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PARTE I – O MOVIMENTO SOCIAL MUNDIAL PELA EDUCAÇÃO FAMILIAR

CAPÍTULO 3 Razões do Movimento Social EFAD no Brasil

Conforme se depreende das respostas desta mãe, ela e sua família assumem postura consentânea com as que identificamos no Movimento Social Mundial pela Educação Familiar Desescolarizada em sua vertente totalmente livre de qualquer condicionamento escolar. Ela se identifica com o que acredito ser um dos dois submovimentos que existem dentro do Movimento Social que chamo de Educação Familiar Desescolarizada: homeschooling e unschooling.

Não pretendo aprofundar essa discussão. O ponto que desejo ressaltar é que há razões comuns que caracterizam o Movimento Social pela EFAD no Brasil, razões estas permeadas por questões de valor, pensamento e ação de todos os pais que o integram. Estas razões seguem, de modo geral, o padrão já verificado do exame da literatura mundial sobre o tema. Passarei a descrevê-las.

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1.ª Razão – Compromisso com o desenvolvimento integral dos(as) filhos(as)

O Movimento Social pela Educação Familiar Desescolarizada é um Movimento de pais profundamente comprometidos com o bem-estar e o futuro de seus filhos, e que leva em conta não apenas a instrução de seus filhos, com vistas ao alcance destes objetivos, mas o desenvolvimento deles em toda a sua integralidade.

Em um dos questionários por mim aplicados, uma mãe que instrui seus filhos com idades de 12 e 15 anos escreveu:

Prefiro falar que no Brasil fazemos ensino domiciliar, pois na casa, no lar, cada família tem seu desenvolvimento de maneira particular. É assim com cada filho: um tem facilidade em Matemática, outro em Português, outro em Geografia, desenho, música, etc. Em cada casa, o pai e/ou a mãe vão poder escolher qual procedimento será o mais adequado para seus filhos. Eles sempre avaliaram o que era o melhor para comer, para vestir, para fazer, desde que seus filhos eram pequeninos. Porque não continuar essa avaliação? Creio que cada pai ou mãe é capaz para essa função também. O ensino domiciliar dá abertura para todas as aptidões das crianças, sem ser intrusiva, agressiva, onde o ensino é nivelado por estatísticas para aquela determinada idade. Nossos filhos não são robôs, máquinas ou números de estatísticas. Mas de maneira natural, aprendem com mais prazer, na hora em que se tem a curiosidade do saber, ou até mesmo quando se desperta esse interesse. Basta ter uma percepção. E nós pais os conhecemos mais do que qualquer professor, sabemos suas preferências, suas debilidades, seus limites. E é isso que me encanta no ensino em casa!!”.

As palavras da genitora exemplificam muito bem o olhar comum dos pais EFAD: eles estão ocupados não apenas em prover aprendizado aos seus filhos, mas tudo que eles precisam, como sempre se dedicaram a prover. Provemos alimento, roupas, abrigo, ocupações para a vida toda deles, levando em conta a individualidade de cada um, diz ela, e somos capazes de prover também instrução, acredita ela. Nossos filhos

não são robôs, ou máquinas ou números de estatísticas, diz a mãe, palavras que

revelam seu olhar sobre como observa o trato do sistema escolar para com seus filhos. A fala desta mãe não é isolada. E há ainda fatos. No caso da F2, a mãe de três crianças de sete, cinco e três anos de idade, deixou de trabalhar para estar com os filhos e educá-los fora da escola. Conta que ela mesma foi alfabetizada pela mãe, quando tinha a idade de quatro anos. Quando chegou à escola já sabia ler e escrever, e, portanto, acha naturalíssimo que faça o mesmo com seus filhos. O marido, pai das crianças, que trabalha em agência de publicidade e propaganda, possui cinco cursos de graduação e foi ensinado pelo avô em casa. Conhece latim e grego.

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K (a mãe), é enfermeira, com especialização em Pedagogia. Afirma que cursar Pedagogia “serviu para ver como a Educação está ruim”. A adesão ao modelo EFAD foi porque já era uma prática com a filha mais velha, e com os demais filhos foi apenas consequência de brincar e passear. Afirma que desejam, ela e o marido, “ficar muito com eles na fase em que os filhos querem estar com os pais”. Acredita que depois desta fase seus filhos terão a liberdade assegurada.

