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Radioterapia interna ou braquiterapia

No documento Cancro da próstata (CP) (páginas 31-57)

Cancro da próstata (CP)

2- Radioterapia interna ou braquiterapia

Consiste em inserir pequenos recipientes dentro da próstata, mais pequenos que uma lentilha, de material radiativo (Iodo-125). As agulhas, através das quais se introduzem as sementes, perfuram através do períneo. A braquiterapia realiza-se com anestesia num internamento que dura aproximadamente 24 a 36 horas e o doente costuma ter alta no dia seguinte à intervenção.

Cancro da próstata (CP)

2- Radioterapia interna ou braquiterapia

Cancro da próstata (CP)

Efeitos secundários da radioterapia:

- Cansaço;

- Irritação ao urinar ou cistite;

- Impotência sexual ao lesar os vasos sanguíneos e os nervos necessários para produzir ereções. Isto acontece na maioria dos casos, ainda que este efeito possa manifestar-se apenas mais tarde.

Cancro da próstata (CP)

Crioterapia

Consiste na congelação do tecido da próstata para eliminar as células cancerígenas. Com o doente anestesiado e mediante uma ecografia transretal são colocadas sondas nas quais circula gás líquido que congela o tecido celular da próstata. Simultaneamente, um líquido quente passa pela uretra para evitar que esta também congele.

Como ainda se encontra uma fase inicial de investigação não é vista como a 1ªopção de tratamento dado que ainda não há certezas de que seja tão efetivo como a cirurgia ou a radioterapia. No entanto, é uma opção a considerar em doentes com >70 anos ou naqueles em que há uma recidiva da doença mesmo após radioterapia.

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Efeitos secundários da crioterapia -Irritação da uretra ou da bexiga:

Sensação de irritação ao urinar; Dor;

Desconforto ao defecar; Inchaço do pénis;

Inchaço do escroto.

-Cicatrizes na uretra que causem aperto da mesma e, como consequência, originem dificuldade ao urinar;

-Formação de lesões entre a uretra e o reto;

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia

O CP é sensível a determinadas hormonas, principalmente a testosterona, que permitem o seu desenvolvimento e crescimento. Desta forma, o objetivo desta terapêutica é diminuir ou eliminar os níveis dessas hormonas.

O tratamento hormonal está indicado nos seguintes casos: - Quando a doença se propaga a outros tecidos e órgãos;

- Quando a doença se repete de forma local, mesmo quando o doente já tenha sido submetido a outros tratamentos;

- Quando se quer diminuir o tamanho do tumor, antes da sua extração;

- Quando se quer melhorar o resultado do tratamento depois da radioterapia;

- Quando o doente tem uma idade avançada ou estão contraindicados outro tipo de tratamentos locais.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia

Os fármacos utilizados são semelhantes às hormonas que o organismo produz, encarregadas de estimular a produção de testosterona [análogos da hormona libertadora de gonadotrofina ou análogos LHRH (Luteinizing Hormone-Releasing Hormone Agonists)]. Quando administradas provocam um estímulo de produção da testosterona durante quinze dias. O corpo deteta este excesso de produção e paralisa a produção da hormona que estimula a produção de testosterona. Assim, é possível “enganar” o organismo.

Estes fármacos são aplicados através de uma injeção intramuscular ou subcutânea (debaixo da pele do abdómen), uma vez por mês ou a cada três, seis ou 12 meses.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Os análogos sintéticos da hormona libertadora da gonadotrofina, como a leuprorrelina, a buserrelina, a goserrelina ou a triptorrelina provocam no homem um decréscimo dos níveis de testosterona para níveis similares aos obtidos após castração (orquidectomia ou orquiectomia) e na mulher um decréscimo dos níveis de estrogénios para valores semelhantes aos observados após menopausa.

Os análogos da hormona libertadora da gonadotrofina não podem ser administrados por via oral, sendo normalmente administrados por via SC ou IM. Estão indicados no tratamento do CP (leuprorrelina, buserrelina, goserrelina, triptorrelina) e do cancro da mama avançado em doentes na pré-menopausa (goserrelina).

