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O reconhecimento da Universidade, Alta e Sofia como património mundial da UNESCO e o

Capítulo IV: A chancela de património mundial da UNESCO no marketing do destino

4.2 O reconhecimento da Universidade, Alta e Sofia como património mundial da UNESCO e o

A importância da classificação do património tem vindo a ganhar destaque na mente dos consumidores mais sensibilizados para esta temática. A marca World Heritage Site (WHS) ou Património Mundial é uma das mais importantes e mais rentáveis em todo o mundo (Ryan e Silvanto, 2009).

Portugal cedo se apercebeu desta realidade e do poder das mais-valias, não só para o país mas sobretudo para a preservação do património. Tal como referenciado no ponto 2.2 do presente trabalho, o percurso para alcançar a classificação de património mundial da UNESCO não foi fácil e muito menos imediato.

Foi a 20 de Dezembro de 1982 que a Dr.ª Matilde de Sousa Franco, na altura directora do Museu Nacional Machado de Castro, percebeu que a sua proposta que incluía a zona monumental de Coimbra não configurava na Lista de propostas a Património Mundial (Martins, 2013; Universidade de Coimbra, 2016).

Um ano antes da proposta em 1981, a Dr.ª Matilde de Sousa Franco fez o primeiro contato de Coimbra com a Lista de Património Mundial, através do programa “Coimbra Antiga e Vivificação dos Centros Históricos”, tal como mencionado anteriormente no ponto 2.2 do presente trabalho (Martins, 2013; Universidade de Coimbra, 2016).

Este programa incluía exposições, debates, palestras, conferências e como ato superior, a inscrição da zona histórica de Coimbra na lista de Património da Humanidade. Esta ocasião deu o mote para que a Câmara Municipal de Coimbra delimitasse a área da Alta, para tornar ainda mais claro a zona a intervencionar.

Em 1994, a Câmara Municipal de Coimbra, através do Gabinete da Almedina (departamento da Câmara Municipal de Coimbra responsável pelo Centro Histórico) promove o segundo encontro entre a Câmara Municipal e UNESCO. Três anos mais tarde, em Janeiro de 1997, surge o primeiro documento referente à candidatura que delimitava o Centro Histórico de Coimbra como área candidata – o chamado Dossier de Pré-candidatura UNESCO.

Em 2000, surgem rumores que a UNESCO emitiu o parecer que o Centro Histórico de Coimbra não correspondia aos critérios estabelecidos para a classificação como

- 61 - Património Mundial da Humanidade devido à falta de originalidade e alterações arquitetónicas ocorridas com as obras do Estado Novo (Martins, 2013).

De forma a ser mais fácil a candidatura à UNESCO, em 2004, a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra juntam-se, assumindo um compromisso de aliança e que deu origem a uma candidatura composta por sete volumes: “Candidatura”, “Plano de gestão”, “Textos gerais”, “Influências”, “Planos Directores”, “Execução” e “Zona de Protecção”. O título “Universidade de Coimbra- Alta e Sofia” foi então, apresentado à UNESCO em Fevereiro de 2012, culminando na atribuição do galardão a que se propôs a 22 de Junho de 2013. Após a atribuição do galardão, a UNESCO prevê que o bem que é considerado património possua um sistema de gestão em vigor bem como um plano de gestão turística integrado. No caso particular de Coimbra, a gestão é assegurada pela Associação RUAS (Recria Universidade Alta e Sofia) (Martins, 2013).

Esta associação é responsável pelo impacte visual no “Centro Histórico” do Plano Director Municipal. Neste Plano, a zona histórica de Coimbra é definida como uma zona de alto valor histórico e ambiental que deverá ser conservado e preservado (Martins, 2013).

Foi neste âmbito que no ano de 2001, a circulação na área preservada, nomeadamente no Largo da Porta Férrea e Paço das Escolas foi repensada e se apresenta com a configuração que se conhece actualmente (Martins, 2013).

Também a zona da Baixa foi requalificada, não só na sua oferta habitacional, mas também turística, apostando-se no comércio tradicional e nos tão conhecidos souvenirs. Nos dias que correm, a Baixa é constituída por cafés, restaurantes, lojas de comércio tradicional e algum alojamento local, o que acaba por atrair um grande número de visitantes.

Relativamente à Universidade de Coimbra, o Turismo da Universidade de Coimbra inaugurou há cerca de quinze anos o seu próprio circuito turístico, se bem que só a partir de 2010 é que o projeto se tornou mais dinâmico. O circuito turístico inclui espaços como a Capela de S. Miguel, a Biblioteca Joanina, a Prisão Académica e a Torre, disponibilizando também o serviço de visitas guiadas em diversas línguas como inglês, francês e espanhol mediante marcação prévia. O circuito disponibiliza ainda duas lojas oficiais com produtos alusivos à marca UC, desde vestuário, a livros e outros souvenirs (Turismo Universidade de Coimbra, 2016).

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De acordo com Luís Menezes, vice-reitor da Universidade na área do Turismo, o Paço das Escolas é o centro de maior atração da região, registando um aumento de 121 mil visitantes em 2012 para 159 mil em 2013, no período entre Junho e Novembro (Público, 2013).

Deste modo, é possível concluir que o património classificado é uma mais-valia para qualquer destino turístico, contudo e tendo em conta o potencial do destino turístico de Coimbra os números apresentados são insuficientes. Há que idealizar estratégias eficazes para o aumento da permanência média em Coimbra. Um destino que tem cultura, natureza e uma localização central não deveria ter uma permanência média de apenas 1,5 dias, tendo em conta a permanência média nacional. É necessário criar condições para reverter essa tendência e sobretudo compromisso entre os stakeholders responsáveis pelo destino.

A criação de condições que permitam não só alterar a baixa estada média do destino bem como a prosperidade e longevidade do destino turístico passam pela adoção de uma política de gestão estratégica do destino. A gestão estratégica deverá assentar numa política de ação que tenha no marketing um importante aliado. No que concerne à gestão estratégica de destinos e neste caso, do destino turístico de Coimbra há que ter em linha de consideração tudo o que o destino tem para oferecer e enaltecer esses aspetos, pois cada destino é único e é dessa forma que deve ser percecionado pelos potenciais turistas.

Após ter conhecimento de todos estes conceitos e de saber o que implicam, importa agora sintetizar e retirar algumas conclusões importantes não só para a melhor compreensão da primeira parte do trabalho mas também para abrir caminho para a segunda parte do trabalho.

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