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Recurso a Sistemas de Informação na Optimização dos Processos Hospitalares

3. Sistemas de Informação em Saúde

3.4 Recurso a Sistemas de Informação na Optimização dos Processos Hospitalares

Com a evolução das soluções disponíveis e sobretudo face ao conhecimento actual, tornou-se imperativo o desenvolvimento de SI que promovam a monitorização da eficiência e eficácia da prestação de cuidados de saúde. O PCE surgiu como uma fonte central de informação da qual é possível recolher informações adicionais sobre os processos que decorrem no PCS.

Nas próximas secções são abordados os conceitos essenciais relacionados com o aparecimento dos sistemas que visam a monitorização e optimização dos processos. Vários estudos têm demonstrado que a utilização de mecanismos de workflow permitem melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados que são prestados aos utentes.

3.4.1 Optimização dos Processos com Base em Mecanismos de Workflow

Os SI orientados para a optimização dos processos surgiram durante a década de 90, no contexto do Business Process Management. Nessa altura, as abordagens orientadas para o desenvolvimento de prestadores sustentáveis defendiam que era necessário adoptar mecanismos que possibilitassem a melhoria do desempenho e dos resultados. Recentemente, e face à adopção dos princípios da governação clínica existe um interesse crescente na aplicação de métodos formais que repliquem estes conceitos com vista ao desenvolvimento de prestadores que assegurem processos internos optimizados e em conformidade com as orientações clínicas. Neste contexto, sempre que os recursos envolvidos na prestação de cuidados de saúde se

desviarem dos protocolos estabelecidos pelo prestador, o SI automaticamente notifica o profissional de saúde. (26) (59) (62) (63) (64) (65) (66)

No panorama geral, os mecanismos de workflows surgiram na sequência da necessidade de optimizar e padronizar os processos que ocorrem nos PCS. Estes são frequentemente definidos como representações formais dos processos que na sua essência se encontram representados segundo tarefas definidas de acordo com um conjunto de regras sequenciais. Cada tarefa, quando termina, inicia automaticamente o passo lógico seguinte no processo. Isso sucede até que todo o procedimento esteja completo. (26) (62) (65) (66)

No contexto da saúde é necessário distinguir à partida que existem duas áreas distintas de mecanismos de workflow: os organizacionais e os clínicos. Enquanto os workflows organizacionais auxiliam na coordenação dos recursos humanos e das unidades organizacionais, os workflows clínicos estão relacionados com os protocolos adoptados durante o ciclo terapêutico-diagnóstico do utente. (26) (64) (66)

Primeiramente, para suportar os processos organizacionais é necessário fornecer as informações no momento oportuno. Para tal é necessário avaliar tanto as arquitecturas de SI disponíveis como os protocolos adoptados no prestador. Ainda mais importante que isso é necessário desenvolver sistemas integrados e semanticamente compatíveis. (26) (59) (62) (64) (66)

O suporte integrado da prática clínica e sua adaptação ao utente constitui uma tarefa fundamental para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados. Estudos concretos têm demonstrado que soluções que suportem a decisão clínica e a prescrição médica, permitem melhorar o desempenho médico e os resultados obtidos ao nível do utente. (26) (62) (64) (67) Estas soluções têm vindo a ser desenvolvidas segundo métodos formais, com o objectivo de assegurar a conformidade das decisões clínicas com recomendações das orientações clínicas. Apesar de as recomendações serem semelhantes em todos, existem diferenças nas características do utente que podem comprometer a lógica do processo concreto e as componentes envolvidas. As particularidades que devem ser asseguradas durante o desenvolvimento destas as soluções, serão abordados com maior detalhe na secção seguinte. (26)

3.4.2 Mecanismos de Workflow Baseados em Orientações Clínicas

Idealmente, as orientações clínicas são definidas com o intuito de serem incorporadas na prática clínica. Contudo, para que estas sejam adoptadas é necessário que as recomendações estejam facilmente acessíveis, o que nem sempre sucede. Neste contexto, o desafio posto aos SI actuais passa por fornecer as melhores evidências e integrar esta informação com a prática clínica de uma forma flexível, recorrendo para tal aos mecanismos de workflow. (26) (66) (67) (68)

Reconhece-se que os mecanismos de workflow permitem suportar o processo de selecção das práticas clínicas. Em concreto, as orientações clínicas têm sido tradicionalmente promovidas através de notificações que surgem na interface gráfica dos SI. (16) (66) (69) (70)

Embora limitados, estudos científicos demonstraram a influência positiva que as notificações geradas pelos SI, têm nos resultados dos cuidados de saúde. Algumas evidências sugerem que as notificações são especialmente relevantes quando apresentadas no momento da tomada da decisão. Contudo, o processo de tomada de decisão sobre os cuidados que serão efectivamente prestados ao utente depende inteiramente do profissional de saúde. (16) (66) (69) (70)

Durante a sua implementação, procede-se à formalização das recomendações de acordo com uma representação compreensível pelo sistema. Os SI permitem apenas agilizar o processo, fornecendo ao médico toda a informação relevante sobre o estado clínico do utente. Surge então a necessidade de determinar o que é relevante, nomeadamente, que dados são necessários para que se possa disponibilizar estas metodologias que promovem as boas práticas. (16) (26) (59) Primeiramente, é necessário assegurar o registo e disponibilidade de informação relevante, pois só após o seu registo é possível processar a informação. Assegurada a disponibilidade da informação é necessário definir a metodologia segundo a qual será guiada a prestação de cuidados de saúde. Neste contexto são consideradas as orientações clínicas que se encontram definidas com base nas melhores evidências actualmente disponíveis. (26) (67)

Em concreto, existem dois tipos de notificações: aquelas que activamente relembram o profissional de saúde e as que segmentam a sua resposta ao longo do episódio, nomeadamente, aquelas que aguardam períodos de tempo antes da resposta. (68)

O profissional de saúde pode facilmente aceitar ou rejeitar as recomendações apresentadas nas notificações. Mesmo assim, é boa prática garantir que em todos os casos onde se justifique o incumprimento das recomendações, as razões sejam devidamente documentadas. Deste modo será possível identificar a razão que conduziu o profissional de saúde a rejeitar a adopção das orientações. Se a mesma for plausível, o caso será considerado como uma exclusão aquando da monitorização da qualidade. (10) (16) (26) (66) (67) (68)

No futuro, os SI devem tirar partido da sua capacidade de processamento e identificar à partida factores que justifiquem a rejeição de determinados procedimentos e terapêuticas. Devem igualmente utilizar o conhecimento clínico disponível, comparando o caso actual, com episódios de cuidados com perfis semelhantes. Com todas estas componentes será possível disponibilizar uma solução integrada que suporte a prática clínica, promova a qualidade e a segurança, com base em informações relevantes e na experiência adquirida. (26) (66)

Adicionalmente, as características das orientações clínicas definem que após a sua implementação é necessário suportar a sua utilização durante o tempo que estas forem

reconhecidas, procedendo à sua actualização sempre que necessário. A tendência evolutiva das orientações clínicas, define que a implementação das mesmas deve ser efectuada recorrendo a tecnologia adaptativa, que possa facilmente ser reformulada sempre que uma nova recomendação é apresentada. O objectivo do suporte contínuo dos mecanismos de workflow passa então por assegurar que o sistema se baseia sempre nas melhores evidências actualmente disponíveis. (10) (26) (59) (68) (70)