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Realização de terminal multimodal em Daca (Bangladesh): uma modelagem de PPP promissora

Com a implantação das primeiras linhas de ônibus rápidos (BRT), o Ministério das Comunicações de Bangladesh está estudando o financiamento em parceria públicoprivada (PPP) de um equipamento de integração multimodal, localizado nas proximidades do aeroporto internacional de Daca. A modelagem cogitada até agora está prevendo a construção – por cima das calhas ferroviária e rodoviária existentes – de um empreendimento com vários pavimentos para receber as estações de duas futuras linhas de BRT, o terminal do metrô leve, que liga os terminais do aeroporto, um shopping, um hotel e pátios de estacionamento de carros e ônibus.

A Bangladesh Railway, proprietária dos terrenos, supervisionaria a criação da PPP, sendo a Daca BRT Co. Ltd. responsável pelos estudos de viabilidade comercial, financeira e jurídica e pela negociação com o setor privado. Os investidores privados aportariam os capitais necessários, sendo reembolsados posteriormente pelos aluguéis pagos pelos usuários do equipamento. Um mecanismo de arrendamento tornaria a Bangladesh Railway proprietária do equipamento no encerramento do contrato inicial de gestão.

O país tem pouca experiência no financiamento de infraestruturas de transportes com a participação do setor privado. Será dada especial atenção a essa operaçãopiloto, fundamental para o desenvolvimento do transporte público de alta capacidade de Daca, uma das maiores e mais densas metrópoles da Ásia.

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Resumindo

O desenvolvimento mundial das PPPs na área do transporte urbano comprova que esse mecanismo atende às expectativas das duas categorias de parceiros: autoridades organizadoras de transporte e setor privado. A diversidade dos contratos em execução também mostra a flexibilidade do mecanismo, que se adequa às regulamentações e culturas institucionais locais e às capacidades financeiras dos parceiros. Entretanto, quaisquer que sejam as modelagens escolhidas, algumas regras básicas regem as PPPs e precisam ser levadas em consideração:

➤ uma política de contratação pública sólida para o aproveitamento adequado do setor privado;

➤ um contrato equilibrado entre os parceiros, com clara distribuição dos papéis e riscos;

➤ um projeto financeiramente equilibrado e, caso necessário, com contraprestação pecuniária por parte do parceiro público;

➤ cláusulas que possibilitam a revisão das condições em caso de relevante alteração do cenário;

➤ segurança jurídica;

um projeto bem concebido e uma boa integração com o sistema de transporte urbano como um todo;

➤ uma avaliação correta da capacidade de pagamento dos usuários; ➤ o acompanhamento técnico e financeiro pela Autoridade organizadora

de transporte, que precisa se dotar de competências técnicas suficientes para tanto.

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Lançado em 1992, após a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, o Convênio-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) designou o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FEM) como seu mecanismo financeiro. Em 1997, o Protocolo de Kyoto – que completa e fortalece a UNFCCC – definiu um “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”, que visa reduzir as emissões de gás de efeito estufa e propôs um mecanismo financeiro baseado na troca de créditos de carbono. Dez anos depois, o Plano de Ação de Bali esboçou o conceito de National Appropriate

Mitigation Action (NAMA), e diversos fundos “climáticos” foram criados pelos bancos

e agências de desenvolvimento bilaterais e multilaterais, como o Fundo para as Tecnologias Limpas e o Fundo em Parceria de Financiamento da Energia Limpa. Nos próximos anos, o Fundo Verde, que está sendo estruturado, deverá canalizar grande parte dos financiamentos internacionais voltados para a ação climática, os quais alcançarão um volume anual de 100 bilhões de euros ao ano até 2020. Essa evolução contínua do arcabouço financeiro em torno do clima deve abrir um espaço crescente ao setor do transporte urbano, cujo aperfeiçoamento é um dos catalisadores que permitirão atingir as metas internacionais de redução das emissões de gás de efeito estufa.

