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Questões norteadoras da Tese

No documento Nos passos de Antonieta: escrever uma vida (páginas 46-53)

Realizado o levantamento das fontes e bibliografias, passei à escolha dos critérios norteadores da tese, circunscrevendo o olhar a partir da atuação pública da professora escritora. Questionando o seguinte: o que se escreveu sobre Antonieta de Barros tem correlação com o que ela realmente foi, pensava e escrevia? Sobre o que escrevia e por quê? O que poderia impulsionar o discurso da mulher seria o fato de ser pobre, de ser negra e/ou de ser professora? Ou estaria relacionada com a questão social da atuação da mulher e da professora em uma sociedade preconceituosa? Para quem escrevia e com que intenções?

Para a consecução das respostas na tese, analisei o material encontrado, os textos escritos e compilei os fatos documentais que mostravam o pensamento e o discurso dessa mulher, cuja vida foi dedicada ao trabalho e ao ideal de educação de qualidade, em uma sociedade desigual. Buscou-se, então, o “Valor das Idéias”, porque os ex-alunos não esqueceram os ensinamentos da Mestra, reminiscências que ficaram guardadas na memória. Fica uma questão: Será que se pode considerar Antonieta de Barros um ícone de sua época, com nuances de mito? Ou foi a sua intelectualidade em escrever, sua força de mulher batalhadora, e, principalmente, a atuação como professora em todas as

instâncias de sua vida pública que a transformaram em uma personalidade pública e famosa?

Como a personalidade já não vive mais entre nós, não deixou descendente e em função do espaço temporal já ser muito amplo, a pesquisa teve por base os documentos históricos e institucionais, poucas fotos de época que foram encontradas, principalmente quando ao contexto histórico-cultural da cidade ou do estado, ou mesmo de registros em acervos pessoais, entrevistas com ex-alunos, também considera os textos e a entrevista concedida pela biografada, na qual ela define a sua atuação política e a sua função no parlamento. Em entrevista concedida ao Jornal O Estado em 11 de setembro de 1948, a professora e deputada Antonieta de Barros fala ao povo catarinense. Nos Passos de Antonieta, no subitem seis intitulado: A professora no parlamento, transcrevo a entrevista na íntegra, com o objetivo de mostrar que na função de Deputada, a professora Antonieta e sua atuação profissional determinaram o rumo dos projetos de lei, os discursos e sua conduta no Parlamento Catarinense.

1.4.6 Organização

O texto da tese está organizado em sete itens mais o apêndice em CD/Room. No item um, como já foi lido, sob o título Ver os passos, foram delineados os tópicos desenvolvidos ao longo do texto da tese, apresentando as considerações iniciais sobre Antonieta, a Trajetória, os Objetivos e a Metodologia. No item dois, a seguir, discorro sobre os

rastros e a teoria, sob o título Dos rastros à teoria: Um desafio, discutindo os conceitos utilizados para respaldar teoricamente a tese, quais sejam: O Desafio Biográfico, A Crônica como Gênero Literário, menções sobre Antonieta na Literatura Catarinense, A Intertextualidade nas Crônicas de Antonieta, sobre o conceito de Negritude e a (in) visibilidade nos Textos de Antonieta, sobre o Progresso feminino no início do século XX e o pensamento de Antonieta. No item três, reflito sobre os vestígios, a fortuna crítica de Antonieta, sob o título: Dos Vestígios e Farrapos à Biografia, este item traz a motivação ao realizar a tese, uma amostragem de fotos e das idéias em farrapos, pensa-se sobre a atuação da professora em todas as instâncias de sua vida e de sua obra. No item quatro, sob o título Nos passos de Antonieta: escrever uma vida é a biografia propriamente dita, ilustrada, em que mostro o cenário, ou seja, o contexto em que a vida de Antonieta aconteceu, sob o título Num Pedacinho de Terra perdido no mar; depois apresento a personagem, Da Rua Arcipreste Paiva à Rua Fernando Machado: Família, nascimento e formação; continuo a partir da escrita da vida em atos: A atuação na vida social e intelectual na sociedade de uma época, ou seja, os acontecimentos das décadas de 20 e 30 do século XX, de forma sucinta; em seguida, vem dois subitens relacionados à escritora, Escrevendo crônicas e Um livro: Farrapos de Idéias; a seguir falo da atuação da Deputada, em A Professora no Parlamento; para finalizar a biografia, Uma trajetória, três vidas, uma sepultura, onde estão as informações relacionadas à morte de Antonieta; em seguida, O legado de uma vida. No item cinco da tese está o Quadro Biográfico para Antonieta; no item seis, discorro sobre as Considerações Finais, as impressões e conclusões a que se chegou após a pesquisa. No item sete,