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Cancro da Próstata

Buserrelina 9,45 mg, SC, 3/3 meses

Goserrelina 10,8 mg, SC, 3/3 meses

Leuprorrelina 30 mg, IM / SC, 6/6 meses

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Estes compostos desencadeiam uma resposta bifásica.

Numa primeira fase provocam estimulação da libertação da hormona luteinizante (LH) e da hormona foliculo-estimulante (FSH) pela hipófise, mas após algum tempo de administração passa a haver dessensibilização das células para os análogos da hormona libertadora de gonadotrofina e os níveis hormonais baixam drasticamente.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Devido à fase de estimulação, na primeira ou segunda semana de tratamento o homem pode experimentar um desenvolvimento acentuado da metástase do tumor da próstata que pode causar compressão da medula espinal ou aumento da dor óssea.

Estes efeitos podem ser evitados pelo uso de fármacos antiandrogénios como a ciproterona, a flutamida, a nilutamida ou a bicalutamida. A utilização destes fármacos deve ser iniciada 3 dias antes do tratamento com os análogos da hormona libertadora de gonadotrofina e mantida por 3 semanas.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Outros efeitos secundários dos análogos LHRH incluem: rubor, diminuição da líbido, impotência, edema, suores nocturnos, ansiedade, taquicardia e rações no local de injeção.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Análogos da hormona libertadora de gonadotrofina

Não existem ensaios clínicos que comparem os diferentes análogos LHRH, pelo que a escolha é geralmente efetuada com base no custo, na experiência do médico e na preferência do doente.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Antiandrogénios

Os antiandrogénios tais como a ciproterona, a flutamida, a nilutamida e a bicalutamida são utilizados no tratamento do CP avançado. São administrados por via oral.

São geralmente usados em combinação com os análogos LHRH (castração médica) ou com a orquidectomia (castração cirúrgica). Contudo, podem também ser utilizados em monoterapia (ex., a bicalutamida 150 mg (1x/dia) tem também aprovação para utilização em monoterapia no CP avançado não metastático).

Os efeitos adversos incluem diarreia, náuseas e vómitos e alteração reversível da função renal assim como a diminuição da líbido e ginecomastia. Apresentam considerável toxicidade hepática.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia – Abiraterona (anti-hormona)

Recentemente, surgiu a abiraterona (anti-hormona), um inibidor da síntese de androgénios. A abiraterona, especificamente, inibe seletivamente a enzima 17α-hidroxilase-C17, 20-liase (CYP17). Esta enzima é expressa e necessária para a biossíntese androgénica nos tecidos testicular, suprarrenal e tumoral prostático.

O CP sensível aos androgénios responde ao tratamento que reduz os níveis de androgénios. As terapêuticas de privação androgénica, como o tratamento com análogos da LHRH ou orquiectomia diminuem a produção androgénica nos testículos mas não afetam a produção androgénica nas glândulas suprarrenais ou no tumor. O tratamento com abiraterona reduz a testosterona sérica para níveis indetetáveis (através de testes comerciais) quando administrado com análogos da LHRH (ou orquiectomia).

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia – Abiraterona (anti-hormona)

A dose recomendada é de 1000 mg (quatro comprimidos de 250 mg) como dose única diária que não deve ser tomada com alimentos. A toma dos comprimidos com alimentos aumenta a exposição sistémica à abiraterona.

A abiraterona deve ser tomada com uma dose baixa de prednisona ou prednisolona. A dose recomendada de prednisona ou de prednisolona é de 10 mg por dia.

A castração médica com o análogo LHRH deve ser continuada durante o tratamento dos doentes não castrados cirurgicamente.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Abiraterona (anti-hormona)

Indicações da abiraterona (RCM):

- no tratamento do CP metastático resistente à castração, em homens adultos assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos a pós falência da terapêutica de privação androgénica, e para os quais a quimioterapia ainda não está clinicamente indicada

- no tratamento do CP metastático resistente à castração, em homens adultos em que a doença progrediu durante ou após um regime quimioterapêutico baseado em docetaxel.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Enzalutamida

Mais recentemente, surgiu a enzalutamida indicado no tratamento em homens adultos com CP metastático resistente à castração com progressão da doença durante ou após o tratamento com docetaxel.

