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Quem são as professoras pesquisadas?

CAPÍTULO 3 – O PRIMEIRO ANO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

3.2 Quem são as professoras pesquisadas?

Meus dias foram àquelas romãs brunidas repletas de cor e sumo e doçura compacta. Foram àquelas dálias, redondas colmeias cheias de abelhas, de vento e de horizontes. Meus dias foram àquelas negras raízes escravas, caminhando por humildes subterrâneos. Foram aquelas rosas duramente construídas e logo sopradas por lábios displicentes. Ah! meus dias foram aqueles sóbrios cactos de raríssima flor encravada em coroas de espinhos. Meus dias foram estes altos muros robustos, este peso de enormes pedras, este cansado limite, onde pousavam solidões, palavras, enganos com o brilho, a inconstância desta incerta borboleta. (MEIRELES, 2001, p. 27)

O objetivo deste item é apresentar e analisar os dados coletados nos dois questionários (Apêndice C e D), assim como as duas entrevistas não diretivas com as quatro professoras pesquisadas.

Para o início deste capítulo faremos apresentação de cada uma delas conforme quadro abaixo.

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Segundo encontro presencial: Entrevista não diretiva, coleta de dados no mês de novembro de 2013.

Quadro 2 – Identificação dos professores atuantes – dados coletados sobre o tempo de atuação em Educação Infantil (outubro de 2013)

Fonte: elaboração da autora

A idade média das professoras pesquisadas é de 25 anos, todas são jovens, do gênero feminino e sem filhos, com experiências distintas antes de ingressarem como profissional docente no nível de ensino da Educação Infantil.

Mas quem são elas? Faremos uma breve apresentação.

Durante os encontros virtuais ou presenciais revelaram alegrias e inseguranças e frustrações frente à escolha da carreira; demonstraram, durante as falas, o prazer em ter optado pela carreira do Magistério como profissional docente da Educação Infantil, mas revelaram os problemas, as dúvidas, a insegurança e as dificuldades encontradas neste primeiro ano como professoras.

IDENTIFICAÇÃO DAS PESQUISADAS

ANTÔNIA LUCIANA JUDITE CARINA

IDADE 23 21 29 25 NATURAL São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo MASCULINO FEMININO X X X X TRABALHO/EMPREGO ANTERIOR Analista de tráfego – AES Eletropaulo Call Contact Center operadora Babá Assistente administrativo LOCAL DE TRABALHO Colégio

Particular Colégio Particular Colégio Particular Colégio Particular FORMAÇÃO 1 Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio FORMAÇÃO 2 Pedagogia Pedagogia Pedagogia Pedagogia INSTITUIÇÃO PARTICULAR X X X X CARGO Professora 2 Professora de

Educação Infantil

Professora PDI Professora de Desenvolvimento Infantil

TEMPO DE ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

7 meses 8 meses 5 meses 10 meses TEMPO DE INSTITUIÇÃO 7 meses 8 meses 5 meses 10 meses CARGA HORÁRIA DE TRABALHO 25 horas

semanais 25 horas semanais 45 horas semanais 40 horas semanais QUANTAS TURMAS/CLASSES 01 01 01 01 QUANTOS ALUNOS 10 05 15 20

FAIXA ETÁRIA DOS ALUNOS/AS 3 anos 2 anos 1 ano e 5 meses 2 anos e 6 meses PÚBLICA/PRIVADA Privada Privada Privada Privada

As dificuldades não eram especificamente com as crianças, mas frente a sua formação, a relação com os pares e a instituição escolar. Em momento algum denotaram em suas falas e escritas a vontade de desistir de serem professoras, mas elas têm clareza de que para ser profissional docente de Educação Infantil é necessária uma boa formação.

A respeito das alegrias, principalmente no trato e na relação com as crianças, todas as quatro professoras pesquisadas deixaram claro o prazer que é trabalhar com “criança pequena” e, claro, ter concluído também a universidade no curso de Pedagogia.

Colocaram como a criança é realmente interessante, sensível e alegre. Por muitas vezes pensaram em desistir ou mudar de escola, mas todas as vezes que se lembravam de cada rostinho, não achavam justo deixá-las.

A professora Judite fala: “Sabe esta turma que eu peguei... já tinha trocado de professora algumas vezes, mas percebi que isto era normal na escola, havia muito rodízio de professor”.

Sobre a conclusão do curso, a professora Judite fala do orgulho que ela é para a família, por ser a primeira com nível superior na família:

Sabe professora a minha família sempre viveu na roça, lidando no campo, os meus três irmãos estudaram o Ensino Médio, o meu pai não estudou, mas sabe muito bem fazer cálculos e minha mãe já falecida há três anos cursou até o antigo 4º ano primário.

A professora Luciana relata:

Sou de uma família pequena. Vivo com a minha mãe que concluiu o Ensino Médio, tenho um irmão pequeno de 3 anos; o meu pai também concluiu o Ensino Médio, mas não mora conosco, pois os meus pais se separaram e fico feliz em ter terminado a faculdade.

A professora Carina conta que seus pais concluíram o primeiro grau, têm uma irmã de quatro anos e ela já é formada na graduação.

E a professora Antônia relata sobre sua formação e família:

Bom, “prô”, a minha mãe é formada em Direito e leciona no curso, o meu pai é formado em Administração e o meu irmão também se formou em Administração. Eu achei que não seria mais professora, pois na época tentei concluir o Magistério (ensino médio), mas desisti do curso, e agora sou formada em pedagogia e já sou professora.

Analisando os escritos apresentados pelas professoras entrevistadas, elas registraram a importância da sua formação no curso de Pedagogia dentro do contexto subjetivo de cada família, deixando claro o quanto foi importante a conclusão do ensino superior não somente para elas como realização pessoal e profissional, mas para os seus entes familiares, muitos destes sem a oportunidade de acesso a universidade. A pesquisadora Maria da Conceição Moita (1992, p. 114- 115), sobre este processo de formação e relação com a vida, apresenta:

Compreender como cada pessoa se formou é encontrar as relações entre as pluralidades que atravessam a vida. Ninguém se forma no vazio. Formar-se supõe troca, experiência, interações sociais, aprendizagem, um sem fim de relações. Ter acesso ao modo como cada pessoa se forma é ter em conta a singularidade da sua história e, sobretudo, o modo singular como age, reage e interage com os seus contextos. Um percurso de vida é assim um percurso de formação, no sentido em que é um processo de formação.

As quatro professoras pesquisadas querem continuar na Educação A professora Carina relatou que pensa em mudar de nível de ensino, mas não tem certeza ainda:

Não sei se vou mudar de idade de crianças, sabe, pois nesta escola que trabalhei a gente não tem muita liberdade para criatividade, novas propostas, mas também não quero que esta experiência seja única na Educação Infantil; pode ser que em outra escola seja mais interessante, não quero desistir, mas às vezes é difícil.

As professoras Antônia, Judite e Luciana deixaram claro que querem sim, e com certeza, permanecer na Educação Infantil pois, mesmo com as dificuldades neste início de carreira, acreditam que no próximo ano será mais tranquilo.

Aqui apresentamos brevemente algumas considerações identificadas durante o processo da pesquisa nas entrevistas não diretivas dos encontros presenciais.

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