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Questões de Gênero, cultura do estupro e Instrumentos Legais Protetivos:

A violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno universal, no entanto é notório, segundo estatísticas aqui apresentadas, que o Brasil apresenta alarmantes índices, sendo que os agressores são, em larga medida, pais, padrastos ou pessoas conhecidas das vítimas.

Conforme mencionado anteriormente, estatísticas indicam que grande parte da violência contra crianças e adolescentes vítimas são meninas, sendo protagonizado por homens que, em larga medida, são conhecidos ou familiares das vítimas. A face perversa desta forma de violência reside no fato de ser ela, em grande medida, silenciada, uma vez que o número de denúncias ainda é pequeno, face a amplitude do fenômeno. Estima-se que apenas 10% dos casos sejam levados a conhecimento do sistema de justiça criminal.

Conforme indicam as pesquisas são as mulheres (crianças, adolescentes e adultas) o alvo principal da violência sexual, o que demonstra ser necessário compreender as razões que conduzem a tal fenômeno, vez que é sorumbático constatar que este infortúnio está se tornando parte da cultura brasileira. Como forma de enfrentamento à violência sexual foram criados diversos mecanismos legais protetivos, a saber, a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código Penal, bem como todo o conjunto de mecanismos criados em defesa dos direitos e garantias, assegurando a proteção integral de crianças e adolescentes, o que, infelizmente, não garantiu a redução dos índices de violência sexual e a prevenção de ocorrências deste cruel e desumano ato. Indubitavelmente, conforme previsto na legislação brasileira as crianças e adolescentes são prioridade absoluta do Estado e quando vítimas de crimes devem ter um tratamento especial, ser acolhidas e acompanhadas com o máximo de cuidado para que não sofram a chamada revitimização, através do depoimento sem dano, garantido pela recente Lei n° 13.431/2017, em virtude de serem pessoas em desenvolvimento e sujeitos de direitos.

Outrossim, por força da hierarquização de poder existente entre homens e mulheres, construída a partir de uma cultura patriarcal, se percebe a existência de uma desigual distribuição dos papeis de gênero, que coloca a mulher em lugares subordinados e objetificados, o que contribuiu para a perpetuação da violência contra mulher pela simples razão dela “ser mulher”, como é o caso do feminicídio. O modelo patriarcal e machista se desenhou historicamente e continua operando nos sujeitos ao longo dos anos, seja pela opressão do homem sobre a mulher, muitas vezes visualizada historicamente como propriedade dos maridos ou pais, ou pela diferença nos espaços de poder. Segundo Vera Regina Pereira de Andrade, (2015, p. 7):

Toda a mecânica de controle (enraizada nas estruturas sociais) é constitutiva, reprodutora das profundas assimetrias de que se engendram e se alimentam, afinal, os estereótipos[14], os preconceitos e as discriminações, sacralizando hierarquias. E nós interagimos cotidianamente na mecânica (inseridos que estamos em relações de poder nem sempre percebidas, sendo sujeitos constituídos e constituintes, controlados e controladores) [..].

Consequentemente, existe uma dimensão ideológica ou simbólica que perpetua a desigualdade e a violência sexual contra a mulher a partir de diferenças (vistas como naturais) ou de um processo de culpabilização da própria vítima. Isso exige demonstrar que desigualdade entre homens e mulheres é fruto de uma construção sociocultural, que é exteriorizado tanto pelo saber oficial quanto pelos operadores do sistema penal e pelo público em geral. De acordo com Andrade, (2015, p. 05):

Uma dimensão muito mais invisível e difusa (lato sensu) do sistema é a dimensão ideológica ou simbólica, representada tanto pelo saber oficial (as ciências criminais) quanto pelos operadores do sistema e pelo público, enquanto senso comum punitivo (ideologia penal dominante). Esta capilaridade não deve obscurecer a sua onipresença, tanto ou mais expressiva que a do Estado, e que obriga à percepção de que o sistema somos, informalmente, todos nós: em cada sujeito se desenham e se operam, desde a infância, um microssistema de controle e um microssistema penal (simbólico) que o reproduz cotidianamente.

