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Rastreiem e Derrubem Alguém

No documento Seal Team Six - Howard E. Wasdin (páginas 74-185)

Quando a Marinha norte- americana envia a sua elite, ela envia os SEALs. Quando os SEALs

enviam a sua elite, eles enviam o SEAL Team Six — o equivalente da Marinha à Delta Force do Exército —, uma força especializada em atividades antiterroristas e contra- insurgentes, que ocasionalmente trabalha em conjunto com a CIA. Esta é a primeira vez que a história de um atirador de elite do SEAL Team Six é revelada. A minha história.

Atiradores de elite evitam a exposição pública. Embora prefiramos agir em vez de permitir a ação alheia sobre nós, algumas

forças estão além do nosso controle. Nós confiamos em nossos pontos

fortes e exploramos as

vulnerabilidades do inimigo. Contudo, durante a guerra no Golfo Pérsico, eu fiquei em posição vulnerável, sendo a única pessoa estranha presente à cauda em leque de um navio inimigo, abarrotado com uma tripulação a serviço de Sadam Hussein. Em outra ocasião, apesar de ser um mestre na camuflagem e ocultação, fiquei a descoberto no meio de uma pista de pouso em um país do Terceiro

Mundo, com buracos de balas em ambas as pernas — a perna direita tendo sido quase arrancada por um balaço de AK-47. Algumas vezes, nós temos de nos defrontar com aquilo que mais nos esforçamos para evitar.

No alvorecer de 18 de setembro de 1993, em Mogadíscio, Somália, Casanova e eu rastejamos ao longo do topo de um muro remanescente e escalamos até o alto de uma torre de seis andares. Mesmo tão cedo pela manhã, já havia gente andando por

ali. Homens, mulheres e crianças buscavam alívio às suas necessidades, nas ruas. Aspirei o cheiro das fogueiras matinais que eram acesas, tendo como combustível o estrume de animais ou qualquer outra coisa que as pessoas tivessem encontrado para queimar. As fogueiras aqueciam qualquer alimento que os somalis tivessem conseguido obter. O “Senhor da Guerra” Aidid conhecia bem o poder proporcionado pelo controle da distribuição de alimentos. Toda vez que via uma criança morrendo

de fome, eu culpava Aidid por seu nefasto jogo de poder, que facilitava a essa devastação da vida.

A torre em que estávamos localizava-se no centro do complexo paquistanês. Os paquistaneses eram profissionais, e nos tratavam com grande respeito. Quando chegava a hora do chá, o garoto encarregado do serviço sempre nos trazia uma xícara. Cheguei, mesmo, a criar um gosto pelo leite de cabra fresco, que eles costumavam beber com o chá. Os sons e os aromas do rebanho de cabras existente no complexo

apelaram aos meus sentidos,

enquanto Casanova e eu

rastejávamos até a beira da torre. Ali permanecemos, debruçados, vigiando uma grande garagem — um pátio de estacionamento, que não possuía cobertura. Ao redor da garagem, havia uma cidade em desespero. Os somalis andavam de cabeças baixas. O desespero marcava suas expressões, e a fome grudava suas peles aos esqueletos. Isto, porque estávamos na “melhor” parte da cidade, onde havia edifícios de vários andares, ainda

em boas condições de conservação. Naquele local havia edificações de concreto, ao contrário dos barracos de madeira, prestes a desabar, que dominavam o restante da paisagem da cidade e do interior do país. Não obstante, o cheiro de fezes humanas e de morte — misturado ao do desespero — empestava o ar. Sim; o desespero tem um cheiro. Há gente que emprega o termo “países em desenvolvimento”; mas isto é besteira! O que se desenvolveu na Somália foram coisas tais como o enforcamento, a fome e a guerra.

Acho que termos como “países em desenvolvimento” foram criados pelas pessoas que os inventaram apenas para fazer com que se sentissem melhores. Não importa como você os chame, a fome e a guerra continuarão a ser os piores eventos imagináveis.

