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Questionário de Auto-Avaliação – Guia de Padrões de Qualidade em Intervenção Precoce

3.4. Serviço/Programa

3.4.1. Questionário de Auto-Avaliação – Guia de Padrões de Qualidade em Intervenção Precoce

Como anteriormente foi referido, este foi o primeiro instrumento a ser utilizado com os profissionais da equipa do STIP – Janeiro de 2006 – e foi novamente aplicado em Julho de 2008, no final da recolha de dados do Projecto. A análise dos dados será feita de forma a permitir comparar as percepções da equipa antes e depois do Projecto. Dos 12 técnicos que preencheram este instrumento em Janeiro, mantêm-se na equipa 8, sendo que na aplicação final preenche- ram mais 2 profissionais novos (aplicação final N= 10).

Da análise dos resultados, nos dois momentos de aplicação, evidenciou-se a heterogeneidade da percepção dos profissionais, relativamente ao grau de realização, planificação e avaliação dos diferentes padrões. Nenhum dos pa- drões reuniu uma percepção consensual de todos os profissionais. Apesar dessa heterogeneidade, foi possível agrupá- -los em duas categorias: Convergentes e Divergentes.

Entre os padrões considerados convergentes, os que evidenciam uma convergência no sentido da resposta, há variabilidade relativamente ao ponto de convergência. À excepção do último nível (5), a maior parte dos padrões foram categorizados como divergentes, isto é, os profissionais manifestaram heterogeneidade nas suas respostas, sendo fre- quente a variação de respostas desde o ponto 1, percepção dos profissionais de que as actividades descritas nos indica- dores destes padrões Não são realizadas actualmente, até ao ponto 5, percepção dos profissionais de que as actividades descritas nos indicadores destes padrões são Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas.

Apresentaremos a análise dos padrões convergentes e divergentes nos diferentes níveis do questionário, para os dois momentos de aplicação. Assim, os padrões convergentes em ambos os momentos de aplicação dos instrumentos estão em negro, os que são apenas convergentes em Janeiro de 2006 estão escritos a cinzento claro e os que são apenas convergentes em Julho de 2008 estão escritos a cinzento escuro.

Quadro 27. Padrões convergentes nos 5 níveis do Questionário de auto-avaliação em Janeiro de 2006 e em Julho de 2008

nÍVEL PADRÃO COnVERGênCIAPOnTO DE àS ACTIVIDADES DESCRITAS SIGnIFICADO RELATIVO nESSES PADRõES

1 Comunidade

(1.2) Observatório para a Infância

(1.4) Informação e Apoio

(1.5) Encaminhamento Eficaz

1

3

3

Não são realizadas actualmente

Parcialmente planificadas e realizadas pela equipa ou por outros serviços

Parcialmente planificadas e realizadas pela equipa ou por outros serviços

2 Família

(2.3) Participação e Envolvimento Familiar

5 Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

3 Infância

(3.1) Plena Participação das Crianças na Vida Social

(3.3) Alterações apropriadas no contexto adaptadas às crianças

5

5

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

4 Serviço (4.1) Organograma (4.2) Equipa Multiprofissional (4.3) Papel da Coordenação (4.5) Actividades de Avaliação e Investigação 3 5 5 5

Parcialmente planificadas e realizadas

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

nÍVEL PADRÃO COnVERGênCIAPOnTO DE àS ACTIVIDADES DESCRITAS SIGnIFICADO RELATIVO nESSES PADRõES 5 Programa de Intervenção Precoce (5.1) Plano de Actividades

(5.2) Relatório de Actividades Anual (5.3) Avaliação Externa do Programa de Intervenção Precoce

(5.4) Formação Contínua dos Profissionais

(5.5) Registo do Grau de Satisfação das Famílias 5 5 1 5 5

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas Não são realizadas actualmente

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

Planificadas, realizadas sistematicamente e avaliadas

Parece-nos importante referir que, em 2006, houve apenas um indicador em que 100% dos profissionais cotaram com o valor 5: o indicador 5.1c – O plano de actividades é elaborado com a participação dos profissionais.

Apesar dos pontos de convergência acima indicados, em 2006, houve divergências em alguns indicadores, nomeadamente nos níveis 4 e 5:

l 4.2a. Existe uma gestão adequada do quadro de pessoal – os valores das respostas distribuem-se entre o 3, 4 e 5. l 4.2b. Os profissionais são altamente qualificados para as suas funções e para as tarefas relacionadas com o STIP – a

maioria das resposta dos profissionais situa-se no valor 4

l 5.2a. O relatório de actividades reúne e analisa dados quantitativos relacionados com financiamentos, actividades

comunitárias, formação e investigação. Os valores das respostas distribuem-se entre o 3 e 5

De referir também que, em 2006, a maioria ou totalidade dos profissionais cotou, num ponto diferente do ponto de convergência, os seguintes indicadores:

l 5.5c.Os tópicos avaliados incluem: 1. Envolvimento e parceria; 2. Qualidade de vida; 3. Eficácia da intervenção; 4.

