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6 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

6.3 A visão dos licenciandos

6.3.2 Recortes e comentários sobre os depoimentos

Quando questionada sobre o PIBID, Laura relata:

PIBID é o projeto de iniciação à docência, onde a gente tem a oportunidade de vivenciar com os alunos mesmos, propondo atividades pra eles, apoiando os alunos nas dificuldades que eles têm e da própria escola, as dificuldades que a escola tem e que a gente tá pronto para ajudar em qualquer situação que solicitar a gente no campo da matemática, a gente procura dar o melhor da gente, pra gente fazer bem, fazer as atividades bem feitinhas para poder dar tudo certo.

A pibidiana compreende a proposta do programa no sentido de possibilitar a aproximação com o ambiente escolar, mas expressa o foco nas atividades voltadas para o educando da escola básica. Considerando o tempo de quase um ano de participação no programa e a maturidade como aluna em fase de formação, entendemos que o percentual atribuído (25%) para representar o

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nível de compreensão do programa é um valor consideravelmente inferior à expectativa desse estudo.

Também o pibidiano Thor considera que:

A proposta do PIBID é fazer com que o aluno de licenciatura é... .tenha mais, como eu posso dizer...aprendizagem de sala de aula, é com a realidade, conviver com a realidade em sala de aula, porque como aluno a gente vê a sala de aula diferente, como professor é outra história.Então,, éeeeee o PIBID que eu entendo é isso,....a gente vem pra escola, faz alguns projetos, trabalha com os alunos, cê tem aqui na escola uma sala pra você, meus alunos, sempre eu trabalhei com o 9º, trabalhei com o 8º e vem muitos, então, eu tenho essa experiência, mas agora como assumir uma sala, tem hora que dá um embaralhado nas ideias, cê quer ser professor não, mas o PIBID ta me dando essa base... eu acho que na hora de terminar eu vou saber se eu quero ser mesmo ou não, eu acho que o PIBIB é pra isso.

O licenciando demonstra certa insegurança ao falar sobre o PIBID e afirma que é uma oportunidade de confirmar ou não a sua escolha profissional. Por esse motivo, atribuímos um valor de 25% relativo ao nível de compreensão do programa pela falta de aproximação com a resposta esperada para o primeiro eixo temático de análise.

Taíza entende que o PIBID:

É um programa que está presente na escola, ele tem como objetivo auxiliar o aluno, diretor, o que a escola precisa e ao mesmo tempo fazer a interação do, vamos dizer assim, do estagiário do PIBID com introduzir na escola, ... uma informação.

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No caso de Taiza (idem), a pibidiana relata de forma sucinta sua compreensão a respeito do PIBID, demonstrando desconhecimento acerca da proposta do programa. Nesse grupo, há licenciandos como, por exemplo, a Bela, que concebe totalmente a finalidade do programa, ao relatar que:

O PIBID é um laço entre a faculdade, com o professor de Matemática e a escola estadual, que tenta a melhoria dos três participantes, tanto da gente como estudantes da licenciatura, tanto do professor supervisor, tanto dos alunos. Acho que os alunos são os mais beneficiados, tanto nós da faculdade, com os alunos da escola pública porque eles a gente tem um certo distanciamento com o professor, às vezes não entende, só aquele horário com a sala cheia, não consegue pegar a matéria.Então,, eu acho que a gente tando lá, a gente vai aprender, eles vão falar pra gente as coisas que eles não conseguem visualizar com o jeito mais fácil de aprender, da mesma forma que a gente entende o que a gente tá ensinando, a gente pode melhorar isso quando formar.

Bela compreende a integração entre a universidade e a escola básica e

percebe contribuições para todos os participantes de programa: aluno em formação, professor em exercício e educando.

Já o licenciando Otávio descreve:

Não a sigla, né? O programa é um auxílio para os docentes ter noção do que realmente é o curso de licenciatura e a vivência desse curso de licenciatura na prática, entendeu?

Apesar de relatar de forma resumida, Otávio compreende razoavelmente a proposta do programa de aproximar o futuro professor da realidade escolar.

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O relato dos quatro pibidianos (Laura, Thor, Taíza e Otávio) apresenta disparidades e evidencia de forma geral uma baixa compreensão (média de 56,81% - Quadro 3) do grupo de futuros professores em relação à proposta do PIBID-Matemática.