Tais constatações permitem demonstrar que, infelizmente, as relações desiguais de poder advindas do patriarcado, bem como a cultura do estupro, entendida como a cultura que naturaliza ou legitima a violência sexual contra as mulheres (o que inclui aquelas que se encontram na infância ou adolescência), a partir de um processo de culpabilização das vítimas são as razões mais profundas para a perpetuação da violência sexual no Brasil. Segundo (Leite, 2017) “Os mecanismos de culpabilização da vítima se dão, pela construção de

aceitação e replicação de conceitos que normalizam o estupro com bases nas questões que tangem a relação de gênero e sexualidade, informadas pelas categorias de poder, hierarquia e patriarcado”.

A partir de uma análise da funcionalidade do Sistema Penal, é importante reconhecer que houve um avanço enorme para o Brasil, como por exemplo, em relação proteção de pessoas mais vulneráveis em situações de violência, foram debatidos métodos mais eficazes de aplicação da lei, surgindo um conjunto de medidas, aos desafios atuais como formas de enfrentamento a violência contra as mulheres, crianças e adolescentes. Observa-se que com a Constituição Federal de 1988, precisamente em seu artigo 227, determinou-se a prioridade absoluta do Estado à proteção dos direitos da criança e do adolescente, como supracitados anteriormente no primeiro capítulo, ratificando essa proteção com a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), motivado pela Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, e a Conferência Mundial dos Direitos Humanos em 1993, que determinou o Direitos Humanos, permitindo que incluisse as mulheres como sujeitos internacionais de direitos, assim também designando com que se discutisse de forma mais aprofundada as situações de violência vivida por tais sujeitos.

No que tange, a violência contra as mulheres verifica-se que as mesmas não tinham liberdade em denunciar as ocorrências objetivando ajuda, ora porque não era um tema assumido pelo Estado, ora porque não existia uma rede de proteção adequada que permitisse com que estas se sentissem mais seguras em denunciar. Deste mesmo modo, compreende-se que a Lei Maria da Penha (Lei 13.340/06), representou um grande avanço para que as mulheres se sentissem acolhidas e seguras no atendimento do Sistema de Justiça. No que tange a crianças e adolescentes vítimas de violência ou abuso sexual, visando a prevenção contra a revitimização muito presente no sistema de justiça criminal, a recente Lei 13.431/2017, também representou um avanço relevante.

Todavia, ainda se percebe na sociedade brasileira uma baixa efetividade das normas jurídicas quanto ao cumprimento de seus objetivos. Isto se evidencia, sobretudo, no âmbito do sistema penal, em que é visível, especialmente no campo da violência sexual, uma significativa contradição entre funções declaradas e funções latentes (reais) produzidas. Isto porque, conforme Andrade (2015) há um acentuado déficit histórico de cumprimento das promessas de combate à violência sexual, declaradas pelo discurso penal, face ao que

verdadeiramente se cumpre no âmbito do sistema penal (funções latentes). No entanto, por força dos discursos legitimadores, confere-se uma eficácia simbólica ao sistema punitivo, ocultando suas reais e invertidas funções evidenciando, portanto, um desequilíbrio desses direitos, prova disto é a presença de alarmantes números de casos de violência sexual, contra mulheres, crianças e adolescentes em que pese as recentes mudanças na lei e o maior rigor punitivo. Por conseguinte, sobre tal questão Andrade, (2015, p.06) enfatiza:

Mas é precisamente o funcionamento ideológico do sistema – a circulação da ideologia penal dominante entre os operadores do sistema e o senso comum ou opinião pública – que perpetua o ilusionismo, justificando socialmente a importância de sua existência e ocultando suas reais e invertidas funções. Resulta daí uma eficácia simbólica, sustentadora da eficácia instrumental invertida.

