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CAPÍTULO 2 A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

2.2 A Questão Agrária e a Reforma Agrária

A questão agrária brasileira expressa um conjunto de problemas relacionados à propriedade da terra, consequentemente a concentração de sua estrutura, aos processos de expropriação, expulsão e exclusão de trabalhadores rurais: camponeses e assalariados, à luta pela terra, pela reforma agrária, à violência extrema contra os trabalhadores, à produção, abastecimento, a qualidade de vida e dignidade humana, compreendendo as dimensões econômica, política e social (FERNANDES, 2001)

Assim, as reflexões sobre essa temática destacam elementos antigos e novos que estão referenciados empiricamente na forma de resistência dos trabalhadores, na luta pela posse de terra e na implantação de assentamentos rurais, bem como não pode ser dissociada do modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Brasil e do caráter fortemente urbanizado da sociedade, principalmente a partir de 1970.

A partir do período de 1967 a 1973, o proposta de desenvolvimento executada pelo Estado em parceria com grande capital nacional e internacional entra em crise e, evidencia que o que convencionou-se chamar de “milagre brasileiro” só tinha beneficiado uma minoria. José Graziano Silva (1985) destaca que no triênio 1975/1977 começa outra crise que é o

“ressurgimento” do novo: a questão agrária. A questão agrária, para este autor, diz respeito às transformações nas relações de produção, e os principais indicadores da questão agrária estão relacionados à maneira como se organiza o trabalho, à produção, ao nível de renda do trabalhador, ao emprego dos trabalhadores rurais, à produtividade das pessoas ocupadas no campo, etc.

Para Fernandes (2001, p. 23) a questão agrária:

[...] é o movimento do conjunto de problemas relativos ao desenvolvimento da agropecuária e das lutas de resistência dos trabalhadores, que são inerentes ao processo desigual e contraditório das relações capitalistas de produção. É uma política pública para a democratização do acesso à terra e formação do campesinato.

O autor afirma que em diferentes momentos da história, a questão agrária apresenta-se com características diferentes, relacionadas aos diferentes estágios de desenvolvimento do capitalismo.

Nestes cinco séculos de hegemonia do latifúndio e do capitalismo, as relações de trabalho no campo foram pautadas pela exploração, frequentemente reforçadas pela violência, o que garantiu uma mão-de-obra de custos mínimos, ampliando-se as possibilidades de acumulação de capitais, através da criação de valor excedente7.

A questão agrária está relacionada ao fato de que a grande maioria da população rural brasileira se encontra privada da disposição de terra em quantidade que baste para lhe assegurar um nível adequado de subsistência. Trata-se de considerável parcela da população rural que, devido à concentração da propriedade, não encontra outra alternativa para prover sua subsistência que alhear a sua força de trabalho e se por a serviço dos grandes proprietários. As condições em que se realiza esse fornecimento de força de trabalho configuram o essencial das relações de produção e trabalho vigentes na economia agrária brasileira.

Da colônia para o Brasil de hoje ocorreu, sem dúvida, um longo período histórico que trouxe modificações na organização colonial. No entanto, a utilização de terra continua a se fazer hoje, como no passado, não em função da população que nela trabalha e exerce suas atividades, e sim, essencialmente e em primeiro lugar, em função de interesses comerciais e necessidades inteiramente estranhas àquela população.

Assim sendo, a questão agrária possui, como elementos principais, a desigualdade, a contradição e o conflito, onde o desenvolvimento desigual e contraditório do capitalismo,

7 “O que o capitalista ganha nessa relação é a fração de valor criado que não é revertida para o trabalhador (mais-

valia) e sim apropriada pelo capitalista sob a forma de lucro do capital, ou seja, como sendo propriedade do capital.” (OLIVEIRA, 1986, p. 62).

gerado principalmente pela renda capitalizada da terra, provoca a diferenciação do campesinato e, consequentemente, a sua destruição e recriação. Nesse processo, acontece a concentração da terra e a luta pela terra, produzindo inevitavelmente o conflito. Esse processo é inerente ao capitalismo e faz parte de sua lógica e de sua história.

