O presente levantamento da situação das florestas e do sector florestal na Província de Cabo Delgado pretende servir para o melhoramento da gestão das florestas e do sector florestal, com vista à gestão sustentável destas. Para tal recomenda-se que sejam tomadas algumas medidas no que se refere a:
6.1. Estudos
• Levantamento e análise dos estudos realizados no sector de florestas para criar uma base de dados que poderá identificar lacunas de conhecimento e diminuir a repetição de estudos. • Recolha de informação, relatórios e estudos em outros países que tenham aspectos comuns a
Moçambique para poder identificar perigos chave e soluções para o nosso sector de florestas. • Incentivo de estudos multi-disciplinares (social, ambiental e económico) para preencher as lacu-
nas de informação e que envolvam mais trabalho de campo nos locais onde a exploração ocor- re, a fim de obter dados concretos e actuais da realidade no campo de modo a compreender o estado actual das áreas em exploração e forma e escala de exploração. Estes estudos devem-se centrar na obtenção de dados novos e actualizados e não basearem-se apenas em trabalho de escritório. Os estudos não se devem concentrar sómente nos problemas e impactos negativos, mas devem também identificar áreas onde houve progresso e iniciativas positivas com reco- mendações de apoio e explicação dos bons exemplos.
• Dar continuidade ao corrente estudo preliminar para obter mais dados durante um prazo mais longo para aprofundar, confirmar e desenvolver as questões levantadas.
• Fazer um estudo das formas/medias do processo de serração da madeira, que possa apoiar a revisão da legislação moçambicana no processo da exportação de madeira serrada de primeira classe e ao mesmo tempo que satisfaça o mercado externo.
• Analisar as necessidades do mercado externo de modo a se criar iniciativas que aumentem o valor do produto exportado, incentivando o fabrico do produto já acabado.
6.2. Fiscalização
• Melhoria da capacidade de monitoria no campo e promoção de uma fiscalização mais eficiente e rigorosa levada a cabo pelos SPFFB no controlo das zonas concessionadas e em zonas com florestas de grande qualidade.
• Criação, apoio e melhoria da fiscalização comunitária através de fiscais comunitários e grupos de vigilância.
• Criação de sistemas funcionais e transparentes de retorno em que os indivíduos ou grupos envolvidos na denuncia ou detecção da infracção beneficiam dos lucros das multas resultantes. • Transparência nos processos de multas, com informação transparente e disponível desde a
denúncia ao pagamento de uma multa e com as informações do processo completo disponível para as comunidades na zona, para que se mantenha a motivação. É necessário que as comu- nidades acreditem que o sistema funciona e que constatem que os seus esforços estão a ter frutos.
• Reforço de possíveis ligações e sistemas de apoio à fiscalização entre os Orgãos Governamen- tais, comunidade e ONGs.
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6.3. Reformas Legais
• Pressionar os proprietários das concessões florestais a implementar os planos de maneio em áreas que estão a explorar de modo a reduzir o impacto na exploração a médio e longo pra- zo.
• Aplicação de um sistema para limitar o corte anual para níveis que possam ser sustentáveis a longo prazo.
• Reforçar a necessidade de processamento dentro do país com uma capacidade industrial que esteja em equilíbrio com a produtividade do sector florestal.
• Promoção de iniciativas que visem a monitoria das florestas independentes.
• Exercício da aplicação dos instrumentos legais existentes no País que regulam o sector florestal, através das instituições/tradições formais e informais;
• Promover a capacidade de formular boas políticas de gestão florestal com vista a fornecer ser- viços públicos de qualidade.
• Pressionar a tomada de decisões e a aplicação segundo as regras e regulamentos existentes.
6.4. Advocacia e Medidas
• Promover a educação ambiental, especialmente nos jovens, para valorizar as florestas e promo- ver a participação na protecção destas, incluindo denúncias.
• Pressionar e sensibilizar a sociedade civil para a adopção de uma melhor conduta e responsabi- lização pelos seus actos e deveres sociais, morais e ambientais.
• Forçar ou fazer pressão ao Governo para ser mais responsável na Gestão dos Recursos Natu- rais;
• Criar processos que responsabilizem os Governantes das suas promessas, acções e decisões; • Apoiar o uso do sistema legal para julgar as pessoas que infringem a Lei;
• Criação de um sistema que assegure que a opinião pública seja respeitada quando indivíduos ou grupos violam a lei ou agem contra os interesses do povo.
• Lutar em favor da “causa” (Gestão Sustentável dos Recursos Naturais) e reforçar a importância da transparência no Governo;
• Criação de alianças entre os media e redes de “activistas” interessados na gestão sustentável dos Recursos Naturais.
• Reforço das redes profissionais através de partilha de conhecimento para que o Governo e os operadores atendam às necessidades presentes e futuras da sociedade.
6.5. Acesso à Informação
• Criação de condições que garantam a disponibilização e acessibilidade da Informação ligada ao sector de florestas, tal como: Relatórios anuais, planos de maneio, etc.
• Disponibilização de uma base de dados organizada e actualizada que reflicta a realidade sobre o número das licenças atribuídas incluindo as quantidades reais de madeira para cortar, de ma- deira cortada e a exportada.
• A informação relevante deve ser disponibilizada de maneira ou em formato compreensível aos media.
• Os SPFFB, devem fornecer de forma clara a informação orçamental, proveniente de licenças atribuídas.
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• Publicar a informação simplificada que ajude uma melhor compreensão por parte do povo so-bre as operações feitas pelos SPFFB.
6.6. Reformas Sócio-Culturais ou Comunitárias
• Tomar medidas que visem o reconhecimento dos direitos adquiridos das comunidades locais no que concerne à madeira que cresce na sua terra tendo em conta a capacitação das comuni- dades para gerirem as suas próprias florestas, começando pela revisão da legislação para dar às comunidades direitos aos recursos florestais e à sua própria terra.
• Criação de mecanismos que possam apoiar o processo de participação da sociedade civil na tomada de decisão;
• Criar incentivos para que a sociedade civil participe na tomada de decisão criando e fixando agendas e formando percepções sobre a transparência na Gestão dos Recursos Naturais, com vista a dar voz aqueles “que não têm voz” na tomada de decisões.
• Encorajamento e a participação da sociedade civil ou figuras políticas no diálogo público sobre a Gestão dos Recursos Naturais.
6.7. Integridade e Ética
• Incentivar a identificação de práticas de corrupção e afastamento total dos funcionários corrup- tos;
• Criação de modelos de gestão que respeitem os recursos naturais e as comunidades assim como o Estado que gere a interacção económica e social entre os operadores e as comunida- des locais.
• Criação de mecanismos transparentes e mais rígidos na aquisição das Licenças a fim de promo- ver uma boa governação, de modo a que processos e instituições possam produzir resultados que vão de encontro às necessidades da sociedade;
• Incentivar Institucionalmente a prevenção dos desmandos existentes no sector florestal; • Promover uma integridade efectiva e uma boa conduta profissional dos funcionários dos SPFFB,
Alfândegas e Portos;
• Assegurar a minimização da corrupção.