No que se refere às influências positivas, o estudo obteve uma média de 60,23% para indicar o nível de percepção das contribuições do programa para a fase inicial de formação por parte dos integrantes do programa.

Podemos observar essa percepção no relato da pibidiana Ana Júlia:

Eu acho que é uma experiência riquíssima, a gente tem a oportunidade de passar por vários obstáculos que todo professor enfrenta, só que de maneira mais branda, com mais apoio, porque quando você é professor você não tem a mesma chance de falar assim, olha aquilo deu errado, o que eu faço agora. Aqui não, se alguma coisa sair do planejado, cê tem como mudar essa realidade, cê tem como interferir, pedir ajuda de alguém para auxiliar a fazer a coisa correta. Eu acho que a prática em qualquer profissão é de onde você mais aprende. O PIBID tem valido muito a pena.

Ana Júlia valoriza a experiência vivenciada na escola e enfatiza a

importância do programa para a prática da profissão docente.

Também a fala da licencianda Ana demonstra uma impressão positiva acerca do PIBID:

Oh, acho que o pibidiano vai ser um profissional diferenciado, porque a hora que ele chegar na escola, ele já vai ter um mundo de ideias testadas, que um aluno que não é pibidiano não tem e outra coisa, eu vejo no PIBID, uma oportunidade também, porque muitas das vezes, o professor chega na sala de

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aula, assusta, porque ele não teve nenhuma experiência, nenhum contato, agora o PIBID não, a gente já tem contanto com os alunos, com a realidade, com que é a escola, o que a escola está querendo ou não, é muito corrido, né? É uma aula de cinquenta minutos, outra aula de cinquenta minutos e vem outro professor, Então, a gente vai se adaptando aos horários que a gente tem que comparecer... Eu acho que é um primeiro passo de adaptação na escola, sabe?

Ana considera que o PIBID é uma excelente oportunidade de se adaptar

à dinâmica da escola e ao início da profissão docente, a partir do contato com o educando da escola básica.

Já o pibidiano Sig Freud descreve:

Pra mim o PIBID, é eu vou ser bem sincero, ele é um auxílio pra quem não está conseguindo acompanhar a escola, porque o que a gente faz aqui além das gincanas e dessas aulinhas assim, a gente dá muita monitoria, a gente pega muito aluno que tá fraco, a gente tenta colocar eles no mesmo nível que os outros alunos, eu acho que é mais um recurso, é um reforço pra escola, o PIBID e também voltado para nossa formação, chega a ser uma diferença muito rica pra gente também, porque a gente ta vivenciando desde já, antes de ser professor, a gente ta vivenciando o cotidiano dos alunos, ta vendo como que é as coisas. Eu até desanimei bastante, eu pensei que era uma coisa e eu to vendo que é outra completamente diferente. O trabalho é realmente maior do que a gente pensava. Isso é o que eu tenho a dizer sobre o PIBID.

Evidenciamos que existe uma interpretação errônea em relação aos benefícios do projeto, quando alguns licenciandos voltam o olhar inicialmente para o reforço escolar ou recuperação de notas, cujas contribuições estão focadas

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no desempenho do aluno da educação básica, na disciplina Matemática. Com isso, parte do grupo se distancia do principal objetivo desse programa educacional que consiste em promover a aliança colaborativa entre universidade e educação básica, no sentido de fortalecer e qualificar a etapa inicial de formação do professor.

Percebemos também que há registro das atividades desenvolvidas por alguns licenciandos, por meio do relato do pibidiano Guto:

A gente faz o planejamento pra aula, com a seleção dos exercícios, faz o propósito de cada exercício. Por exemplo, se eu vou trabalhar um exercício, eu quero que eles saiam sabendo isso, então, a gente tem um planejamento, a gente faz os exercícios e depois a gente analisa os resultados, mas ano passado não era precisa fazer os objetivos assim em papel, a partir de agora, tem que fazer os objetivos e depois a parte da aula e fica arquivado. Todas as atividades são entregues para colocar numa pasta que depois a supervisora entrega para o coordenador. Então, a gente faz o planejamento, faz a aplicação e depois a gente vai verificar os resultados, a gente faz esse processo sim.

Guto demonstra envolvimento com o programa ao fazer planejamento

das aulas com seleção de exercícios e análise dos resultados das tarefas desenvolvidas pelos alunos. O licenciando apresenta características de um profissional crítico-reflexivo ao relatar que planeja, seleciona atividades e analisa os resultados obtidos pelos alunos.

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