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recebido pelo receptor (C) em uma conversa Por estarem mais próximos do ouvido

Estímulos e informações sonoras

B) recebido pelo receptor (C) em uma conversa Por estarem mais próximos do ouvido

C (receptor)

LEGENDA: Estímulo sonoro mais intenso Estímulo sonoro menos intenso

Fig. 3.4 – Alinhamento sonoro dos participantes, distâncias diferentes. Intensidade do estímulo sonoro. Fonte: Desenho e análise da autora, 2005.

Além disso, o ar absorve parte do som propagado fazendo com que um som emitido em B seja recebido em menor intensidade que o mesmo som emitido em A, pelo fato de B estar mais distante do receptor que A. O problema é que, no caso de vozes, seu volume depende de muitas variáveis – da composição biológica do sistema vocal ao estado de humor de quem emite o som. Assim, considerando-se somente o volume da voz, o reconhecimento da posição espacial torna-se muito dificultado.

Por outro lado, a menos que a fonte esteja exatamente na frente do receptor (C) ou atrás dele, cada um dos ouvidos deste receberá estímulos sonoros em tempos distintos, e a discrepância temporal dos estímulos também se transformará em informação espacial. Conseqüentemente, a informação de disparidade lateral possibilita o reconhecimento do ângulo que marca a origem do som, ajudando na compreensão do contexto espacial da discussão.

Assim, na prática, o reconhecimento espacial pelo estímulo sonoro se dá com mais facilidade com relação ao ângulo de posicionamento da fonte. O reconhecimento da distância do

interlocutor por meio da voz fica dificultado pela imprevisibilidade do volume da voz de cada pessoa.

Analisemos a situação em que uma pessoa (receptor) conversa com outros seis interlocutores:

Se dois interlocutores estiverem alinhados no mesmo ângulo sonoro (Fig. 3.1) e o receptor não vir a fonte, a única forma de este saber quem foi o emissor do som será pela avaliação do volume da voz.

Se teoricamente as pessoas emitissem sons com a mesma intensidade, a voz que fosse percebida como menos intensa seria de quem estivesse atrás. Porém, a impossibilidade de regular a intensidade da voz emitida dificulta o reconhecimento por esse método. Assim, ao eliminar a variável de distância, permitindo apenas uma pessoa em cada ângulo sonoro, o reconhecimento espacial é facilitado, tornando o processo de comunicação sonora mais claro. Nesse caso, a disparidade sonora, possibilitada pela recepção dupla do mesmo som, torna-se suficiente para o reconhecimento da posição da fonte.

LEGENDA:

Estímulo sonoro mais intenso Estímulo sonoro menos intenso

Fig. 3.5 – Recepção do estímulo sonoro em uma roda de amigos.

Fonte: Análise proposta pela autora, 2005.

Pela disparidade sonora (diferença de tempo entre

Fig. 3.6 – Reconhecimento da posição angular da fonte através da disparidade sonora.

o som recebido pelos ouvidos esquerdo e direito) é possível reconhecer o ângulo que o interlocutor faz com o receptor. A diferença de tempo em A é menor que em B.

d = distância entre ouvidos do receptor.

dA = diferença de distância percorrida pelo som para chegar aos dois ouvidos.

dA = d*cos ALFA

A diferença de distância percorrida pelo som (dA) implica a diferença de tempo de recebimento do mesmo som. Por essa diferença, é possível identificar a posição angular da fonte sonora. Quanto maior dA, mais lateralmente está posicionada a fonte.

Somente em um sistema com até três pessoas na reunião presencial é possível obter a equivalência sonora entre os participantes; cada um deles mantém com os demais uma relação de equivalência na distância entre fonte e receptor. Entretanto, a equivalência total (angular e de distância) só será preservada com o máximo de três participantes.

LEGENDA: Estímulo sonoro mais intenso Estímulo sonoro menos intenso

Fig. 3.7 - Equivalência sonora na comunicação, possível com até três participantes. Fonte: Desenho e análise da autora, 2005.

Na reunião em videoconferência, o reconhecimento de quem fala, por meio do som, torna-se ainda mais difícil. Os sistemas atuais de videoconferência capturam a informação sonora em sistema mono ou estéreo, o que negligencia a informação espacial sobre os participantes da reunião que se apresentam “do outro lado da tela”, dificultando com isso, o reconhecimento pela informação sonora, de quem é o dono da fala.

Imaginemos a situação das duas salas de videoconferência em que o som de (C) é transmitido para (B).

LEGENDA: Estímulo sonoro mais intenso Estímulo sonoro menos intenso Fig. 3.8 – Reprodução do som mono na Sala B. Todos recebem o som de uma única fonte.

Fonte: Desenho e análise da autora, 2006.

Fig. 3.9 – Captura do som na reunião em videoconferência com sistema mono. Captura única. 1, 2 e 3: participantes da reunião.

Fonte: Desenho e análise da autora, 2006.

Ao ser capturado, o som é recebido a partir de diversas direções, que se referem à posição de cada um dos participantes na sala (C). Ao ser reproduzido na sala (B), o som é emitido por uma fonte (som mono) ou duas (som estéreo).