A F1 diz algo semelhante, mas de forma diferente, pois tem mais experiências, com dez filhos, a mais velha com 19 anos, e o mais novo com quatro. O pai é taxista atualmente, mas foi professor da Educação Básica. Ele diz: “O Estado não se preocupa com as crianças. O Estado quer ter o controle. O ensino não é o objetivo principal da escola”. Suas histórias são diversas.

O depoimento de P1 demonstra que a preocupação dos pais não se concentra apenas no aspecto instrucional, mas que os valores morais e espirituais estão presentes no processo educacional que querem implementar. Perguntei a ele “qual(is) o(s) motivo(s) que você considera principal(is) que o fez decidir apoiar o movimento homeschooling? Explique.” A resposta foi cuidadosa:

“Desde o nascimento de nossas filhas, tínhamos como princípio (cristão) nos dedicar para formar o caráter das crianças segundo os ensinamentos bíblicos. Isto nos fez pensar em matriculá-las somente aos 6 anos. Neste objetivo, temos buscado aproveitar todas as oportunidades, tanto da convivência familiar, como da igreja, do clube e qualquer lugar público para ensiná-las a se importar com as outras pessoas. E se importar significa mais do que respeitar.

Um fato que explica este conceito é que nossas filhas gostam muito de receber pessoas em casa, e não apenas os que já conhecem. Para ser mais específico ainda, cito um momento. Num desses eventos, nossas filhas ficaram brincando com uma menina da mesma idade da mais velha, que era filha de uma boliviana que morava sem o marido em São Paulo. Esta menina adoeceu (uma catapora que se agravou) e acabou ficando internada por mais de um mês. Nossa assistência à sua mãe incluiu algumas tardes que minha esposa ficou no hospital de acompanhante, e em todo este processo pudemos ver o interesse de nossas filhas por esta família.

Temos visto o quanto este período de relacionamento próximo em família tem permitido que este e outros diversos princípios têm sido formados na vida delas. Nesta etapa de suas vidas, entendemos que este foi o melhor investimento, cujos frutos já estão sendo colhidos. Por outro lado nosso segundo ano ensinando o conteúdo escolar tem-nos permitido concluir que podemos seguir em frente.”

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podemos ver o sentimento delas, o que corrobora e reforça o sentimento dos seus pais no sentido de que a educação, ou instrução, é apenas parte de um processo mais amplo de formação da pessoa em desenvolvimento, um processo no qual a convivência familiar e comunitária aparece como um valor central.

Com vistas a aferir para as crianças o valor do modo EFAD de Educação, perguntei às crianças: Você gosta de estudar em casa? Porque? O que mais gosta? Seguem algumas respostas.

 Sim porque fico com minha família. De ficar com minha mãe. (9 anos)  Sim. Porque eu fico só dentro de casa, e não preciso ir a escola. Eu fico

com minha mãe. (8 anos)

 Sim. Por que passo mais tempo com meus pais e eles comigo. (06 anos).  Sim, porque assim posso aprender mais que na escola e aprender as

tarefas de casa. De ficar com minha mãe! (10 anos).

 Gosto muito. Porque eu aprendi mais em casa do que na escola. O que mais gosto é de ficar mais tempo com meus pais e meu irmão. Eu acho muito ruim porque ele não estuda em casa. (10 anos).

 Sim. Porque eu fico em casa com meu pai. Estudar inglês. (8 anos).  Gosto porque tenho mais liberdade e mais perto de meus pais eu fico. (11

anos).

 Sim, Porque em casa eu aprendo melhor, e não tem muita conversa igual na escola. De ficar perto dos meus pais (11 anos).

Outra pergunta que fiz aos estudantes, buscando compreender a capacidade deles de socializarem-se, foi “Quais suas brincadeiras, ou atividades preferidas, que você prefere quando não está estudando. E quais são seus melhores amigos?” Algumas

respostas, evidenciam, novamente, a importância da convivência familiar e comunitária317:

 Esconde-esconde. Meu pãi e meu irmão (8 anos)

 Jogar vídeo game, computador, jogar bola, meus pais, xxx, xxx xxx (11 anos)

 Brincar de boneca. xxx e xxx, minhas vizinhas. (8 anos)

 Natação, música e jogos. Meus melhores amigos são os meus irmãos e xxx. (11 anos)

 Eu gosto muito de ler tantos livros quanto artigos interessantes e notícias, brinco com meus irmãos e navego no youtube e facebook. (18 anos)  Xadrez, teclado, pintura, xxx e minha irmã xxx e minha mãe são minhas

melhores amigas (16 anos).

