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Capítulo 4 Análise dos dados e apresentação de resultados

4.6 Questionário final

O questionário final foi aplicado no dia 31 de agosto de 2016 e possibilitou à professora-pesquisadora refletir sobre o Projeto que foi realizado ao longo de todo o primeiro semestre letivo. Todos os 26 alunos da turma 601estavam presentes nessa aula. As questões de 1 a 5 foram objetivas, e nos trouxeram os seguintes resultados:

Gráfico 10 – Questionário final – Fala e escrita

Gráfico 11 – Questionário final – Estudo de gêneros textuais

Fonte: própria autora.

Gráfico 12 – Questionário final – Informações sobre o Colégio

Gráfico 13 – Questionário final – Códigos de transcrição

Fonte: própria autora.

Gráfico 14 – Questionário final – Reflexão sobre os usos da língua.

Fonte: própria autora.

Quando o questionário inicial foi aplicado, apenas dezenove alunos assinalaram que as pessoas usam a fala mais frequentemente, e, ao final do projeto, esse número chegou a 25. Como a questão foi objetiva, não nos foi permitido saber o que faz com quem um aluno continue a afirmar que a escrita é mais utilizada no dia a dia.

O fato de os alunos terem se empenhado na realização desse Projeto provavelmente justifique a totalidade de respostas positivas quanto ao maior aprendizado de um gênero

textual através de sua prática, o que motiva os professores a trabalharem cada vez mais frequentemente com projetos, pois é um estímulo à aprendizagem significativa.

Quanto às novas informações, já era esperado que ocorresse, até por que trata-se de uma turma novata no colégio, entretanto, o item 9 do questionário, que perguntou se a fala dos entrevistados atendeu às expectativas dos alunos, os comentários ratificaram essa informação, quando 18 alunos comentaram ter aprendido “coisas novas” sobre o Colégio, 3 disseram que as falas superaram suas expectativas, 2 alunos ressaltaram a simpatia e a educação dos entrevistados, 1 disse que aprendeu que “...no CMBH tem muito mais do que educação e disciplina”. 1 aluno disse que somente alguns entrevistados atenderam suas expectativas, pois falaram além do que lhes foi perguntado e, particularmente, uma resposta despertou a atenção da professora: “Não, pois eu esperava algo sério, formal, porém eles falaram com amor, com carinho ao colégio”. Para esse aluno, muitas de nossas reflexões em sala de aula parecem não ter surtido efeito. Apesar de uma aparente “formalidade” em função de toda a preparação que foi feita para o momento, situações de fala sempre têm um viés de espontaneidade. O lado positivo dessa resposta é que se evidenciou, novamente, a relação de afetividade dos entrevistados para com o Colégio.

Os códigos de transcrição foram considerados por seis alunos como uma dificuldade no trabalho desenvolvido. Na questão subjetiva em que se perguntou sobre as dificuldades que sentiram com esse projeto, houve explicações que justificam essa dificuldade de alguns, quando 8 alunos afirmaram ter dificuldade de “empregar os sinais da fala”. Outras dificuldades que eles apontaram e que a professora já anotara em seu diário de campo, foram quanto ao fato de não poder pontuar nas transcrições e a dificuldade de escutar o áudio repetidas vezes para “passar a fala para a escrita”. Dez alunos afirmaram não terem tido quaisquer dificuldades, o que a professora considera um número bastante elevado, por compreender que as atividades propostas não são, de fato, simples. Requerem muito cuidado e atenção, além de ser um processo demorado, o que fez com que algumas das atividades iniciadas em sala de aula tivessem sua continuação em casa.

Refletir sobre o uso da língua materna em suas duas modalidades era um dos objetivos desse projeto, entretanto 2 alunos disseram que o trabalho realizado não os ajudou nessa tarefa. Provavelmente, a resposta para esse fato se encontre na questão 7, quando os alunos foram convidados a expor sobre o que mais gostaram do trabalho desenvolvido: 1 disse que gostou de “tirar foto”. Nota-se que a motivação pretendida não alcança todos os alunos, o que

é algo com que os professores estão acostumados a lidar. É perfeitamente compreensível que os interesses das pessoas são diferentes e que também o professor não é o “dono da razão”. Embora ele tente acertar, inúmeras vezes, erra. Também a heterogeneidade de público com a qual os professores lidam em sala de aula interfere bastante na maneira como os saberes são construídos. Mas, houve mais ganhos que perdas. Apenas um aluno mostrou-se indiferente em um único dado momento: os trabalhos desenvolvidos não o ajudaram a refletir sobre o uso da fala e da escrita. Entretanto, a professora crê que na memória desse aluno tenham ficado registrados muitos momentos que, futuramente, farão com que ele se lembre de algumas informações. Ninguém saiu completamente indiferente dessa experiência.

E, como a aprendizagem é constante, principalmente para os professores, a atenção ao que os alunos têm a dizer não pode ser menosprezada. A maioria dos alunos relatou, por exemplo, ter gostado de perceber a emoção dos entrevistados em estar ali naquele momento. Um deles apontou que gostou mais das histórias contadas por um dos entrevistados, ou seja, uma das entrevistas despertou-lhe maior atenção, e isso, certamente, promoveu uma aprendizagem significativa para o aluno. Outro fato que merece destaque foi a menção às aulas terem acontecido no espaço da biblioteca. De fato, é um espaço amplo, arejado, menos “formal” que a sala de aula, onde as carteiras estão em fila simples e os alunos posicionam-se de acordo com o carômetro (listagem, com foto do rosto dos alunos, indicando o local em que cada um deles deve se assentar, na sala de aula) .

Perguntados sobre as ações que executaram ao retextualizar as entrevistas, destacaram- se a inserção da pontuação, que foi mencionada por 13 alunos, a eliminação de palavras (citada nove vezes), o corte de trechos inteiros (5 sinalizações). A substituição de palavras foi referida por 6 alunos, o acréscimo de palavras apareceu 3 vezes. A concentração para transcrever também foi relatada por quatro alunos. Um aluno fez a seguinte ponderação: “Eu consegui compreender como transcrever falas mais realisticamente, colocando tudo que a personagem faz”. As escolhas do pronome tudo e do advérbio realisticamente pareceram à pesquisadora bastante significativas, mostra que o aluno realmente procurou ficar atento a cada detalhe da fala, pois que a interação face a face é muito rica em elementos que se “perdem” no texto escrito.

Na questão em que se perguntou o que o número de acessos (325) às entrevistas no dia em que foi aplicado o questionário representa para eles, houve respostas muito interessantes, como as que se destacam a seguir:

1) “Para mim isso é uma superação, porque tenho vergonha e nunca tinha entrevistado ninguém.”

2) “É impressionante, mas as entrevistas não ficou para nós do 6º ano, mas sim para todos, não só CMBH, mas para todos que acessarem o site.”;

3) “Isso me traz um orgulho enorme, achei que seria algo pequeno, mas olha aonde chegamos.”;

4) “Sucesso! Acho muito legal que uma atividade de sala ‘evolua’ desse jeito.”;

5) “Representa que um simples projeto de entrevista se tornou um grande atrativo no site do CMBH”.

Cada aluno, à sua maneira, demonstrou ter gostado de participar do Projeto. Os comentários foram todos positivos. Usando a expressão de muitos dos alunos, “valeu a pena”.

Capítulo 5:

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