Para Andrade (2015), o sistema penal reproduz em seus discursos hegemônicos e em suas práticas o modelo patriarcal de sociedade, contribuindo e reproduzindo, em grande medida, a cultura do estupro (de culpabilização da vítima), o que em nada contribui para a superação e o adequado enfrentamento da violência sexual, especialmente contra crianças e adolescentes.

Frente a isso é indispensável uma análise dessa construção social do gênero, tendo por base o patriarcado e o chamado androcentrismo do sistema penal, visto que este surgiu na sociedade patriarcal, em que se percebe a concentração de poder destinados aos homens. Por conseguinte o homem é colocado como o centro da sociedade, ocupando papel de destaque tanto nas atividades econômica, política e religiosa, quanto no núcleo familiar, deste modo observa-se na sociedade patriarcal uma cultura masculinizada, em que a distribuição de papeis foi definida de forma totalmente desigual, em que as mulheres foram designadas para os serviços domésticos, aos cuidados com a família, assim também utilizadas como objetos de serviços sexuais. Segundo Vera Regina Pereira de Andrade (2015, p. 9):

Considero indispensável olharmos doravante para o androcentrismo do sistema penal e sua funcionalidade de gênero. Para tanto, é necessário incursionar brevemente na construção social do gênero no patriarcado (a dicotomia masculinofeminino), que, como é sabido, encontra-se em desconstrução, mas continua operando, como parece ser menos evidente, sobretudo no sistema penal. Isso implica falar em espaços (divisão entre público e privado com correspondente divisão social do trabalho), papéis (atribuição de papéis diferenciados aos sexos nas esferas da produção, da reprodução e da política) e estereótipos.

A cultura do estupro faz parte da sociedade e tem como objetivo a naturalização da violência sexual conforme abordado no capítulo anterior, com a intenção metamorfosear essa atrocidade como algo comum, transferindo a responsabilização para a vítima, uma vez que a sociedade julga as mulheres e, em muitos casos, “desculpa” a ação dos agressores, justificando seus atos a partir do comportamento da mulher. Vale lembrar que o patriarcado, o machismo e a cultura do estupro perpetuam não apenas a violência contra a mulher, mas também a violência contra crianças e adolescentes (especialmente as do gênero feminino). Isso ocorre porque as crianças e adolescentes também são vistas como objeto (propriedade), o que legitima a violência sexual que sofrem da parte de seus pais ou padrastos.

Por força da cultura do estupro, muitas vezes as vítimas (especialmente as meninas adolescentes) são responsabilizadas pela violência que sofrem (porque não souberam se comportar, porque expuseram demais o seu corpo). Isso tudo explica o porquê meninas são ensinadas a se “cuidar”, para não ensejarem o “desejo sexual” dos homens. Normalmente utiliza-se pela sociedade o jargão popular “segura a tua cabrita que o meu bode tá solto” o que representa a expressão vulgarizada dessa ideia: de que precisamos educar as meninas para se cuidar (não se exporem) mas não precisamos educar os meninos a respeitar a liberdade e a sexualidade das mulheres. Em consonância com esta afirmativa, Bruna de Lara et all (2016, p. 163), ressalta que “[...] a maioria das pessoas acredita que a mulher é responsável, de alguma forma, pelo próprio estupro. Chamamos isso de culpabilização da vítima, comportamento diretamente relacionado à cultura do estupro”.

Concomitantemente com o artigo “Cultura do Estupro uma forma de violência simbólica”, traz o conceito de Bourdieu (apud LARA et all, 2016, p. 164):

[...] que é definida como “violência suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento”, consideramos que cultura do estupro pode ser definida como uma forma de violência simbólica que consiste na justificação, na tolerância ou no estímulo do estupro.

