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Recorte da página interna do primeiro volume do Livro de Registro de Sepultamento

do Cemitério do Bonfim, onde estão em destaque os nomes dos italianos Domingos Monte e

Maria Acona

Fonte: Acervo pessoal da autora.

Embora a pesquisa exaustiva tenha se limitado ao primeiro volume do Livro de

Registro de Sepultamento do Cemitério do Bonfim, cabe esclarecer que vários verbetes, da

listagem de nomes, têm como fonte de informação outros volumes. Isso se deveu ao fato de,

esporadicamente, terem sido consultados volumes diversos, em busca de dados sobre pessoas

sobre as quais havia pouca ou nenhuma informação.

Um exemplo para ilustrar o caso é o nome do italiano Estefano Cantarini. Seu nome,

embora não esteja presente no primeiro volume do Livro de Registro de Sepultamento do

Cemitério do Bonfim, mas sim no volume de 1953, ano de seu falecimento, foi incluído na

nominata desta tese porque tinha sido resgatado, anteriormente, em pesquisa efetuada no

Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro.

Como o almanak de 1911, na página 3041, fornece apenas a informação que

Estefano Cantarini era proprietário de uma sapataria localizada na avenida Olegário Maciel,

com o intuito de complementar os dados biográficos, foram efetivas pesquisas adicionais nos

volumes do Livro de Registro de Sepultamento do Bonfim, até ser encontrado, no volume do

ano de 1953, seu registro de sepultamento como Stefano Cantarini, nascido na Itália, em

1882, mecânico e sapateiro, domiciliado no Barro Preto.

Por veicular informação manuscrita, em alguns momentos, o trabalho de transcrição

foi moroso, devido à dificuldade enfrentada para compreender a grafia de alguns funcionários

do cemitério, responsáveis pelo registro no livro. Todavia, apesar da complexidade que foi

lidar com material manuscrito, teve-se êxito na compilação dos dados, conseguindo, ao final

do trabalho, o recolhimento total de 2.114 (dois mil cento e quatorze) nomes para o corpus

desta pesquisa.

Durante a coleta de dados, foi possível mensurar o quanto o Cemitério Nosso Senhor

do Bonfim é significativo como fonte de pesquisa sobre Belo Horizonte. Inaugurado 10 (dez)

meses antes da cidade, manteve o status de única necrópole do município até 1940, fato que,

por si só, já confere ao mesmo o título de espaço de cultura, equipamento museológico que

guarda informações históricas e patrimoniais da cidade. Por tudo isso, o trabalho de análise do

livro de sepultamento foi uma oportunidade ímpar que, além de fornecer nomes de pessoas

para o presente estudo, revelou dados importantes sobre o período da construção da cidade.

3.1.4 A Coleção Revistas Diversas

Outra fonte escolhida para alimentar o banco de antropônimos desta pesquisa foi a

Coleção Revista Diversas, cujo acesso, à sua versão digital, é franqueado ao público no sítio

do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte.

A coleção é composta por revistas que foram publicadas entre as décadas de 1910 e

1980, no Estado de Minas Gerais e que, por veicularem anúncios publicitários de

profissionais liberais e apresentarem a seção coluna social, onde são reunidas informações

sobre personalidades de destaque da época, tornou-se uma inestimável fonte de nomes de

pessoas de origem italiana que viviam em Belo Horizonte nesse período.

Formada por 26 (vinte e seis) títulos e 201 (duzentos e um) fascículos de revistas, a

coleção compreende os seguintes números: Alterosa (1939-1964), Belo Horizonte (1933-

1947), Novo Horizonte (setembro de 1910 a janeiro de 1911), Vita (julho de 1913 a setembro

de 1914), Vida de Minas (15 de julho de 1915 a 30 de setembro de 1916), Comercial (outubro

de 1915 a setembro de 1920), Tank (fevereiro de 1919 a novembro de 1920), Novella Mineira

(janeiro de 1922), Associação Beneficente Tipográfica (abril de 1925), Cidade Vergel (junho

de 1927 a dezembro de 1927), Yára (dezembro de 1927), Semana Ilustrada (janeiro de 1928 a

dezembro de 1928), Silhueta (março de 1932 a maio de 1932), Econômica (junho de 1935 a

julho de 1935), Argus (agosto de 1936), Minas Ilustrada (dezembro de 1936), Metrópole

(setembro de 1937), da Produção (julho de 1938), Leitura (julho de 1939 a agosto de 1942),

BH na palavra de Juscelino Kubitschek (1944), Novidades (fevereiro de 1944 a julho de

1945), Minas Tênis (dezembro de 1944), Turismo (maio de 1961), Minas Gerais (1961),

Revista Beagá (1976), Flor de Terra e Pé de Moleque (1980).

Os fascículos tratam de assuntos variados, mas os temas mais recorrentes são

política, literatura, moda, cinema e humor. Segundo informações disponíveis no site da

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

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, as revistas chegaram à custódia do Arquivo

Público da Cidade de Belo Horizonte por meio de doações e do recolhimento realizado pelo

Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura, em 1994. Após o recolhimento, a coleção foi

submetida ao processamento técnico, de acordo com as normas arquivísticas, visando a sua

preservação e divulgação.

Em 2010 iniciou-se um projeto de digitalização das revistas, seguindo as normas

publicadas pelo Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), que estabelece parâmetros para

digitalização, armazenamento e conservação de documentos digitais, garantindo o acesso fácil

e rápido e, ao mesmo tempo, a conservação dos exemplares.

Por estar disponível na internet, a coleta dos dados não precisou ser feita na sala de

consultas do APCBH, o que facilitou a pesquisa e flexibilizou o tempo e o período de leitura

das revistas. Dessa forma, as informações foram compiladas em dias e horários variados,

incluindo os fins de semana, e, em aproximadamente 1 (um) mês de consultas diárias, foram

coletados 289 (duzentos e oitenta e nove) nomes.

A busca por informações, em cada revista, se deu por meio da apreciação de suas

páginas, com especial atenção às colunas sociais e à seção dedicada às propagandas

publicitárias, espaços, como já dito, mais propícios para inserção de nomes de pessoas.

Muitas vezes, os dados fornecidos eram fragmentados, incompletos e insuficientes, sendo

comum, inclusive, aparecer apenas a fotografia da pessoa com o seu nome na legenda.

Nesses casos, a despeito da precariedade de dados, optou-se, mesmo assim, por

registrar os nomes encontrados nas revistas e complementar, quando possível, suas biografias

básicas, com informações obtidas nas outras 6 (seis) fontes de informação adotadas nesta

pesquisa.

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Um exemplo para ilustrar esse caso é o nome ‘Maria Abramo’. A fotografia da

jovem, aqui inserida como foto 29, surge na ‘Revista Semana Ilustrada’ de 1928, com a

seguinte informação: ‘senhoria Maria Abramo, graciosa soberana do reino do volante’.

Foto 29 - Maria Abramo, a soberana do

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