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2. Os Seguros

2.2. Estrutura do mercado segurador nacional

2.2.1. Distribuição das empresas por actividade e forma jurídica

2.2.1.3. Ramos Não Vida

De modo semelhante aos anos anteriores, a produção dos ramos Não Vida apresenta uma dispersão maior que em Vida, pelo menos no que se refere à informação constante do top 10, não obstante a Fidelidade-Mundial continuar a apresentar-se destacada como líder de mercado, tendo a respectiva quota descido 0,5 pontos percentuais.

A quota de mercado do conjunto das primeiras 5 empresas, assim como o conjunto das primeiras 10, diminuiu entre 2006 e 2007, correspondendo a 58,2% e 80,6%, respectivamente. Em termos do primeiro conjunto referido, a generalidade das entidades viu o seu peso reduzir-se ligeiramente ou manter-se, tendo permanecido inalterada a estrutura desta parcela do ranking. Considerando os restantes lugares

Posicionamento dos grupos financeiros no ramo Vida

Concentração no agregado Não Vida

do top 10, a principal alteração encontra-se no facto de ter havido uma troca de posições entre a Global e a Liberty, tendo esta última passado a ocupar a 9.ª posição, em detrimento da 11.ª ocupada em 2006. Mais especificamente, a Global passou a assumir 3,3% de quota de mercado (face a 3,5% em 2006) o que motivou uma descida de 2 lugares, ao passo que a Liberty verificou uma tendência inversa.

Quadro 2.5 Produção de seguro directo – Actividade Não Vida

2006 2007 Denominação Natureza 2006 2007 1.º 1.º Fidelidade-Mundial Mista 21,0% 20,5% 2.º 2.º Império Bonança Mista 13,0% 12,4% 3.º 3.º Axa Portugal Não Vida 9,2% 9,2% 4.º 4.º Tranquilidade Não Vida 8,7% 8,7% 5.º 5.º Zurich Não Vida 7,4% 7,3%

Cinco primeiras empresas 59,4% 58,2%

6.º 6.º Allianz Portugal Mista 6,9% 6,8% 8.º 7.º Açoreana Mista 4,0% 4,1% 7.º 8.º Ocidental Não Vida 4,0% 4,0% 11.º 9.º Liberty Mista 3,8% 9.º 10.º Lusitania Não Vida 3,6% 3,7%

Dez primeiras empresas 81,3% 80,6% Cinco maiores grupos financeiros 68,8% 68,5%

Posicionamento Empresa de seguros Quota de mercado

O índice de Gini apresenta, para o agregado dos ramos Não Vida, em 2007, um valor de 0,656, ligeiramente mais elevado do que o de 2006 para o mesmo segmento de negócio (0,631), embora mais baixo para o ramo Vida. Contudo, este valor deve ser encarado com alguma prudência, já que se encontra relativamente distorcido pela entrada de novos operadores com quotas de mercado ainda pouco expressivas.

Por sua vez, o HHI (índice de Hirschman-Herfindahl) evidencia um valor de 0,0425, face a um valor mínimo teórico de 0,0313, indicador bastante mais reduzido do que o constatado no ano anterior, 0,0441.

Nos últimos três anos regista-se alguma estabilidade no que respeita ao posicionamento dos grupos financeiros, continuando o Grupo CGD a assumir claramente a liderança com 23,2 pontos percentuais de diferença em relação ao Grupo BES, notando-se, contudo, uma perda de 3,1 pontos percentuais de quota em dois anos. Refira-se ainda o ligeiro acréscimo obtido pelo Grupo AXA em 0,7 pontos percentuais.

Posicionamento dos grupos financeiros

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Gráfico 2.14 Produção de seguro directo – Actividade Não Vida

36 ,9 % 10, 4% 8,8% 7,2% 7,3% 34, 9% 10 ,4 % 9, 2% 7, 4% 6, 9% 33 ,8 % 10 ,6 % 9, 9% 7, 3% 6, 8%

Grupo CGD Grupo Espírito Santo

Grupo AXA Grupo Zurich Grupo Allianz

2005 2006 2007

Tendo presentes tanto a política comercial seguida por cada empresa como as características específicas de cada um dos ramos que compõem o segmento Não Vida, proceder-se-á seguidamente à análise da dispersão/concentração dos mais importantes.

Salvaguardada a existência de alguma variação mais significativa, os grupos de ramos Doença, Automóvel, Incêndio e Outros Danos e o ramo Responsabilidade Civil Geral, assim como a modalidade Acidentes de Trabalho, têm evidenciado alguma estabilidade ao nível da quota de mercado obtida pelo conjunto das principais empresas.

Assumindo o mesmo critério de anos anteriores, ou seja, o peso das sete maiores operadoras em termos de produção, verifica-se que aquele que apresenta maior concentração é o ramo Doença, onde essas empresas representam 85,1% do mercado, aproximadamente o mesmo peso registado em 2006. Em sentido inverso, o grupo de ramos Incêndio e Outros Danos é aquele em que as sete primeiras entidades representam uma menor parcela (64,7%) do total (66,2% em 2006).