Em vista disso, Daniella Georges Coulouris (2004, p. 9), traz uma crítica ao conceito de estupro, que segundo ela deveria ser redefinido:

O conceito de estupro e de estuprador precisa ser redefinido, colocado em seus termos reais de violência de gênero, que não possui cor, nem classe socioeconômica e, principalmente, o estupro não necessita conter

ingredientes extremos de violência para, por si só, ser considerado um ato brutal e ilegal.

Diante desta real situação mostra-se necessário a construção de políticas públicas, tanto na educação quanto na cultura, visando à erradicação deste problema inserido na sociedade, pois estes não são menos importantes e merecem tanta atenção quanto os aspectos psicológicos e jurídicos. Para Valéria Pandijiarjuan (1998, p.63) “Este fato aponta para a necessidade de providências quanto a políticas públicas na área da educação e cultura, visando a erradicação desse tipo de comportamento. Os aspectos psicológicos e jurídicos da problemática merecem também maior atenção.”

Embora seja necessário punir agressores, acredita-se ser necessário, primeiramente transformar as questões culturais, principalmente quando se trata de questões de gênero, essa cultura do estupro deve ser desentranhada da sociedade, uma vez que se percebe que está na base desta forma de violência. Em vista de que a pena deveria não só simbolizar, como também materializar a proteção Andrade (2015, p.17), traz uma crítica a respeito da efetividade desta proteção:

Mas, em definitivo, não há esta punição, e na forma de impunidade- imunidade se reafirmam o continuum e a solidariedade masculina destes controles. A impunidade é a cumplicidade ou a solidariedade masculina do sistema penal para com a família patriarcal[45]: a pena, que deveria não só simbolizar, mas também materializar a proteção, não incide: seletividade de gênero.

Em outras palavras, a punição para a violência sexual não deveria ser aplicada apenas de forma simbólica ou seletiva, baseada no julgamento do comportamento da vítima, mas sim materializada de forma real, produzindo como consequência a aplicação de uma efetiva proteção para mulheres e crianças, de sua liberdade e de sua dignidade. O sistema penal não deveria reproduzir os estereótipos próprios ao patriarcado e à subordinação de gênero, seja culpabilizando as vítimas ou revitimizando-as. Infelizmente, segundo Andrade (2015), em que pese os avanços legais, a cultura do estupro e o olhar do patriarcado ainda estão presentes nos discursos jurídico-penais relativos a crimes sexuais, o que conduz não apenas ao julgamento das vítimas mas também a perpetuação da própria violência. Neste aspecto mostra-se absolutamente necessária a construção de políticas públicas que, aliadas à repressão penal, venham a enfrentar os fatores culturais que estão na base da violência sexual contra mulheres, em especial as que se encontram na fase da infância ou adolescência.

CONCLUSÃO

A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema que está entranhado na sociedade desde décadas passadas, advinda do costume patriarcal, e vista como parte da cultura brasileira. Observa-se a aceitação do interesse sexual de adultos em detrimento de crianças e adolescentes, como por exemplo no período escravocrata, em que se verifica evidências de delitos sexuais cometidos contra as escravas independente da sua idade ou consentimento, sendo inclusive doadas aos filhos (homens) do seu Senhor, com a intenção de dar início a sua vida sexual. É inegável dizer que as mulheres já eram usadas como objeto sexual em consequência desta organização hierárquica e desigualdade de poder, momento em que se preservava a honra das sinhazinhas e por outro lado, violentavam sexualmente a honra das escravas adolescentes.

Observa-se também que, no século XIX, as famílias ricas do Brasil, permitiam e acobertavam a violência sexual, pelo sacramento matrimonial de crianças e adolescentes com idades entre dez e doze anos, com amigos da família com a idade de cinquenta a sessenta anos. Consequentemente, são as crianças e os adolescentes as maiores vítimas de atos abusivos e maus-tratos, devido sua vulnerabilidade.