apresento as Referências Bibliográficas. E por fim o CD/room em apêndice com as imagens de Antonieta, cópias dos documentos oficiais, os textos selecionados dos arquivos dos sites de busca da Internet/textos, a digitalização das crônicas de Antonieta de Barros do livro Farrapos de Idéias, 2ª edição, 1970 para o Portal Catarina e a fotografia das crônicas encontradas no Jornal O Estado de 1951 e 1952.

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Foto da contracapa da primeira edição de Farrapos de |Idéias, edição que pertenceu à Helena Moritz Pereira.

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Foto da Contracapa da 2ª edição de Farrapos de Idéias, foto de Antonieta com 50 anos, possivelmente a imagem com a qual faleceu em 1952. Esta foto foi publicada em O Estado quando a nota de falecimento da professora e deputada em 28 de fevereiro de 1952.

Foto das Notas Biográficas escritas por Leonor de Barros na edição de 1971 de Farrapos de Idéias.

Transcrição da foto NOTAS BIOGRÁFICAS67

Por Leonor de Barros

Maria da Ilha é o nome literário de Antonieta de Barros, a autora deste livro.

De origem humilde, descendente de família pobre, a Negrinha, como a chamavam na intimidade, nasceu em Florianópolis, a 11 de julho de 1901. Educada exclusivamente por sua Mãe que lhe “fortificou o espírito”, (é a mesma Antonieta de Barros quem diz) aprendeu como o amor e dedicação ao trabalho, a perseverança na concretização de um Ideal são fatôres válidos e decisivos na realização das criaturas.

Queria ser professora e o foi plenamente, sendo considerada uma das melhores educadoras do seu tempo.

Deus lhe deu fôrça de vontade e sabedoria bastantes para nulificar os complexos de casta ou de cor que pudessem perturbá-la, prejudicando-lhe a ascensão. E venceu em sua própria terra. E a maldade dos medíocres não prevaleceu contra o seu extraordinário destino.

Na verdade, abriu o próprio caminho e soube cristalizar suas qualidades de educadora, dando à Santa Catarina o melhor de sua inteligência para a educação da juventude.

Dela, poder-se-ia dizer que foi “operária de si mesma”.

Projetou-se no seio da comunidade catarinense como professora, escritora, jornalista e política.

Fundou e dirigiu até a época de sua morte o curso primário que lhe tomou o nome e que cerrou as portas, em 1964, após 42 anos de funcionamento, quando já se haviam passado doze anos do falecimento da fundadora.

67 ILHA, Maria da.Farrapos de Ideias : Notas Biográficas. Imprensa Oficial do Estado de Santa

Integrou o corpo docente do Colégio Coração de Jesus de Florianópolis, dirigido pelas Irmãs da Divina Providência, ocupando as cadeiras de Português e Psicologia (de 37 a 45).

Em 44, foi nomeada diretor do Instituto de Educação e colégio Dias Velho e ali permaneceu, até princípios de 51, quando se aposentou.

Enérgica, correta, honesta e humana, gozava de alto conceito entre os alunos que a respeitavam e admiravam, principalmente, pelo espírito de justiça da educadora que a todos amava e acolhia “sem distinguir”.

Integrou a Constituinte de 35 e foi a primeira mulher, em Santa Catarina, que pisou como deputado, o Congresso Legislativo.

Esteve entre os deputados que se asilaram no quartel do 14º B. C., para garantir a eleição do Dr. Nereu Ramos à governança do Estado.

Voltou ao Congresso, em 1948.

Colaborou em diversos jornais no Estado e além fronteiras.

Sua vida podemos dizer, foi uma mensagem de estímulo a quantos desejarem dar rumo ascendente à existência.

Faleceu aos 51 anos de idade, a 28 de março de 1952.

Seu enterro foi uma verdadeira consagração.

Seus restos mortais descansam, com os de sua Mãe, Catarina de Barros, no cemitério de S. Francisco de Assis, em Florianópolis.

Impresso nas Oficinas ETEGRAF LTDA Estreito – Fpolis – SC. – 1971.

No documento Nos passos de Antonieta: escrever uma vida (páginas 46-53)