Em 2007, ocorreu uma ligeira redução da concentração existente na modalidade Acidentes de Trabalho face ao ano anterior. Com efeito, neste período, as sete maiores empresas passaram a representar 70,1% da produção, face a 70,6% em 2006 e ainda 71,7% em 2005.

Quer as entidades que compõem esse conjunto quer as respectivas importâncias relativas não sofreram alterações. Continua a existir uma forte concentração nos dois primeiros lugares, dado que só a Fidelidade-Mundial e a Império Bonança representam cerca de um terço do mercado: 30,6%, face a 31,9% em 2006. A redução do peso destas duas entidades resultou da quebra de produção verificada em ambas, na proporção de 5,1% e 6,2%, respectivamente.

O índice de Gini evidencia um valor de 0,4941, enquanto o HHI apresenta 0,0937, face a um mínimo teórico de 0,05. Em 2006, o índice de Gini era de 0,501 e o HHI de 0,0958, o que confirma para o conjunto das empresas presentes neste segmento a mesma tendência de dispersão ligeira a nível do top 7.

Gráfico 2.15 Produção de seguro directo – Acidentes de trabalho Império Bonança 11,9% Outras 29,9% Fidelidade - Mundial 18,7% AXA 11,2% Zurich 8,2% Allianz 6,1% Tranquilidade 8,2% Global 5,8%

Tal como referido anteriormente, o ramo Doença é, no âmbito do segmento Não Vida, aquele que apresenta uma maior concentração. Com efeito, só as três primeiras empresas de seguros detêm 58,1% da quota de mercado, valor ligeiramente acima do observado em 2006 (57,2%).

A principal alteração face a 2006 prende-se com o facto de a Fidelidade-Mundial ter ultrapassado a Ocidental no que se refere à produção de seguro directo no ramo em análise, tendo passado a assumir a liderança de mercado com um peso de 21,4% mais 1,5 pontos percentuais. A Ocidental, por sua vez, reduziu a sua quota em 0,8 pontos percentuais relativamente a 2006. No que concerne às restantes operadoras, não se registaram alterações relevantes a este nível.

O índice de Gini apresenta em 2007, para este segmento, um valor de 0,683, mais significativo do que o dos ramos Não Vida em análise. Em 2006 e 2005 aquele índice era, respectivamente, de 0, 658 e 0, 631. Por sua vez, o HHI apresenta o mesmo valor que em 2006, 0,137 (mínimo teórico de 0,043). Assim, deixou de se observar o fenómeno de dispersão de mercado neste segmento de negócio, que se vinha a evidenciar em anos anteriores.

Gráfico 2.16 Produção de seguro directo – Doença

Ocidental 20,6% Outras 14,9% BES Seguros 5,4% Allianz 6,3% Tranquilidade 5,5% Victoria 9,7% Império Bonança 16,1% Fidelidade - Mundial 21,4% Doença

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A concentração em Automóvel é mais moderada, dado que as sete primeiras empresas representam 71% do mercado, valor inferior a 2006 (74%). A estrutura dos 7 primeiros lugares do ranking manteve-se praticamente inalterada, destacando-se apenas, por um lado, a entrada da Liberty no top 7 (7.ª posição face à 8.ª posição em 2006, em virtude do ganho de 0,9 pontos percentuais entre estes dois anos), trocando de lugar com a Açoreana e, por outro, o facto de a Fidelidade- Mundial ter visto a sua quota decrescer para 19,5% (menos 1,3 pontos percentuais). Por sua vez, o índice de Gini evidencia um valor de 0,528 – ainda assim ligeiramente acima do constatado no segmento de Acidentes de Trabalho –, apresentando o HHI 0,092, face a um mínimo teórico de 0,0435. Ambos os indicadores confirmam uma tendência para uma ligeira redução do nível de concentração do mercado, já que em 2006 os índices de Gini e HHI apresentavam um valor, respectivamente, de 0,542 e 0,097. Tal situação deverá decorrer do forte ambiente concorrencial que se vive neste mercado.

Efectuando a análise do ponto de vista dos grupos financeiros, constata-se que o Grupo CGD representa quase um terço do mercado (30,1%), embora menos 1,7 pontos percentuais relativamente ao registado no ano anterior, seguindo-se os Grupos AXA e Espírito Santo, com 10,5% e 9,3%, respectivamente.

Gráfico 2.17 Produção de seguro directo – Automóvel

Império Bonança 10,6% Outras 29,3% Liberty 5,1% Tranquilidade 8,8% Allianz 6,8% Zurich 9,3% AXA 10,5% Fidelidade - Mundial 19,5%

Este grupo de ramos é aquele em que se verifica uma menor concentração de mercado – considerando a quota agregada do top 7, tendo a respectiva produção agregada decrescido 4,9 pontos percentuais, totalizando 64,7%.

