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Serviços Disponíveis no Contexto Hospitalar

2.4 Impacto da Governação Clínica nos Cuidados Hospitalares

2.4.2 Serviços Disponíveis no Contexto Hospitalar

Nos hospitais é possível distinguir a um nível macro as componentes relativas aos serviços de saúde disponíveis e aos cuidados prestados com o intuito de prevenir ou tratar a doença. Geralmente, a prestação de serviços no contexto hospitalar envolve o apoio a utentes internados no prestador (permanência prolongada), utentes em regime de ambulatório (permanência temporária) e de urgência (cuidados prestados a utentes emergentes). (5)

Nas próximas secções serão apresentadas as particularidades dos serviços de internamento, ambulatório e urgência. Como não é objectivo deste trabalho apresentar uma revisão detalhada destes serviços e do seu impacto nos cuidados prestados, será apenas apresentada uma revisão genérica dos seus objectivos e do fluxo característico dos utentes que frequentam estes serviços.

2.4.2.1 Cuidados de Saúde no Serviço de Internamento

O internamento é normalmente utilizado nos casos em que os utentes necessitam de assistência médica contínua quer pela gravidade do estado, quer pela falta de meios no exterior que possam

Decisão Clínica Conhecimento Clínico Plano Terapêutico Procedimentos de Diagnóstico Estado clínico do utente Ciclo de Terapia Ciclo de Diagnóstico Interpretação de Informação Clínica Interpretação de Informação Clínica

assegurar um acompanhamento adequado. Neste caso, o utente é admitido num PCS, num determinado serviço onde lhe são disponibilizados cuidados de saúde durante um determinado período (no mínimo de vinte e quatro horas). Este regime pressupõe uma abordagem personalizada, atendendo à complexidade e diversidade de complicações que o utente apresenta. Durante este tempo, o utente ocupa uma cama no serviço em questão (ou berço no caso de utentes neonatais ou pediátricos). (27) (28)

Casos em que os utentes venham a falecer, saiam contra parecer médico ou sejam transferidos para outro estabelecimento e não cheguem a permanecer durante as vinte e quatro horas nesse PCS, podem mesmo assim ser considerados como internamentos desde que durante a sua permanência tenham recebido assistência médica contínua. (27) (28)

Durante a sua permanência, o utente é periodicamente reavaliado, sendo assim que possível efectuada a alta clínica. No planeamento da alta os profissionais de saúde devem considerar o prognóstico do utente, de forma a garantir que as recomendações após a alta serão cumpridas. Tal é particularmente importante nos casos, em que o seu não cumprimento poderá acarretar graves riscos para o utente. (5)

2.4.2.2 Cuidados de Saúde no Serviço de Ambulatório

O ambulatório apresenta uma abordagem personalizada e contínua, especialmente direccionada para doentes crónicos, que devem ser periodicamente reavaliados pelos profissionais de saúde. Este regime corresponde a uma visita temporária ao hospital, durante a qual são prestados cuidados de saúde. Este conceito engloba diferentes modalidades de prestação de cuidados, nomeadamente: a consulta externa, a cirurgia de ambulatório e as sessões do hospital de dia. (27) (28)

As consultas externas surgem como uma unidade, onde os utentes após marcação prévia, são atendidos para observação, diagnóstico, terapêutica e acompanhamento. No decorrer das consultas externas podem também ser efectuados pequenos procedimentos cirúrgicos ou exames complementares de diagnóstico. (27) (28)

A cirurgia de ambulatório é uma divisão funcional onde se realizam intervenções cirúrgicas programadas, sob anestesia geral, loco-regional ou local que, embora habitualmente efectuadas em regime de internamento, podem ser realizadas em instalações próprias, desde que a segurança do utente seja assegurada. As cirurgias de ambulatório apenas são recomendadas para um conjunto de procedimentos, desde que o utente cumpra os requisitos de admissibilidade. Neste tipo de procedimentos cirúrgicos o tempo decorrido entre a admissão e alta deve ser inferior a vinte e quatro horas. (27) (28)

Os hospitais de dia correspondem a serviços onde os utentes recebem os cuidados de saúde especializados, de forma programada, permanecendo sob vigilância por um período inferior a vinte e quatro horas. (27) (28)

2.4.2.3 Cuidados de Saúde no Serviço de Urgência

A medicina de emergência baseia-se na prevenção, diagnóstico e tratamento de patologias e traumas que afectam o utente na sequência de episódios agudos e urgentes. O serviço de urgência apresenta-se como a principal porta de acesso dos utentes ao hospital. É sobretudo essencial garantir uma resposta adequada por parte do serviço de urgência, visto que os cuidados aí prestados podem culminar na melhoria ou no internamento do utente. (5) (29) O acesso ao serviço ocorre frequentemente pelos próprios meios, por ambulância ou após recomendação pelo médico de família. Com a chegada ao prestador segue-se o registo da admissão do utente, o qual é da responsabilidade de um administrativo e consiste na identificação de alguns dados pessoais e relativos ao cariz da visita ao hospital. (29) (30)

De acordo com o fluxo do utente no serviço de urgência, apresentado na Figura 2.4, após a admissão o mesmo passa a constar na lista de utentes por triar. A triagem corresponde ao primeiro contacto clínico, onde o estado clínico do utente é inicialmente avaliado, sendo-lhe atribuída um grau de prioridade consoante a gravidade das condições pré-existentes. Este processo permite uma racionalização adequada dos recursos, privilegiando a prestação de cuidados aos utentes com quadros clínicos de maior severidade. (29) (30)

Figura 2.4 Fluxo do utente no serviço de urgência.

Durante a triagem devem ser transmitidos ao profissional de saúde um conjunto de informações que o auxiliam na caracterização da severidade do caso. Entre estes é de referir o instante em que se iniciaram os sintomas e os cuidados pré-hospitalares a que o utente foi submetido. (30) Segue-se o processo de prestação dos cuidados clínicos, nomeadamente é avaliado o estado do utente, são prescritas as terapêuticas adequadas ou os exames complementares necessários à verificação do diagnóstico. No final, dependendo do estado do utente, o mesmo pode ser internado ou, em alternativa, é registada a sua alta. (30)

Os serviços de urgência são frequentemente confrontados com um grande volume de utentes, o que compromete os tempos de resposta dos profissionais de saúde e a eficácia dos procedimentos realizados. É por isso necessário reestruturar este serviço de forma a adoptar modelos que impulsionem uma resposta eficiente por parte dos profissionais de saúde. (30)

Chegada do utente Registo e Admissão Triagem Cuidados médicos Registo da Alta