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O RECONHECIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACERCA DOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

9 RESOLUÇÃO N 32/7 DO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

5.3 A REDUÇÃO DO PROBLEMA AO SEU REAL OBJETO: “CONDUÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL E REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS

5.3.4 O RECONHECIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACERCA DOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

Em pesquisa ao site do STF, verifica se que, após a promulgação da atual Constituição, as Turmas só passaram a enfrentar a controvérsia dos poderes investigatórios do Ministério Público nove anos depois. Tais dados foram organizados comparando o número de decisões favoráveis13 e contra14 o tal poder até a decisão de repercussão geral em 2015.

13 1997 a 2000 - STF: HC 75769/MG, Rel. Min. Octavio Gallotti, j.30/09/1997; HC 77770/SC, Rel. Min. Néri da

Silveira, j.07/12/1998. 2001 a 2004 – STF: HC 80405/SP, Rel. Min. Celso de Mello, j.03/04/2001; HC 81303/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, j.05/02/2002; AI 398500 AgR/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.18/03/2002; HC 82865/GO, Rel. Min. Nelson Jobim, j.14/10/2003; HC 83463/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, j.16/03/2004; RHC 83991/MG, Rel. Min. Carlos Velloso, j.20/04/2004; HC 84367/RJ, Rel. Min. Carlos Britto, j.09/11/2004; ADI 1570/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa, j.12/02/2004; 2005 a 2008 - STF: HC 86755/RJ, Rel. Min. Eros Grau, j.08/11/2005; HC 84392/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.14/11/2006; HC 88730/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.14/11/2006; HC 89158/RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.29/08/2006; HC 87105/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.13/02/2007; RE 535478/SC, Rel. Min. Ellen Gracie, j.28/10/2008; RE 464893/GO, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j.20/05/2008; HC 93524/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.19/08/2008; AC 1756/DF, Rel. Min. Menezes Direito, j.13/05/2008; 2009 a 2014 - STF: HC 90099/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 27/10/2009; HC 94173/BA, Rel. Min. Celso de Mello, j.27/10/2009; HC 89837/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j.20/10/2009; HC 91661/PE, Rel. Min. Ellen Gracie, j.10/03/2009; HC 96276 AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, j.10/03/2009; HC 85419/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, j.27/11/2009; HC 87610/SC, Rel. Min. Celso de Mello, j.27/10/2009; RE 468523/SC, Rel. Min. Ellen Gracie, j.01/12/2009; HC 96617/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.23/11/2010; HC 93930/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.07/12/2010; HC 96638/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.02/12/2010; HC 84965/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.13/12/2011; HC 97969/RS, Rel. Min. Ayres Britto, j.01/02/2011; HC 91613/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.15/05/2012; HC 85000/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.13/03/2012; AI-AgR 856553/BA, Rel. Min. Luiz Fux, j.19/03/2013; AgR 31772/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 18/11/2014; AP 611/MG, Rel. Luiz Fux j.30/09/2014; RHC 118636/SP Rel. Min. Celso de Melo j. 26/08/2014; HC 118280/MG Rel. Min. Rosa Weber j. 18/03/2014.

141997 a 2000 – STF: RE 205473/AL, Rel. Min. Carlos Velloso, j.15/12/1998; RE 233072/RJ, Rel. Min. Néri da

Silveira, j.18/05/1999; 2001 a 2004 – STF: RHC 81326/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, j.06/05/2003; 2005 a 2008 - STF: HC 87358/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j.16/05/2006; HC 86860/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,

Fonte: elaborado pelo autor.

A observação que pode ser feita ao se analisar o gráfico é que o número de casos enfrentados pelo Supremo cresceu até o ano de 2014. Ainda, é possível verificar que a diferença numérica entre as decisões favoráveis e contrárias aumentaram durante o tempo analisado. Com o passar do lapso temporal, os Ministros passaram a se posicionar favoravelmente a possibilidade do Ministério Público investigar.

Tal posição, favorável ao poder de investigar do Ministério Público, se confirmou no julgamento do plenário em 2015 quando o STF analisou o caso com repercussão geral em que o prefeito de Ipanema/MG foi denunciado tendo como fundamento investigação realizada diretamente pelo Ministério Público. Retrata a seguinte ementa:

Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Constitucional. Separação dos poderes. Penal e processual penal. Poderes de investigação do Ministério Público. 2. Questão de ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento do julgamento para colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição do parecer por sustentação oral, com a concordância do Ministério Público. Indeferimento. Maioria. 3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-Geral da República. Possibilidade de o Ministério Público de estado membro promover sustentação oral no Supremo. O Procurador-Geral da República não dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica do Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa definição constitucional (art. 128, § 1º), a Chefia do Ministério Público da União. O Ministério Público de estado-membro não está vinculado, nem subordinado, no plano processual, administrativo e/ou institucional, à

Chefia do Ministério Público da União, o que lhe confere ampla possibilidade de postular, autonomamente, perante o Supremo Tribunal Federal, em recursos e processos nos quais o próprio Ministério Público estadual seja um dos sujeitos da relação processual. Questão de ordem resolvida no sentido de assegurar ao Ministério Público estadual a prerrogativa de sustentar suas razões da tribuna. Maioria. 4. Questão constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação

0 5 10 15 20 25 1997 a 2000 2001 a 2004 2005 a 2008 2009 a 2014 Evolução de Posicionamento do STF A Favor Contra

do Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da polícia, nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público

dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”. Maioria. 5.

Caso concreto. Crime de responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial (art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/67). Procedimento instaurado pelo Ministério Público a partir de documentos oriundos de autos de processo judicial e de precatório, para colher informações do próprio suspeito, eventualmente hábeis a justificar e legitimar o fato imputado. Ausência de vício. Negado provimento ao recurso extraordinário. Maioria. (Grifou-se).

Em tal julgamento, o Plenário do STF reconheceu por maioria a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros (requisitos). Tais parâmetros são os seguintes:

a) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; b) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados

por membro do MP;

c) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);

d) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados;

e) Deve ser assegurada a garantia prevista na súmula 14 do STF (“É direito do

defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”).

f) A investigação deve ser realizada dentro do prazo razoável;

g) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário.

Portanto, após redigir o enunciado supra retratado, a tese será aplicada para todos os casos em curso e futuros em que questionar a legitimidade dos poderes investigatórios do Ministério Público.

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