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Realização do estudo de caso piloto

4.2 Procedimentos para o Estudo de Caso Piloto

4.2.2 Realização do estudo de caso piloto

Primeiramente foi aplicado o questionário MSLQ27 como forma de avaliar a motivação na forma de autorrelato (PINTRICH et al., 1991). Para os participantes da pesquisa foi associado um pseudônimo (aluno 01, aluno 02 [...], aluno “n”) a fim de garantir o anonimato dos mesmos. Para Marconi e Lakatos (2003, p. 199), com relação à condições favoráveis, o entrevistador deve “garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua identidade”.

Por outro lado, a escolha de um pseudônimo para os participantes permite comparar os resultados (níveis de motivação) ao longo da pesquisa. Ao mesmo tempo, garante um grau maior de confiança como participante da pesquisa. Conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 199), “É importante obter e manter a confiança do entrevistado, assegurando-lhe o caráter confidencial de suas informações”.

Para a coleta de dados, foi realizada a comparação entre dois ambientes. Sendo um "presencial" (com apoio do AVA Cisco NetAcad28 espelhando os materiais, que é o documental) e um “totalmente virtual”, que foi o ambiente imersivo (MV).

No estudo piloto foi abordado um tema específico da área de Redes de Computadores, com dois grupos (controle e experimental), que foi Endereçamento IP e IPV6. Neste primeiro teste, um grupo utilizou a aula expositiva com o auxílio do AVA (controle) e o outro apenas o MV (experimental).

Com o objetivo de auxiliar e efetivar a aprendizagem dos alunos, as atividades propostas foram fundamentadas por uma Arquitetura Pedagógica (AP). Conforme Behar (2009, p. 24), uma AP pode ser considerada como “um sistema de premissas teóricas que representa, explica

27 Disponível em https://goo.gl/forms/BCok3nwE7pV9yTEI3 e Anexo A 28 Disponível em https://www.netacad.com/pt/

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e orienta a forma como se aborda o currículo e que se concretiza nas práticas pedagógicas e nas interações professor-aluno-objeto de estudo/conhecimento”. A autora sugere que a AP seja constituída da seguinte forma:

1. fundamentação do planejamento/proposta pedagógica (aspectos organizacionais), em que estão incluídos os propósitos do processo de ensino-aprendizagem a distância, a organização do tempo e do espaço e as expectativas na relação da atuação dos participantes ou da também chamada organização social da classe;

2. conteúdo – materiais instrucionais e/ou recursos informáticos utilizados, objetos de aprendizagem, software e outras ferramentas de aprendizagem;

3. atividades, formas de interação/comunicação, procedimentos de avaliação e a organização de todos esses elementos em uma sequência didática para a aprendizagem (aspectos metodológicos);

4. definição do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e suas funcionalidades, ferramentas de comunicação tais como vídeo e/ou teleconferência, entre outros (aspectos tecnológicos).

Neste sentido, foi montado um cronograma seguindo alguns aspectos considerados relevantes para a construção de uma AP:

1. Identificação: alunos da disciplina de Redes de Computadores, do 3º ano do curso técnico integrado em Manutenção e Suporte em Informática (MSI) do Instituto Federal Farroupilha Campus São Vicente do Sul (IFFar-SVS);

2. Conteúdo a ser abordado sobre a temática: Endereçamento IP e IPV6; 3. Perfil da turma: levantado utilizando questionário específico (Apêndice B).

4. Objetivo geral do trabalho: Apresentar e implementar atividades abordando conteúdos sobre Endereçamento IP por meio tanto do AVA quanto do MV;

Objetivos Específicos: Introduzir conceitos de Endereçamento IP; utilizar o mundo virtual para identificar a motivação dos alunos, contribuindo para o processo educacional de ensino e aprendizagem;

5. Atividades: definidas de acordo com cada uma das etapas, ou seja, intercalando entre a utilização do MV, do AVA e ambos;

6. Recursos (Materiais bibliográficos, técnicos, etc): Laboratório de informática, com acesso à Internet e um viewer instalado para a visualização do MV, onde estarão disponibilizados todos os materiais didáticos, bem como o acesso ao AVA Moodle e NetAcad. 7. Avaliação da aprendizagem: realização de pré e pós-teste composto por 10 questões de múltipla escolha cada, indicadas pelo professor da disciplina.

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4.2.2.1 Competências avaliadas

Ao concluir os estudos do conteúdo, tanto aqueles alunos que utilizaram o MV quanto os que tiveram uma “aula tradicional” deverão estar aptos a:

• descrever a estrutura de um endereço IPv4; • descrever a finalidade da máscara de sub-rede;

• comparar as características e usos dos endereços IPv4 unicast, multicast e broadcast;

• comparar o uso do espaço de endereço público e do espaço de endereço privado; • explicar a necessidade do endereçamento IPv6;

• descrever a representação de um endereço IPv6; • descrever os tipos de endereços de rede IPv6; • configurar os endereços globais unicast; • descrever os endereços multicast;

• descrever a função do ICMP em uma rede IP (incluindo IPv4 e IPv6); • usar utilitários ping e traceroute para testar a conectividade de rede.

