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R ELAÇÃO PEDAGÓGICA

No documento Um olhar sobre dois mundos (páginas 49-52)

B) O papel do Tutor (IEGR)

II. Metodologias: tarefas e prolongamento do trabalho em casa

8. R ELAÇÃO PEDAGÓGICA

“Cada vez mais a eficácia do professor no processo de ensino/aprendizagem passa não apenas pelos seus conhecimentos específicos no plano dos conteúdos programáticos, mas também pelo seu sucesso no plano da relação pedagógica.”1 Longe

vão os tempos em que o processo de ensino/aprendizagem se resumia ao que o professor transmitia, isto é, a ideia de que o aluno teria de ouvir e aceitar tudo o que o seu docente lhe transmitia sem o pôr em causa, está completamente fora da esfera do ensino actual.

Hoje é tudo muito mais global, basta atendermos que quase todos os discentes têm acesso a meios de comunicação, o que faz com que a sua visão do mundo seja bastante diversificada, para além de que o papel do professor já não é o mesmo e está em constante mutação. É por isso e não só, que a relação pedagógica é cada vez mais

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importante em todo o processo, afinal o principal papel do docente será o de formar cidadãos conscientes.

Quando se fala em relação pedagógica, não se remete para uma relação íntima de afectos, pois não será esse o papel do professor, o de substituir a família.

“As alterações ocorridas durante as últimas décadas na sociedade, em geral, e no sistema educativo, em particular, implicaram algumas mudanças na educação escolar e na profissão docente.” 2 Se todos nós somos um produto da sociedade que nos rodeia,

também no ensino haverá transformações obrigatoriamente, basta pensar que muito recentemente se passou de um tipo de ensino em que as elites eram privilegiadas, para um ensino de massas em que a escola é vista como uma imposição ou um dever, o que provocará determinados comportamentos de desinteresse e indisciplina.

É neste sentido que os casos da ESCCB e do Instituto Espanhol são dois exemplos deste tipo de situações. Se por um lado temos uma escola pública em que o tipo de alunos é variadíssimo, funcionando como um centro educativo multicultural, por outro o Instituto pode ser visto como um estabelecimento de ensino de minorias devido às suas especificidades, sendo desta forma muito mais exclusivo.

Tendo em conta a especificidade da profissão de docente e sendo que “ embora não haja “receitas” pedagógicas universais, aplicáveis com sucesso a todos os alunos e por todos os professores, pois a prática deve ser personalizada e situacional”3, poder-se-á

afirmar que o professor terá sempre que adaptar a sua metodologia de ensino de acordo com o grupo de trabalho, pois não existem “dois alunos iguais” assim como não foi ainda criado um manual que possa orientar o trabalho do professor, para que este concretize com sucesso todo o processo de ensino e aprendizagem. Temos de nos adaptar aos nossos próprios alunos, afinal de contas são eles o elemento central de toda a questão. Certamente que será muito mais aliciante conseguir “transformar” um grupo que no início se apresenta como desinteressado e problemático, ou seja que quanto maior o desafio maior será a recompensa no final de todo o trabalho.

2 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 5. 3 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 6

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“A relação pedagógica constitui um domínio particular do estabelecimento e desenvolvimento de relações interpessoais”4. Como já havia referido anteriormente, a

relação pedagógica faz-se através da criação de relações. Esta não pode ser reduzida à questão da transmissão e da recepção de conhecimentos por parte de professores e alunos respectivamente, sobretudo em níveis mais básicos. Desta forma o docente terá que contribuir para um ambiente salutar dentro e fora do espaço de aula, para que a sua tarefa se torne mais fácil e para que os alunos também se sintam mais motivados. Daí que não podemos cair no erro de emitir determinados juízos de valor em relação aos nossos alunos, pois «“categorizar um aluno”, é condená-lo a resignar-se ou a revoltar- se»5. Assim sendo devemos sempre procurar potencializar o seu desenvolvimento pessoal e social criando um clima de confiança. Este clima no entanto não deve ser baseado no autoritarismo, “muitas vezes o autoritarismo e a distância são estratégias usadas pelos professores para criarem e manterem um clima de respeito na sala de aula”6, pois esta postura cultiva a distância pedagógica entre as partes e a consequente

desmotivação. Tem que ser “cultivado” um clima de confiança entre as partes, porém sem nunca tomar o rumo da permissividade. É neste sentido que por exemplo os contratos pedagógicos celebrados entre as partes, em que todos se consciencializam dos seus deveres mas também dos seus direitos, são uma boa técnica. Esta situação pude presenciá-la na ESCCB e é de referir que os alunos, salvo raras excepções, foram tomando consciência do que podiam ou não fazer dentro da sala de aula. “O diálogo e a negociação parecem ser as vias mais adequadas para a resolução dos problemas na sala de aula.”7, e quer na ESCCB, quer no Instituto Espanhol, questões como o diálogo e a

negociação permitiram resolver alguns mal-entendidos, ajudando na criação de um clima de respeito mútuo. É importante que o professor consiga discernir e avaliar todas as situações, recorrendo a todos os métodos, e a negociação e o diálogo são sem dúvida excelentes técnicas.

4 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 9 5 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 11

6 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 13 7 JESUS, Saúl Neves de (2003) Influência do Professor sobre os Alunos. Porto, Colecção Cadernos Pedagógicos, Edições Asa. p. 14

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Portanto posso referir que em toda a minha Prática de Ensino Supervisionada, quer na ESCCB, quer no Instituto Espanhol, os eventuais conflitos ou problemas foram rapidamente resolvidos de uma forma sublime por parte dos docentes e sem que os alunos se sentissem injustiçados, porque é esse o sentimento que devemos evitar para que o nosso trabalho e o dos alunos seja profícuo.

No documento Um olhar sobre dois mundos (páginas 49-52)

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