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Questões de planejamento: capacidade

No documento Tecnologias de Redes sem Fio (páginas 153-155)

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1 Questão muitas vezes negligenciada no planejamento.

2 Se requisitos de cobertura são atendidos, considera-se, prematuramente, o plane- jamento bem feito.

2 Na prática, usuários têm expectativas mínimas de desempenho. 3 E a banda da rede sem fi o é compartilhada.

1 Infl uenciada pelo número e distribuição dos usuários. 1 Exemplo:

2 Rede doméstica, com 1 AP e um usuário: de forma otimista, 30 Mb/s.

2 Escritório com 30 usuários, 1 AP: de forma (bastante) otimista, 1 Mb/s por usuário. 1 Solução de aumento de capacidade:

2 Mais APs, em canais ortogonais.

1 Outro fator: desempenho do sistema de distribuição.

Uma questão muitas vezes ignorada no processo de implantação de uma rede Wi-Fi é a da capacidade. É comum que se decida o número e posicionamento dos pontos de acesso com base apenas na cobertura: se há bons níveis de sinal em toda a área desejada, assume-se que o planejamento foi bem-sucedido.

Na prática, no entanto, os pontos de acesso têm capacidade limitada de banda. Como visto na sessão 3, o meio de transmissão sem fi o é compartilhado, fazendo com que a banda dis- ponível seja dividida entre os nós da rede. Embora as taxas de transmissão do Wi-Fi sejam relativamente altas, se um ponto de acesso possui um grande número de estações ativas, a vazão efetiva obtida por cada uma será baixa.

Por esse motivo, é importante levar em consideração esse aspecto durante o planejamento da rede. Mais especifi camente, dados os requisitos ou expectativas de desempenho dos usuários da rede, deve-se tentar limitar o número de estações por ponto de acesso. Para tanto, é fundamental que se tenha uma estimativa do número de usuários da rede como um todo e, idealmente, da distribuição desses usuários pela área de cobertura, já que

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certas regiões podem concentrar mais usuários que outras, sobrecarregando determinados pontos de acesso.

Como um primeiro exemplo, suponha novamente o caso de uma rede doméstica. Se há apenas um morador na residência que nunca utiliza mais que um dispositivo sem fi o por vez, este não enfrentará competição pela banda do ponto de acesso. Assumindo que os dispositivos operem no padrão IEEE 802.11g e ignorando possíveis interferências de outras redes, o usuário terá uma vazão teórica na casa dos 30 Mb/s (já descontados os vários overheads das camadas de enlace e física do Wi-Fi). No entanto, se considerarmos agora uma casa na qual vivem cinco pessoas, todas acessando a rede simultaneamente, essa vazão terá de ser dividida, não superando 6 Mb/s, uma estimativa possivelmente otimista. Mudando novamente o cenário para, digamos, um escritório com 30 funcionários, todos associados a um mesmo ponto de acesso e acessando a rede simultaneamente, a vazão disponível para cada usuário cai para, no máximo, 1 Mb/s.

Obviamente, nesses exemplos, estamos realizando uma série de simplifi cações, explícitas e implícitas. Por exemplo, estamos assumindo que todos os usuários utilizam a taxa de transmissão máxima (nesse caso, 54 Mb/s), sem perda de quadros. Além disso, há também a hipótese de que o aumento no número de usuários não leva a colisões, o que também reduziria a efi ciência da rede. Por outro lado, estamos considerando que todos os usuários acessam a rede 100% do tempo, o que não é normalmente verdade.

Assim como no caso da análise da cobertura da rede, aqui vale a mesma sugestão: devemos ser conservadores nas nossas hipóteses. Isso tipicamente signifi ca assumir que os usuários não conseguirão utilizar taxas tão altas e, mesmo assim, que haverá perdas e colisões redu- zindo ainda mais a vazão efetiva alcançada por cada estação.

Realizando esse tipo de análise, é possível identifi car a necessidade de colocar mais pontos de acesso em determinadas regiões nas quais se espera uma densidade maior de usuários, mesmo que isso signifi que uma redundância em termos de cobertura. Nesse caso, no entanto, é importante observar que tais pontos de acesso devem ser confi gurados para operar em canais ortogonais. Do contrário, mesmo associadas a pontos de acesso distintos, as estações ainda compartilharão banda.

É importante mencionar também que a decisão de a qual ponto de acesso se associar é uma prerrogativa da estação. Isso é relevante porque, mesmo se instalarmos vários pontos de acesso para aumentar a capacidade da rede em uma determinada região, é possível que um grande número de estações se concentre em um único ponto de acesso, resultando em um desempenho individual ruim. Entretanto, como discutido a seguir, podemos empregar uma arquitetura baseada em microcélulas como uma tentativa para mitigar esse problema. Outras otimizações, como a limitação do conjunto de taxas, explicada em detalhes na sessão 10, também podem ser utilizadas.

Finalmente, deve-se notar que, em termos de capacidade, a limitação da rede sem fi o pode não ser o único fator relevante, especialmente quando se fala de uma rede institucional que se estende por uma grande área, servindo a muitos usuários. Dada a susceptibilidade dos enlaces sem fi o a falhas, tendemos a imediatamente considerar a rede sem fi o como o gargalo. Mas é preciso lembrar que o tráfego que sai de um BSS é transportado pelo sistema de distribuição que também possui uma capacidade fi nita. Embora em sistemas de distribuição cabeados essa capacidade possa ser muito maior que a dos enlaces sem fi o individuais, o somatório das cargas de vários BSSs pode fazer com que o DS se torne o fator limitante no desempenho. Por esse motivo, é importante que a infraestrutura do sistema de distribuição também seja levada em conta durante o planejamento de uma rede sem fi o.

Embora seja improvável que as estações tentem utilizar a rede 100% do tempo, é aconse- lhável considerar um percentual de utilização alto.

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No documento Tecnologias de Redes sem Fio (páginas 153-155)