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Quantidade de estabelecimentos comerciais, 2003-

6.2.2.8 RECEITAS MUNICIPAIS

Para uma melhor análise da influencia dos royalties nos municípios, é necessário o entendimento do seu significado nas receitas totais da cidade. A tarefa de mensurar a dependência das finanças locais em relação às rendas petrolíferas não é simples. O comportamento dos royalties do petróleo, como visto, é marcado pela volatilidade e a incerteza em relação à trajetória futura. Além disso, a dependência de um Estado ou município em relação às receitas petrolíferas será menor caso sua economia seja capaz de apresentar mais alternativas de produção e emprego nos demais setores. Logo, localidades menos dinâmicas devem aproveitar as receitas dos royalties com o intuito de evitar os efeitos sobre o produto e o emprego da região, quando houver a escassez dele no futuro.

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Desse modo, abaixo temos gráficos 16-17 e tabelas 33-34-35 da evolução das arrecadações e distribuições do ICMS, IPVA e IPI para o município de Macaé.

Gráfico 16 - Arrecadação do ICMS em Macaé, 2008-2010

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Gráfico 17 - Arrecadação do IPVA em Macaé, 2008-2010

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Valores distribuídos do ICMS (1 000 R$)

2008 2009 2010

142 146 175 181 227 750 Tabela 33 - Valores distribuídos do ICMS, 2008 – 2010

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

835 555 875 421 1 260 097 2008 2009 2010

Arrecadação do ICMS (1000 R$)

22 425 26 738 27 423 2008 2009 2010

Arrecadação do IPVA (1000 R$)

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Valores distribuídos do IPVA (1 000 R$)

2008 2009 2010

9 686 10 881 10 972 Tabela 34 - Valores distribuídos do IPVA, 2008 – 2010

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Valores distribuídos do IPI (R$)

2008 2009 2010

5 575 761 3 994 284 5 763 991 Tabela 35- Valores distribuídos do IPI, 2008 – 2010

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Uma comparação dos gráficos e tabelas acima que os valores finais dos impostos que são distribuídos pelo governo federal aos municípios são bem menores do que os arrecadados inicialmente.

Receitas tributárias municipais (1 000 R$) -2009

Total Imposto Predial e Territorial Urbano Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Imposto sobre serviço de qualquer natureza Taxas 290 903 9 595 6 372 269 111 5 825 100% 3% 2% 93% 2%

Tabela 36 – Receitas tributárias municipais, 2009

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Receitas correntes municipais (1 000 R$) - 2009

Total Tributária Patrimonial Receita de

Contribuição Royalties

Transferências

Correntes Outras 1 113 363 290 903 41 810 30 769 367 259 321 002 61 621

100% 26% 4% 3% 33% 29% 5%

Tabela 37 - Receitas correntes municipais, 2009

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Receita de

Royalties Receita total

Relação Royalties/Receita

Total (%)

1999 35.000.000,00 92.000.000,00 38,04

2009 367.259.000,00 1.113.363.000,00 32,99

Tabela 38 - Evolução da relação Receita de Royalties/ Receita Total, 1999-2009

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Pela tabela 38 observamos uma diminuição na participação dos royalties no total das despesas de 38% para 33% em 10 anos. Contudo, o valor das receitas dos royalties ainda é o maior de todos das receitas correntes municipais.

Isso gera um problema para o município, pois a Constituição de 1988 modificou a partilha de recursos dentro da Federação, beneficiando os governos estaduais e municipais. No entanto, essa descentralização não afetou de maneira igual todos os municípios, mas em especial os que apresentam maior dinamismo econômico, como citado a seguir: “Os tributos municipais são de caráter eminentemente urbano, enquanto a maioria dos municípios brasileiros tem base econômica rural. Nessas condições, a descentralização associada à autonomia financeira é encontrada apenas entre as pouco numerosas cidades de maior porte populacional – aproximadamente 5% do número total de municípios –, grande parte dos quais localizadas nas regiões economicamente mais dinâmicas (Sudeste e Sul).” (SANTOS, 2006, p. 33-34). Assim, as possibilidades de arrecadação própria dos municípios menos dinâmicos são limitadas, e a dependência das transferências é maior. Abaixo temos na tabela 39 as transferências correntes municipais do Estado e da União para a cidade de Macaé em 2009:

Transferências correntes municipais (1 000 R$) - 2009

Total Transferências do Estado

321 002

Estado ICMS IPVA FUNDEF Outras

244 331 174 859 10 698 51 907 6 866 Transferências da União

União FPM Outras

76 671 27 625 49 047

Tabela 39 - Transferências correntes municipais, 2009

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Essas transferências geralmente são divididas em três categorias: neutras, redistributivas e voluntárias. Onde as primeiras estão relacionadas à capacidade fiscal da localidade, já as redistributivas servem para atenuar as desigualdades entre as regiões e por fim as voluntárias, que representam menos de 10% das transferências da União destinadas a funções específicas, como a de transportes (Lima, 2003, p. 128). Assim, os municípios de menor dinamismo econômico não recebem grandes recursos de transferências neutras, dependendo basicamente das transferências redistributivas. Dentre elas, destacam-se os fundos de participação, concebidos com a ideia de melhor distribuir a renda entre a federação ao utilizar o inverso da renda per

capita como um dos critérios de partilha de recursos (Lima, 2003, p. 130). A soma da

receita dos fundos de participação e da arrecadação própria normalmente é pequena para municípios de baixa renda per capita e base rural, o que não é o caso de Macaé que possui como veremos a seguir um alto PIB per capita. Além dessas receitas, o município conta com as receitas do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), vinculadas à saúde e educação, respectivamente. A vinculação dessas receitas permite que as atividades, reconhecidamente com elevado retorno social, tenham garantia e estabilidade de recursos. Logo, esses, apesar de pertencerem à receita orçamentária do município, não estão disponíveis para a promoção de políticas públicas.

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Pelo lado da despesa, existe uma inflexibilidade dos gastos correntes, em especial, aqueles destinados a pagamento de pessoal. Assim, para os municípios, a capacidade de promoção de políticas públicas para o desenvolvimento é limitada.

Despesas correntes municipais (1 000 R$) 2009

Total Custeio Transferências

857 733 857 733 -

Tabela 40 - Despesas correntes municipais, 2009

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Despesas de capital municipais (1 000 R$) 2009

Total Investimentos Inversões financeiras Transferências

197 439 175 539 6 011 15 889

Tabela 41 - Despesas de capital municipais, 2009

Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos – CEPERJ

Nas tabelas 40-41 temos dois tipos de despesas: a) as despesas correntes, que são aquelas consideradas como consumo do governo, além do pagamento de juros da dívida pública. São despesas que não contribuem para a elevação do patrimônio do ente público, mas sim para a manutenção de serviços existentes. b) as despesas de capital que representam o investimento; dentro delas estão, a compra de novos equipamentos (investimento, para a contabilidade pública), a aquisição de equipamentos já existentes (inversões financeiras) e a amortização de dívidas (Fonte: QUINTELLA, S. F., 2000.).

Das tabelas 40-41 vemos que para o ano de 2009, o total das despesas em Macaé foi de R$ 1.055.172.000, enquanto que o total receitas contando as transferências e sem contar os royalties foi de R$ 746.105.000 o que leva a um déficit orçamentário. Nesse contexto, os royalties do petróleo (R$ 367.259.000) surgem como receitas expressivas, e desvinculadas, o que dá ao município ou Estado, a capacidade de passar de déficit a superávit, além de promover políticas públicas que possam aumentar o bem-estar de sua população.