A dose recomendada é de 160 mg de enzalutamida (quatro cápsulas de 40 mg), numa única dose diária, por via oral.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Enzalutamida

Mecanismo de ação da enzalutamida

O CP é conhecido como sendo sensível aos androgénios e responder à inibição da sinalização dos recetores de androgénios. Apesar dos baixos ou indetetáveis níveis séricos de androgénios, a sinalização dos recetores de androgénios continua a promover a progressão da doença. A estimulação do crescimento das células tumorais, através do recetor de androgénio, requer localização no núcleo e ligação ao ADN.

Cancro da próstata (CP)

Hormonoterapia - Enzalutamida

A enzalutamida é um inibidor potente da sinalização dos recetores de androgénios que bloqueia vários passos da via de sinalização destes recetores:

1-Inibe de forma competitiva a ligação dos androgénios aos recetores de androgénios,

2-Inibe a translocação nuclear dos recetores ativados e

3-Inibe a associação dos recetores de androgénios ativados ao ADN, mesmo no caso de sobre-expressão dos recetores de androgénios e nas células cancerosas prostáticas resistentes aos antiandrogénios.

O tratamento com a enzalutamida diminui o crescimento das células cancerosas prostáticas e pode induzir a morte das células cancerosas e regressão tumoral.

Cancro da próstata (CP)

Efeitos secundários da hormonoterapia

-Diminuição do desejo sexual; - Impotência;

- Afrontamentos (que vão diminuindo com o tempo); - Sensibilidade e/ou crescimento das mamas;

- Aumento de peso; - Diarreia;

- Náuseas; - Cansaço; - Osteoporose.

Cancro da próstata (CP)

Quimioterapia

O CP, como já foi referido, é um tumor hormonossensivel. Contudo, a hormonoterapia não é um tratamento curativo após a propagação do tumor, uma vez que, apesar de manter a doença controlada por longos períodos de tempo, não a erradica, o que significa que mais tarde ou mais cedo todos os doentes desenvolvem resistência ao tratamento.

A certa altura, as células tumorais podem crescer sem necessitarem de andrógenos. Ou seja, quando o tumor deixa de ser sensível aos tratamentos hormonais, atualmente a quimioterapia é o melhor tratamento e o mais eficaz sendo que existem múltiplos fármacos disponíveis para este tratamento. O objetivo da quimioterapia é destruir, através de fármacos, as células que originam o cancro, enquanto se dividem com o propósito de eliminar ou reduzir a doença.

Cancro da próstata (CP)

Quimioterapia

Estudos demonstram que os doentes tratados com quimioterapia têm uma melhor qualidade de vida do que aqueles que não a recebem, pelo que os seus benefícios superam os possíveis efeitos adversos.

Cancro da próstata (CP)

Efeitos secundários da quimioterapia

-Cansaço;

- Perda de apetite;

- Em tratamentos prolongados, pode ocorrer a sensação de formigueiro nas mãos e nos pés.

O tratamento mais indicado é definido por equipas multidisciplinares compostas por oncologistas, urologistas, radiologistas, patologistas e radioterapeutas.

Cancro da próstata (CP)

Regimes de quimioterapia

-Docetaxel 75 mg/m2, 3/3 semanas, perfusão IV + Prednisona 5 mg, 2id, oral. Prolonga a sobrevida no CP metastásico hormono-refratário.

Efeitos adversos: náuseas, alopecia, mielossupressão e, ainda, retenção de fluidos e neuropatia periférica.

- Estramustina 280 mg, 3id, D1-D5, oral + Docetaxel 60 mg/m2, D2, perfusão IV Ciclo de 21 dias.

Prolonga a sobrevida no CP metastásico hormono-refratário.

Efeitos adversos: a estramustina causa decréscimo na testosterona e um aumento de estrogénio, donde resulta a possibilidade de ocorrência de eventos tromboembólicos, ginecomastia e diminuição da líbido.

No documento Cancro da próstata (CP) (páginas 31-57)

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