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3.2. RADIOLOGIA

3.2.8 Radiografia intra-oral

Existem várias indicações para esta técnica (ROZA, 2004):

a) Fraturas dentárias – avaliação do estado da(s) raiz(es) e da existência ou não de fraturas ósseas associadas (Figura 12) (ROZA, 2004);

Figura 12 – Fratura do ângulo da mandíbula (ROZA, 2004).

b) Afecções periodontais – avaliação de perda óssea horizontal ou vertical para definição de tratamento e das lesões de furca (Figura 13) (ROZA, 2004);

Figura 13 – Perda óssea e lesão de furca (ROZA, 2004).

c) Lesões de reabsorção – avaliação de lesões radiculares reabsortivas (Figura 14) é um exame muito utilizado em felinos para o diagnóstico de LROF (ROZA, 2004);

Figura 14 – Reabsorção dentária em felinos (ROZA, 2004).

d) Extrações (pré e pós) – uma extração é melhor avaliada com o auxilio de uma radiografia para se visualizar anquiloses e alterações de formato de raiz, além de fraturas. Logo após o procedimento a nova radiografia serve para verificar se existe ou não fragmentos radiculares e o estado do osso alveolar remanescente (ROZA, 2004);

e) Monitoramento de tratamentos endodônticos – muitos são feitos para uma plena avaliação do tratamento e posteriormente para verificação de patologias remanescentes (ROZA, 2004);

f) Ausência de dentes – avaliação de diagnóstico diferencial entre hipodontia e dentes que não erupcionaram (ROZA, 2004);

g) Mobilidade dentária – devido à doença periodontal ou traumática (ROZA, 2004);

h) Avaliação da oclusão – determinação da maloclusão dentária (ROZA, 2004);

i) Alterações de coloração dentária – o escurecimento de um dente pode estar relacionado a uma patologia pulpar (ROZA, 2004);

j) Neoplasias – a determinação da massa encontrada na cavidade oral assim como, o seu tamanho e localização, permitem um melhor planejamento cirúrgico (ROZA, 2004);

k) Cáries – auxiliam na determinação da extensão e profundidade das cáries para um melhor planejamento do tratamento (ROZA, 2004);

l) Implantes – muito utilizados em várias etapas do tratamento para monitoração e orientação (ROZA, 2004).

A determinação do posicionamento dos filmes intra-orais pode ser difícil (HAN, 2007).

Esta projeção tem por objetivo mostrar a porção rostral da mandíbula ou da maxila sem a sobreposição de imagens. Para uma imagem mais detalhada, recomenda-se o uso de filme de exposição direta; para uma imagem de qualidade é necessário que o crânio esteja na posição ventrodorsal ou dorsoventral (HAN, 2007).

Maxila – coloca-se o paciente em decúbito esternal com o tubo traqueal afixado na mandíbula. Deve-se posicionar o canto do filme de exposição direta dentro da boca do animal o mais próximo possível desta, sem esquecer-se de identificar o lado direito e o esquerdo (Figura 15) (HAN, 2007).

Figura 15 – Posicionamento para projeção intra-oral da maxila (HAN, 2007).

Mandíbula – sua projeção é ventrodorsal com os membros dianteiros posicionados de forma estendida e caudalmente. Deve-se colocar o canto do filme de exposição direta o mais profundo possível, mantendo a língua para baixo do centro da mandíbula. Posiciona-se o colime e identifica-se o lado direito ou o esquerdo (Figura 16) (HAN, 2007).

Figura 16 – Posicionamento para a projeção intra-oral da mandíbula (HAN, 2007).

Posicionamento Oblíquo Lateral na Arcada Dentária Maxilar (Esquerda 30o Ventral-direita Dorsal Oblíqua e Direita 30o Ventral-esquerda Dorsal Oblíqua) – este posicionamento possibilita a análise dos pré-molares e molares maxilares sem a ocorrência de sobreposição. O animal deve ser colocado em decúbito lateral direito para a realização da radiografia da arcada maxilar direita e em decúbito lateral esquerdo para a arcada maxilar esquerda (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007). Deve-se amarrar o tubo endotraqueal na mandíbula, manter a cavidade oral aberta e oblíqua além do posicionamento de 30o do crânio na posição ventrodorsal. Posicionar o colime e identificar a projeção oblíqua (Figura 17) (HAN, 2007). O filme a ser utilizado pode ser o no 2 ou 4, o qual será colocado no interior da boca colocando o marcador do filme na direção do aparelho de raio-X. O filme deve ser posicionado na coroa dentária o qual ao ser fechar a boca, as cúspides não causem nenhuma alteração no filme. A localização do ângulo bissector deve ser entre a raiz mesial para o dente quarto pré-molar e plano ao filme. O cone do tubo-cabeça será posicionado perpendicularmente ao plano bissector e o cone deverá formar linha com o filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).

Figura 17 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária maxilar (HAN, 2007).

