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3. Construção do Inquérito à perceção da ação das IPSS do distrito de Bragança

3.3. Questionário

Recorri ao inquérito por questionário, pois é uma ferramenta que permite a recolha de dados não apenas quantitativos, mas também qualitativos. Além disso consiste numa forma rápida e direta de recolha de dados úteis ao desenvolvimento deste estudo. Numa primeira fase da minha investigação desenvolvi um pré-inquérito que enviei a uma amostra de dez IPSS de forma a perceber a sua recetividade em relação ao mesmo e se as respostas corresponderiam aos padrões que eu ponderava obter. Como assim aconteceu, fiz apenas uma correção a erros de sintaxe e de delimitação dos campos de resposta e formulei como questionário final, um conjunto de quatro grupos distintos: em primeiro lugar a Caracterização da Organização, depois um grupo direcionado aos Recursos Humanos, seguido dos Recursos Financeiros e por fim a Auto-Perceção da Organização acerca da ação na realidade local. Em cada grupo criei um conjunto de questões de acordo com a temática proposta e de acordo com a Revisão da Literatura efetuada. Passo a apresentar este questionário que se encontra na integra em anexo.

O primeiro grupo do questionário denomina-se Caracterização da Organização e é composto por um conjunto de dez questões que definem em traços gerais a organização e suas finalidades. Em primeira instância procurei perceber qual o concelho em que cada organização se insere, para que no meu estudo possa comparar a existência de IPSS em cada concelho e a atuação levada a cabo no desenvolvimento dos limites dessa localidade ou âmbito local, de acordo com aquilo que considerei como local na revisão bibliográfica. Proponho-me assim a ir além daquilo que existe e é descrito pela Segurança Social (2009).

De seguida, procurei saber qual a classificação da Instituição de forma a identificar quais as tipologias de IPSS existentes no distrito de Bragança de entre Associações de Solidariedade Social, Associações de Socorros Mútuos

,

Centros Sociais e/ou Paroquiais

,

Fundações de Solidariedade Social

,

Santas Casas da Misericórdia

,

Voluntários de Ação Social ou outras, usando por base os estudos de Quintão (2011) para a definição deste conjunto de instituições. Também Quintão (2011) apresentou uma divisão em áreas de atuação do Terceiro Setor e, através dessa exposição desenvolvi a terceira pergunta que correspondia às áreas de atuação da organização,

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para que através destes dados pudesse recolher informações sobre o público/área de atuação a que se dedica cada organização, desde a Infância, Adolescência e Juventude, Terceira Idade, Apoio à deficiência, Apoio a outros grupos de risco (sem-abrigo, toxicodependentes, ex-reclusos) ou outros.

Por outro lado, considerei essencial que neste grupo conseguisse entender de que modo se desenvolvia a atividade de cada organização, em termos das instalações, questionando-as se estas eram próprias ou cedidas por outra entidade à organização, se eram arrendadas ou se haveria outra forma de usufruírem das mesmas. Na mesma linha de pensamento, procurei saber se a entidade dispunha de meios de transporte para os funcionários ou beneficiários e se esse meio de transporte era próprio, alugado ou cedido por outra entidade.

Um dos pontos relevantes para a minha abordagem era analisar a integração das IPSS nas relações em rede a nível local e regional, ou seja, pretendi identificar até que ponto no distrito de Bragança as organizações estão inseridas na comunidade local e atuam em cooperação com outros atores ou fazem parte das Uniões existentes. Assim, a sexta pergunta deste grupo pretende identificar se a organização está integradana União das Misericórdias Portuguesas referenciada por Caeiro (2008) que admitia que a criação desta união foi propícia ao desenvolvimento das Misericórdias, ou se além desta União, as IPSS questionadas fazem parte de outras uniões criadas posteriormente como a União das IPSS, a União das Mutualidades ou outra união existente. Além disso, nas perguntas seguintes questionei as organizações acerca da existência de filiações ou de protocolos com outras organizações ou atores externos, para identificar quais as entidades que maior interação têm com as IPSS e verificar a existência do partenariado definido por Nóvoa (1992).

Para finalizar o primeiro grupo de questionário, inquiri as organizações acerca dos números de sócios e beneficiários, que cada uma delas detinha, pois estando a Economia Social ao serviço das pessoas, é necessário entender-se o alcance de cada instituição.

