3. PATOLOGIAS DO AÇO
3.2. CORROSÃO EM ESTRUTURAS METÁLICAS
3.2.7. Recomendações de projeto para se evitar a corrosão
Segundo SOUZA67, 68, bons projetos devem nascer de uma solução de compromisso com a proteção contra a corrosão, devendo levar em conta os seguintes aspectos:
i. Diminuição da possibilidade de criação de condições propícias ao desenvolvimento da corrosão eletroquímica;
ii. aumento da facilidade de aplicação e das condições para que os eventuais revestimentos adotados possuam melhor desempenho;
iii. facilidade de inspeção e manutenção.
Na discussão que se segue, o projeto é abordado segundo três aspectos:
a) A geometria de um componente
Aqui analisa-se a importância da forma, bem como das condições supeficiais de um componente isolado. Deve-se observar os seguintes aspectos:
i. superfícies planas ou lisas são desejáveis (figura 12a);
iii. é recomendável o arredondamento dos cantos e extremidades dos componentes (figura 13);
Figura 12 – Formas geométricas preferenciais – SOUZA67, 68
Figura 13 – Arredondamento de cantos – SOUZA67, 68
(α) µ εληορ ⌠τιµ ο
>
>
(β)>
µ εληορ a) b) c)revestimento com pequena
espessura e passível de danos revestimento uniforme
espaço vazio provocado pela retração do reves- timento na secagem ou curva
tensão superficial da tinta provocada pela fuga dos cantos com bordas aguçadas
dupla camada de revestimento melhor
dupla camada de revestimento
iv. evitar ângulos obtusos e outros detalhes que dificultem o acesso a regiões localizadas (figura 14);
A
melhor
difícil
acesso
A
corte AA
melhor
v. componentes simples são preferíveis aos compostos (figura 15);
vi. evitar seções abertas na face superior ou providenciar escoamento adequado para água acumulada (figura 16);
Figura 14 – Detalhamento preferencial – SOUZA67, 68
b) A união entre componentes
São estudados procedimentos mais adequados para a união entre componentes em determinadas situações:
i. Uniões por solda são, em geral, preferíveis às executadas por parafusos quanto a não geração de descontinuidades;
ii. os cordões contínuos são preferíveis à soldagem descontínua; iii. os cordões horizontais são deficientes em relação aos demais; iv. o cordão de solda côncavo é melhor (figura 17);
Figura 16 – Furo de drenagem – DIAS24
Figura 17 – Tipos de cordões de solda – SOUZA67, 68
v. ligações de topo são preferíveis sendo que, em caso contrário, deve-se adotar configuração que dificulte o acesso do meio agressivo (figura 18);
vi. os cordões de solda, bem como chapas intermediárias de solidarização, devem evitar acúmulo do meio corrosivo (figura 19);
vii. deve-se evitar a superposição de componentes, ou proteger por vedação ou pintura eficientes a fresta gerada (figura 20);
Figura 18 – Preferência por ligações de topo – SOUZA67, 68
viii. os contatos bimetálicos devem ser corretamente analisados (figura 21);
Figura 20 – Corrosão em frestas
ix. a interface do engaste de um componente de aço a uma peça de concreto deve receber tratamento adequado, seja por vedação com mastique apropriado ou por aplicação de revestimento adicional na região mais crítica (figura 22);
c) Detalhes gerais de concepção
Observa-se os aspectos genéricos quanto à concepção da estrutura, seja a nível dos seus componentes, seja a nível global:
i. Quanto maior a importância da estrutura, o custo de fabricação, ou dificuldade de montagem e desmontagem de um componente, maior a exigência quanto a utilização de materiais com desempenho superior quanto à corrosão;
ii. não misturar materiais de durabilidade diferentes em arranjos que não possam ser reparados;
iii. as partes da estrutura mais susceptíveis à corrosão devem ser visíveis e acessíveis; iv. o projeto estrutural deve compor uma geometria que seja a mais simples e
aerodinâmica possível;
v. deve-se evitar a solidarização especular de componentes, sendo que, em caso contrário, pode-se solidarizá-lo por meio de parafusos, o que permite acesso à pintura
previamente a montagem;
vi. a solidarização especular de componentes deve procurar obedecer a espaçamentos adequados;
caso a)
h < 100mm → “a” ≥ 150mm
100mm < h ≤ 1000mm → “a” cresce linearmente segundo a proporção: h = 100mm → “a” = 150mm
h = 1000mm → “a” = 400mm h > 1000mm → “a” ≥ 500mm
caso b)
h < 100mm → “a” ≥ 120mm
100mm < h ≤ 1000mm → “a” cresce linearmente segundo a proporção: h = 100mm → “a” = 120mm
Figura 23 - Detalhe de solidarização especular
< amin h h a h a h a a h a) b)
h = 1000mm → “a” = 400mm h > 1000mm → “a” ≥ 500mm
vii. é desejável diminuir a parcela da estrutura em contato com o meio mais agressivo; viii. a utilização de componentes inclinados é favorável, devendo-se ainda evitar a criação
de obstáculos ao escoamento do meio agressivo;
ix. a localização da estrutura deverá favorecer o acesso as suas partes;
x. quando da galvanização de componentes acabados, evitar frestas, prever livre circulação dos banhos do processo e evitar a solidarização por solda de componentes com espessuras muito distintas, para se garantir, respectivamente, o não acúmulo de ácidos, o acesso da galvanização a todos os pontos e a não ocorrência de deformações diferenciais durante o processo;
xi. quando da utilização de aços aclimatáveis, prever a existência de pingadeiras ou direcionadores do escoamento de umidade para evitar-se o manchamento de outras regiões da edificação pela plubilização da pátina nas primeiras idades; remover a carepa de laminação, resíduos de óleo e graxa, respingos de solda, resíduos de argamassa e concreto; regiões de estagnação, que não puderem ser eliminadas no projeto, devem ser protegidas por pintura, pois nestes locais poderão ocorrer retenção de água ou resíduos sólidos favorecendo o processo da corrosão; regiões não expostas à ação do intemperismo, como juntas de expansão, articulações, regiões sobrepostas, frestas, etc. devem ser convenientemente protegidas, devido ao acúmulo de resíduos sólidos e umidade.