Calculei exatamente as distâncias entre certos edifícios. Há dois fatores a serem primordialmente considerados quando se deseja atirar com precisão: o vento e a elevação. Como não houvesse vento suficientemente forte que pudesse

desviar meu disparo para a esquerda ou a direita, eu não precisava me preocupar em compensar este fator. A elevação é a variável considerada pela relação entre a potência da arma e a distância do alvo. Uma vez que os meus alvos potenciais estivessem entre 180 (a garagem) e 600 metros de distância (um cruzamento de estradas, adiante da garagem), ajustei minha mira para cerca de 460 metros. Deste modo eu poderia apontar meu fuzil mais para cima ou mais para baixo, dependendo do alcance. Quando o

tiroteio começasse, não haveria tempo para corrigir o alcance da minha mira, sob uma saraivada de balas.

Iniciamos nossa vigilância às 6h. Enquanto aguardávamos por um sinal que seria dado por nosso “patrimônio”, imaginei diferentes situações em minha mente: um inimigo surgindo em algum lugar, outro emergindo de um lugar diferente, e assim por diante. Eu focalizava, mirava e até mesmo simulava puxar o gatilho, controlando minha respiração tal

como fazíamos em nossas rotinas de treinamento, enquanto imaginava o confronto verdadeiro. Depois, simulei a ação de recarregar o fuzil e olhar através da minha mira telescópica Leupold, com capacidade de aumentar dez vezes uma imagem, continuando a esquadrinhar o terreno à procura de mais “catarrentos”. Eu já havia feito exercícios com tiros simulados e com balas reais, milhares de vezes: sob terreno molhado, seco, lamacento e nevado; e já havia atirado desde dentro de um buraco

cavado no chão, de uma janela parcialmente aberta no esconderijo de um atirador de elite, e de quase todas as maneiras imagináveis. As palavras que inculcaram em nossas mentes quando iniciamos o treinamento SEAL eram a expressão da verdade: “Quanto mais você transpirar em tempos de paz, menos irá sangrar na guerra”. Neste dia em particular eu fora encarregado de garantir que nenhum dos meus companheiros da Delta Force

esguichasse sangue, dando-lhes cobertura na invasão da garagem.

Assegurar que meus companheiros não sangrassem na guerra era tão importante quanto evitar que eu mesmo sangrasse.

Nosso alvo nessa missão era Osman Ali Atto — o principal financiador do “senhor da guerra” Aidid. Embora Casanova e eu pudéssemos reconhecer o alvo, graças as nossas vigilâncias anteriores, fomos instruídos a obter a confirmação de sua identidade por um agente da CIA, antes que déssemos o comando para iniciar a ação.

A ironia, para mim, estava no fato de termos de capturar Atto, em vez de matá-lo — apesar de ele e seu chefe haverem matado centenas de milhares de somalis. Eu achava que se pudéssemos eliminar Atto e Aidid, poderíamos por um fim na contenda, distribuir rapidamente os alimentos entre o povo e voltarmos para casa, sãos e salvos.

Não foi senão por volta das 8h15 que o nosso “patrimônio” nos deu o sinal combinado. Ele fazia isso porque a CIA lhe pagava bem. Enquanto trabalhei com a CIA,

aprendi, em primeira mão, como bons pagamentos podem fazer lealdades oscilarem.

Quando vimos o sinal, Casanova e eu lançamos o “pacote completo”. Helicópteros Little Bird e Black

Hawk encheram o céu. Enquanto

isso, os efetivos da Delta estavam, literalmente, com seus traseiros expostos: o ambiente urbano proporciona cobertura demais, esconderijos demais, e muitas rotas de fuga ao inimigo. Tudo o que um elemento hostil tem a fazer é disparar alguns tiros contra um

helicóptero ou um Humvee, pular de volta para o interior de um edifício e depor seu armamento. Mesmo se ele reaparecesse em cena, não seria considerado hostil, sem portar uma arma. As coisas aconteciam muito rapidamente, e o cenário era inesquecível.

Os efetivos da Delta Force desceram por cordas rápidas no interior da garagem, enquanto os

Rangers faziam o mesmo, do lado

de fora, e os Little Birds

sobrevoavam a ação, com atiradores de elite da Delta dando cobertura à

força de assalto. O pessoal de Atto espalhava-se, correndo como ratos. Logo, uma milícia inimiga surgiu nas vizinhanças, abrindo fogo contra os helicópteros.

