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O recreio escolar como meio promotor desenvolvimento motor da criança em contexto

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3. O recreio escolar como meio promotor desenvolvimento motor da criança em contexto

O recreio escolar é entendido como um espaço promotor para o desenvolvimento de determinadas habilidades, não só motoras mas também de outras naturezas. Segundo Pereira, Neto e Smith (1997), o recreio escolar apresenta uma vertente educativa desconhecida por muitos. Este sublinha a necessidade de repensar a finalidade que o espaço do recreio apresenta, no sentido de propor um conjunto de atividades, para que as crianças deixem de olhar para este espaço como um lugar promotor de determinadas práticas agressivas.

Segundo o Ministério da Educação (1997), o recreio escolar é entendido como um local potenciador de determinadas aprendizagens, sendo também considerado por estes, um espaço que apresenta caraterísticas e pontencialidades variadas. As Orientações Curriculares para a educação Pré-Escolar (1997, p. 37) revelam que “os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender”.

Mediante a perspetiva de Gomes, Queirós e Santana (1995), o recreio escolar torna-se um elemento pertinente no que concerne ao desenvolvimento da criança, uma vez que as atividades realizadas neste espaço exterior são distintas daquelas que realizam no interior da instiuição, sendo que as atividades realizadas neste mesmo espaço não são delineadas nem planeadas ou seja acontecem de forma livre e espontânea uma vez que as crianças escolhem e realizam as atividades que mais preferem. Neste tipo de espaços as crianças, e segundo os mesmos autores, podem e devem realizar diferentes atividades como brincar com aqueles que chamam de seus amigos ou também podem preferir não realizar qualquer tipo de atividade. Neto (1992) sublinha que o tempo dedicado ao espaço do recreio é imprescindível, tornando-se assim pertinente que a criança o aproveite ao máximo, na medida em que é a partir deste tipo de atividades livres que a criança estimula diversas capacidades, como a da estimulação, sendo que esta não é só destinada à aquisição de comportamentos motores, mas para além disto o reconhecimento do seu próprio corpo bem como no relacionamento com os outros, uma vez que estamos perante um

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lugar propício para tal. Perante a mesma teoria encontram-se os autores Burdette e Whitaker (2005), que ressalvam que o espaço do recreio oferece à criança múltiplas oportunidades que permitem à mesma o desenvolvimento da sua atividade física. Ambos referem também que é através do jogo que a criança estabelece os seus padrões motores e que de forma positivista este contribuí para o bem-estar da criança quer físico como psicológico, aumentando assim o nível de atenção e concentração da criança que contribuem para uma aprendizagem mais enriquecedora.

Em forma de concordância National Association for the Education of Young Children (NAEYC, 1997), o recreio escolar contém múltiplos benefícios que lhe estão subjacentes e que se podem distinguir sobre quatro perspetivas distintas como: a) Desenvolvimento físico, que ocorre quer do resultado da atividade física da criança que ocorre como desgaste da energia que se intala no corpo da mesma quer do desenvolvimento de determindas habilidades motoras, como resultado dos reflexos psicológicos da criança; b) Desenvolvimento social, que decorre da interação entre os grupos de pares, onde estas crianças vem desenvolvidos determinados comportamentos como da socialização, mas também como momentos de aquisição de competências como a partilha e a cooperação bem como o aumento e alargamento do campo da linguagem quer oral quer escrita; c) Desenvolvimento emocional, que ocorre mediante situações onde sentimentos são manifestados mediante o resultado das interações entre o grupo de pares que de uma forma geral permitem à criança aceitar o outro, ao testar da sua tolerância, ao autocontrolo e a resolução dos seus próprios conflitos que cria com os outros; d) Desenvolvimento cognitivo, que resulta dos comportamentos obtidos mediante situações exploratórias como jogos ou outro tipo de atividades que contribuem para o desenvolvimento de determinados aspetos a nível intelectual.

Vários autores, como Wickstrom (1983), Eckert (1993), Gallaheu e Ozmun (1995), Neto (2001a), referem que é desde tenra idade que a criança se deve empenhar no desenvolvimento de determinadas destrezas motoras. Os autores referidos acima sublinham que as capacidades relacionadas com os movimentos de locomoção, estabilidade e o manuseamento e manipulação de objetos até aos 6 anos de vida de cada criança, funcionando estas, ou não, como uma condicionante motor que auxiliará a criança no conhecimento das suas limitações motoras bem como no

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desenvolvimento do esquema corporal. É por volta dos três e os sete anos de idade que as habilidades motoras fundamentais estão em destaque no desenvolvimento motor da criança. Habilidades como correr, saltar, lançar, agarrar, trepar e pontapear.

De um modo geral, o recreio escolar permite à criança o desenvolvimento da motricidade global, promovendo assim o aperfeiçoamento de destrezas como trepar, correr, deslizar, baloiçar, rodopiar, saltar a pés juntos ou ao pé-coxinho. Por vezes o desenvolvimento destas habilidades devem fazer-se acompanhar por atividades devidamente estruturadas, planeadas e posteriormente implementadas bem como do equipamento e o material necessário que por vezes estas destrezas implicam (Ministério da Educação, 1997). A inibição motora faz parte parte da panóplia de atividaddes que se enquadram no panorama da motricidade global, no sentido de a criança perceber que tem de manter uma postura imóvel e de relaxamento. Em contrapartida, esta mesma fonte, ressalva que o recreio escolar visa também o desenvolvimento de capacidades relacionadas com a motricidade fina. Motricidade fina esta, que se pode realizar através de jogos em que a criança tenha a possibilidade de lançar e agarrar objetos, como a bola, e ainda jogos que permitam à criança a estimulação e manipulação de objetos, como baldes, carros, cordas, arcos entre outros, alternando as partes do corpo na realização deste tipo de motricidade, mais propriamente mãos ou pés.

Neto e Marques (2004), mais centrados nas brincadeiras no que concerne ao género masculino e feminino, e no sentido de caraterizar o comportamento lúdico- motor deste dois géneros, concluíram que os rapazes tem preferência pelo jogos de futebol, ou seja jogos que envolvam agilidade, enquanto que as raparigas preferem jogos mais calmos, de socialização, caraterísticas predominantes nos jogos tradicionais como a macaca e o jogo da apanhada.

Perante os estudos de investigação, Lopes (1993), concluíu que as atividades das crianças do género masculino diferem das crianças do género feminino, o que leva o mesmo autor a identificar que o género influência o tipo de jogos realizados no recreio escolar. Na sua investigação denotou que os jogos realizados pelas raparigas, são jogos de natureza menos ativa, mais de caráter lúdico. Por sua vez, os jogos realizados pelos rapazes estão relacionados com determinadas destrezas físicas, fazendo parte destes a acção e a forma.

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2.4. Atividade Lúdico-Motora com crianças com Necessidades