A questão agrária é um dos elementos estruturais do modo capitalista de produção, cujo processo histórico de afirmação (acumulação primitiva ou originária) dá -se, em grande medida, com a expropriação do produtor rural, do camponês (MARX apud BORGES, 1997, p. 43). No caso do Brasil, a forma como a terra está dividida apenas reflete a estrutura social e de classes, marcadas por alta concentração de renda e por profundas desigualdades.

Outras expressões da questão agrária, além das questões relativas à posse, domínio, propriedade e concentração de terras, dizem respeito a: produção, abastecimento e segurança alimentar; modelos de desenvolvimento da agropecuária e políticas agrícolas; processos de expropriação, expulsão e exclusão; violência e exploração contra camponeses e assalariados; resistência e luta pela distribuição de terras, reforma agrária e políticas sociais para o campo; relação campo e cidade; qualidade de vida e dignidade humana, dentre as várias configurações pontuais.

A grande propriedade oferece no Brasil grande resistência ao fracionamento, o que lhe remete numa dupla vantagem: de um lado maior número de braços à procura de ocupação e, de outro, um número crescente de pequenas propriedades inviáveis e prontas para serem absorvidas e agrupadas pela grande exploração. Daí, essa concentração excessiva da propriedade fundiária, que lhe assegura solidez e estabilidade. “É precisamente nas zonas e regiões de maior progresso e desenvolvimento que se observa um processo de concentração mais acentuado e de predomínio cada vez maior da grande exploração.” (PRADO JÚNIOR, 2000, p. 82).

Ou seja, a maneira como o país tem conseguido aumentar sua produtividade agropecuária tem causado impactos negativos sobre o nível de renda e de emprego da sua população rural.

A articulação desse movimento do capital tem-se dado por duas vertentes: a expansão física da área plantada e a incorporação de tecnologias intensivas, ambas apoiadas organicamente pelas políticas públicas governamentais.

Além disso, o que distingue o desenvolvimento das relações capitalistas na agricultura em relação à indústria é que o meio de produção fundamental da agricultura que é a terra, não é possível de ser multiplicado ao livre arbítrio do homem, como ocorre com as máquinas e

outros meios de produção e instrumentos de trabalho. O interesse dos grandes latifundiários aumenta em grandes proporções, pois ter mais terra é sinônimo de poder. Produzindo ou não, a terra gera renda para os grandes produtores. Ao mesmo tempo em que o proprietário detém um número elevado de hectares de terra, priva outras pessoas de tê-la como meio de produção.

Kautsky (1972) cita o caráter contraditório deste sistema, que, ao mesmo tempo em que destrói as relações não-capitalistas (camponesas), as recria e as utiliza para o seu desenvolvimento. Segundo o autor, mediante o processo de subordinação ao capital sofrido pelo camponês, verifica-se a existência de um intenso processo de desintegração do campesinato no interior do capitalismo, mas não do seu desaparecimento, pois ele é recriado.

Nesse sentido, o que define o capitalista é a fonte da mão-de-obra e a apropriação da mais-valia no processo de produção. Enquanto o camponês produz majoritariamente com a mão-de-obra própria, o capitalista compra a mão-de-obra de trabalhadores expropriados dos meios de produção e produz majoritariamente com mão-de-obra assalariada, gerando e se apropriando da mais-valia. O camponês tem a produção e o consumo coletivos, já no sistema capitalista a produção é coletiva, mas o fruto desta produção é apropriado individualmente

pelo capitalista. Em um trecho em que define o camponês Kautsky (1972, p. 151, grifo nosso)

afirma que o camponês é o trabalhador que:

[...] vende produtos agrícolas, mas não emprega assalariados, senão em pequeno número, por vezes algum camponês que não seja capitalista, mas simples produtor de mercadorias. Este é um trabalhador que não vive da renda que traz sua propriedade; vive do seu trabalho [...]. Ele necessita da terra como meio de transformar o seu trabalho em garantia de sua existência e não para a obtenção de lucro ou renda fundiária. Posto que o resultado de sua produção lhe reembolse as despesas e também lhe pague o trabalho investido, ele terá a sua condição de existência garantida.

É, pois, nesse contexto, que se defende a reforma agrária, que deve ser executada não apenas com a modernização econômica e tecnológica, mas também com a modernização social, com mais qualidade de vida e equidade social para a população como um todo.