Normalmente, os atiradores de elite trabalham em conjunto com um “olheiro”. O “olheiro” identifica e avalia a que distância estão os alvos, e repassa essas informações ao atirador, para que este execute o serviço. Mas não havia tempo para isso, nesta operação — estávamos envolvidos em uma guerrilha urbana. Em um ambiente como esse, o

inimigo pode surgir de qualquer lugar. E, o que é ainda pior, o inimigo se veste tal como um civil. Nós tínhamos de esperar para saber quais eram suas verdadeiras intenções. Mesmo que o sujeito estivesse armado, ainda restava a possibilidade de que pertencesse a um dos clãs aliados. Nós tínhamos de esperar até que o sujeito, realmente, apontasse a arma para um dos nossos homens. Então, assegurávamos que o inimigo deixasse de existir. Não havia tempo para arquitetar uma ação ou para

disparar um segundo tiro. Tanto Casanova quanto eu portávamos fuzis .300 Win Mag, para atiradores de elite.

Através da minha luneta telescópica Leupold, avistei um miliciano, a uns 450 metros de distância, atirando contra os helicópteros desde uma janela aberta. Fiz uma anotação mental para manter baixo o meu ritmo cardíaco e centrei a mira sobre ele, enquanto a minha “memória muscular” assumia o comando, com a coronha firmemente encostada ao

ombro, minha face posicionada por trás da luneta e minha visão focalizada bem no centro da mira — em vez de sobre o inimigo —, e apertei o gatilho com firmeza (embora meu dedo exercesse uma força de menos de um quilo). Senti o reconfortante coice do meu fuzil. A bala atingiu-o no lado esquerdo do peito, transfixando-o e saindo pelo lado direito. Ele convulsionou e tombou, para dentro do edifício — permanentemente. Rapidamente, voltei a olhar pela luneta, esquadrinhando o cenário. Agora, o

jogo começou. Quaisquer outros

pensamentos fugiram da minha mente. Eu formava um todo com o meu Win Mag, examinando meu setor. Casanova fazia o mesmo com o dele.

Outro miliciano, portando um AK-47, emergiu pela porta de uma saída de incêndio na lateral de um edifício, a uns 270 metros de distância de onde eu estava, e abriu fogo contra os efetivos da Delta que tomavam de assalto a garagem. De sua posição, estou certo de que ele pensava estar seguro, fora do

alcance da tropa de assalto — e é provável que estivesse, mesmo. Mas ele não estava a salvo de mim: 270 metros não chegaram a ser um desafio. Acertei-lhe o lado esquerdo do corpo, e a bala saiu pelo lado oposto. Ele desabou sobre o patamar da saída de incêndio, sem saber sequer o que o teria atingido. Seu AK-47 jazia, silenciado, próximo ao corpo. Alguém tentou alcançar e recuperar a arma, e um tiro do meu Win Mag pôs fim a isto. A cada vez que disparava um tiro, eu me esquecia imediatamente do alvo, e

buscava encontrar outro.

O caos irrompeu, dentro e fora da garagem. Pessoas corriam em todas as direções. Os Little Birds e os

Black Hawks enchiam o céu com o

ensurdecedor ruído de seus rotores. Eu, porém, encontrava-me em meu pequeno mundo. Nada mais existia, fora da minha mira e da minha missão. Deixei que os rapazes da Unidade cuidassem de seus próprios negócios, na garagem. O meu negócio era rastrear e derrubar o inimigo.

matei alguém pelo meu país. Mas não seria a última.

Alguns minutos se passaram, enquanto eu continuava a esquadrinhar tudo. Mais de 730 metros adiante, um sujeito apareceu, portando um lançador de granadas RPG, preparando-se para dispará-lo contra os helicópteros. Se conseguisse acertá-lo, aquele teria sido o tiro mais longo da minha carreira. Se eu não conseguisse...

2. Um Tiro, Um Caído?

2.

Um Tiro, Um Caído?

Um ano antes disso, eu servia na sede do SEAL Team Six, em Virginia Beach, no Estado da Virgínia. Enquanto estava de

prontidão, eu mantinha meus cabelos um tanto mais compridos do que o

padrão regulamentar dos

marinheiros; assim, eu poderia viajar para qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, sem ser imediatamente identificado como um militar. Geralmente, eu tinha o rosto totalmente barbeado. Quando fui enviado com o SEAL Team Two para a Noruega, eu usava uma barba; mas não costumo gostar de ostentar nenhum tipo de pilosidade facial.