 Ler, Assistir filme, praticar esporte. xxx, xxx, xxx, minha mãe, meu irmão e meu pai, etc.

 Andar de bicicleta, jogar futebol, assistir filme. xxx, xxx, xxx, xxx, etc.

317Omiti os nomes citados pelas crianças para evitar possível identificação. Todas as respostas foram

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 Pega-pega; competição de força”; simulador de vôo, aprender teclado. Meus amigos são meus irmãos e o pessoal da igreja que estou frequentando (14 anos).

 Desenhar projetos, simulador de voo, carros com carrinho de rolimã, queimada, origami e subir em árvores. Os meus amigos são o pessoal da igreja que eu frequento (13 anos). Andar de skate, meus melhores amigos são meu pai, meu irmão e meu primo, pois estamos sempre juntos.

 Andar de skate, xxxx, meu primo, 16. xxxx meu amigo, 18. xxx meu amigo, 9. (10 anos)

 Bicicleta, patinete, pega-pega, pular corda, brincar com areia no parque, brincar com aviões. Meus vizinhos do condomínio (quatro nomes).  Jogar futebol no computador, dormir na casa de amigos. Desenhar, tocar

instrumentos. Os meninos da minha igreja e meus vizinhos.  Esconde-esconde. (Quatro nomes de meninas).

2.ª Razão – Instrução científica e preparação para a vida adulta

Os pais homeschooling acreditam que são capazes de instruir seus filhos de modo mais eficaz do que o sistema escolar vem fazendo, levando em conta a instrução científica e a preparação para a vida adulta. Isso está claro não apenas na forma pela qual esses pais, comprometidos com o futuro de seus filhos, se empenham em enfrentar o Estado para promoverem por si próprios a instrução da criança, como também em razão do valor que atribuem à própria educação que promovem.

Uma pergunta realizada aos pais dizia respeito ao grau de satisfação quanto ao modelo homeschooling. Perguntei a eles: Que nota você daria para homeschooling? Oitenta por cento das respostas foi DEZ, e quinze por cento foi NOVE. Somadas estas duas alternativas chegamos ao percentual de noventa e cinco por cento dos respondentes atribuindo ao modelo homeschooling a nota Dez ou Nove.

Este resultado muito expressivo não pode ser visto de modo desprendido da pergunta anterior. Perguntei sobre as razões, ou razão, pelas quais os pais haviam optado pela prática homeschooling. As alternativas eram as seguintes:

 Custo das mensalidades escolares  Qualidade precária das escolas públicas

 As escolas ensinam e praticam valores e princípios contrários aos de minha família

 Distância de minha residência à escola

 Estou convencido de que produz melhores resultados educacionais, e prepara melhor para a vida adulta.

 Meu filho(a) não se adaptou à escola  Deficiência física ou mental da criança  Outro motivo. Explique.

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As respostas foram as seguintes, conforme tabela:

Se somarmos as respostas às alternativas (i) Estou convencido de que produz

melhores resultados educacionais e prepara melhor para a vida adulta, e (ii) Qualidade precária das escolas públicas, temos 54% de todas as respostas. A alternativa (i), em

percentual, apenas perdeu para a resposta de que A escola ensina e pratica princípios e

valores contrários aos de minha família, a qual recebeu trinta e seis por cento das

adesões, contra trinta e quatro por cento da alternativa que diz respeito aos resultados educacionais.

Outros fatos corroboram esta percepção dos pais. O artigo escrito por Alexandre Magno Fernandes Moreira Aguiar (2008), um dos nossos entrevistados, Diretor Jurídico da ANED, tem por título A Falência da Educação no Brasil. Foi a enorme repercussão deste artigo no qual ele critica o sistema educacional escolarizado brasileiro, que o levou a se tornar conhecido como uma referência na área jurídica entre os pais que praticam o modelo desescolarizado de Educação.