Para Martins (1997, p. 48),

[...] uma reforma agrária ampla e consequente, de verdade, promoveria um grande salto histórico na vida do país: diminuiria a miséria urbana, criaria uma válvula de segurança para as mudanças econômicas e tecnológicas aceleradas pelas quais estamos passando, ampliaria o mercado e teria um efeito multiplicador de benefícios salutar no conjunto da sociedade, além de viabilizar o processo de modernização social e política. Só elites obtusas não podem ver isso.

De acordo com Veiga (1991), para o desenvolvimento da produção familiar no Brasil é necessário, antes de tudo, a superação da extrema desigualdade na estrutura fundiária por meio de uma política de reforma agrária, com a implantação de assentamentos rurais (acompanhada de crédito para custeio, investimento e assistência técnica), devendo-se também fornecer terra para parceiros e arrendatários subordinados às grandes propriedades, e que torne os mini fundiários produtores com maior acesso à terra, juntamente com as condições para o assentado produzir de forma viável.

Já para Alentejano (2003), existem pelo menos três posições no debate atual da reforma agrária no Brasil: a primeira seria a defesa da estrutura de classes, conferindo um papel marginal à reforma agrária, mantendo o latifúndio e o poder dos grandes proprietários de terras.

Uma segunda posição, defendida por alguns setores da classe média, seria uma crítica parcial e limitada à estrutura agrária brasileira, propondo, do mesmo modo, uma reforma, sem contudo, mudar a estrutura posta.

A terceira posição no tocante à reforma agrária é defendida pelos movimentos sociais e alguns partidos políticos de esquerda, na qual se propõe uma profunda e ampla reforma agrária, que realmente altere a atual estrutura fundiária ao proporcionar o acesso a terra a um vasto setor de excluídos, e garantir a sobrevivência alimentar, bem como a inserção no mercado, promovendo uma redução das desigualdades e injustiças sociais.

Nas ideias de Alentejano (2003), é preciso pensar novas possibilidades de resolução da reforma agrária tendo em vista as transformações do espaço agrário brasileiro e as mudanças na relação campo-cidade. Segundo esse autor, as possibilidades de reforma da estrutura agrária brasileira devem contemplar os seguintes princípios:

1) Ao contrário de apostar na urbanização como futuro da organização do espaço brasileiro, deve-se pautar pela ruptura da dicotomia campo-cidade, através da multiplicação nos assentamentos rurais e nas pequenas cidades, da infraestrutura e dos serviços vistos até o momento como sinônimos de urbanização;

2) Em contrapartida à aposta individualista na capacitação para a competição no mercado, deve-se pensar a capacitação para a cooperação e o exercício da solidariedade, fazendo dos assentamentos espaços não apenas de cooperação interna da produção, mas do exercício de solidariedade em relação à população de seu entorno;

3) Outro desafio está na formulação de um modelo de desenvolvimento sustentável, ou seja, na criação e na implementação de um modelo de desenvolvimento capaz de gerar renda e alimentos suficientes para a garantia de uma boa qualidade dos alimentos

produzidos, a preservação (ou recuperação) ambiental, através de práticas agroecológicas (ALENTEJANO, 2003, p.138).

Desse modo, a reforma agrária é importante não apenas no âmbito social, econômico e político, como também na questão ambiental.

Outros autores, mais críticos com essa questão, como por exemplo, Caio Prado Júnior (2000), aponta a desconcentração fundiária, como uma medida de combate às desigualdades econômicas no campo. Essas desigualdades teriam origem na relação entre os poucos proprietários detentores do monopólio da terra e das oportunidades de emprego e a massa de trabalhadores que vivem em condição de miséria. A reforma agrária é apresentada como a única medida capaz de eliminar estas discrepâncias, pois sem ela, as transformações na economia agrária não seriam capazes de alterar a estrutura fundiária.

Para que a utilização da terra deixe de ser o grande negócio de uma reduzida minoria, e se faça em benefício da população trabalhadora rural que tira dessa terra o seu sustento, é preciso que se favoreça e fomente por medidas adequadas o acesso da mesma população trabalhadora à propriedade fundiária. Esse seria o ponto fundamental da reforma agrária, pois, com a sua realização se atingiria o essencial que a reforma agrária tem em vista: a elevação do nível da vida da pulação rural (PRADO JÚNIOR, 2000, p. 82-83).