O ranking das primeiras sete empresas neste segmento de negócio não sofreu alterações significativas de 2006 para 2007. De facto, a estabilidade pode ser ilustrada pelo facto de a hierarquização ser rigorosamente a mesma e ao nível das flutuações de quota de mercado a mais significativa se prender com a redução de 1,9 pontos percentuais no peso da Império Bonança, situação devida à sua quebra de produção de 5,3%, ainda assim mais moderada que a registada entre 2005 e 2006 (-10,6%).

Analisando a concentração do mercado relativamente ao seguro de Incêndio e Outros Danos, em 2007, obteve-se um valor para o índice de Gini de 0,592, denotando um mercado ligeiramente mais concentrado do que no ano anterior, quando apresentava 0,582. Já para o HHI obteve-se 0,0849 (0,0887 em 2006), que compara com um mínimo teórico de 0,0333.

Automóvel

Incêndio e Outros Danos

Gráfico 2.18 Produção de seguro directo – Incêndio e outros danos Império Bonança 12,2% Outras 35,3% Ocidental 4,6% AXA 7,0% Zurich 6,3% Allianz 7,5% Tranquilidade 7,9% Fidelidade - Mundial 19,3%

No ramo Responsabilidade Civil Geral, em 2007, ocorreram algumas alterações referentes à hierarquização a nível do top 7.

No entanto, refira-se, em primeiro lugar, que a Fidelidade-Mundial manteve a sua posição de liderança com uma quota de mercado de 18,4% (face a 19,3% no ano anterior), tendo visto a sua produção aumentar em 6,4%. Relativamente às alterações neste ranking, verificou-se a perda de um lugar por parte da Império Bonança, que passou do 2.º para o 3.º posto, aliada a um decréscimo de 2 pontos percentuais na respectiva quota, tendo totalizado 11,3%. A AIG Europe, sucursal em Portugal, passou a ocupar a 2.ª posição, com um peso de 12,2% (11,5% em 2006) em virtude do grande aumento do volume de prémios (18,0% em 2007 e 24,9% em 2006), passando a AXA para o 4.º posto, com uma quota de 11,2% (11,8% em 2006), embora a respectiva produção tenha aumentado em 5,9%. A importância relativa agregada do top 7 foi de 75,4% em 2007, face a 77,6% em 2006, o que indicia uma menor concentração, ainda que não muito significativa, neste segmento. Já o índice de Gini cresceu de 0,552 para 0,567 em igual período. Para o HHI determinou-se um valor de 0,098, face a um mínimo teórico de 0,044 (0,104 em 2006).

Gráfico 2.19 Produção de seguro directo – Responsabilidade civil geral

Aig Europe 12,2% Outras 24,6% Zurich 5,4% Tranquilidade 9,3% Allianz 7,6% AXA 11,2% Império Bonança 11,3% Fidelidade - Mundial 18,4% Responsabilidade Civil Geral

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Em resumo, considerando o índice de Gini, em 2007 o seguro de Doença é o segmento de negócio no qual a concentração é mais elevada (0,683), seguindo-se, por esta ordem, o seguro de Incêndio e Outros Danos e o ramo Responsabilidade Civil Geral (0,592 e 0,567, respectivamente, em 2006), constituindo o seguro Automóvel e a modalidade Acidentes de Trabalho aqueles em que o mercado é mais equilibrado (índices de 0,528 e 0,494, pela mesma ordem).

Esta situação pode também ser retirada a partir da análise do gráfico seguinte, que representa a Curva de Lorenz para os referidos segmentos de negócio3.

Gráfico 2.20 Curva de Lorenz – Concentração dos principais segmentos Não Vida

0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% N.º de empresas de seguros Q uot a de me rc ado ac umul a d a

Automóvel Acid. Trabalho

Incêndio OD Doença

RC Geral

Apesar de a curva da concentração relativa ao ramo Vida não ter sido representada, aquela estaria situada, para grande parte das observações, abaixo da curva que representa o seguro de Doença e acima das curvas relativas a Incêndio e Outros Danos e a Responsabilidade Civil Geral, uma vez que o respectivo índice de Gini totaliza 0,673, tal como referido anteriormente.

Concluindo, em 2007 Não Vida continuou a revelar, tal como em anos anteriores, uma evolução no sentido da desconcentração do mercado, embora menos pronunciada que em 2006, devendo notar-se o ligeiro aumento da concentração especificamente em Doença e Incêndio e Outros Danos, ramos caracterizados por apresentarem maiores níveis de concentração. No ramo Vida, e como já foi referido, o movimento é inverso ao registado em 2006, revelando alguma volatilidade neste aspecto.

3

A recta a preto, que divide exactamente a área do gráfico ao meio, corresponde ao equilíbrio total, i.e., todas as empresas detêm a mesma quota de mercado. Assim, quanto mais afastada estiver a curva que representa determinada produção daquela bissectriz, mais concentrado é o mercado.

Em termos gráficos, o índice de Gini para cada caso corresponde à área que se situa entre a curva respectiva e aquela bissectriz.

Concentração nos principais segmentos Não Vida