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5. ANÁLISE DE RESULTADOS

5.5 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS E DIFICULDADES PROVENIENTES DO PEIEX

5.5.1 Recomendações ao Programa de Promoção à Exportação PEIEX

Com vistas ao fortalecimento do Programa de Extensão Industrial Exportadora na região Agreste do Estado de Pernambuco, algumas sugestões de melhorias foram extraídas das falas dos dois grupos de entrevistados, frente às diversas dificuldades enfrentadas pelo programa.

Foi sugerido pela coordenadora da fase II do programa e pelo empresário da Taci Baby, uma maior clareza na divulgação do PEIEX, talvez até, investindo um tempo maior explicando sobre o programa para evitar conflitos posteriores daquilo que era esperado e aquilo que foi entregue, o empresário sugere ainda, reuniões periódicas para um alinhamento constante entre os objetivos do programa, com as expectativas dos empresários.

O empresário também esclarece a necessidade de haver uma seleção criteriosa e cuidadosa das empresas participantes para que não ocorra a escolha de empresas que não possuam interesse pela exportação e só faça desperdiçar os recursos de tempo, financeiro e mão-de-obra do PEIEX. Com isso, consiga investir mais recursos para tratar com empresas que realmente possuem potencial e real interesse na exportação. Pois segundo Brouthers e Wilkinson (2006), a eficácia do serviço de promoção à exportação depende da adequada utilização dos serviços por parte das empresas. Por isso, reitera-se a importância de selecionar adequadamente às empresas para os objetivos pretendidos por cada programa.

Nesse sentido, foi sugerido pelo empresário da Taci Baby e pelo monitor da fase II do programa, uma mudança na quantidade de empresas, priorizando aquelas que realmente possuem interesse em participar da capacitação e também para que se torne viável uma capacitação de qualidade gerida pelos técnicos extensionistas. O empresário sugere que durante as reuniões periódicas fossem vistas também essa questão de amplitude de controle, se for

observado que aquela quantidade de empresas é maior que o suportado, é interessante reduzir para uma quantidade que seja possível atender e distribui a capacitação em um período de tempo menor. Ele dá um exemplo, se vinte empresas for uma quantidade muito acima do suportado para o técnico extensionista, é preferível que se diminua a quantidade de empresas, de repente para quatro, e separe um tempo menor de capacitação, tendo em vista que a quantidade de empresas é menor. Ao final dessa capacitação, selecionariam mais quatro empresas para um novo processo de qualificação, logo, grupos de empresas seriam qualificadas periodicamente, recebendo mais atenção nesse período. O monitor do PEIEX da fase II, também exemplifica sua ideia e sugere que ao invés de quarenta empresas para capacitar, fosse reduzido para dez empresas bem qualificadas.

O monitor do PEIEX da fase II e o monitor da fase III, junto aos empresários da Ondas Moda Praia e Sport Company, sugerem a realização de ações mais práticas de exportação, criando uma etapa posterior à qualificação com assessoria do programa para exportação. O monitor da fase II continua e sugere que das dez empresas bem qualificadas, fossem escolhidas pelo menos duas, para fazê-las exportar de fato, tornando-se quase um consultor, assistindo o empresário de perto até a sua primeira experiência de venda internacional com o aparato financeiro da APEX. Dessa forma, os demais empresários teriam empresas de referência na exportação dentro da própria região. Ele explica:

[...] eu permaneceria com a parte de diagnóstico, essa parte da metodologia de identificar, mas colocava uma etapa tão importante quanto, a de efetivação, a implementação de pelo menos um, pelo menos uma exportação, aí sim, se você nesse diagnóstico notar que a empresa não tem condições, que ela tem realmente o que melhorar beleza, você fez o diagnóstico, vai chegar pra ela e vai dizer, olha, vocês não estão ainda no patamar, melhore isso aqui, e aí você vai dizer como e vocês correm atrás disso, mas aquelas que estão no patamar bem melhor e com interesse, aí não[...] então tinha que ter pelo menos uma, eu tô falando de pelo menos uma financiada tudo pelo programa e as empresas seguintes pela própria empresa, mas ainda com a assessoria do programa, pelo menos uns dois, três anos[...] (Monitor da Fase II do Programa)

O estudo de Seringhaus e Botschen (1991) e Leonidou (1995) corroboram com essa sugestão, ao argumentarem que as empresas, especialmente, as mais inexperientes desejam um suporte institucional mais adaptado às suas expectativas e necessidades dentro do contexto da exportação.

Uma outra sugestão, dessa vez pelo Monitor do PEIEX da fase III do programa, e pelo empresário da Sport Company, é a atração de feiras internacionais para o Brasil, tendo em vista

que o caminho natural de preparação do empresário do Polo para que seja convidado a inserir- se no mercado internacional, indo a feiras e reuniões em outros países, tem se mostrado pouco efetivo. A justificativa que tem sido apresentada é a questão do custo de participar de uma feira internacional, bem como, o desempenho logístico para levar o produto até essas feiras, logo, a atração de eventos internacionais para o Brasil facilitaria aos empresários o acesso ao mercado internacional, pois haveriam compradores para quem os brasileiros ofereceriam os seus produtos e fechariam negócios.

