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Reajustes de mensalidades dos planos de saúde

O reajuste de mensalidade consiste na variação do valor pago aos planos de saúde, sendo que o órgão competente para aprovar o índice de reajuste a ser aplicado nos planos de saúde é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), conforme competência instituída pela Lei nº 9961/2000. Este controle feito pela ANS difere quando se refere ao motivo do reajuste e os fatores como, por exemplo, o tipo de contratação, planos individuais ou planos coletivos ou até mesmo a época de contratação. Esta variação da mensalidade dos planos é necessária em função dos aumentos dos custos, de um lado, e da elevação da idade que afeta diretamente e até mesmo como forma de equilibrar fatores que ameacem a qualidade da prestação do serviço, por outro lado.

Quando se refere ao fator de aumento para equilibrar os custos, quer se dizer dos fatores que alteram a inflação e a necessidade de novas tecnologias. Este tipo de reajuste poderá ser feito apenas uma vez por ano.

Para o reajuste de mensalidade anual dos planos individuais familiares, com ou sem cobertura odontológica, é necessário a aprovação prévia da ANS, nos termos da Resolução Normativa nº 171 de 2008: “Estabelece critérios para aplicação de reajuste das contraprestações pecuniárias dos planos privados de assistência suplementar à saúde, médico- hospitalares, com ou sem cobertura odontológica, contratados por pessoas físicas ou jurídicas” (BRASIL, 2008). Tal Resolução traz diversas discussões ao Judiciário, uma vez que a ANS não aprova previamente estes reajustes anuais aos planos coletivos, mas apenas os reajustes dos planos individuais de assistência privada a saúde, o que acaba não contentando a todos.

O reajuste acontece a cada ano no que se refere aos planos coletivos empresariais, e ele se dá de forma que as operadoras decidem o percentual a ser reajustado e apenas comunicam a ANS das alterações, diferentemente dos planos individuais, que, como dito, deve ser aprovado previamente pela ANS.

Este critério de aprovação apenas nos planos individual ganha respaldo no momento em que o consumidor, pessoa física, é claramente hipossuficiente em relação à operadora, uma vez evidenciado que faltará poder para o consumidor negociar as mudanças de mensalidade. No momento que a ANS toma frente respaldando o consumidor, presume-se que há melhor equilíbrio na relação de consumo.

O reajuste dos planos individuais pode ser anual ou ainda por faixa etária. Os reajustes anuais dos planos novos, como já mencionado, são definidos pela ANS, já os antigos se efetuam de forma diferenciada, uma vez que o índice é baseado no contrato, por exemplo, IPC, IGP-M, variação da tabela de honorários médicos e etc.

Os reajustes por faixa etária nos planos antigos devem seguir o que foi estipulado no contrato, já o reajuste dos planos de saúde novos estes devem prever qual será o percentual de aumento para cada faixa etária. Este percentual varia de acordo com as operadoras, porém, devem seguir os parâmetros que são estipulados pela ANS.

Segundo o histórico de reajuste por variação de custo de pessoa física divulgado pela a ANS no ano de 2012, o reajuste anual teve aumento de 7,93%.

Em relação aos limites de variação a serem observados nos reajustes de mensalidade por faixa etária dos contratos firmados depois de 1º de janeiro de 2004, a Resolução Normativa nº 63, de 22 de dezembro de 2003, em seu artigo 2º dispõe:

Art. 2º Deverão ser adotadas dez faixas etárias, observando-se a seguinte tabela: I - 0 (zero) a 18 (dezoito) anos;

II - 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) anos; III - 24 (vinte e quatro) a 28 (vinte e oito) anos; IV - 29 (vinte e nove) a 33 (trinta e três) anos; V - 34 (trinta e quatro) a 38 (trinta e oito) anos; VI - 39 (trinta e nove) a 43 (quarenta e três) anos; VII - 44 (quarenta e quatro) a 48 (quarenta e oito) anos; VIII - 49 (quarenta e nove) a 53 (cinqüenta e três) anos; IX - 54 (cinqüenta e quatro) a 58 (cinqüenta e oito) anos; X - 59 (cinqüenta e nove) anos ou mais. (BRASIL, 2003).