Posicionamento Oblíquo Lateral na Arcada Dentária Mandibular (Esquerda 30o Dorsal-direita Ventral Oblíqua e Direita 30o Dorsal-esquerda Ventral Oblíqua) – este posicionamento possibilita a análise dos pré-molares e molares mandibulares (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007) sem a ocorrência de sobreposição. O animal deve ser colocado em decúbito lateral direito (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; HAN, 2007) para a realização da radiografia da arcada mandibular direita e decúbito lateral esquerdo para a arcada mandibular esquerda. Deve-se amarrar o tubo

endotraqueal na maxila, manter a cavidade oral aberta e oblíqua além do posicionamento de 30o do crânio na posição dorsoventral. Posicionar o colime e identificar a projeção oblíqua (Figura 18) (HAN, 2007). Pode-se utilizar o filme 0, 2 ou 4 neste caso. A técnica de paralelismo será usada com o filme inserido na região lingual e paralelo ao eixo caudal do dente mandibular e o marcador do filme estará direcionado para cima e caudalmente. O cone do tubo-cabeça ficará posicionado centralmente aos raios-X e perpendicularmente ao filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).

Figura 18 – Posicionamento para projeção lateral oblíqua da arcada dentária mandibular (HAN, 2007).

Incisos e Caninos Maxilares – o paciente deve estar na posição esternal, o filme a ser utilizado pode ser o no 2 ou 4, o qual será colocado no interior da boca paralelamente ao palato colocando o marcado do filme para fora da boca. Os dois caninos devem estar em contato com o filme e o plano deste deve ser paralelo a mesa.

No ângulo bissector, a angulação deve ser entre o filme e a raiz do dente canino, a depender do tamanho deste. O cone do tubo-cabeça será posicionado centralmente aos raios-X sendo perpendicular ao plano do ângulo bissector (TSUGAWA;

VERSTRAETE, 2000).

Maxilar Pré-molar Rostral – pode-se obter com o paciente em decúbito lateral, utilizando-se filme de tamanho 0 ou 2 colocados na linha mediana e o ângulo bissector estará na região caudal da maxila. O tubo-cabeça estará medial e na posição maxilar-rostral, precisando apenas de pequenos ajustes (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).

Incisivos e Caninos Mandibulares – o ângulo bissector é utilizado na posição de decúbito dorsal. Se faz uso dos filmes de tamanho 2 ou 4 inseridos dorsalmente na região lingual da frênula. Para se fixar o filme no lugar, pode-se fazer uso de uma gaze embaixo do filme, fixando-o no local. A cabeça do paciente deve ficar paralela a

superfície da mesa. O ângulo bissector será entre o filme e a raiz do canino (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).

Mandibular Pré-molar Rostral – obtêm-se com o uso da técnica do paralelismo, utilizando-se filme de tamanho 0 ou 2 colocados na linha mediana e o filme posicionado no ápice do primeiro pré-molar. O filme estará posicionado paralelamente com a região mesial e lingual na área rostral da frênula da língua. O tubo-cabeça estará posicionado paralelamente ao plano do filme com os raios-X central e perpendicular ao filme (TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000).

Os filmes intra-orais podem ser trabalhados com tubos estacionários, os quais, possuem uma distância foco-filme (DFF) fixa de 90 a 100cm e precisam de uma exposição de aproximadamente 40mAs. Se for possível que o tubo seja colocado a uma DFF de 30 a 38cm tornar-se-ia a condição ideal para trabalhar, podendo-se usar nesta uma exposição de aproximadamente 10mAs (HAN, 2007).

Alguns aparelhos de raios-X possuem um ponto focal pequeno ou grande e ao se fazer uso de uma DFF reduzida a estação de mAs forma um pequeno ponto focal, o que irá contrabalançar a penumbra criada pela DFF reduzida e aumentar os detalhes radiográficos (HAN, 2007).

O valor mais alto para a quilovoltagem (kVp) de ambas as DFF varia de 65 a 80kVp a depender do tamanho do animal. Em um cão de pequeno porte pode ser utilizado 65kVp para a penetração apropriada do feixe primário, mas um cão de grande porte pode utilizar um valor elevado de 80kVp na penetração do feixe. Pode ter algumas variações no kVp entre os filmes intra-orais dos incisivos e dos molares. Ao se comparar com os molares, os incisivos vão precisar de um kVp levemente mais baixo que os dos molares (HAN, 2007).

Existem também as técnicas de radiografia intra-oral do paralelismo (ou paralela) ou da bissetriz (ou ângulo de bissecção) (LEON-ROMAN; GIOSO, 2002;

ROZA, 2004; HAN, 2007) sendo que, ambas exigem posições diferentes do cone do aparelho radiográfico para o dente em foco; caso o feixe primário seja posicionado perpendicularmente ao dente, a imagem aparecerá mais longa que o objeto real e se o feixe primário for posicionado perpendicularmente ao filme, a imagem aparecerá mais curta que o objeto real. Prevenindo desta forma o surgimento de alterações na imagem, que venham a prejudicar o diagnóstico e o tratamento como, por exemplo, distorções, encurtamentos ou alongamentos da imagem (Figura 19) (LEON-ROMAN; GIOSO, 2002; ROZA, 2004; HAN, 2007).

