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No artigo 489, da CLT, existe a possibilidade da reconsideração do aviso prévio pela parte notificante, antes do término, mas é facultado a outra parte aceitar ou não a reconsideração.

Para melhor entender o quesito reconsideração do aviso prévio, o artigo 489 da CLT explica:

Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. Parágrafo único. Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso não tivesse sido dado. (BRASIL, 1943, p. 548).

Aceita a reconsideração, o contrato de trabalho continuará em sua normalidade, como se nunca tivesse ocorrido o aviso prévio. Porém, a reconsideração é um ato bilateral. Ambas as partes participam, porque se fosse um ato unilateral, o pré-avisado não poderia assumir compromissos em razão da futura extinção contratual, ou seja, tomando como exemplo, se o pré-avisado fosse o empregador, não poderia contratar outra pessoa para ocupar o lugar do empregado que efetuou o pedido de demissão, porque este a qualquer momento poderia dizer que não iria mais sair.

O aviso prévio possui prazo estabelecido em lei, e não há dispositivos que permitam sua prorrogação quando estiver em curso de seu cumprimento. Ocorrendo a vontade da parte em prolongar a prestação de trabalho, o que deve ser feito é a reconsideração, como mencionado no artigo 489 da CLT, desde que a outra parte aceite.

Com a Lei 12.506/2011, o prazo do aviso prévio é superior aos trinta dias aplicados desde a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme demonstrado na tabela 1, elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, na nota técnica 184/2012, que prevê o prazo de 30 (trinta) dias para quem trabalhar até um ano e, a partir de um ano, se acrescenta mais 3 (três) dias para cada ano de trabalho, podendo o aviso prévio ter o prazo máximo de 90 (noventa) dias, quando completado 20 (vinte) anos de trabalho:

Tabela 1: Aviso prévio conforme Nota técnica 184/2012 TEM

Tempo de serviço (anos completos) Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço (nº de dias) 0 30 1 33 2 36 3 39 4 42 5 45 6 48 7 51 8 54 9 57 10 60 11 63 12 66 13 69 14 72 15 75 16 78 17 81 18 84 19 87 20 90

Fonte: Aviso prévio Proporcional - Nota Técnica CGRT/SRT/MTE nº 184/2012, 2012, s.p.

A tabela acima veio esclarecer possíveis dúvidas pertinentes ao aviso prévio proporcional, bem como salientar que os dias acrescidos no aviso prévio somente se aplicam nas situações de aviso prévio fornecido pelo empregador. No tocante ao aviso prévio dado pelo empregado, não sofreu qualquer alteração. Porém, os dias acrescidos no aviso prévio serão de forma indenizatória, ou seja, o empregado cumprirá os 30 (trinta) dias de aviso prévio com a legal redução das horas de trabalho, em no tocante aos 3 (três) dias que acrescerá a partir de um ano completo de serviço, estes o empregado receberá de forma indenizada.

CONCLUSÃO

No presente trabalho, foi possível compreender que o aviso prévio previsto, inicialmente, no Direito Brasileiro no Código Comercial, e, posteriormente, disciplinado no âmbito trabalhista, tornou-se uma garantia constitucional dos trabalhadores urbanos e rurais com a Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 7º, XXI, o qual estabeleceu a proporcionalidade do aviso prévio ao tempo de serviço.

Apesar da previsão constitucional da proporcionalidade do aviso prévio, mencionada na Constituição Federal de 1988, ainda se fazia necessária a promulgação da lei para regulamentar a matéria. Isso ocorreu com a promulgação da Lei 12.506/2011, que regulou a duração proporcional do aviso prévio, mas, devido às diversas obscuridades e lacunas na disciplina, manifestou-se o Ministério do Trabalho e Emprego através da nota técnica 168, de 2012.

Assim, analisou-se o aviso prévio no momento, em decorrência das modificações que sofreu no decorrer dos anos. Também buscou-se saber se haveria desconto do aviso prévio quando dado pela empresa e não cumprido pelo empregado, e chegou-se à conclusão de que, na hipótese de o empregado que estiver cumprindo o aviso prévio comprovar que arrumou novo emprego, não necessitará cumprir os dias restantes do aviso prévio . Não lhe será descontado, bem como a empresa não terá a obrigação de pagar tais dias. Mas, fica bem claro que o empregado precisa comprovar que arrumou novo emprego. Não basta apenas comunicar a empresa.

Quanto as alterações ocorridas na Consolidação da Leis do Trabalho – CLT, trazidas pela Lei 13.467 de 13/07/2017, a qual passou a vigorar em 11/11/2017, posso dizer que no tocante ao aviso prévio, não ocorreu nenhuma alteração

REFERÊNCIAS

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______. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Dispõe sobre as alterações ocorridas na CLT. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2017/lei/L13467.htm.

______. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del5452.htm>. Acesso em: 04 out. 2017.

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