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Segundo Farah (1990), a partir da década de 70 consolidou-se no Brasil a busca, entre as propostas formuladas para o setor da construção, da racionalização da construção. Este conceito é tido como algo intermediário entre a maneira tradicional de se construir e a construção industrializada, que requeria uma mudança brusca na maneira de se construir. Procura-se, portanto, reduzir a ocorrência de erros, minimizar perdas e diminuir tempos ociosos, aumentando a produtividade, através da antecipação das atividades nas fases de projeto e planejamento. Tratar a construção como um processo de produção industrializado é um fator que ajuda quem a administra a ter sucesso no padrão de qualidade de um empreendimento. Fatores estão ligados com tempo, mão de obra e aproveitamento máximo dos recursos disponíveis para o desenvolvimento correto de um projeto.

Um pensamento relativamente novo na construção civil, na qual visa aproveitar o máximo de tempo, organização e materiais, é a racionalização. Segundo Melhado (1994), a racionalização é um princípio que pode ser utilizado em qualquer processo ou sistema construtivo, por meio da simplificação de operações e aumento da produtividade que resulte em diminuição dos custos. O autor, ainda, avalia que a implantação desse em um empreendimento, otimiza a economia e aumenta os lucros internos de uma empresa, pois visa fazer o maior uso possível dos recursos disponíveis. Segundo Sabbatini (1989), considera-se a Racionalização Construtiva, como o conjunto de ações que tem por objetivo otimizar o uso de todos os recursos disponíveis, em todas as fases do empreendimento.

Segundo Mattos (2006), a busca constante por economia na construção civil tem se tornado um paradigma para os indivíduos envolvidos. Um dos requisitos básicos de economia é a redução de custo de materiais e aumento da produtividade, tem levado as construtoras à utilização de novas tecnologias. É claramente notável que uma obra, independentemente de seu

cliente, recursos, localização, prazos, é considerada uma atividade econômica, no qual o requisito custo, que começar a ser analisado antes do início da obra, é de suma importância.

Helene e Terzian (1992), sugerem que o processo de produção na construção civil seja decomposto em quatro grandes tapas: a de planejamento; a de projeto; a de fabricação de materiais e componentes fora do canteiro de obras e a de execução propriamente dita. Depois de terminada a obra segue-se a etapa de uso, que contempla as atividades de operação e a de manutenção. O nível de satisfação do usuário e o desempenho do edifício dependem muito da qualidade das quatro primeiras etapas, em especial das etapas de planejamento e projeto, ou seja, a observância aos aspectos e níveis de qualidade de um projeto, pode ser determinante para obtenção de um excelente produto final. A qualidade da construção está ligada diretamente a estes fatores, visto que o trabalho final é dependente destas etapas. A forma de racionalizar, entretanto, possui três fases: verificação de pontos falhos de uma empresa, análise da possibilidade de melhorias e, por fim, implantação destas, e cada um destes passos têm métodos a se trabalhar.

Gehbauer (2004), complementa que para um empreendimento ter sucesso é necessário usar como fonte de sobrevivência o raciocínio, e utilizar fatores simples dentro da empresa como estratégias marcantes para o sucesso. Para isso, é necessário o máximo de racionalidade na realização de projetos ou das atividades produtivas, com o menor dispêndio de trabalho visando os custos mais favoráveis possíveis, com a mais alta taxa de produtividade e um máximo de segurança no ambiente de trabalho. A união do planejamento, aquisição, administração, marketing e postura orientada ao cliente é o caminho para o sucesso almejado. O autor, ainda, indentifica que são três tipos de avaliação para melhor obtenção de resultados: a do tipo 1, tipo 2 e tipo 3. A do tipo 1 visa a redução dos custos no fluxo de material, na minimização das distâncias de transporte, na otimização das máquinas empregadas, na melhoria do fluxo de informações, da capacidade das pessoas envolvidas levando como fatores a qualidade e o tempo que colocam efetivamente o processo da produção e do canteiro de obras no centro das atenções. A racionalização do tipo 2 são estudos na área da gerência da empresa em que as ineficiências são mais transparentes e o seu tratamento exige um procedimento mais complexo. Por último, a racionalização do tipo 3 são as limitações inerentes à indústria da construção civil de influenciar os fornecedores da cadeia produtiva para que cooperem perspectiva de uma otimização do produto, nesse caso, pode ser inserido os arquitetos e projetistas.

Segundo Ribeiro e Michalka Jr. (2003), a construção funciona de forma dissociada, com suas fases interagindo sem coordenação entre si. Entre essas fases existem

incompreensões, falta de informações, mal-entendidos, tudo colaborando para que ocorra perda de tempo, erros e repetições. Esta situação é incompatível com qualquer processo de industrialização. O sistema de comunicação empresarial deve ser levado em consideração para qualquer tipo de empreendimento, sendo uma das partes fundamentais para o desenvolvimento correto da obra, seja ela qual for. Os erros de comunicação são comuns na construção civil, e, são erros que, desperdiçam tempo e mão de obra. A racionalização traz outros objetivos para um projeto, quanto ao seu impacto ambiental. A minimização de resíduos é uma das principais maneiras de se reduzir o impacto ambiental e envolve processos durante todo o ciclo de vida de uma construção, desde a racionalização do processo construtivo, componentes reusados e/ou renováveis, até o fim do seu ciclo de vida. A partir de então, o conceito de ecoeficiência que, segundo o WBCSD (2000), é obtida pela entrega de bens e serviços cm preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vida, progressivamente reduzindo impactos ambientais dos bens e serviços através de todo o ciclo de ida para um nível, no mínimo, em linha com a capacidade estimada da Terra em suportar.