4.2.2.2 Desenvolvimento do estudo de caso piloto

Para o estudo piloto, foram selecionadas duas turmas do 3º ano do Curso Técnico Integrado de Manutenção e Suporte em Informática de um Instituto Federal localizado no interior do Rio Grande do Sul, totalizando 36 alunos. Conforme Brant-Ribeiro e Cattelan (2015) um “Tamanho ótimo da amostra” é de 20 estudantes para turmas que possuem contato com sistemas educacionais durante os semestres letivos.

Uma turma (3º MSI A) foi selecionada como grupo de controle (19 alunos) e continuou utilizando o AVA NetAcad e a aula expositiva (no entanto também responderam ao pré e pós- teste e o questionário MSLQ). Já o grupo experimental (turma 3º MSI B) contou com 17 alunos e utilizou na maior parte do tempo o MV (com exceção do momento de responder o pré-teste e o MSLQ). O perfil completo dos alunos está disponível no Apêndice B.

O primeiro foi dedicado à uma explanação sobre o propósito e metodologia do estudo piloto, tanto por parte do docente da disciplina quanto do pesquisador.

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Em um primeiro momento o pesquisador foi apresentado à turma pelo professor da disciplina, que também explicou a proposta e os objetivos do estudo. Em seguida, o professor deixou o laboratório e o pesquisador explicou o termo de consentimento livre e esclarecido, solicitando aos alunos que respondessem tanto o questionário de motivação (MSLQ) (conforme descrito na seção 2.1.1) quanto o questionário pré-teste.

Ambos os questionários (pré e pós-teste) foram elaborados pelo professor da disciplina e foram construídos utilizando a ferramenta “forms” do Google e os links para os mesmos disponibilizados no AVA utilizado pelo professor da disciplina, que é o NetAcad da Cisco.

Para o grupo experimental (17 alunos), ainda no primeiro encontro, após os alunos responderem os questionários citados, foi realizada uma breve introdução sobre o MV e o viewer Singularity, explicando as funcionalidades básicas, forma de acesso, edição e personalização dos avatares.

Cada aluno recebeu um nome de usuário no MV (i.e., aluno 01, aluno 02, ... aluno n) e senha gerados aleatoriamente, bem como as informações necessárias para efetuar login no MV (i.e., endereço IP e porta do servidor), sendo que foi realizada a relação entre o nome de usuário no MV e o nome do aluno para permitir a análise dos dados posteriormente.

Conforme os alunos iam efetuando o login no MV, era possível perceber uma certa euforia por parte dos mesmos. Aqueles que por algum motivo (e.g., digitação incorreta do endereço IP, nome de usuário ou senha, escolha da plataforma incorreta no viewer, entre outros) ainda não haviam conseguido acessar começaram a ficar impacientes e solicitar auxílio para poderem acessar “logo” o MV. Os que já estavam acessando o MV começaram a realizar a personalização dos avatares, sendo que alguns modelos prontos de personagens e roupas foram disponibilizados em quiosques logo na entrada do ambiente (Figura 25).

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Figura 25 - Quiosque para personalização do avatar

Fonte: elaborado pelo autor

Ressalta-se que a maior parte do tempo deste primeiro encontro foi dedicada à personalização dos avatares. Na continuação do estudo, para o segundo encontro compareceram 14 alunos (Figura 26). A captura da imagem foi obtida no hall de entrada do ambiente e é possível visualizar algumas das personalizações realizadas pelos alunos em seus avatares. Destes 14 alunos, 2 deles não haviam participado do primeiro encontro (pré-teste), mesmo assim receberam as instruções para a utilização do MV.

Figura 26 – Captura de tela durante o estudo piloto

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Neste encontro, novamente o professor responsável pela disciplina deu início à atividade, fazendo uma breve introdução e se ausentou, deixando a turma com o pesquisador. Os alunos foram orientados a realizar o estudo do conteúdo disponibilizado no MV e em seguida responder o questionário pós-teste também disponibilizado no MV. O pesquisador auxiliou os alunos que não haviam participado do primeiro encontro e tirou dúvidas pontuais dos demais alunos (e.g., senha esquecida).

Na Seção 5.1 é realizada a descrição dos resultados obtidos no estudo piloto, ressaltando que o principal objetivo foi coletar evidências que demonstrassem a efetividade da proposta apresentada nesta tese. É apresentado um resumo das respostas aos questionários utilizados e das suas observações em relação às práticas envolvendo a abordagem proposta, a fim de se construir um parecer sobre as atividades realizadas. As próximas ações referentes a formulação do estudo de caso e revisão de resultados foram planejadas levando em consideração as informações já observadas.