As técnicas de posicionamento para a radiografia intra-oral são (ROZA, 2004;

MITCHELL, 2005; HAN, 2007):

Técnica do Paralelismo – Empregam-se quando o eixo longo do objeto e o filme encontram-se paralelos (ROBINSON; GORREL, 1995; HOLMSTROM et al., 2004; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; BELLOWS, 2006; HAN, 2007;

MARRETTA, 2007; COLMERY III, 2008; NIEMIEC, 2008); pode ser realizada para os dentes pré-molares e molares mandibulares (ROBINSON;

GORREL, 1995, TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; ROZA, 2004; raízes dos incisivos e caninos, a linha central deve formar um ângulo de 20º com o plano do filme (BELLOWS, 2006).

Técnica do Plano Bissector ou Bissetriz – Permite que o dente retratado encontre-se mais próximo do seu tamanho real (HAN, 2007), ou seja, permite mínima distorção de imagem o que é importante na aplicação da endodontia (GIOSO, 2007). Empregam-se quando o objeto e o filme não se encontram paralelos, como no caso dos dentes maxilares, caninos e incisivos mandibulares (ROBINSON; GORREL, 1995; TSUGAWA; VERSTRAETE, 2000; ROZA, 2004; MITCHELL, 2005; HAN, 2007). O filme será colocado o mais próximo do objeto a ser radiografado e o ângulo formado deve ser bisseccionado por uma linha imaginária, o qual permitirá que o feixe de luz dos raios-X (feixe primário) fique direcionado perpendicularmente a essa linha de bissecção (Figuras 19 e

posicionamento do filme na formação da angulação adequada (COLMERY III, 2008).

Figura 19 – Técnica da Bissetriz, correlacionada ao eixo do dente e o filme. A - Alongamento, B - Encurtamento e C - Técnica da Bissetriz (LEON-ROMAN;

GIOSO, 2002).

Figura 20 – Técnica paralela, usada para os pré-molares e molares mandibulares (HAN, 2007).

Figura 21 – Técnica do ângulo de bissecção (HAN, 2007).

Existe uma técnica radiográfica auxiliar conhecida como Técnica da Localização Radiográfica, esta é utilizada junto com a técnica do plano bissector em dentes multirradiculares, como por exemplo, o dente quarto pré-molar maxilar. Por este dente possuir três raízes mesiovestibular e palatina o resultado final ficará sobreposto, sendo assim, o objetivo desta técnica é separar as sobreposições para uma avaliação adequada de todas as raízes. Utilizando-se uma unidade radiográfica odontológica, deve-se angular suavemente a cabeça do tubo em posição mesial ou distal, mas mantendo os outros ajustes (MITCHELL, 2005).

A mudança de ângulo permite a separação das imagens e para determinar qual das raízes foi movida, utiliza-se à regra de SLOB (same lingual-opposite buccal), a qual auxilia o operador quando a cabeça do tubo é deslocada mesialmente a raiz lingual ou a palatina que são deslocadas na mesma direção do filme enquanto que a raiz vestibular ou a mesiovestibular se desloca em direção oposta na película radiográfica. Caso o tubo seja deslocado distalmente, o seu oposto será verdadeiro (MITCHELL, 2005;

NIEMIEC, 2008).

Vários pacientes necessitam de um posicionamento do tubo-cabeça (tubo do aparelho radiográfico e a cabeça do paciente) muito similar a depender do caso. A posição tubo-cabeça e angulação caudal para a verificação dos dentes caudais são bem similares aos cães pequenos e aos grandes (BECKMAN, 2008).

Na realização em cães, deve-se ter um senso de controle do posicionamento do tubo-cabeça na formação do ângulo de 45-70 graus no processo da imagem na formação da técnica de paralelismo adequada (BECKMAN, 2008).

É importante saber o tempo de exposição à radiação da imagem, pois o kVp e a mA são constantes (Tabela 3) (NIEMIEC, 2008).

Tabela 3 – Técnicas radiográficas dentárias em segundos*.

Tipos de Pacientes (Cães) Mandíbula (segundos)** Maxila (segundos)**

Raças Toy 0,15 – 0,22 0,17 – 0,27

*Nota: os números são apenas um guia para aparelhos odontológicos.

**Utilizando o filme D speed, deve-se diminuir o tempo de exposição pela metade.

Podem-se usar vários artifícios para auxiliar a posicionar os filmes na cavidade oral do paciente. Gaze, papel toalha, rolinhos de cabelo flexíveis, blocos de espuma ou qualquer outro material que possa auxiliar sem prejudicar a qualidade da radiografia. O uso de bolinhas de toalha de papel permite a formação de suporte de vários tamanhos, o que promove uma posição adequada (BECKMAN, 2008).

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