Já José Graziano Silva (1971, p. 38) destaca a reforma agrária como: “[...] processo amplo, imediato e drástico de redistribuição de direitos sobre a propriedade privada da terra agrícola, promovido pelo Governo, com a ativa participação dos próprios camponeses e objetivando sua promoção humana, social, econômica e política.”

O processo, com local e prazo definidos para sua efetivação, deve atender parte significativa da população sem-terra, não podendo arrastar-se pelo tempo. Precisa-se modificar também o status quo no campo, causando impactos estruturais, sendo que os beneficiários do processo (camponeses sem-terra) têm que ter ativa participação na definição das políticas, não as deixando a cargo apenas dos técnicos estatais.

Fernandes (2003) destaca que a reforma agrária é tida como uma política de desenvolvimento que garante a territorialização do campesinato, em que essa territorialização vai além da conquista de terras; ela é a expansão das relações de poder no espaço geográfico e o confronto entre a propriedade capitalista e a propriedade camponesa.

Assim, a obtenção de terras não deve ser o objetivo final da reforma agrária, e deve-se pensar os assentamentos como uma proposta de desenvolvimento, na qual seria gerada a agricultura de base camponesa.

Ariovaldo Umbelino de Oliveira (2006) aborda a reforma agrária, mostrando os impactos que ela pode causar nas diversas dimensões sociais. Ele faz uma interpretação multidimensional do processo, ao contrário da abordagem contida em grande parte das políticas públicas.

Assim, a reforma agrária possui efetivamente alcance social, uma vez que possibilita ao campesinato o acesso à terra que é seu principal instrumento de trabalho, trazendo melhores condições de vida a pessoas que estão em situação de miséria. Possui alcance econômico, ao fomentar o mercado interno, com a oferta de produtos e com o aumento da renda dos camponeses, e possui alcance político, pois o campesinato se posiciona enquanto classe social na luta pela manutenção do seu estilo de viver e trabalhar.

O economista Guilherme Delgado também fala sobre a reforma agrária, defendendo que esta ainda não foi alvo de um programa oficial por parte do Estado. O autor destaca a facilidade com que o agronegócio tem se apoderado das áreas agrícolas do território nacional acarretando grandes prejuízos à nação, já que este não cumpre com suas funções sociais, ambientais e de posse da terra, além de não respeitar as relações de trabalho. Nessas condições, a reforma agrária, aplicada de forma includente, seria a solução para estes empecilhos. Para Pereira Filho (2008, online):

Muitas vezes, se coloca a reforma agrária como um programa oficial, mas não encontramos isso. Afirma-se que o Brasil está fora da curva e que, hoje, não se faz mais reforma agrária. A questão é discutir como inserimos os pequenos estabelecimentos. Mesmo no modelo capitalista, temos variantes da maior diferença. A experiência européia do pós-guerra permite que, sem uma reforma agrária clássica, as pequenas propriedades coexistam sem serem engolidas pelo agronegócio internacional. Esse padrão de desenvolvimento – que chamaríamos de uma política agrária condizente com a realidade – abriria espaço para setores do campo participarem do desenvolvimento de forma mais includente. Mas, para isso, há a necessidade de uma política econômica distinta. Nosso modelo não é parecido com o europeu nem com o dos Estados Unidos, apesar de muitos dizerem que é a nossa inspiração. O nosso agronegócio é mais desigual do que o deles. Após a abolição e a guerra civil, houve uma mudança na estrutura de posse da terra e uma ocupação do meio-oeste dos EUA. Já nós chegamos ao século 20 sem fazer nenhuma dessas mudanças. E descartamos fazê-las porque dizemos que passou o tempo. Não se passou do tempo de uma política de igualdade e distribuição. Mudaram, sim, os instrumentos, as estruturas de intervenção. Precisamos de uma política comum que tenha capacidade de impedir o avanço do agronegócio, com a liberdade que tem hoje. Ele não tem obrigações com sua função social, obrigações de posse da terra, de meio ambiente e de respeito às relações de trabalho. O caso brasileiro é ímpar de desigualdade crescente. Um formato de reforma agrária includente, de desenvolvimento e igualdade não está fora da agenda ao menos que se pense que não há desigualdade no país. Alguns pensam que desenvolvimento é modernização conservadora. É a moda Geisel, desenvolver o modelo do regime militar. Agora, o Brasil precisa de uma política clara de contenção da liberdade de ação do agronegócio. Sem isso, a reforma agrária é engodo, tão residual e incapaz de se manter que será engolida.