Nesse sentido, o empresário da Sport Company complementa e sugere ainda que se atraia compradores internacionais para as feiras já existentes no Brasil, dessa forma, se aproveitaria uma estrutura já existente como as da rodada de negócios, por exemplo. A ideia do empresário é que fossem atraídos para essa feira, cerca de doze clientes internacionais que tenham foco no produto e que viessem a gerar os resultados de vendas esperados. Desse modo, os empresários que realmente possuíssem interesse e tivessem potencial de exportação, seriam preparados durante a capacitação, também, para essa negociação em feiras que ocorreriam aqui no Brasil com clientes internacionais focados nos produtos desses empresários.

No que se refere aos encontros internacionais realizados em outros países, uma ideia do Gerente Comercial da Iska Viva é de que sejam levados compradores potenciais que estejam bem consolidados em seu país de origem, pois de acordo com a sua experiência, são muitos compradores com pouco poder de compra que realizam importações para seus países.

O monitor da segunda fase do Programa sugere que nesses eventos internacionais a APEX financie a ida de todos os consultores que eles possuem acompanhando três, quatro empresas que eles já vinham assessorando e que demonstraram ser as mais preparadas dentro do conjunto de empresas atendidas. As empresas, em contrapartida, pagariam seus custos de viagem, mas estariam assistidas pelos consultores capacitados da APEX que passariam confiança e segurança para esse grupo de empresários em outro país, já que, na opinião do monitor, os monitores, até então, não estão habilitados para realizar esse acompanhamento especializado no quesito comércio internacional.

No que tange a burocracia, o monitor da terceira fase do Programa aposta no Portal Único do Exportador, que tem sido aperfeiçoado pela APEX, e que simplifica as demandas documentais de órgãos como Anvisa, Infraero, Vigilância Sanitária, controle da Receita Alfandegária, dentre outros, reunindo em um único portal as necessidades e demandas ligadas a esses órgãos, que posteriormente serão analisados e distribuídos para cada um deles e, por

fim, liberem o produto para exportação. Dessa forma, é possível minimizar o desestímulo do empresário de querer exportar devido a alta burocracia dos procedimentos e ao invés de buscar cada órgão separadamente, encontra em um único portal a solução. O monitor ressalta ainda, a importância de que haja uma convergência das diversas iniciativas do governo no que refere a exportação, pois quando encarada pelo empresário torna-se um emaranhado de iniciativas que não fazem sentido, deixando a dúvida sobre qual iniciativa optar. Então, ao minimizar as iniciativas sobrepostas, o Governo Federal diminui as chances de resultados inferiores ao esperado de tantas iniciativas.

A Coordenadora da segunda fase, por sua vez, sugeriu que o programa tivesse um período de duração para muito além dos dois anos, de forma a se evitar a descontinuidade do mesmo e o sentimento de abandono e descrédito por parte do empresário. Esse aspecto também é retratado no estudo de Dornellas (2016) mas como uma reclamação constante dos empresários, que sugerem um período de tempo maior de execução do programa.

E por fim, o empresário da Taci Baby, comenta sobre a importância da divulgação do PEIEX não só para os empresários e funcionários interessados, mas também para a classe de contadores que são, muitas vezes, o ponto de confiança dos empresários sobre os procedimentos para envio dos produtos no que tange às questões fiscais, de impostos, sendo que muitos deles se quer fazem a mínima ideia de como proceder. Então promover eventos de esclarecimento também a outras classes de apoio aos empresários, torna-se necessário para alinhar as pontas soltas do mundo ainda desconhecido da exportação.

Como contribuição desse estudo, sugere-se um feedback entre as equipes operacionais do PEIEX, ao fim de cada fase, para que aja um aperfeiçoamento do programa e agregue positivamente nas estratégias para as novas capacitações, pois foi possível observar um certo desinteresse das equipes de cada fase do PEIEX com os aprendizados obtidos durante o período e operação anterior.

Outra sugestão é fazer bom uso das parcerias institucionais da APEX, para que as capacitações não sobrecarreguem a equipe operacional do programa com atividades que poderiam ser repassadas para os órgãos conveniados, sobrando um tempo maior para focar nos objetivos do programa. Nesse sentido, os estudos de Martincus e Carballo (2010) sobre os programas de promoção à exportação na Colômbia, concluíram que empresas que participam de um conjunto de iniciativas oferecidas por diversas instituições, obtém resultados mais significativos se comparado às empresas que participam de ações isoladas.

Um ponto importante também, é recrutar para a equipe operacional de cada fase do PEIEX, profissionais que de fato somem esforços para atingir os objetivos do programa e atender as necessidades dos empresários, desse modo, sugere-se profissionais com diversas competências, sendo obrigatória a presença de um especialista em comércio exterior para as tratativas específicas nessa temática junto aos empresários e, com isso, não incorra nos mesmos problemas que algumas equipes tiveram durante as fases do PEIEX na região Agreste.

Após as sugestões dos entrevistados, será apresentado no capítulo abaixo, a conclusão desta pesquisa.