Coordenação do trabalho de equipa e inter-serviços; 5. Grupos de auto-ajuda; 6. Formação continua de pais – a maioria dos profissionais cotou 3 (Parcialmente planificado e realizado).

l 5.4a. O STIP mantém registos actualizados das qualificações dos profissionais, Curriculum Vitae e desenvolvimento

profissional – a maioria dos profissionais cotou 3

Na segunda aplicação, em Junho de 2008, sempre que havia convergência num Padrão, não se constataram divergências nos indicadores desse Padrão.

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Padrões Divergentes

Todos os outros padrões evidenciam uma divergência nas respostas dos vários profissionais da equipa do STIP. Após a análise desta diversidade e sem pretender elaborar uma listagem de sugestões exaustiva e imutável, este rela- tório apontará algumas sugestões que pretendem constituir uma contribuição para o Plano de Actividades da Equipa e, desta forma, contribuir para o aumento de qualidade geral do serviço, competindo posteriormente à coordenação, conjuntamente com a equipa, equacionar a definição de prioridades e recursos da equipa para activar o processo de mu- dança, assim como determinar outras mudanças que apesar de não estarem discriminadas nas práticas recomendadas internacionais, possam fazer mais sentido para as características da equipa, do serviço e da comunidade.

No quadro 28 podemos analisar os padrões divergentes nos dois momentos em que este instrumento foi aplicado aos profissionais.

Quadro 28. Padrões divergentes nos 5 níveis do Questionário de auto-avaliação em Janeiro de 2006 em Julho de 2008

JAnEIRO DE 2006 JULHO DE 2008

nível 1 – Comunidade Listagem (Padrão 1.1)

Procedimentos de Triagem (Padrão 1.3) Informação e Apoio (Padrão 1.4)

Pedido de Intervenção Precoce (Padrão 1.6) Regulamento de Protecção de Dados (Padrão 1.7) Serviços Descentralizados (Padrão 1.8) nível 2 – Família

Abordagem Multidimensional e Holística (Padrão 2.1) Avaliação Interdisciplinar Contínua (Padrão 2.2) Plano Individualizado de Apoio à Família (Padrão 2.4) Responsável de Caso (Padrão 2.5)

Aspectos de Inclusão Social no PIAF (Padrão 2.6) O PIAF Inclui Aspectos Educativos (Padrão 2.7) O PIAF Inclui Aspectos de Apoio à Saúde (Padrão 2.8) Direitos e Deveres do Utente (Padrão 2.9)

nível 3 – Infância

Fortalecer a Autonomia (Padrão 3.2)

Alterações Apropriadas no Contexto Adaptadas às Crianças (Padrão 3.3)

Revisão de Casos (Padrão 3.4) Revisão Anual dos Casos (Padrão 3.5) nível 4 – Serviço

Organograma (Padrão 4.1)

Os Profissionais na Avaliação do Serviço (Padrão 4.4) Contabilidade Organizada (Padrão 4.6)

Requisitos de Segurança (Padrão 4.7) Caracterização Escrita do Serviço (Padrão 4.8)

Promoção de Programas de Base Comunitária (Padrão 4.9) Medidas de Avaliação dos Recursos e dos Procedimentos (Padrão 4.10)

nível 1 – Comunidade Listagem (Padrão 1.1)

Procedimentos de Triagem (Padrão 1.3) Encaminhamento Eficaz (Padrão 1.5) Pedido de Intervenção Precoce (Padrão 1.6) Regulamento de Protecção de Dados (Padrão 1.7) Serviços Descentralizados (Padrão 1.8) nível 2 – Família

Abordagem Multidimensional e Holística (Padrão 2.1) Avaliação Interdisciplinar Contínua (Padrão 2.2) Plano Individualizado de Apoio à Família (Padrão 2.4) Responsável de Caso (Padrão 2.5)

Aspectos de Inclusão Social no PIAF (Padrão 2.6) O PIAF Inclui Aspectos Educativos (Padrão 2.7) O PIAF Inclui Aspectos de Apoio à Saúde (Padrão 2.8) Direitos e Deveres do Utente (Padrão 2.9)

nível 3 – Infância

Plena Participação das Crianças na Vida Social (Padrão 3.1) Fortalecer a Autonomia (Padrão 3.2)

Alterações Apropriadas no Contexto Adaptadas às Crianças (Padrão 3.3)

Revisão de Casos (Padrão 3.4) Revisão Anual dos Casos (Padrão 3.5) nível 4 – Serviço

Os Profissionais na Avaliação do Serviço (Padrão 4.4) Actividades de Avaliação e Investigação (Padrão 4.5) Contabilidade Organizada (Padrão 4.6)

Requisitos de Segurança (Padrão 4.7) Caracterização Escrita do Serviço (Padrão 4.8)

Promoção de Programas de Base Comunitária (Padrão 4.9) Medidas de Avaliação dos Recursos e dos Procedimentos (Padrão 4.10)

nível 5 – Programa de Intervenção Precoce Formação Contínua dos Profissionais (Padrão 5.4)

É de salientar que, ao contrário do que poderia esperar-se, na segunda aplicação destes Questionário de Auto-avaliação, a maioria das questões respondidas pelos profissionais do STIP continuam a ser divergentes, mostrando que não houve ainda uma apropriação de conceitos por parte de todos os elementos da equipa, facto que, certamente merecerá reflexão na própria equipa.