Também o Deputado Federal Lincoln Portela, o qual se reportou por diversas vezes em sua entrevista aos benefícios da Educação Domiciliar, descritos em um texto de Fabio Stopa Schebella, reproduzido parcialmente tanto no site da ANED318, quanto nos documentos que serviram de subsídio para a realização das audiências públicas na Câmara dos Deputados, editados pela ANED (2011, 2012). O texto do pedagogo indica as seguintes vantagens do modelo de educação dos pais, em contraposição ao escolar. São elas:

318http://aned.org.br

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 Naturalização da aprendizagem – Significa reconhecer a aprendizagem como algo natural e social ao mesmo tempo, sendo esses dois aspectos indissociáveis nesse processo, e que, por isso, e em razão do fato da casa e da família fazerem parte da vida cotidiana da criança, aliando-se ao outro fato de que os pais já são conhecedores sensíveis às habilidades e aptidões da criança, a prática da educação familiar não proporcionaria quebra no processo natural de aprendizagem da criança, ao contrário, o estimularia.

 Desenvolvimento do Autodidatismo – Esta possível qualidade da EFAD está intimamente ligada à primeira, e refere-se à capacidade do educando aprender por meio de um processo que valoriza a autoaprendizagem. Vejamos o que diz o professor Schebella:

[...] Uma das maiores vantagens da Educação Domiciliar para a criança enquanto sujeito intelectualmente ativo é o desenvolvimento do autodidatismo. Autodidatismo se refere à capacidade de uma pessoa estudar de forma sistematizada sem a necessidade de um professor ou preceptor. O sujeito autodidata possui a habilidade de guiar seus estudos por si mesmo, em um processo autônomo e automotivado. Essa qualidade (extremamente almejada nos dias atuais) é desenvolvida pelo aluno domiciliar na medida em que, em seus estudos, vai dependendo cada vez menos de seus pais como mediadores do conhecimento e se empenha mais na compreensão das explicações e na execução das atividades do material didático. Uma das chaves da educação domiciliar é tratar a aprendizagem como algo comum, natural e que faz parte da vida da criança, e isso contribui imensamente para o desenvolvimento do autodidatismo. Explico: quando um menino aprende a jogar bola, mesmo não compreendendo toda a lógica do esporte, dedica-se ao fazê-lo. Consciente ou não, a criança busca uma melhora constante de seus chutes, sua corrida, seus movimentos com a bola, etc. O prazer e o desejo por essa atividade leva o aparato neural da criança a se especializar nela, gerando uma automotivação que impele o ser a agir nessa direção. Esse processo é verdadeiro, não somente em se tratando de atividades físicas e esportivas, mas para todo e qualquer interesse que venha a surgir durante o desenvolvimento da criança. Enquanto uma criança está sendo ensinada em casa de forma adequada, o “aprender” se torna parte de sua vida. O homeschooling naturaliza o processo de ensino-aprendizagem a ponto deste ser compreendido pela criança como equivalente aos demais elementos de sua rotina: brincadeiras, tarefas, tempo com os pais, momentos de alimentação, etc. A criança sabe que o momento de estudar é diferente dos demais em sua forma, mas o reconhece (em essência) como uma autêntica parte de sua vida normal. Diante disso, o aprendizado é elevado pela criança à categoria de “coisas minhas”, ou seja, aquilo que é visto pela criança como parte do que ela é. Se faz necessário ressaltar, também, que a idade do sujeito é um fator determinante no processo descrito... Quanto mais nova for a criança, mais ela precisará de orientações quanto a forma como pode apurar sua habilidade, e mais facilmente ela poderá se desanimar frente a dificuldades e entraves. Dessa forma, o papel do “outro” é imprescindível. Em especial, a família da criança é incumbida de animar o sujeitinho em suas dificuldades e orientá-lo para sanar as falhas que o impedem de progredir. Porém, conforme a criança vai crescendo, a necessidade do “outro” vai diminuindo (apesar de nunca desaparecer por completo). Então, quanto mais velho o sujeito fica, mais automotivação ele vai ganhando, bem como uma maior capacidade de superar suas dificuldades e achar

