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4.  CAPÍTULO 50 

4.5   RECURSOS DISPONÍVEIS AO TRANSPORTE ESCOLAR RURAL 80

A responsabilidade pelo oferecimento de transporte escolar cabe aos estados e municípios, os quais devem investir recursos próprios para subsidiar a oferta e manutenção do serviço de transporte (artigos 10 e 11, inciso I e III da LDB). Porém, não basta apenas definir em leis a necessidade de oferta da educação e seus programas suplementares. É preciso criar instrumentos que viabilizem a implementação das diretrizes e tornem realidade as determinações legais.

Dada a importância do TER, para que se proceda a universalização da educação, há ações federais específicas destinadas à manutenção desse serviço, que inclui auxílio ao transporte escolar. Tais ações voltam-se, normalmente, para a distribuição de recursos financeiros, materiais ou facilitações de financiamento. Os recursos federais destinam-se a auxiliar,

Contratação de Serviço Execução Indireta Iniciativa Privada Contratação de Serviço de TER

supletivamente, os estados e municípios em seu papel de disponibilizar transporte escolar aos alunos da rede pública de ensino.

Dentre as ações do Poder Público Federal destacam-se a criação de programas e fundos com os quais os demais entes federativos podem contar para a compra de veículos, embarcações e até mesmo recursos pecuniários para manutenção desses veículos e embarcações, contratação de operadores de transporte, compra de vales etc.

Mister se faz destacar que tais programas, cumprindo as metas do Plano Nacional de Educação – PNE, têm seu foco voltado para alunos residentes nas zonas rurais (Objetivos e Metas, Ensino Fundamental, Item 17). Entre as principais ações implementadas ao longo dos últimos anos e destinadas ao transporte escolar podem ser citadas (Quadro 4.3):

Quadro 4.3: Programas voltados à educação e ao transporte escolar

Dispositivo

Legal Programa Particularidades

Lei n. 10.845/2004

Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializados

às Pessoas Portadoras de Deficiência

(PAED)

Reserva a faculdade aos entes federativos de prestar

apoio técnico e financeiro às entidades privadas sem

fins lucrativos que oferecem educação especial (BRASIL, 2004a).

Portaria Ministerial n.

955/1994

Programa Nacional de Transporte Escolar

(PNTE), substituído pelo Programa

Caminho da Escola

Visava garantir assistência financeira para a aquisição de veículos zero km (rede pública, área rural e portadores de necessidades especiais) (BRASIL, 1994a).

Lei n. 11.494/2007

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e

de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)

Objetiva a manutenção e o desenvolvimento da educação básica pública (BRASIL, 2007a).

Lei n. 10.880/2004

Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate)

Objetiva oferecer o Transporte Escolar aos alunos do ensino fundamental público, residentes em área

rural, e dessa forma garantir o acesso e a

permanência desses nos estabelecimentos escolares (BRASIL, 2004b).

Resolução/FNDE

/CD n. 03/2007 Programa Caminho da Escola

Visa possibilitar a renovação e ampliação da frota

de veículos de transporte escolar (área rural).

(BRASIL, 2007b)

Como visto, a maioria dos benefícios traduz-se em auxílio financeiro, alguns transferidos a estados e municípios por repasse direto de capital, outros vinculados a programas e fundos criados pelo ente Federal, que, juntamente com estados e municípios, devem garantir o acesso e permanência dos alunos nas escolas. Esses recursos visam, basicamente, fazer com que os serviços acima referidos sejam postos em prática.

Segundo o PNE, as inversões financeiras requeridas para a manutenção da oferta de transporte escolar devem ser vistas, sobretudo, como aplicações em direitos básicos dos

cidadãos. Destacam-se dentre os auxílios hodiernamente disponibilizados, o salário- educação, os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – Pnate e do Programa Caminho da Escola. Os dois últimos focam-se basicamente em benefícios direcionados ao transporte escolar de alunos residentes em áreas rurais.

Assim, embora a preocupação com a educação não tenha se efetivado durante muito tempo, observa-se um crescimento nos últimos anos de ações voltadas para mitigar este problema. Essas ações emergem concomitantemente com o entendimento de que esse direito só será plenamente cumprido com a provisão de outras necessidades, dentre as quais o transporte.