Com o intuito de retirar a maior informação possível deste instrumento, procedeu-se ainda a duas outras análi- ses: “missing values” e valores mínimos e máximos de cada indicador.

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Relação entre Tempo de Serviço e Missing Values (respostas em branco)

Esta análise tornou-se pertinente devido ao número elevado de indicadores sem qualquer tipo de resposta. Re- lacionando as respostas em branco com o tempo total de serviço e o tempo de experiência em IPI, em Janeiro de 2006, verificou-se que os profissionais que estão a trabalhar há menos de 1 ano, dão mais respostas em branco do que os pro- fissionais que trabalham há mais tempo.

Os resultados desta análise, em Junho de 2008, são contrárias aos encontrados em 2006, já que são os profissio- nais que tem entre 6 e 10 anos de serviço (18,6%) que dão mais respostas em branco.

Relativamente ao tempo de experiência em IPI e na equipa do STIP (os valores são iguais), verifica-se que os profissionais que estão há menos de 1 ano na equipa dão mais respostas em branco (21,4%).

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Relação entre Tempo de Serviço e Valores Mínimos e Máximos

No que diz respeito à relação entre o tempo de serviço e os valores mínimos e máximos de cada indicador, em Janeiro de 2006, verifica-se que os profissionais que exercem a sua profissão há menos de 6 anos no STIP dão mais respostas de pon- tuação máxima 5, sendo muito poucas as respostas de pontuação 1. Pelo contrário, os profissionais que exercem a sua profis- são há 6 ou mais anos no STIP consideram que existem mais indicadores que são “não realizados”, isto é dão mais respostas de pontuação 1 e menos respostas com pontuação 5. Da análise destes dados, parece poder concluir-se que os profissionais com mais experiência na equipa do STIP são mais exigentes com as práticas da equipa e os mais recentes, quer por desconhe- cimento da equipa quer por comparação desta aos serviços anteriores, avaliam a equipa do STIP de uma forma mais positiva.

Em Junho de 2008, verifica-se que os profissionais que exercem a sua profissão há mais de 1 ano e menos de 6 anos no STIP dão igual número de respostas de pontuação máxima 5 e de pontuação mínima 1. Os profissionais que estão no STIP há menos de 1 ano e há mais de 6 anos, dão respostas de pontuação máxima 5 na maioria dos indicadores, ou seja, percepcionam os diversos indicadores das actividades descritas nos diferentes padrões de qualidade em IPI tendencialmente como planeados, realizados sistematicamente e avaliados.

Quando comparamos o tempo de serviço total e os valores máximos e mínimos, constatamos que todos os profis- sionais que têm menos que 10 anos de serviço, geralmente dão tanto respostas de pontuação máxima como pontuação mí- nima, embora os profissionais com mais de 10 anos respondam mais na pontuação máxima do que na pontuação mínima. Nesta última aplicação não aparece qualquer padrão que nos permita explicar as respostas dos diferentes pro- fissionais ao questionário de auto-avaliação. Constata-se, no entanto, um número mínimo de padrões em que existe convergência, facto que merece análise mais aprofundada que será feita na discussão dos resultados.

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Comparação entre os dados da Aplicação Inicial e dos dados da Aplicação Final

Com base nos dados recolhidos, foram seleccionados 8 profissionais que estiveram presentes em ambas as aplica- ções do Questionário de Auto-Avaliação, de modo a verificarmos se existem diferenças significativas nas suas respostas dadas em Janeiro de 2006, antes do início da recolha de dados e em Julho de 2008, no final da recolha de dados.

A partir das respostas destes 8 profissionais, foram calculadas médias para cada um dos Níveis e para cada um dos anos. Efectuado o Teste de Wilcoxon, constatou-se que existem diferenças estatisticamente significativas, por Nível do Questionário de Auto-Avaliação. Assim, no que se refere aos valores do Nível I e V, houve um aumento na Aplicação Final (Junho de 2008), relativamente à Aplicação Inicial (Janeiro de 2006), de 62,5% e 75%, respectivamente. Nos va- lores dos Níveis II, III e IV houve um decréscimo na Aplicação Final (Junho de 2008), relativamente à Aplicação Inicial (Janeiro de 2006) de 62,5%, 75% e 87,5% respectivamente.