Esta diferenciação de reajuste se da principalmente por questões que são naturais, uma vez que quanto mais idosa a pessoa vai ficando, mais necessária e mais freqüente serão os cuidados com a saúde.

Ainda, estes reajustes nos planos individuais por faixa etária variam conforme o momento da contratação, sendo que os percentuais deverão estar de forma clara e expressa no contrato.

Nos casos de reajuste dos planos de saúde coletivos, estes também sofrerão diferenciação em se tratando de reajuste anual e reajuste por mudança de faixa etária. Os reajustes anuais deverão seguir as normas contratuais combinadas entre o fornecedor e a pessoa jurídica, este reajuste deverá ser comunicado a ANS em até 30 dias após a sua aplicação.

No caso de reajuste por mudança de faixa etária nos contratos coletivos, segue os mesmos preceitos dos planos individuais.

CONCLUSÃO

A Lei no 9.656/1998 foi criada em decorrência de pressões produzidas principalmente pelas pessoas mais vulneráveis e que mais necessitam do serviço de saúde, que são os consumidores. Antes da lei, os contratos eram escritos com letras ilegíveis, existia déficit de atendimento nos casos de doenças preexistentes, o cancelamento unilateral e aumento abusivo. A partir da década de 1980 começou a luta pela melhoria e pelo regulamento deste serviço.

Diante da regulamentação o setor passou a se chamar de operadoras de planos de assistência à saúde, devendo ser submetidas às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), criada pela Lei nº 9.961/2000. Juntamente com a ANS criou-se o Conselho Nacional de Saúde Suplementar (Consu), ambos são interligados ao Ministério da Saúde e tem como atividade, por exemplo, regulamentar a lei nas questões que ficaram em aberto.

Toda esta mudança que veio juntamente com a Lei nº 9.656/1998 não significa que o CDC ficou completamente esquecido no que diz respeito aos planos de saúde. O CDC é uma lei mais abrangente, esta estabelece todas as relações existentes na esfera consumerista e também os contratos de planos de saúde, ou seja, não apenas estes contratos em específico.

Apesar de aparentemente a Lei 9.656/1998 trazer consigo várias vantagens ela também trouxe alguns problemas. Acontece que a lei é um pouco genérica esquecendo alguns pontos que trazem vários transtornos para o consumidor e que a lei não trouxe nenhuma previsão legal.

As principais reclamações levadas a ANS são referentes à negativa de cobertura, os reajustes por faixa etária e anual e descredenciamento dos serviços. Diante da grande demanda os processos em que as operadoras de saúde são acusadas de irregularidades contra seus clientes chegam a levar até 12 anos para serem analisados.

Destaca-se que os contratos que foram adaptados com as regras da “nova lei”, ou seja, aqueles contratos em que o consumidor optou por substituir as antigas regras pelas novas, serão regidos por esta. Assim como os contratos novos deverá seguir o que prevê a Lei nº 9.656/1998. Já os contratos antigos e os que não foram alterados com a vigência da Lei nº 9.656/1998 serão amparados pelo Código de Defesa do Consumidor.

Os protagonistas da relação de consumo são os consumidores e os fornecedores e entre eles está o fator determinante que é o objeto desta relação de consumo, no nosso caso os planos privados de assistência a saúde. Um fator determinante para tal relação são os princípios que regem a relação de consumo como forma de guia para os operadores do direito e tem a finalidade de equilibrar tal relação.

Os contratos de saúde poderão ser individuais ou familiares, coletivo empresarial ou por adesão, bem como poderão ser classificados em plano referência, ambulatorial, hospitalar, hospitalar com obstetrícia e odontológico e todos são regidos tanto pela Lei 9.656/98 quanto pelo CDC não esquecendo as diferenciações dos planos regulamentados e não regulamentados que depende da data de contratação do serviço.

Por fim, o que se vê atualmente é que até mesmo os serviços dos planos de saúde já têm seus problemas, gerando a cada dia mais demandas judiciais por parte dos consumidores o que nos gera preocupação uma vez que a saúde trata-se de um direito fundamental que deve estar ao alcance de todos nós.

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