Em junho de 2012, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi um marco importante no reconhecimento do transporte urbano como setor-chave da luta contra as mudanças climáticas. Na oportunidade, oito dos principais bancos multilaterais de desenvolvimento se comprometeram a dedicar um total de U$ 175 bilhões nos dez anos seguintes para financiar projetos de transporte sustentável.

8.1 Os principais fundos de clima

O Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FEM)foi criado em 1991 com a missão

de proteger o meio ambiente mundial e promover um desenvolvimento sustentável. Agrega hoje 183 países em parceria com instituições internacionais, organizações não governamentais e o setor privado.

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_Capítulo 8

Os financiamentos do clima

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Como órgão financeiro independente, o FEM apoia os países em desenvolvimento e em transição, por meio de subvenções, para preservar a biodiversidade, lutar contra a mudança climática e manejar os recursos naturais.

Desde a sua criação, o FEM apoiou 50 projetos de transporte urbano, por um valor total de U$ 292,5 milhões. Se de início o FEM amparou principalmente projetos que traziam soluções tecnológicas, seu campo foi se ampliando desde 2007, abrindo espaço para soluções não tecnológicas, a migração modal, a boa gestão dos sistemas de transporte público ou ainda projetos de planejamento. O FEM apoia os projetos que promovem os modos de transporte de baixo carbono, o que contempla tanto o transporte público quanto os modais ativos. Entretanto, são priorizados os países com cidades de pequeno e médio porte que registram um crescimento rápido. É muito ampla a diversidade de projetos financiáveis pelo FEM. É possível solicitar uma subvenção de até U$ 25.000,00 para a elaboração de um projeto. O candidato pode ser uma administração pública, uma operadora de transporte, uma cooperação bilateral de agências para o desenvolvimento ou ainda uma ONG. Já no começo do processo, é importante entrar em contato com o escritório nacional do FEM que aprova o projeto inicial. Na maioria dos casos, o escritório está instalado nos Ministérios do Meio Ambiente ou nos órgãos ambientais nacionais.

O Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial (FFEM) é um equivalente bilateral

do FEM. Foi criado em 1994 para subvencionar parte dos projetos de proteção do meio ambiente mundial nos países em desenvolvimento, na esteira dos acordos ambientais multilaterais firmados pela França. Os territórios urbanos sustentáveis estão entre os cinco setores de atividade prioritários do FFEM. Em matéria de transporte urbano, o fundo apoiou projetos de realização de linhas de metrô no Cairo e em Hanói.

O Fundo para as Tecnologias Limpas (Clean Technology Fund: CTF) foi criado

em 2008, e forma com o Fundo Estratégico do Clima (SCF) os chamados Fundos de Investimento do Clima (FICs). O CTF é destinado a apoiar os países de renda intermediária na luta contra as mudanças climáticas, por meio do financiamento de projetos de grande escala. Quinze países são elegíveis para receber financiamentos do CTF: África do Sul, Chile, Colômbia, Egito, Índia, Indonésia, Cazaquistão, México, Marrocos, Nigéria, Filipinas, Tailândia, Turquia, Ucrânia e Vietnã. Esses financiamentos são planejados pelos países de comum acordo com os bancos multilaterais de desenvolvimento, que devem cofinanciar os projetos, os quais são apresentados ao CTF com plano de financiamento periodicamente atualizado. Existe ainda um plano regional para os países da África do Norte e do Oriente Médio.

O CTF atua mediante empréstimos a juros subsidiados ou subvenções para a elaboração de projetos, e seus recursos transitam por cinco bancos multilaterais de desenvolvimento. A eficiência energética dos veículos, a migração modal e os transportes coletivos de alta capacidade são os principais eixos de atuação do CTF na área do transporte urbano. Atualmente, mais de 14% dos recursos desse fundo estão alocados no transporte urbano, isto é, um total de U$ 728 mi.

123 QUADRO 64

Mobilização de fundos do clima em Hanói (Vietnã)

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