• Nenhum resultado encontrado

maranhense.

Ao pesquisarmos sobre o falar Maranhense, encontramos os estudos de Castro e Aguiar (2007) a dissertação de Castro (2008). A partir desses trabalhos podemos verificar quais as variantes de </e/> e </o/> são mais produtivas entre os maranhenses, certos de que os referidos estudos representa apenas um recorte de todo o sistema linguístico do falar maranhense.

Castro e Aguiar (2007) apresentaram a análise preliminar dos aspectos fonético- fonológicos de alçamento e abaixamento das vogais pretônicas por meio de três aspectos: classes de nomes, contexto vocálico, e consoantes adjacentes, objetivando compreender a constituição do sistema vocálico de falantes na faixa etária de sessenta anos acima, naturais da zona rural de Balsas, no Sul do Maranhão.

Os resultados de Castro e Aguiar (2007) mostraram que, o abaixamento de ocorre, de modo geral em substantivos e adjetivos, com relação as consoantes adjacentes, nas sílabas que têm como onset primeiramente uma alveolar, sendo seguida das bilabiais. Na posição de consoante seguinte, mostraram-se mais produtivas as alveolares e, em seguida, as glotais. Também atestaram como contexto favorecedor as sílabas travadas (CVC) e livres (CV).

Para </e/> os resultados mostraram como favorecedoras as alveolares como consoantes em contexto precedente, seguidas das bilabiais. Em posição de consoante seguinte, favorecem o abaixamento as alveolares, seguidas das glotais. Já o abaixamento de </o/>, é favorecido pelas as bilabiais em posição precedente, e as alveolares, em posição seguinte.

Com relação ao contexto vocálico, o abaixamento, de </e/> e </o/>, é favorecido quando há: vogal abaixada situada na sílaba imediatamente anterior à vogal baixa; vogal abaixada situada na segunda sílaba imediatamente anterior em relação à vogal baixa; e vogal abaixada situada na terceira sílaba imediatamente anterior em relação à vogal baixa.

Já Castro (2008) selecionou seus informantes observando a idade e a origem deles, trabalhadores e trabalhadoras rurais e pequenos proprietários de terras, a partir de 55 anos de idade, que habitam na zona rural, naturais daquele município ou que para lá tenham chegado em tenra idade – pelo menos até os cinco anos de idade, houve preferência por filhos de pais nascidos nessa região, que não tivessem saído do município por muito tempo e que tivessem viajado pouco para fora da zona rural, tendo em vista a necessidade de observar caracteres conservadores nos traços linguísticos do falar em estudo.

Nas faixas mais avançadas foram encontradas as maiores diferenças, em relação à língua padrão, e traços mais conservadores o que mostrou o fator idade como um fator que pode favorecer ou desfavorecer a variação e ou preservação do sistema vocálico no léxico. O nível de escolaridade dos pesquisados não foi muito relevante, posto que a maioria é considerada não alfabetizada. Esse nível, segundo Castro (2008), corresponde ao sujeito que não sabe ler nem escrever, embora em alguns casos possa ter algum conhecimento do alfabeto. Em seu estudo, poucas foram as pessoas entrevistadas que possuíam o primeiro grau incompleto, ou seja, que sabem ler e escrever, frequentaram a escola e detém mais alguns conhecimentos básicos em algumas áreas de estudo.

O total foi de aproximadamente 12 horas de gravação, com 59 informantes, dos quais somente 15 foram selecionados para uso seu trabalho descritivo, sendo 08 homens e 07 mulheres. As entrevistas analisadas foram gravadas no período de 2006/2007, em fitas cassetes de 60 minutos, através de diálogos, conversação, perguntas e respostas ou depoimentos com temas pré-escolhidos ou, muitas vezes, direcionados pelos próprios falantes.

A pesquisa de Castro (2008) tem como base o método histórico-comparativo, uma vez que a autora compara os fenômenos fonético-fonológicos característicos do corpus pesquisado com os apresentados na literatura da história da língua portuguesa.

No que tange aos quadros das pretônicas dividas pela autora em iniciais e não iniciais, concluiu-se que são constituídos de sete fonemas, embora tenha havido um único registro com o fonema /o/ como pretônica não inicial, conforme podemos atestar no quadro 1 abaixo.

Quadro 1 – Quadro das vogais pretônicas iniciais e não iniciais no falar sertanejo no Sul do Maranhão.

Fonte: Adaptado de Castro (2008, p. 83).

Segundo Castro (2008), os fonemas abertos /E/ e /O/ são bastante produtivos, tanto em posição pretônica inicial quanto em posição pretônica não inicial no falar pesquisado, diferentemente do que ocorre nas regiões sul do Brasil. O levantamento aponta para a tendência que há para a manutenção do acento secundário dos sons de E e O abertos e em posição átona, ao realizarem-se de forma diferentemente do padrão.

Castro (2008) observou, durante a fase das entrevistas, que o falar da Região de Balsas/MA é muitas vezes marginalizado e suscetível de mudança e de ameaça de extinção. Esses falantes da região de Balsas – MA demonstram em seus discursos terem consciência de que o processo de escolarização e a vivência na cidade fazem com que haja uma modificação na linguagem das pessoas, além de que possibilita melhores oportunidades de trabalho.

Outro fato observado por Castro (2008) é que esse falar, de modo geral, é rejeitado pelas novas gerações (filhos, netos, habitantes da cidade) que usam pouco da sua linguagem nativa característica. Ou seja, no momento, esse falar regional e local parece estar caindo em desuso, pois, segundo a autora da pesquisa, muitas vezes, os próprios familiares desencorajam o uso da língua materna, haja vista que os filhos ou parentes próximos, por questão de preconceito ou mesmo de funcionalidade, desencorajam os pais e/ou avós, parentes mais idosos, a manterem o uso do falar natural, mas ainda há, como atestou Castro (2008) alguns falantes que mostraram-se satisfeitos pela sua identidade sertaneja e pela forma como falam.

Passaremos, no capítulo seguinte, a descrever a metodologia utilizada nesta pesquisa. Faremos uma breve descrição sobre o processo de migração no estado do Pará, dando destaque para os maranhenses em Belém/PA.

Documentos relacionados