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Razões que justificam a autoavaliação de uma organização

Fase III – Pano de Melhorias/prioritização

Categoria 1: Razões que justificam a autoavaliação de uma organização

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Subcategorias: Conceito de avaliação de uma organização escolar;

razões que justificam a constituição de uma equipa de AA.

(O quadro com os indicadores referentes a esta categoria poderá ser consultado no anexo XVII).

A partir das respostas relativamente à primeira categoria em relação ao conceito de avaliação de uma organização escolar, sobressaiu que os entrevistados demonstram ter noção do conceito, ao referirem que é um processo através do qual se pretende proceder a “uma análise sistemática do agrupamento para apurar os pontos fortes e pontos fracos, no âmbito do funcionamento e gestão de recursos, desempenho dos órgãos de gestão e orientação educativa” (ED). Revelaram que através deste processo de autorregulação se poderão “introduzir mudanças” (EA; ED; FG) que possam promover “a melhoria contínua do processo educativo” (EA; EB; EC; ED; FG), assente num “questionar/ refletir” (FG; ED) para “proporcionar soluções adequadas” (ED). Acrescentou-se que é um processo para “promover uma cultura de qualidade, exigência e responsabilidade” (ED), assente num processo contínuo de produção de conhecimento para corrigir “práticas pedagógicas” (ED). Foi salientado que poderá fomentar “as boas relações interpessoais e inter grupos” (ED) e contribuir para “a melhoria do clima e da cultura escolar” (ED), no sentido de “uniformizar objetivos, processos e estratégias” (ED), para a criação dessa “identidade coletiva” (ED). Acrescentou-se que poderá fortalecer a articulação entre órgãos, criando uma “cultura de responsabilidade e partilha entre membros da CE” (ED) e assim tornar as escolas mais aptas a lidar com a mudança. Foi igualmente referido como sendo um instrumento para prestar contas, uma vez que serve para monitorização dos resultados académicos e estabelecer comparação entre dados de anos anteriores, entre escolas e mesmo a nível nacional. Referiu-se também que a complexidade do processo educativo exige que todos os mecanismos sejam testados quanto à sua eficácia “na prossecução dos objetivos” (ED), no sentido de “garantir a credibilidade do desempenho do agrupamento junto dos interessados” (ED). Salientou-se ainda que este processo visa “estimular o ambiente dos alunos nas suas aprendizagens e contribuir para a sua autonomia” (ED), sobressaindo a noção

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de que, com este processo, se poderá promover “a melhoria da qualidade dos processos de ensino/aprendizagem” (ED).

Após consulta do Regulamento Interno aprovado em Conselho Geral a 13 de fevereiro de 2014, encontramos no capítulo III, secção VII, o artigo 55º, onde também se afirma que “A avaliação interna é um dos mecanismos centrais de apoio à gestão e de suporte à definição das principais linhas estratégicas de funcionamento neste Agrupamento de Escolas”.

No Relatório Final de Atividades do ano letivo 2013-2014 (anexo IX), relativamente à avaliação interna, a diretora afirma que esta surgiu “como um processo determinante para a auscultação e melhoria da qualidade do sistema de ensino e da própria educação” (p. 12), entendendo que nos devemos “questionar sobre o que a escola faz, como faz e o modo como atinge ou não os objetivos que são fixados” (ibidem). Acrescentando ainda que “este questionamento é uma responsabilidade indeclinável da escola e dos seus membros” (ibidem).

Quanto às razões para a constituição de uma equipa de AI, verificou-se que a iniciativa partiu da diretora, atenta à importância da AA, sentindo necessidade de recolher informação sobre o agrupamento e proceder ao levantamento de pontos fortes e fracos, bem como os constrangimentos e/ou oportunidades percecionadas no agrupamento. Salientou-se também que decorreu da necessidade de “cumprir procedimentos legais” (EB; ED) e “provavelmente preparar para a avaliação externa” (EB), pois foi igualmente referido como “imposição da inspeção” (ED). A indisciplina também foi referida como o mote para se partir para a “promoção de espaços de reflexão e de participação alargados na CE” (EA). A criação da equipa referida com o intuito de “organizar, sistematizar, monitorizar e avaliar para sugerir estratégias de melhoria” (EB; FG), tendo sido mencionado que estaria a seu cargo a respetiva “divulgação da informação” (EA).

A partir das respostas registadas relativamente a esta primeira categoria enunciada, que contempla o conceito de organização escolar e as razões que

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justificam a constituição de uma equipa de avaliação interna no Agrupamento, poderemos inferir que o processo assentou numa demanda da diretora em relação à constituição de uma equipa e nomeação do seu coordenador, a quem incumbiu de avaliar e coordenar todo o processo avaliativo a desenvolver no Agrupamento. No início, encarada, porventura, mais como um processo de aproximação à avaliação externa, enquadrada mais numa dinâmica de prestação de contas, tendo, entretanto, evoluído para um processo de melhoria da escola, com o objetivo de contribuir para a qualidade da prestação educativa no agrupamento. Poderemos também ser levados a concluir que esse interesse por parte da diretora em formalizar o processo terá decorrido da publicação do Decreto-Lei 31/2002, de 20 de dezembro, que lhe confere obrigatoriedade, uma vez que temos conhecimento de que, à data da sua constituição, o agrupamento tinha recebido indicação da calendarização da próxima ação inspetiva da IGEC. Facto que pode ser comprovado na ata da reunião do CG do dia 24 de outubro de 2012, onde foi dado conhecimento de que iria decorrer uma inspeção no agrupamento de 09 a 11 de janeiro de 2013.

Poderemos inferir que a perceção dos inquiridos enquadra-se no âmbito da avaliação organizacional preconizada no programa de avaliação externa de escolas da IGEC, se atendermos ao que está plasmado na sua página oficial.

“ A avaliação externa das escolas pretende constituir um contributo para o desenvolvimento das escolas. Sendo a avaliação um instrumento para melhorar o ensino e aprendizagem e os resultados dos alunos, procura-se incentivar práticas de autoavaliação, promover uma ética profissional marcada pela responsabilidade, fomentar a participação social na vida da escola e oferecer um melhor reconhecimento público do trabalho das escolas” (IGEC (2014:7).

A IGEC assume claramente a avaliação externa como um suporte que fornece às escolas “elementos para a construção ou o aperfeiçoamento de planos de melhoria e de desenvolvimento de cada escola, em articulação com a administração educativa e com a comunidade em que se insere” (IGE 2009:13). O agrupamento aproveitou esta franja de liberdade concedida pela tutela, com o objetivo de “promover o progresso das aprendizagens e dos resultados dos alunos, identificando pontos fortes e áreas prioritárias para a melhoria do

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trabalho das escolas” (Relatório de Avaliação Externa de Escolas 2011/2012:9, anexo VII) e desenvolveu o seu processo de autoavaliação, apoiado nas parcerias existentes.

A existência de uma avaliação externa e a obrigatoriedade de uma AI acabaram, assim, por ter efeitos positivos no agrupamento, uma vez que ainda que as motivações iniciais pareçam ter sido as de cumprimento da lei e da preparação da avaliação externa, com o tempo o funcionamento da equipa de autoavaliação passou a ser encarada como um propósito em si mesmo, porque benéfico para o funcionamento global do agrupamento.