Na primeira situação, a informação sobre a posição dos participantes da reunião em (C) é muito limitada, pois os sons recebidos pelos dois ouvidos vêm de uma única fonte (som mono). Por esse motivo, o reconhecimento do timbre de voz é uma informação importante para sabermos quem fala, visto ser impossível reconhecer a posição dos participantes.

Entretanto, o som nos dá indícios para o reconhecimento da posição relativa dos participantes de (C), como quem está mais perto ou mais longe do microfone.

A primeira variável nesse sentido é o volume da voz. Quanto mais alto for o som recebido, mais perto, acredita-se, estará o participante em (C). Entretanto, a grande variação na altura de voz das pessoas pode fazer com que uma pessoa que fale baixo e esteja próxima ao microfone pareça mais distante que outra, que fala alto, porém está mais longe do microfone.

Há ainda um fator ambiental que contribui para esse reconhecimento – o som reverberado no espaço. Quando uma pessoa está próxima ao microfone, a relação entre o volume de sua voz capturado pelo microfone e do som reverberado é diferente da relação da voz de uma pessoa distante, pois no caso desta, a relevância do som reverberado capturado é maior.

O problema é que os sistemas de videoconferência comumente usados fazem a captura do som por um microfone ao qual todos os participantes se direcionam para falar. Isso porque as propriedades técnicas desses microfones demandam uma proximidade da fala, a fim de evitar a captura de ruídos desnecessários da sala de videoconferência.

Assim, apesar de a tecnologia mono apresentar alternativas para possibilitar o reconhecimento espacial dos participantes da sala de videoconferência, os atuais sistemas negam a necessidade dessa espacialização, acrecentando mais ruídos à comunicação.

No caso dos sistemas estéreo, há um melhor reconhecimento espacial da informação sonora, relativo ao posicionamento dos participantes de (C). Aqueles situados mais à esquerda da sala terão sua voz emitida com mais intensidade no alto-falante do lado correspondente da sala (B). Embora o som estéreo só possa ser completamente percebido em uma posição central da sala (B), em que a reprodução das diferenças de som é compatível com a situação natural da sala (C), a diferença de altura de uma voz nos alto-falantes esquerdos e direito compõe certa informação espacial.

Há, ainda, na reunião presencial, um fator arquitetônico que pode contribuir para a compreensão do posicionamento espacial dos interlocutores por meio da informação sonora. A fim de chegar aos ouvidos do receptor, a informação sonora é refletida e aborvida pelas superfícies delimitadoras do ambiente construído. Por conseguinte, parte do som emitido é

reverberada nas superfícies antes de chegar ao receptor. O som reverberado se modifica, dependendo da forma e conformação espacial do ambiente.

Esse indicador contribui para a composição da informação sonora, amplificando a informação espacial, principalmente em ambientes de tamanho restrito, onde a pequena variação no posicionamento espacial dos interlocutores provoca uma diferença mais significativa nos sons reverberados que naqueles ambientes muito amplos.Isso porque as superfícies delimitadoras destes estão distantes, minimizando a diferença entre os sons reverberados e diminuindo a acuidade da informação sonora.

Na reunião em videoconferência, a informação de reverberação de (C) pode ou não ser comunicada a (B), dependendo dos microfones usados. Muitos microfones possuem filtros que eliminam ruídos indesejados ou sons abaixo de determinado volume. Essa possibilidade elimina a informação de reverberação, e ela não é comunicada de (C) a (B). No contexto da videoconferência, tal supressão pode ser considerada bem-vinda, pois essa informação sonora, que se refere ao espaço da sala (C) em nada interessa aos participantes em (B). Assim, a tecnologia contribui para a eliminação de ruídos indesejáveis.

Dado esse universo de informações sonoras presentes na reunião presencial, a modificação da propagação dos sons, provocada pelo equipamento de videoconferência indica-nos caminhos para a definição de uma proposta de melhora da comunicação.

No sentido sonoro, é possível concluir que os principais ruídos a serem minimizados ou o principal item a ser melhorado diz respeito às condições para o reconhecimento de quem fala, seja o reconhecimento do timbre de voz ou do posicionamento espacial do orador.

No primeiro caso, a manipulação eletrônica do timbre de voz é tecnicamente viável. Seria possível diferenciar os timbres de voz das pessoas da reunião a fim de diminuir a similaridade entre eles. Entretanto, um dos fatores de receonhecimento de quem fala se dá pela comparação entre o timbre de voz do som com a memória da voz daquela pessoa. Dessa forma, a alteração no timbre de voz pelo dispositivo de videoconferência acarretaria uma maior dificuldade para a compreensão da pessoa que fala.

Resta-nos, portanto, investir na redução do ruído quanto ao posicionamento espacial do orador, o que exige um estudo mais aprofundado de ambientação do espaço de videoconferência, tanto no processo de captura do som como em sua reprodução na outra sala. O estudo e a proposta de ambientação serão abordados no capítulo V.

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