A criação de mecanismos legais voltados à proteção contra violência sexual deste grupo permitiu um dos primeiros passos em direção a garantia de seus direitos, como a Constituição Federal de 1988, um grande avanço na legislação brasileira, com a determinação de ser considerada prioridade absoluta do Estado à proteção integral de crianças e adolescentes reconhecendo-os como verdadeiros sujeitos de direitos, expandindo essas garantias especificamente no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90), no Código Penal Brasileiro, que com as novas alterações feitas pela Lei n° 13.718/18 tipificou os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro de pessoas vulneráveis, tornando pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade

sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, bem como na Lei Maria da Penha (11.340/06), destinada à proteção dos direitos reservado às mulheres.

Como resultado da luta dos movimentos sociais de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, busca-se, mediante a quebra do pacto de sigilo que ainda envolve essa questão, que a mesma saia do campo de invisibilidade e passe a ser reconhecida e adequadamente enfrentada. Apesar de haver um número alarmante de denúncias, acredita-se que há muitas vítimas e famílias que ainda ocultam a violência sofrida devido ao medo da discriminação que podem vir a sofrer, conhecida como vitimização secundária em que a vítima é duplamente afetada, sendo a primeira violência considerada quando a vítima é diretamente afetada, e a segunda vitimização quando afetada pelo controle social, especialmente o penal. Em vista disso, surgiu atualmente a Lei 13.431/17 com o objetivo de garantir os direitos à dignidade das vítimas, com cuidados aos atendimentos específicos destinados àquelas que sofreram de violência sexual, com o intuito de prevenção a uma segunda vitimização.

Considerando os dados divulgados recentemente, percebem-se números alarmantes de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, principalmente atos cometidos contra crianças do gênero feminino. Esse fenômeno continua presente de forma assustadora na sociedade brasileira, em que os fatos evidenciam que a maioria dos casos são cometidos por seus próprios pais, padrastos ou conhecidos, ocorrendo em seu âmago familiar (abuso intrafamiliar), podendo até surgir novos acontecimentos com a mesma vítima, recorrentes em suas próprias residências, sendo obrigadas a conviverem com seus algozes como algo normal, fundamentado na ideia patriarcal.

Conforme o Ministério da Saúde, em dados recentes de 2018, a maioria dos agressores são do gênero masculino, e as vítimas do gênero feminino, crianças, adolescentes e negras. O Brasil, está entre o maior número de ocorrências de homicídio praticados contra mulheres, e na maior parte dos casos, associados a violência sexual, o que evidencia a desigualdade de gênero através da cultura conhecida como “cultura do estupro”, manifestada de maneira a naturalizar a violência sexual, não se revelando esporadicamente, mas sim de forma simbólica, culpabilizando as vítimas pela violência sofrida.

Apesar do avanço histórico, manifesto pelas alterações no ordenamento jurídico, como mecanismos de proteção reservados aos direitos da criança e do adolescente, ainda é questionada a honestidade das mulheres, acabando por reforçar a cultura do estupro e duplicar a própria violência.

É preciso conscientizar que o problema da violência sexual é social, histórico-cultural, deveras maior do que os mecanismos legais protetivos, não havendo uma efetivação de direitos se a sociedade não os reconhece ou não os cumpre. A chave para esta problematização seria a transformação das questões culturais, a não naturalização do problema, para que assim as vítimas não venham a sofrer a descriminação, e deixem de denunciar quando movidas pelo medo, com o propósito de que sejam aplicados os direitos não como uma forma simbólica, mas sim como uma real efetivação das garantias e direitos da criança e do adolescente, não havendo distinção de qualquer natureza, e como consequência sejam garantidos a segurança e o respeito à sua dignidade sexual.

REFERÊNCIAS

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BRASIL, Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. O Presidente da República , usando

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Diário Oficial da União, Brasília. p. 23911, 31 dezembro. 1940. Seção 1.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Diário Oficial da União, Brasília. p. 1, 05 outubro. 1988. Seção 1.

BRASIL, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília. p. 13563, 16 julho. 1990. Seção 1.

BRASIL, Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de

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