Aguardando por alguma

habilidades em um edifício chamado “casa de assassinato”, utilizado para o treinamento de atividades antiterroristas e para a prática de tiro de longo alcance.

Após os três meses de duração da fase de prontidão e treinamento individual, éramos enviados à escola: à academia de tiro de Bill Roger, à escola de motoristas, a um curso de escalada sem equipamento, ou a qualquer lugar onde pudéssemos aprender alguma coisa. Uma das melhores coisas decorrentes de haver sido um SEAL

é que eu era enviado a quase todas as melhores escolas, onde quer que quisesse. A fase de treinamento também era uma boa oportunidade para tirar licenças — talvez para desfrutar de uma viagem em família —, especialmente para aqueles que retornavam de alguma convocação ultramarina. Então, vinham os três meses de trabalho conjunto com os membros da equipe: mergulhos, saltos de paraquedas e cursos de tiro — sendo cada etapa do treinamento seguida por uma operação simulada, na qual eram exigidas e empregadas

as habilidades recém-adquiridas. ***

Certa noite, eu me encontrava em uma pizzaria chamada Ready Room (o mesmo lugar diante de cuja fachada Charlie Sheen e Michael Biehn travaram uma discussão acalorada, no filme Navy SEALs — “Comando Imbatível”, no Brasil), conversando sobre golfe com Blake, meu filho de sete anos de idade, e com meu amigo, apelidado Smudge (“Borrão”), um sujeito muito

divertido, grande como um urso. Ao fundo, uma jukebox tocava uma canção do Def Leppard. Inalávamos o aroma de uma pizza de linguiça calabresa, pepperoni e cebolas — a minha favorita. Quando me encontrava de prontidão, não me era permitido beber mais do que duas cervejas; e, no SEAL Team Six, nós levamos este limite muito a sério.

Nossa bebida era a cerveja

Coors Light. Sempre que

viajávamos em grupos, meus companheiros de equipe e eu usávamos, como “disfarce”, a

história de que éramos membros de um time de paraquedismo esportivo patrocinado pela Coors Light. Esta era a nossa explicação para o motivo de uns trinta sujeitos barulhentos — a maioria de nós, bonitões — adentrarem um bar, usando sandálias de dedo, shorts, camisetas tipo regata, portando facas dobráveis Spyderco nos bolsos. A cada vez que entrávamos em um bar, os homens presentes trocavam o que quer que estivessem bebendo por uma cerveja Coors Light. Logo em seguida, as mulheres faziam o

mesmo. A Coors Light devia ter nos patrocinado. O disfarce funcionava bem, pois caso alguém nos perguntasse qualquer coisa sobre paraquedismo, nós sabíamos responder, muito satisfatória e convincentemente. Além disso, a nossa história parecia absurda demais para não ser verdadeira.

Por volta das 19h30, antes que eu tivesse terminado a minha pizza e minha cerveja, meu pager anunciou:

T-R-I-D-E-N-T-0-1-0-1. Um código

assim poderia significar “Dirija-se ao complexo do SEAL Team Six”,

ou dizer-me qual dos portões de entrada da base eu deveria utilizar. Neste caso, significava que eu deveria seguir diretamente para embarcar em um avião.

Minha equipagem estaria me aguardando, dentro do avião. Cada uma das mochilas possuía uma etiqueta com o meu nome, em cores específicas para cada tipo de missão. Se eu não tivesse embalado tudo corretamente, iria sentir falta de alguma coisa. Durante uma operação, um sujeito esqueceu-se de incluir em sua bagagem o forro para

ser colocado sobre o chão, debaixo do saco de dormir, para impedir que a água da chuva o ensopasse. Sua “boa noite de sono” não foi, realmente, muito boa.

Durante a prontidão, estamos condicionados a períodos de uma hora. Não interessava onde diabos me encontrasse ou o que estivesse fazendo, eu dispunha somente de uma hora para sentar meu traseiro naquele avião, pronto para receber minhas ordens. Agora, o tempo já começara a ser contado. Blake e eu pulamos para dentro do carro — um

Pontiac Grand Am, prateado — e eu dirigi até a nossa casa, logo descendo a rua, partindo da Ready

Room. Em casa, minha esposa,

Laura, perguntou-me:

— Para onde você está indo? Encolhi os ombros e respondi: — Não sei.