Tanto Guilherme Delgado quanto Bernardo Mançano Fernandes destacam o agronegócio como o grande vilão da reforma agrária na disputa pelas terras agricultáveis do Brasil. Isso mostra a evolução do debate, já que antes o latifúndio era tido como o principal obstáculo para que a reforma agrária fosse efetivada. Além disso, discute-se agora não apenas a necessidade de desapropriar áreas, entregando-as a camponeses sem- terra, mas sim, a mudança dos paradigmas de desenvolvimento adotados no campo. Assim, a reforma agrária não é entendida apenas como uma medida conjuntural, de alívio da pobreza, mas como um modelo alternativo de desenvolvimento para o campo. Ela garante território para que o campesinato desenvolva seu modo de vida e produção, valorizando o trabalho de base familiar, a produção diversificada e em pequena escala, e gerando uma paisagem heterogênea no campo. O agronegócio, ao contrário, gera relações como o trabalho assalariado e precarizado, a produção em larga escala e a homogeneidade da paisagem. Portanto, reforma agrária e agronegócio não são entendidos como modelos de desenvolvimento complementares e sim como opostos, dada as diferentes relações sociais que produzem.

É aqui que se entende que o modelo agrícola neoliberal (agronegócio), se caracteriza pela concentração, domínio pelas grandes corporações, prejuízo dos agricultores, direcionamento para o grande estabelecimento agrícola, favorecimento dos países desenvolvidos em detrimento dos subdesenvolvidos, intensificação da especialização da produção, incentivo à monocultura, degradação ambiental e aumento da pobreza.

O agronegócio intensifica a influência sobre os processos naturais e concebe o camponês como incapaz de produzir conhecimento e como um receptáculo pronto para atender as imposições das transnacionais. A tabela abaixo destaca as diferenças entre esses dois modelos de agricultura.

Quadro 1 - Comparação entre agronegócio e campesinato

Agronegócio Campesinato

Centralização Descentralização

controle centralizado da produção, processamento e mercado;

produção concentrada, estabelecimentos agrícolas maiores e em menor número, o que acarreta um menor número de agricultores e de comunidades rurais.

maior ênfase na produção, processamento e mercado locais/regionais;

produção pulverizada (maior número de estabelecimentos e agricultores), controle da terra, recursos e capital.

Dependência Independência

abordagem científica e tecnológica para produção; dependência de experts; dependência de fontes externas de energia, insumos e credito;

dependência de mercados muito distantes.

unidades de produção menores, menor dependência de insumos, fontes externas de conhecimento, energia e crédito;

maior autossuficiência individual e da comunidade;

ênfase prioritária em valores, conhecimentos e habilidades pessoais.

Competitivo Comunitário

competitividade e interesse próprio; agricultura é considerada um negócio;

ênfase na eficiência, flexibilidade, quantidade e crescimento da margem de lucro.

maior cooperação;

agricultura é considerada um modo de vida e um negócio;

ênfase em uma abordagem holística da produção, otimizando todas as partes do agroecossistema.

Domínio da natureza Harmonia com a natureza

o ser humano é separado e superior à natureza; a natureza consiste principalmente em recursos a serem utilizados para o crescimento econômico; imposição das estruturas e sistemas do tempo humano aos ciclos naturais;

produtividade maximizada através de insumos industrializados e modificações científicas; apropriação de processos naturais por meios científicos e substituição de produtos naturais pelos industriais.

o ser humano é parte e dependente da natureza; a natureza provê recursos e também é valorizada para o próprio bem;

trabalha com uma abordagem ecológica/de ambiente fechado – desenvolvendo um sistema