No grupo dedicado aos Recursos Humanos (uma forma adicional de caraterização da organização), procurei perceber apenas as dimensões humanas da organização, delimitando o número de funcionários de cada organização, a divisão dos

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mesmos por género, as habilitações literárias de que eram detentores e a existência de colaboradores em regime de voluntariado.

O terceiro grupo voltava-se para os Recursos Financeiros de forma a perceber quais as principais fontes de financiamento de cada organização. De acordo com Franco (2005) este financiamento é normalmente obtido através de receitas próprias, apoio público e filantropia. No meu estudo de forma a simplificar a análise dividi estas fontes entre as receitas próprias, oriundas da Segurança Social, o financiamento das entidades de Administração Local (Câmaras Municipais e Juntas de freguesia) ou outras formas de financiamento. Por outro lado inquiri as organizações acerca do valor médio de financiamento anual de que dispunham.

Por último, o grupo D era direcionado para a Auto-Perceção da Organização acerca da sua ação na realidade local, abordando questões essenciais ao meu estudo e procurando conhecer as reais necessidades locais. Comecei então por questionar às organizações se “A oferta de atividades por parte desta organização é suficiente para as necessidades da comunidade local?”. Do mesmo modo, inquiri-as acerca dos fatores que poderiam facilitar ou dificultar a sua atuação a nível local levando-as a escolher de uma lista de fatores, como o são a falta de recursos por parte da organização, falta de recursos por parte das autarquias, falta de recursos por parte das famílias, baixa taxa de natalidade, pouca oferta de emprego, problemas sócio-psicológicos, falta de Informação e E/Imigração.

Para o bom funcionamento das instituições é necessário que disponham de um número suficiente de funcionários e além disso as instalações devem estar adaptadas ao funcionamento da organização. Deste modo procurei compreender se isso acontecia em cada uma delas.

A mudança é outro dos aspetos mais relevantes nas organizações. Para clarificar quais as áreas em que é necessário fazer alterações ou criar novas respostas por parte das IPSS, o Plano Nacional de Reformas de 2011 foi criado de forma a seguir as orientações da Estratégia 2020, tal como Soares (2012) identificou. Uma das principais áreas de atuação para o desenvolvimento destas organizações será o combate à pobreza e à desigualdades social, sendo que neste leque surge como grupo com maior necessidade de intervenção, segundo o autor, a população idosa. Além disso é necessário sinalizar as potencialidades da organização, quer em termos de

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atividades a desenvolver (como Lacerda (2012) descreve, pode haver atividades sociais, culturais, educacionais, desportivas ou outras), quer no que diz respeito a identificação de medidas a adotar para aumentar a eficiência de resposta às populações locais. Entre essas medidas encontram-se algumas identificadas também por Lacerda (2012) como é o caso as parcerias com outras instituições como forma de melhorar a eficiência das IPSS, sendo também necessário criar maior oferta de serviços, aumento das parcerias/colaboração com as instituições locais, aumento do número de funcionários, aumento do número de voluntários, reorganizar o espaço da organização, procurar apoios externos e outras.

Através do inquérito cheguei a 68 IPSS do distrito de Bragança, tendo obtido um total de 30 repostas. Através destes dados procedi ao cálculo da taxa de resposta que representa 44,1% dos inquiridos e do erro médio da amostra que se localiza nos 8,1% (DSSResearch9).

O inquérito foi realizado on-line através da plataforma Google Drive, a partir do mês de Dezembro de 2013 e alargou-se até Abril de 2014, dada a dificuldade em obter um número razoável de respostas. Assim, durante estes cinco meses remeti às IPSS do distrito de Bragança o inquérito por este formulário através de e-mail, tentando sensibiliza-las a responderem ao mesmo. Este envio era renovado quinzenalmente, variando o assunto referente ao e-mail enviado. Escolhi este meio dado que era para mim a forma mais rápida, fácil e que envolvia menores custos na abordagem à organização.

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Cálculo baseado em:

https://www.dssresearch.com/KnowledgeCenter/toolkitcalculators/sampleerrorcalculators.aspx [Consultado em 08/08/2014].

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Concelho em que se inserem as instituições

Gráfico A1.1.Distribuição por Concelho

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