— Agora é pra valer?

— Eu não sei. E, mesmo que soubesse, não poderia dizer. Vejo você depois.

Isto foi outro “prego no caixão” do nosso casamento: o fato de eu ter de partir, nos momentos mais

inesperados, sem saber quando — ou, se — voltaria. Quem poderia culpá-la por isso? Eu me sentia mais “casado” com o Team Six do que com ela.

Smudge apanhou-me em casa e levou-me até o aeroporto da Base Naval Oceana. Meus olhos

esquadrinharam o C-130

especialmente pintado de preto fosco. Alguns desses aviões são equipados com turbinas JATO ( jet-

assisted takeoff — “decolagem

propelida a jato”), para proporcionar decolagens em pistas

demasiado curtas e para ganhar altitude muito rapidamente — algo extremamente útil, quando há gente atirando contra a aeronave. Se eu tivesse visto turbinas JATO, saberia que o nosso destino não seria bom; mas, desta vez, não havia turbinas JATO.

Embarquei no avião bem antes das 20h30, meu prazo final. O interior havia sido obscurecido. Sob uma diminuta luz vermelha, assegurei-me de que minhas mochilas estavam ali, e que eram as mochilas certas. Fiz uma anotação

mental sobre o lugar exato em que encontrá-las, para saber para onde voltar, quando tivesse de começar a equipar-me.

Três atiradores de elite SEAL vieram juntar-se a mim: Casanova, Little Big Man (“Pequeno Grande Homem”) e Sourpuss (“Azedume”). Nas equipes, muitos dos sujeitos são conhecidos por apelidos. Alguns deles me chamavam de Waz-man (uma brincadeira, envolvendo o sobrenome Wasdin e o nome de um personagem do, então, popular videogame de ação Metal Gear,

cuja música-tema era intitulada Just

Another Dead Soldier — “Apenas

Mais Um Soldado Morto”). Outros tentaram chamar-me de Howie (diminutivo de Howard), mas este apelido não “colou”, porque eu não respondia a ele. Às vezes, um sujeito ganha seu apelido por fazer algo realmente estúpido: há um motivo para alguém ser chamado de “Pinga-Pinga”. Outras vezes, alguém com um nome difícil — tal como Bryzinski — termina sendo chamado de “Alfabeto”. No Team Two, um amigo meu era chamado de “Tripé”.

Casanova era o meu companheiro de tiro. Tínhamos estado juntos desde o curso para formação de atiradores de elite, em Quantico, Virgínia. Ele era o favorito da mulherada. Mais calcinhas foram atiradas sobre ele do que nos carpetes de muitos dormitórios. Little Big Man sofria de um terrível complexo de baixa estatura — o que, provavelmente, fosse o motivo pelo qual ele sempre carregava um enorme facão Randall, preso ao quadril. Todo mundo gostava de provocá-lo: “Pequeno homem,

grande faca”. Sourpuss, o mais velho dentre nós, tinha zero de personalidade: o único sujeito do grupo que não era “uma figura”, que gostasse de diversão. Ele estava interessado apenas em voltar para casa, para o seu “benzinho” — sua esposa —, sem parecer ligar muito para a operação em que estivéssemos envolvidos ou para o que pensávamos disso. Ele reclamava um bocado, também. Nenhum de nós realmente gostava muito dele.

chart, perto da cabine do piloto. Somos apenas nós quatro. É provável que esta seja uma operação real. O sujeito que nos

passava as instruções era alguém que eu jamais vira antes; alguém do comando de operações especiais conjuntas (JSOC). Ele era absolutamente profissional. Às vezes, entre as equipes, há algumas risadas durante a sessão de detalhamento de uma missão. Um instrutor SEAL pode soltar uma piada sobre o sujeito com a bexiga solta: “Muito bem, nós iremos

patrulhar esta área, aqui, por cerca de dois quilômetros. Este aqui é o ponto onde Jimbo terá que dar uma mijada, pela primeira vez. Então, aqui adiante, fica o lugar em que Jimbo terá de mijar pela segunda vez.” Agora, no entanto, não havia piadas, e nós mantivemos as bocas fechadas.

Após a tentativa fracassada de resgatar 53 reféns norte-americanos,

No documento Seal Team Six - Howard E. Wasdin (páginas 74-185)

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