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3. Enquadramento Metodológico

3.2 Metodologia de Investigação

3.2.1 Recolha da Informação

No âmbito da investigação qualitativa, são consideradas três importantes formas de recolha de informação, mormente, as entrevistas individuais aprofundadas, as discussões de grupo e o método de observação, contando cada uma delas com vantagens e limitações (Creswell, 2009). Com efeito, e segundo o autor (2009), as entrevistas individuais aprofundadas, em função do maior controlo ou não do entrevistador, podem ser não direcionadas (detendo o entrevistado maior liberdade de resposta), ou semiestruturadas (detendo maior controlo o entrevistador, porquanto o guião previamente elaborado tem de ser seguido à risca, com uma duração razoável e objeto de gravação, contando com uma dimensão limitada da amostra e lançando mão da análise de conteúdo em sede de interpretação dos dados alcançados), sendo que podem ser presenciais, por telefone, por correio eletrónico ou on-line. Relativamente às vantagens, encontram-se associadas à utilidade da sua realização, inclusive quando os entrevistados não podem ser observados por via direta, bem como à facilidade de facultar informação incluindo de ordem cronológica, igualmente sobressaindo o maior controlo do investigador. Por seu turno, e enquanto limitações, relevam a filtragem subjetiva e eventual presença condicionante do entrevistador, a realização num local escolhido e não onde o fenómeno teve lugar, e ainda as diferenças de perceção patentes nos diferentes indivíduos (Creswell, 2009). Silvestre e Araújo (2012, p.155) destacam que a maior vantagem da entrevista reside na possibilidade de propiciar o conhecimento da informação “com uma grande riqueza e profundidade a partir do ponto de vista dos sujeitos de pesquisa, que está presente na sua interpretação dos fenómenos sociais”, sendo certo que Bardin (2013, p.89) considera que as entrevistas são suscetíveis de facultar “um material verbal rico e complexo”, mormente quando tem lugar a análise de conteúdo.

De realçar que Creswell (2009), acerca de vantagens e limitações, enquadra as discussões de grupo no elenco antes descrito, não obstante salientar que esta forma de recolha de informação detém uma maior interação do grupo e na existência de um moderador, refletindo-se numa maior espontaneidade dos participantes e numa maior influência dos detentores do perfil de líder, mas também encerra uma maior quantidade de informação, embora menos aprofundada.

No método de observação, o observador pode assumir distintas opções (desde logo, o papel de observador completamente escondido enquanto participante total, o papel de observador é conhecido consubstanciando um observador participante e o papel do observador sem participação traduzido num observador total), sendo que as vantagens deste método residem na experienciação da situação pelo investigador e seu registo em simultâneo, bem como, na utilidade de facilitar o conhecimento acerca de tópicos algo constrangedores. As limitações encontram-se na possibilidade do observador ser reputado como um intruso ou não deter as necessárias competências de observação, assim como na eventualidade de sobrevir desconfiança por parte dos participantes (Creswell, 2009).

a observação patente na recolha e análise dos documentos públicos inerentes aos 308 municípios Portugueses inerentes à temática da qualidade em geral e ao modelo CAF em particular, especialmente no que concerne aos sítios oficiais de internet e documentos públicos de relevo, tendo em vista apurar tais dados enquanto evidências escritas e informação significativa acerca dos métodos de qualidade adotados, opções tomadas, manuais e guias existentes na matéria (Apêndice I). Por outro lado, teve lugar a realização de entrevistas semiestruturadas (também suportadas de forma secundária pela observação) aos municípios Portugueses utilizadores da CAF, participantes no estudo, as quais obedeceram a um guião previamente formulado e rigorosamente seguido pelo investigador, com base nos contornos do modelo e na revisão literária efetuada nos capítulos 1 e 2, reproduzido no Apêndice II, a aplicar a todos os entrevistados, perpassando por alcançar dados sobre os seguintes elementos:  Implementação do modelo CAF no município, com o objetivo de apurar se teve lugar de

modo pleno em toda a organização ou somente de modo parcial, em alguma ou algumas unidades orgânicas da organização (especialmente, Evaristo, 2010; Guerra, 2012; Staes & Thijs, 2006);

 Aplicação dos nove critérios do modelo CAF no município, tendo por meta alcançar os resultados obtidos em sede de cada um dos critérios (com relevo, EIPA, 2006; Fonseca, 2016; Pinto, 2004);

 Integração dos oito Princípios da Excelência subjacentes ao modelo CAF no município, com o intuito de asseverar o respetivo nível de adoção (Pimentel, 2013;Sá, 2002; Wisniewska & Szczepanska, 2014);

 Nível de resultados gerais determinantes obtidos pelo município, tendo em vista aquilatar quais os mais comuns, auscultando o nível de qualidade alcançado (conjunto de autores elencado no final do ponto 2.3 do capítulo anterior sobre este item);

 Nível de impactos determinantes percebidos pelo município, tendo por escopo determinar os mais frequentes, examinando o nível de qualidade logrado (conjunto de autores veiculado no final do ponto 2.3 do capítulo anterior sobre este aspeto);

 Contributo da implementação dos requisitos do modelo CAF para a melhoria da qualidade global alcançada no município, atendendo às asserções facultadas (em particular, Bugdol & Jarzebinsky, 2010; Guerreiro, 2012; Silveira, 2011).

De referir que a opção por esta forma de recolha de informação se deveu à premência de alcançar com riqueza, profundidade e ordem cronológica os dados reputados por essenciais bem como à impossibilidade de observação direta e à necessidade de um maior controlo por parte do investigador no que toca ao rigor para posterior análise de conteúdos que terá de ser efetuada (Creswell, 2009). Aliás, face ao universo em causa, assumidamente reduzido, revela-se igualmente adequada tal adoção, sendo que nove entrevistas foram realizadas telefonicamente e gravadas; uma foi realizada via Skype e devidamente gravada; e duas por correio eletrónico, com os respetivos registos guardados. Denote-se que não teve lugar a opção pela entrevista

presencial por dificuldades associadas à disponibilidade dos interlocutores municipais designados para o efeito e ao dispêndio associado a tais deslocações.

Por fim, de reavivar que a entrevista permite alcançar dados objeto de comparação entre os distintos participantes, mediante uma postura assaz flexível do entrevistador, com o intuito de formular questões suscetíveis de facultar ao entrevistado a possibilidade de emitir a sua opinião e formular o respetivo ponto de vista, porquanto se trata de uma área pouco explorada, não obstante a sua pertinência e relevância (Costa, 2012; Coutinho, 2011).