Vale destacar aqui o programa Pnate e Caminho da Escola. O Pnate tem por objeto oferecer transporte escolar aos alunos do ensino fundamental público, residentes em área rural e, dessa forma, garantir o acesso e a permanência desses nos estabelecimentos escolares. O Pnate fornece assistência financeira, em caráter suplementar, a estados e municípios para que esses custeiem despesas de reforma, seguros, licenciamento, impostos e taxas, pneus, câmaras, serviços de mecânica em freio, suspensão, câmbio, motor, elétrica e funilaria, recuperação de assentos, combustível e lubrificantes do veículo ou, no que couber, da embarcação utilizada, para o transporte de alunos do ensino fundamental público residentes em área rural.

O apoio financeiro pode ainda ser utilizado no pagamento de serviços contratados junto a terceiros para o transporte escolar. A transferência de recursos tem como base de cálculo o número de alunos constantes no censo escolar do ano anterior. Considera ainda a dimensão da área rural do município, a população moradora do campo e a posição do município na linha de pobreza, o que fez os valores per capta variarem entre R$ 81,00 e R$ 116,32 no ano de 2007.

O programa Caminho da Escola não se traduz em transferência de recursos financeiros, mas em facilidades oferecidas por meio da concessão de linhas de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES para a aquisição de ônibus, mini-ônibus e microônibus, além de embarcações.

O objetivo do Caminho da Escola é promover a renovação e ampliação da frota de veículos de transporte escolar destinada ao transporte diário de alunos da educação básica municipal e estadual que residam em zona rural. Além disso, o Caminho da Escola objetiva padronizar os meios de transporte utilizados no transporte escolar, reduzir o preço dos veículos escolares por meio de isenção de impostos sobre sua compra e aumentar a transparência na aquisição dos veículos e embarcações.

A instituição desses programas aponta para um aspecto bastante positivo que é a revalorização da área rural. Indica que mesmo depois de tantos anos à margem de ações públicas o meio rural tem sido alvo de investimentos do Estado visando a melhoria das condições de vida da população.

Contudo, há de ser destacado que esses programas são apenas um primeiro passo para minimizar o problema existente. Portanto, não devem ser os únicos nem os últimos, até porque políticas voltadas para a melhoria da qualidade da escola e disponibilização de escolas adequadas à realidade campestre são consideradas por muitos estudiosos como mais efetivas.

Além de garantirem aos educandos o que lhes confere a lei, também minimizam os efeitos negativos de grandes deslocamentos, como o cansaço físico, que impacta negativamente no rendimento dos alunos e a probabilidade de ocorrência de acidentes, dentre outros aspectos. No entanto, considerando a situação atual de deficiência das escolas rurais e a necessidade de oferta de educação para uma maior parcela de cidadãos, ações voltadas para o transporte são necessárias, pois esse significa para muitas pessoas único meio de acesso à educação.

Existe outro programa disponibilizado às empresas do setor privado que possuem o interesse de prestar o serviço de transporte de alunos das redes públicas estaduais e municipais. Trata-se do Proescolar, que assim como o Caminho na Escola é uma linha de crédito do BNDES utilizada para a aquisição de veículos para o TER e urbano.

Os interessados nessa linha de credito devem dirigir-se a uma instituição financeira credenciada ao BNDES, com a especificação técnica (orçamento ou proposta técnico- comercial) do bem a ser financiado. A instituição informará qual a documentação

necessária, analisará a possibilidade de concessão do crédito e negociará as garantias. Após aprovação pela instituição, a operação será encaminhada para homologação e posterior liberação dos recursos pelo BNDES.

Por último, além dos programas de financiamento direto para o transporte escolar, outras linhas de recursos encontram-se disponíveis, como empréstimos da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e o Programa Pró-Transporte. O primeiro têm como objetivo financiar a realização de estudos e projetos, o detalhamento de projetos básicos, o desenvolvimento de softwares para a gestão de trânsito e transportes e outros objetos com valor cognitivo.

Já o Programa Pró-Transporte foi aprovado pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, por meio da Resolução n. 567, de 25/06/2008 e voltado ao financiamento de infraestrutura para o transporte coletivo urbano. Sua contribuição para o TER é na possibilidade de construção de abrigos ou pontos de parada. Algumas das exigências para a habilitação nesse programa são a existência de Plano Diretor e de Plano de Transporte e Circulação atualizados, e a priorização do acesso aos Portadores de Necessidades Especiais – PNEs em projetos de construção ou reforma de infraestrutura.