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Quem são estes profissionais e quais os seus percursos de formação ;

Capítulo II A Cidade, as Instituições e os Bairros

1- Quem são estes profissionais e quais os seus percursos de formação ;

(Questão I – Caracterização sócio-profissional)

2 - Que tipo de instituição educativa é um ATL;

(Questão II – Dados relativos ao ambiente de ATL e Questão VI – O que é um ATL para si?)

3 - Que pensam os profissionais de ATL deste tipo de Instituição;

(Questão III – Factores relevantes para o funcionamento do ATL)

4 – Que relação com os pais e encarregados de educação;

(Questão IV – Dados relativos às relações com os pais e encarregados de educação)

5 – Qual a importância destes espaços para as crianças;

(Questão V – Do seu ponto de vista qual a importância deste tipo de instituições para as crianças) ?

Para a sua análise criamos uma base de dados para tratamento estatístico dos inquéritos e, simultaneamente, grelhas de classificação para análise das respostas abertas (Anexo 2 – VI e VII ) .

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Uma questão pertinente, que não aparece no questionário, que se prende com o tipo de relação com a Escola do lº Ciclo do E.B que as crianças frequentam, foi não só objecto da nossa observação como também parcialmente respondida nas entrevistas realizadas.

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Categorias Subcategorias

1 - Que profissionais para este espaço educativo

Caracterização sócio-profissional Grau académico Profissão

2 - Que tipo de instituição educativa é um ATL

Uso instrumental do ATL

Uso expressivo

Espaço de retaguarda às famílias Espaço de compensação 48

Espaço para acompanhamento escolar _______________________________

Espaço para actividades lúdicas Espaço para descontracção

3 - Factores relevantes para o Funcionamento do ATL

Condições de trabalho

Preparação Científico-pedagógica

Apoio Institucional Enquadramento legal

Recursos físicos (espaço), humanos e materiais (equipamento e material de desgaste rápido) _______________________________

_______________________________ _______________________________ Legislação específica

4 – Natureza das actividades Projecto49

Deveres 50

Instrumentais

Expressivas { negociadas51 ou impostas _____________________________ 5 - Constrangimentos Internos à instituição Externos à instituição Falta de espaço Falta de projecto

Falta de recursos financeiros Falta de formação especifica _____________________________ Relação com actividade escolar Relação com família

Outros

6 - Contributos Factores de desenvolvimento Pessoal, Social e Local

7 - Imagem Que representações

Pessoais Institucionais

Grelha de análise de conteúdo

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Chamamos espaços de compensação aos espaços que têm por função compensar e reparar a experiência escolar. 49

Consideramos actividades de projecto as actividades lúdicas nas áreas de expressão que visam permitir às crianças e adolescentes aprender de “uma outra forma”, essencialmente através do jogo, de modo a enriquecer o seu vocabulário, a sua expressão, alargando assim os seus horizontes de vida, e a corresponder a uma aprendizagem de reconhecimento das suas competências pessoais e sociais.

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Actividades que correspondem aos trabalhos escolares, também designadas por TPC (Trabalhos para Casa/ Trabalhos de Casa) e deveres.

51 Consideramos actividades negociadas aquelas que são escolhidas e negociadas pelas crianças e os adultos sem imposição destes.

5 – Análise de Conteúdo

Os fenómenos sociais exigem abordagens compreensivas do significado da sua globalidade. Assim, no quadro de uma investigação interpretativa, a criação de significados (centro de interesse das problemáticas interpretativas) remete-nos para uma dimensão social que corresponde à importância conferida à relação entre as perspectivas dos actores sociais e as condições ecológicas da acção na qual se encontram implicados (Lessard-Hérbert et al., 1994). A análise de conteúdo, enquanto técnica de tratamento de informação que serve diferentes níveis de investigação empírica, permite a descoberta de sentidos escondidos, fazendo inferências, identificando objectiva e sistematicamente as características específicas de uma mensagem (Grawitz, 1984: 652). É um “método científico, sistematizado e objectivado52 de tratamento exaustivo de material muito variado (quadro 5 mais adiante neste texto), baseado na aplicação de um sistema de codificação” (l’Ecuyer, 1990: 120). A análise do conhecimento do fenómeno estudado depende da identificação precisa dos nossos objectivos. Assim e ainda segundo l’Écuyer (1990), o sentido do conteúdo de uma mensagem pode variar de acordo com o seu autor ou ser mais compreensível na medida em que o investigador o conhece melhor. Haverá uma maior compreensão do material em análise na medida em que conhecemos as circunstâncias em que a mensagem é produzida, assim como as características do local e do contexto53 onde e sobre o qual a mensagem é produzida. Isto é, a proximidade entre investigador e entrevistados, no quadro de uma investigação qualitativa, facilita a construção de sentido, manifestando-se tanto no plano físico (terreno) como no plano simbólico (a linguagem). Se entrevistados e analistas pertencem a uma mesma comunidade linguística, esta pertença é também garante da comunicação, tal como já mencionamos mais acima neste texto.

