ao redor de Júpiter e o movimento de uma bala de canhão na Terra, todos tinham uma causa de movimento em comum. Eram governados pela mesma lei da gravidade. Em um salto revolucionário, Newton declarou que essa força invisível operava em qualquer lugar do cosmos. Era a sua lei da gravitação universal.

E, no entanto, Newton não compreendia a fonte dessa força gravitacional. Como um objeto pode ser atraído por outro se não há nada entre eles? Alguns estudiosos acreditam que a noção de gravidade de Newton estava relacionada à prática oculta da alquimia. Eles acreditam que o fascínio de Newton pela vegetação de metais, em que os metais inertes parecem viver e crescer como plantas, também se aplicava à misteriosa e invisível força da própria gravidade. Era uma ação à distância.

Portanto, o último grande bruxo não foi Dumbledore, ou Voldemort, mas Isaac Newton. Newton conjurou brilhantemente o caminho para o sucesso em todos os campos em que trabalhava.

Ele era um construtor engenhoso e vigoroso que se interessava pelas coisas obscuras, assim como pela luz. Ele foi surpreendentemente brilhante em grandes livros como o Princípios e na genialidade de suas ousadas experiências. Como afirma o biógrafo de Newton, Richard Westfall:

Nunca encontrei um homem com quem não estivesse disposto a me comparar, de modo que parecia razoável dizer que eu tinha metade da capacidade do indivíduo em questão, ou um terço ou um quarto, mas em todo caso uma fração finita. O resultado final do meu estudo de Newton serviu para me convencer de que com ele não há comparação. Ele se tornou para mim inteiramente outro, um dos poucos gênios supremos que moldaram as categorias do intelecto humano, um homem que não é finalmente redutível aos critérios pelos quais compreendemos nossos semelhantes.

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