Vale destacar também a absoluta necessidade de intervenções frente ao setor da construção civil, devido aos seus impactos ambientais e riscos aos trabalhadores envolvidos. Assim, a racionalização de processos construtivos é essencial, uma vez que busca esforços de racionalização, coloca-se o processo da produção e o canteiro de obras como fontes de observação, considera-se os fatores qualidade e tempo através de ações sobre o fluxo de material, percurso, estoques e otimização de mão-de-obra e equipamentos (MELO et al. 2008).

2.5.1 Racionalização construtiva com o uso de estruturas metálicas

O sistema construtivo com uso de estruturas metálicas é um sistema muito eficiente quanto à racionalização. Por ser um método de fabricação controlado, com ele somos capazes de aproveitar melhor os recursos disponíveis num canteiro de obra, como espaço, materiais e velocidade de execução, devido a interação dos processos envolvidos – reduzindo o prazo de entrega.

A estrutura da obra é toda industrializada, portanto não é feita in loco e com mão de obra desqualificada. O processo de montagem das ligas metálicas é feito a partir do momento em que a fundação do edifício está pronta. Um fator a ser considerado também, com o uso de estrutura metálica, há a possibilidade de ter processos simultâneos, ou seja, enquanto a fundação é feita, as peças metálicas já podem ter início de produção, segundo Bellei et al. (2004), a

estrutura metálica tem vantagem em relação aos outros materiais em relação ao prazo, porque o tempo de execução é curto.

Outro fator a ser analisado, é a organização do canteiro de obras. Como não tem a necessidade de fazer grandes produções de concreto, o desperdício de material é relativamente baixo, porque não há o manuseio em grande escala de cimento, areia, madeira, brita ou armação; e o consumo de revestimentos se torna menor, que segundo Bellei et al. (2004), há maior precisão de fabricação, de nível milimétrica, fazendo com que seja consumido menos emboço e reboco. Segundo Pinheiro (2005), há possibilidade de reaproveitamento dos materiais em estoque, ou até mesmo, sobras de obra, que não sejam mais necessários à construção e permite, se necessário, possibilita a desmontagem das estruturas e sua posterior montagem em outro local, sem fazer uso de demolições.

O espaço disponível para o canteiro é menor e mais limpo porque as peças metálicas chegam prontas para serem montadas, o que faz o processo de montagem eficiente, sem barulho, poeira ou sujeira; sem a necessidade de grandes espaços de manuseio. Pinheiro (2004), diz que a construção que for utilizada este método será mais rápida e mais limpa.

A estrutura metálica é ligeiramente mais leve que a estrutura em concreto armado. A estrutura em aço é, em média, dez vezes mais leve que uma estrutura feita em concreto armado, o que gera economia de materiais.

Devido ao menor peso do edifício em aço (o esqueleto metálico pesa em média dez vezes menos que o de concreto), possibilitando uma redução no número de estacas por base e/ou do número de bases com o emprego de vãos maiores. (BELEI et al., 2005, p. 5)

2.5.2 Racionalização construtiva com o uso de sistemas industriais

Segundo Bruna (1976), a industrialização está essencialmente associada aos conceitos de organização e de produção em série, os quais devem ser entendidos, analisando de forma mais ampla as relações de produção envolvidas e a mecanização dos meios de produção. A história da industrialização identifica-se, num primeiro tempo, com a história da mecanização, isto é, com a evolução das ferramentas e máquinas para a produção de bens. Essa evolução pode ser dividida em três grandes fases: a primeira, que assinala os primórdios da era industrial, assiste ao nascimento das máquinas genéricas ou polivalentes. Estas, pelo fato de poderem ser reguladas livremente, reproduzem de certa maneira as mesmas ações artesanais anteriormente executadas, diferindo destas pelo fato de serem movidas por uma energia diversa daquela muscular ou natural localizada, como uma queda de água. São máquinas que, dentro

dos limites de sua própria versatilidade, são capazes de executar uma multiplicidade de ações produtivas cabendo ao operário tão-somente comandá-las e ajustá-las.

A industrialização na construção civil é diretamente ligada à indústria, onde é feito o material básico para a formação da base, esqueleto, vedação e acabamento de construções. É um processo simultâneo, que faz com que várias partes de um prédio – por exemplo –, sejam produzidas ao mesmo período. Segundo Doniak (2012), a industrialização da construção civil significa a efetiva adoção dos sistemas industrializados, ou seja, produzidos na indústria.

Segundo Moura e Sá (2013), vários são os benefícios da industrialização, como: facilidades de controle e segurança; elevado nível de qualidade na produção; baixo índice de desperdício; redução do número de operários; modulação, uniformidade e padronização; velocidade de execução; e, principalmente, redução na geração de resíduos. Frutos de um sistema caracterizado por um ambiente controlado, em que as perdas são eliminadas, os re- síduos são reduzidos e, principalmente, em que há a maximização da produtividade e qualidade final da execução do produto. Sendo esta apontada como futuro certo da evolução da construção.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

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