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L’Ecuyer substitui deliberadamente a expressão “método objectivo” pela de “método objectivado” para colocar em evidência as características e a significação real do fenómeno estudado. Numa abordagem objectivada o investigador tenta adaptar-se constantemente às particularidades do material analisado aceitando os riscos, como lhe pareceram à primeira vista. (L’Écuyer 1990: 121)

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Quadro resumo do domínio de aplicação da análise de conteúdo - segundo Bardin (1977)

Código de Suporte

Linguístico oral Entrevistas, conversas informais

Linguístico escrito Questionário, estatutos, relatórios, legislação e regulamentação, outros documentos e trabalhos das crianças

Icónico Fotos, desenhos e outros trabalhos gráficos Outros códigos

semióticos

Objectos (pulseiras, pequenas esculturas, caixas etc) Comportamentos

Comunicação não verbal (gestos, manifestações emocionais etc) Manifestações afectivas, vestuário

Meio físico e urbano e tipo de alojamento Outros Mobiliário, alimentação, materiais diversos

Quadro 5

Triangulação como procedimento metodológico em pesquisa de terreno

A pesquisa que queríamos efectuar requeria uma abordagem que valorizasse não só as interacções entre os diversos actores sociais mas que tivesse em consideração o tipo de enquadramento político, social e educativo que define as diferentes expectativas relativamente às instituições de Actividades de Tempos Livres. Instituição é, para o senso comum, uma organização com determinada constituição e estrutura burocrática. Na linguagem das ciências sociais, uma instituição é uma forma determinada de relações sociais que se prolonga no tempo e se reproduz – tal como “namoro”, “casamento”, “escola”. Nesse sentido, interessou-nos analisar a estrutura burocrática da instituição, assim como as relações e os padrões de relações que se estabelecem, isto é, as estruturas mais ou menos perenes de interacções que nelas se podem observar. Analisar, consequentemente, o que é legal e o que é apresentado como oficialmente representando a instituição (as leis, os objectivos, regulamentos, estruturas directivas, normas internas...), mas simultaneamente penetrar para além das fachadas do que é oficial e apreender as relações estruturais entre os diversos actores deste tipo de instituição.

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O contexto, de acordo com Mucchielli citado por L’Ecuyer (1990), é o conhecimento do vocabulário e das expressões utilizadas pelos actores sociais locais. Este conhecimento é da maior relevância para a compreensão das mensagens, pois permite compreender as ideias para além das palavras.

Neste sentido, a utilização de mais do que um método de recolha de dados aumenta a probabilidade de se efectuar uma pesquisa mais próxima da realidade, como sublinha Woods (1987) quando refere que as instituições têm no seu funcionamento quotidiano muitas regras implícitas, raramente articuladas ou objecto de reflexão. Em consequência, só utilizando diferentes métodos de recolha de dados, que cubram uma maior quantidade de pessoas envolvidas por um maior período de tempo, poderemos tornar possível o seu conhecimento. O cruzamento da informação – triangulação –, seguindo o modelo de Woods (1987), permite ainda uma participação maior e, desse modo, um envolvimento acrescido. Também Sarmento (2000) refere a importância deste procedimento metodológico para “explicar o que eventualmente não converge, a partir de outras fontes e ângulos de visão, e confirmar mais seguramente o que converge” (2000: 256). Em suma, e ainda segundo este autor, a triangulação dos métodos de recolha de informação, bem como a multiplicação das fontes, obedece ao duplo requisito da abrangência de processos de pesquisa e confirmação da informação” (ibidem: 257).

Em conclusão

O nosso objecto de estudo é partilhado por diversas disciplinas – a Sociologia, a História, a Antropologia, a Psicologia, entre outras. Na verdade, qualquer fenómeno social deve ser perspectivado enquanto fenómeno social total (Mauss), passível de ser abordado por diferentes paradigmas e tradições científicas, embora unitário na sua complexidade. Com efeito, apesar dos territórios destas áreas disciplinares continuarem a ter identidades muito próprias e, portanto, diferenças significativas, elas interpenetram-se e confundem-se por vezes numa interdisciplinaridade que dilui as suas fronteiras. Os métodos de investigação e as técnicas utilizadas (quer pelo paradigma positivista, quer pelo paradigma interpretativo) subdividem-se, quanto à sua natureza, em quantitativos e qualitativos, sendo que as teorias “comandam”54, a epistemologia “vigia” e o objecto empírico “impõe-se” (porque orienta, limita e constrange) (Freire, 2004: 20). Perante isto, muitas vezes nos sentimos presos como que numa camisa-de-

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O papel de comando da teoria, à qual se dá o primado num processo de investigação “racionalista”, acentua a influência daquela em todas as fases de investigação, nomeadamente na selecção e organização dos dados empíricos, uma vez que a utilização de conceitos implica já uma escolha teórica de leitura da realidade (cf. Madureira Pinto, 1978).

63 forças que parece limitar a nossa criatividade e sensibilidade. Assim, tentámos que a teoria não fosse essa prisão ou edifício pré-determinado ao qual os dados têm de se ajustar, mas antes como um recurso para apreender criativamente a realidade em estudo. Neste sentido, fomos construindo todo o percurso da forma mais responsável possível relativamente à metodologia da investigação. Mas quisemos sempre privilegiar o contacto com o terreno, a experiência prática adquirida, o diálogo estabelecido com os actores sociais (adultos e crianças). Tal como explicitávamos mais acima neste texto, valorizámos todo o processo de interacção e, assim, os espaços onde esta se realizara, tentando sempre compreender o contexto e assumindo uma postura de “viajante” que se deixa guiar e inspirar por ele, “seguindo” a empiria em vez de a preceder. Neste sentido, foram valiosos os contributos de diversos autores que foram mencionados ao longo de todo o texto e que mencionamos na bibliografia.

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Capítulo IV