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4 Percursores de saídas de pista

4.16 RE16 Assimetria de travagem

O objetivo deste percursor foi o de desenvolver meios para identificar assimetrias de travagem durante uma descolagem abortada ou aterragem; esta assimetria é identificada pela pressão dos travões, podendo identificar um mau funcionamento do sistema, o que poderá conduzir a uma saída de pista (EASA, 2016).

A implementação de todos estes percursores de eventos permite ao gabinete de SSM fazer a gestão do risco de RE a partir da verificação dos dados de voo analisados com o sistema de FDM. Este tipo de monitorização pode ser vista como mais “tradicional”, isto é permite avaliar quaisquer desvios no SOP da TAP. Com esta verificação efetuada permitirá avaliar o possível risco inerente a determinada situação.

Identificado o conjunto de percursores, no capítulo seguinte apresenta-se um método “menos tradicional” de análise dos dados de voo, utilizando um programa que permite inferir o risco associado a determinado tipo de operação, com base nos dados de voo obtidos da operação diária das aeronaves.

5 Diagramas de avaliação de risco de RE

Neste capítulo apresenta-se a construção e integração na base de dados de programas da TAP da ferramenta de análise geral de voos, que permite a avaliação do risco de saída de pista em cada aterragem.

O desenvolvimento desta ferramenta foi baseado no trabalho realizado por Pere Fábregas da Vueling (Fàbregas, 2011) com base nas recomendações da Flight Safety

Foundation e do ICAO, sendo posteriormente aprofundado por Pedro Soares da TAP (Soares,

2014). Fábregas desenvolveu o percursor desta ferramenta e Pedro Soares fez a integração e implementação desta ferramenta nas aeronaves que operam no aeroporto de Lisboa para a frota Airbus A320 da TAP.

Nesta sequência, o presente trabalho de investigação deu continuidade ao que ambos autores realizaram do seguinte modo:

- Integrando-a para todos os aeroportos em que a TAP opera;

- Incluindo todas as aeronaves da família A320, ou seja, A319, A320 e A321; - Tornando-a numa ferramenta na base de dados de programas da TAP.

Para além do desenvolvimento desta ferramenta de análise geral de voos, foi também desenvolvida uma ferramenta de análise específica de voos, baseada no diagrama geral de análise voos mas de aplicação mais específica e adaptada para uma série de condições particulares, permitindo realizar a simulação do risco de saída de pista.

A importância destas ferramentas para o operador prende-se com o facto que permite integrar uma variedade de fatores que estão envolvidas nas saídas de pista das aeronaves (RE) num único diagrama, permitindo a identificação de aeroportos críticos, o cálculo do impacto do não funcionamento de algum sistema de travagem, como por exemplo os reversores de fluxo (reversor de fluxos), identificar pistas contaminadas e o risco que cada tipo de contaminação envolve, permitindo ainda a avaliação numérica do risco de uma potencial saída de pista.

As premissas básicas para o desenvolvimento desta ferramenta são apresentadas no trabalho desenvolvido por Fábregas (2011); devido à sua pertinência para o entendimento deste trabalho, passam a ser ressalvadas as seguintes:

 Definição de uma ferramenta simples, que pode ser utilizada pela totalidade da indústria do transporte aéreo para avaliar o risco de saídas de pista;

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 Criação de um indicador de risco comum que permita a melhoria da avaliação do risco de saídas de pista;

 Avaliação de um modo expedito e conciso do risco de saídas de pista em destinos actuais e futuros, através de uma ferramenta gráfica para o cálculo do impacto dos diferentes factores que contribuem para o aumento deste risco, permitindo ainda a tomada de acções preventivas com base em dados concretos retirados do indicador.

Em última análise, estas ferramentas apresentam-se como alternativa ao método de avaliação do risco de saídas de pista baseado na análise de desvios do SOP da empresa, método este utilizado pela TAP. Este método “tradicional” baseia-se na programação de percursores de eventos no AGS que verificam a existência de desvios no SOP da empresa através da análise de dados de voo.

Este método tradicional apresenta limitações nomeadamente no que toca à mensuração do risco, pois este não consegue ser mensurado, apenas permitindo indicar se determinado voo apresentou maior risco de saída de pista do que outro, para além de ser um processo com maior morosidade no que à tomada de conclusões.

Segundo Fábregas (2011, pp. 1-2) “ao se fazer a avaliação do risco de saídas de pista através de dados concretos em vez de se tentar verificar desvio no SOP, permite resultados vantajosos, pois estes dados são todos integrados num único diagrama e os parâmetros combinados provém de uma série de fontes, desde fabricantes, entidades aeroportuárias e dados de voo, permitindo assim a criação de uma ferramenta simples mas que consegue ter um alto nível de precisão e de confiança na avaliação das saídas de pista”.

Parte da precisão dos resultados prende-se com o facto de permitir calcular o indicador de risco para cada caso específico de aeroporto e de aeronave operada, a partir do peso, da velocidade à aterragem bem como das condições de pista, permitindo assim e tal como dito anteriormente, o operador identificar pistas que apresentam um maior risco e com base nos dados conseguidos procurar desenvolver ações que permitam mitigar o risco.

Outro valor acrescentado por esta ferramenta é o de permitir um indicador universal, que permite criar um método de comparação do risco direto, independentemente do operador, do fabricante da aeronave e do aeroporto, pois tal como foi realizada a implementação desta ferramenta para as aeronaves da família A320 da TAP, poderá ser realizado por qualquer empresa, pois os dados utilizados são independentes do modelo de aeronave estudado ou dos aeroportos analisados e para além disso todos eles estão disponíveis com qualquer programa de análise de dados de voo.

dados de programas em .R da TAP a ferramenta de análise geral de voos.

5.1 Ferramenta de análise geral de voos