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2.4 HIERARQUIA NA DETERMINAÇÃO DAS TÉCNICAS DE APURAÇÃO DO VALOR

2.4.2 Reconhecimento contábil dos ativos biológicos e produtos agrícolas

A Estrutura Conceitual Básica para Apresentação e Preparação de Demonstrações Financeiras editada pelo IASC em 1989 e adotada pelo IASB em 2001, em seu parágrafo 82, define reconhecimento como “o processo de incorporar no balanço e na demonstração dos resultados um item que satisfaça a definição de um elemento e satisfaça os critérios de reconhecimento estabelecidos”.Ainda, segundo o CPC 00 (2008), o reconhecimento “envolve a descrição do item, a atribuição do seu valor e a sua inclusão no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado”. Os itens que satisfazem os critérios de reconhecimento devem ser registrados no balanço ou na demonstração do resultado (CPC 00, 2008).

O reconhecimento de ativos está relacionado com o momento do reconhecimento de um passivo ou de uma receita, conforme pode-se perceber em Hendriksen e Van Breda (1999, p. 228) que o “momento em que os ganhos são reconhecidos, especificamente ganhos

resultantes de aumentos do valor de ativos, deve ser idêntico ao do reconhecimento de receitas”. Isto porque toda variação do ativo deve provocar igual efeito no patrimônio liquido ou no passivo de uma entidade.

De acordo com Rech (2006) a Estrutura Conceitual Básica para Apresentação e Preparação de Demonstrações Financeiras em seu parágrafo 84 também trata desta condição, afirmando que: “a inter-relação entre os elementos significa que um elemento que satisfaça a definição e os critérios de reconhecimento de um dado elemento, por exemplo, um ativo automaticamente requer o reconhecimento de uma outra classe, por exemplo, receita e um passivo”.

Hendriksen e Van Breda (1999, p. 283) definem ativo como ”benefícios econômicos futuros prováveis, obtidos ou controlados por uma dada entidade em consequência de transações ou eventos passados. Na mesma linha de pensamento Iudícibus (2006) que o reconhecimento de um ativo implica que este seja: a) considerado a luz de sua propriedade ou a luz de sua posse e controle; b) que este seja incluído em seu bojo algum direito específico a benefícios futuros com exclusividade par a entidade.

O critério adotado pelo IASB (2009) - IAS 41e CPC29 (2009) para o reconhecimento de um ativo inclui uma terceira condição que é o controle do ativo em função de eventos passados. São definidos os três pilares básicos:

Uma empresa deve reconhecer um ativo biológico e produto agrícola quando e somente quando:

a) A empresa controla o ativo como consequência de eventos passados;

b) Seja provável que benefícios econômicos associados ao ativo fluirão para a empresa;

c) o valor justo ou custo do ativo possa ser confiavelmente mensurado. O FASB define as características básicas para reconhecimento de um ativo como:

Benefícios econômicos futuros prováveis obtidos ou controlados através de uma entidade particular como resultado de transações ou eventos passados. Um ativo tem três características essenciais:

a) inclui um benefício futuro provável que envolve a capacidade de, isoladamente ou em combinação com outros ativos, contribuir diretamente ou indiretamente com o ingresso de recursos líquidos no futuro.

b) um empreendimento particular pode obter o benefício e controle do acesso a terceiros, e;

c) A transação ou outro evento que dá origem ao direito do empreendimento ou controle do benefício já aconteceu (RECH, 2006, p.50).

Para Rech (2006) os benefícios econômicos futuros incorporados em um ativo são o potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa da entidade e estes também devem ser reconhecidos. Para o IASB o termo provável que é usado nos critérios de reconhecimento se refere ao grau de incerteza que os benefícios econômicos futuros associados ao item fluirão para a entidade.

Rech (2006) ressalta que o reconhecimento de um ativo, com base em benefícios prováveis futuros, leva em consideração que alguns ativos somente podem ser relacionados às atividades da empresa, o que implica a presunção de continuidade dela.

Medeiros (2009 apud CORDEIRO, 2010) traz o esquema da mensuração dos ativos biológicos e produtos agrícolas, considerando o que trata a NCRF 17 que tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 41 – Agricultura.

Figura 7 - Mensuração segundo a NCRF 17

Fonte – Medeiros (2009 apud CORDEIRO, 2010, p. 26)

Pascoal (2013) trata dos requisitos para a aplicação do justo valor: Existência de partes interessadas na negociação; as partes interessadas são conhecedoras das condições do negócio; as partes interessadas devem ser independentes entre si; a transação deve ocorrer sem favorecimento; o justo valor de um ativo biológico deve ser atribuído considerando o ativo no seu local e condição em que se encontra no momento da avaliação; reconhecimento da receita á medida do crescimento natural; reconhecimento dos ganhos de forma separada

com o crescimento natural e variação do mercado; determinação do valor financeiro por cotação de mercado ou outra alternativa permitida pelo justo valor (PASCOAL, 2013).

Em algumas circunstâncias, o preço ou valor determinado pelo mercado pode não estar disponível para um ativo biológico nas condições presentes. Nessas circunstâncias, a entidade usará o valor presente do fluxo de caixa líquido esperado do ativo, descontado à taxa corrente do mercado, para definição do valor justo. A precificação com base em transações recentes só é válida se a economia em geral e o segmento específico do ativo biológico em análise não sofreram grandes alterações. Para utilização de preços de similares devem ser feitos ajustes que reflitam a qualidade e a idade. E a utilização de padrões pode ser realizada estabelecendo-se uma paridade entre o ativo biológico em questão e um ativo da mesma cadeia produtiva que tenha precificação no mercado (PLAIS, 2010, p. 8).

O objetivo da avaliação dos ativos biológicos e produtos agrícolas é a determinação do valor justo conforme as recomendações das normas. Estes devem ser avaliados e contabilizados com a contrapartida desse registro afetando o resultado.