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Questões apresentadas apenas a informantes internos

Capítulo IV: Apresentação, análise e discussão dos resultados

4.1. Entrevistas

4.1.3. Questões apresentadas apenas a informantes internos

Iremos, seguidamente, expor e discutir os resultados relativos às questões que apenas foram apresentadas a informantes internos, ou seja, aos 6 polícias. Quanto à quarta questão do guião da entrevista n.º 2: “Que entidades considera que devem estar

envolvidas numa ocorrência de bullying escolar para gerir esses casos?” criámos a

categoria E.6. “tipos de entidades que devem estar envolvidas numa ocorrência de bullying escolar”, para a qual obtivemos um total de 39 u.r. (cf. Tabela 15 do Apêndice M).

Nesta categoria verificámos que todos os entrevistados privilegiaram a subcategoria “PSP” (6 u.r.). Todavia, enquanto alguns dos entrevistados defendem que “a PSP, deve ser sempre sinalizada ao nível da Escola Segura” (E01), outros têm “dúvidas que à mínima situação de desavenças entre crianças, a não ser que já haja algum histórico, ou situações que logo à partida são graves, deva a PSP ser envolvida” (E03).

A subcategoria “escola” (5 u.r.) também se destaca. Os entrevistados consideram que “existem entidades que têm que estar sempre envolvidas, como é o caso da escola”

46 (E03). “Deve ser a escola a fazer uma primeira intervenção, porque é ela que tem os seus regulamentos, tem os contactos diretos com os encarregados de educação e com os pais” (E05).

Também as subcategorias “direção da escola” (2 u.r.), “diretores de turma” (2 u.r.) e “professores” (1 u.r.) foram mencionadas, podendo-se incluir dentro da entidade escola. Contudo, como estes elementos têm um papel preponderante na comunidade escolar, foram destacados pelos entrevistados, tendo sido por isso criadas subcategorias para os mesmos.

No que concerne à subcategoria “CPCJ” (6 u.r.), esta é também privilegiada, sendo mencionada por todos os entrevistados. No entanto, à semelhança do que acontece com a subcategoria “PSP”, também para esta subcategoria os entrevistados têm opiniões diferentes no que concerne ao momento em que esta entidade deve estar envolvida. Uns consideram que “para algumas situações de bullying as sinalizações para a CPCJ podem não ser a solução para o problema numa fase inicial” (E02), todavia, outros defendem que “pode chegar sempre à Comissão” (E05) e por isso esta “deverá ser sempre envolvida” (E06).

A subcategoria “psicólogos” (4 u.r.) é também mencionada. Os entrevistados consideram que “muitas vezes as crianças que praticam o bullying precisam de apoio psicológico” (E06).

Foram também contabilizadas 3 u.r. para a subcategoria “Tribunal”, sendo que o Tribunal responsável por julgar os casos varia mediante a idade do aluno agressor. “A partir dos 12 anos pode entrar a Lei Tutelar e Educativa, se aquilo que a criança fez puder ser tipificado como crime. Daí a necessidade de intervenção (…) do Tribunal” (E06).

Em síntese, para estes informantes, existem uma multiplicidade de entidades que devem estar envolvidas na intervenção de situações de bullying escolar. O envolvimento da escola é fundamental em todos os casos de bullying escolar. A PSP e a CPCJ são sempre mencionadas. Porém, os entrevistados defendem fases de intervenção distintas. O Tribunal tem que ser envolvido sempre que haja a prática de factos tipificados como crime pelos agressores.

A acrescentar a estas entidades, de acordo com os entrevistados, podem ainda ser envolvidas outras, resultantes de planos de intervenção que tenham sido previamente definidos, nomeadamente com Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e Organizações Não Governamentais (ONG).

47 Relativamente à quinta questão apresentada aos entrevistados internos: “Conhece

algum caso de bullying em contexto escolar, seja por já ter vivenciado ou por lhe ter sido reportado, que tenha envolvido a participação policial? Se sim, descreva a situação (sem identificar vítimas ou perpetradores, a escola onde ocorreu ou qualquer outra informação), que tipo de intervenção foi adotada nesse caso, e se possível dê-nos a sua opinião profissional sobre a avaliação que a comunidade escolar (e.g. pais e encarregados de educação, professores, funcionários, direção da escola) fez dessa mesma intervenção” foram criadas quatro categorias, tendo sido contadas 53 u.r. para

toda a pergunta (cf. Tabela 17 do Apêndice M).

Na categoria E.7. “conhecimento de um caso de bullying em contexto escolar” (6 u.r.) todos os entrevistados internos afirmaram conhecer uma situação de bullying escolar. Com isto, os 6 polícias responderam à categoria E.8 “descrição da situação” (14 u.r.), para a qual as subcategorias “injúrias” (5 u.r.) e “agressões físicas” (5 u.r.) são privilegiadas.

Na categoria E.9. “tipo de intervenção” (27 u.r.), as subcategorias “elaboração de expediente” (4 u.r.), “contacto com os pais/encarregados de educação dos intervenientes” (4 u.r.), “acompanhamento da situação pós-ocorrência” (4 u.r.), são as que mais se destacam. Também as subcategorias “realização de reuniões/contactos com elementos da comunidade escolar” (3 u.r.), “realização de ações de sensibilização aos alunos/pais/encarregados de educação” (3 u.r.), “contacto com os intervenientes” (3 u.r.) e “sinalização para a CPCJ” (3 u.r.) têm alguma predominância.

Quanto à categoria E.10. “opinião profissional da avaliação que a comunidade escolar fez sobre a intervenção policial” (6 u.r.) todos os informantes internos consideraram que a comunidade escolar ficou satisfeita com a intervenção policial, sendo esta vista “como uma mais-valia” (E02).

Em conclusão, todos os entrevistados internos já tiveram conhecimento de um caso de bullying escolar, quer porque o vivenciaram, quer porque as funções que desempenham o permitem. Relativamente à descrição da ocorrência, percebemos que existem situações de bullying direto (e.g. agressões físicas e injúrias) e de bullying indireto (e.g.

cyberbullying). Quanto às medidas adotadas apurámos que a elaboração de expediente, a

realização de contactos com os pais/encarregados de educação dos intervenientes e o acompanhamento da situação pós-ocorrência foram as ações mais concretizadas pelos polícias entrevistados aquando da sua intervenção. Por fim, no que respeita à opinião que a comunidade escolar fez sobre a intervenção policial, foi sempre positiva.

48 Com a realização da análise de conteúdo das entrevistas, concluímos que a maioria dos entrevistados corrobora o que já está exposto na literatura existente sobre alguns aspetos da temática em estudo. Destacamos as conclusões relativas ao aumento de casos de

cyberbullying, às causas que podem levar um aluno a tornar-se num bully, bem como o

facto de o bullying não ser um fenómeno inusitado e de impossível prevenção. No que respeita a outras questões abordadas, como a tipologia de bullying mais frequente, as respostas dadas pelos informantes não são unânimes, não favorecendo a criação de uma opinião consensualizada.