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saídas para problemas por si só. É nesse processo que vemos a criança passando da super dependência da primeira infância para a interdependência real da fase adulta. É claro que, num primeiro momento, os pais necessitarão estar quase que constantemente próximos de seus filhos para orientar os momentos de estudo. Os preceptores são necessários para garantir que os horários, locais e formas de estudo sejam respeitados pela criança, bem como para transmitir o conhecimento a ser aprendido e direcionar as atividades a serem realizadas. Porém, esse quadro não deve permanecer assim por muito tempo. A primeira grande quebra dessa realidade é quando a criança aprende a ler e escrever bem. A partir de então, o aluno domiciliar passa a ler seu material didático sozinho, podendo entender as lições e as atividades que deverá fazer. Entretanto, o papel dos pais-professores ainda é essencial, pois o vocabulário infantil permanece limitado, bem como sua capacidade de interpretação e compreensão do desconhecido. Enfim, quanto mais velha a criança vai ficando, mais progresso vai tendo no sentido de estudar sozinha. Por esse processo ser naturalizado, seu sistema neural estará plenamente comprometido com o desenvolvimento da automotivação e dos aparatos necessários para superar dificuldades. Em uma escala progressiva, estudar em casa vai levando o sujeito ao ponto de ser efetivamente autodidata. Nesse ponto, os pais ainda possuem seu papel na orientação e cobrança, mas o estudante passa a ser capaz de aprender sozinho, utilizando, não somente os materiais didáticos próprios do homeschooling, mas qualquer outro meio que venha a lhe auxiliar na compreensão dos conhecimentos humanos. Esse autodidatismo proporcionado e potencializado pela Educação Domiciliar também está diretamente ligado à atitude pesquisadora desenvolvida por esse processo. Uma vez que o sujeito é automotivado a aprender por si, ele desenvolve o desejo, o anseio, a necessidade de pesquisar, de investigar, de inquirir, o que irá culminar com o próximo assunto que trataremos: o desenvolvimento da capacidade de produção intelectual.

 Desenvolvimento da capacidade de produção intelectual – O autor se refere, aqui, a todo e qualquer produto que seja fruto de pesquisa ou de diferentes

exercícios intelectuais, como o livro. Critica a cultura maciça das escolas, que

consistiria apenas em reprodução do conhecimento, e não de sua produção. Refere-se, inclusive, à Educação Bancária, criticada por Paulo Freire. Assim, compreende homeschooling, como um modelo recheado de possibilidades de descobertas de gênios, desde o ensino fundamental:

[...]Infelizmente, o desenvolvimento da capacidade de elaboração de produtos intelectuais parece estar sendo restringida à academia... Não vemos professores incentivando alunos da Educação Básica a produzir (de verdade). Há sim a produção de trabalhos, porém estes são meramente avaliativos e pautados em pesquisas copistas e no “regurgitar do conhecimento” de uma educação bancária. Em geral, as crianças brasileiras não estão produzindo, mas reproduzindo.

O desenvolvimento intelectual e tecnológico seria muito maior, mais rápido e eficiente se a população como um todo estivesse equipada com os aparatos (concretos ou abstratos) necessários para produzir desde sempre. Mesmo que nem todo o produto intelectual fosse apropriado, útil ou inovador, o simples fato de sermos uma “população que produz intelectualmente” potencializaria de uma forma inigualável os avanços em termos de conhecimento. Se estivéssemos incentivando nossos filhos a produzir intelectualmente, todos os anos veríamos uma enxurrada de novas fórmulas matemáticas, circuitos eletrônicos, pensamentos filosóficos, inovações no esportes e exercícios físicos, gêneros literários, e tantos

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outros produtos que nem poderíamos imaginar neste momento.

E, neste sentido, a Educação Domiciliar se apresenta como uma modalidade que estimula de forma extraordinária a produção intelectual. Como dissemos anteriormente, a naturalização da educação gera o autodidatismo, que gera uma atitude pesquisadora que culmina na produção intelectual. O aluno domiciliar não se contenta com o que aprende em seus livros didáticos, ou com as explicações de seus pais-mestres, mas parte destes pontos para “saltar” na direção do conhecimento, realizando pesquisas diversas para se aprofundar no aprendizado. Mediante o direcionamento adequado, essas jornadas intelectuais irão se materializar em produtos intelectuais. O homeschooler irá começar, meramente, descrevendo o que descobriu, mas logo estará analisando os dados, comparando informações, raciocinando sobre as descobertas e chegando às suas próprias conclusões – as quais terá, naturalmente, desejo de compartilhar com outros. Uma geração inteira de pesquisadores-produtores geraria um salto qualitativo e quantitativo em termos de produção intelectual como nunca se viu na história da

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