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A utilização do conceito de redes é bastante difundida em diversas áreas, mas apresenta, pelo menos, um ponto em comum: a existência de dois ou mais agentes que se unem para a realização de ações conjuntas.

Lipnack e Stamps (1992) definem network como uma teia de participantes autônomos, unidos por valores e interesses compartilhados. Assim, trabalhar em redes de conexões significa a conexão de pessoas, unindo ideias e recursos. Nakano (1994) afirma que o novo paradigma tecnológico trouxe esse conceito de network, ou seja, um novo mecanismo de coordenação que se apoia numa relação de contratação obrigacional de cooperação e de reciprocidade.

Cardoso et al. (2002) estabelecem que as redes se caracterizam por relações de longo prazo entre seus participantes. As organizações que se integram em redes agem como se fossem um ente único, embora cada uma desempenhe funções diferentes. Assim, acabam por se tornar interdependentes, acentuando suas interligações.

Especificamente com relação a redes de empresas, Britto (2002) conceitua como

arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos – muitas vezes de caráter cooperativo – entre empresas formalmente independentes, que dão origem a uma forma particular de coordenação das atividades econômicas.

Conforme Shima (2006), as redes de empresas são um fenômeno antigo, embora a teoria econômica tenha voltado a despertar para esse assunto somente no final dos

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anos 1980. Para esse autor, suas origens estão no início do século passado, quando o mecanismo de redes de empresas viabilizou que as pequenas produções artesanais fossem capazes de obter economias de escala e de escopo. Economias como a italiana e a japonesa são exemplos de economias bem sucedidas, nesse propósito.

Segundo Britto (2002), as redes de empresas têm quatro elementos estruturais: nós, posições, ligações e fluxos. Os nós são constituídos pelas empresas que formam as redes e suas estratégias de relacionamentos com outros agentes. Podem ser também uma atividade produtiva ou determinada indústria, atribuindo, nesse caso, relevância aos fatores que explicam a integração de diferentes atividades produtivas no interior de uma rede.

As posições caracterizam-se por determinada divisão do trabalho que liga os diferentes nós na busca de objetivos comuns. Envolve integração de capacidades operacionais e competências organizacionais, bem como compartilhamento de tecnologias.

As ligações devem detalhar o grau de relacionamento organizacional, produtivo e tecnológico entre os agentes. Quanto à forma dos relacionamentos, um fator importante é a formalização contratual que regula esse relacionamento entre os agentes. Quanto ao conteúdo, as ligações podem ser sistemáticas (restrita ao campo mercadológico), ligações que envolvem a integração de etapas sequenciais na cadeia produtiva e um terceiro tipo, qualitativamente mais sofisticado, que envolve integração de conhecimentos e competências retidos pelos agentes, de maneira a viabilizar a obtenção de inovações tecnológicas.

Finalmente, os fluxos que circulam pelos canais de ligação entre os nós podem ser tangíveis ou intangíveis. Os tangíveis são baseados em transações estabelecidas entre os agentes, por meio dos quais são trocados insumos e produtos. Os intangíveis correspondem às informações que circulam entre os agentes. Devido à imaterialidade de seu conteúdo, não são de fácil identificação.

Essa tendência atual da constituição de redes representa nova forma de operacionalização de certas relações entre empresas, considerando-se que a prática da terceirização aparece como forma de interação que ultrapassa o simples fornecimento de produtos e insumos entre duas empresas, de modo particular empresas de pequeno porte em relação às grandes. Há evidência de trocas tecnológicas, sendo esse um elemento de sobrevivência e, como já destacava Cabral (1999), tais arranjos cooperativos servem,

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direta ou indiretamente, de instrumentos de transmissão de tecnologia, ao fomentarem o intercâmbio de informações, know-how, projetos, equipamentos, pessoal, etc.

As empresas de pequeno porte encontram dificuldades ou maiores limitações para competirem isoladamente, restando a elas, conforme Casarotto Filho e Pires (2001), duas opções: engajarem-se numa rede tipo topdown ou serem participantes de uma rede flexível. Na rede tipo topdown, a pequena empresa pode se tornar fornecedora de uma empresa-mãe. É uma rede na qual o fornecedor é altamente dependente das estratégias da empresa-mãe e tem pouca ou nenhuma flexibilidade ou poder de influência nos destinos da rede. É o caso típico das indústrias automobilísticas e de sistemas de integração de agroindústrias. Na rede flexível, as pequenas empresas unem- se por um consórcio com objetivos amplos mais restritos. Esse consórcio simula a administração de uma grande empresa e tem mais flexibilidade de atendimento a pedidos diferenciados, ou seja, agrega valor aos produtos.

Santos e Varvakis (1999) destacam as noções de clusters e organizações virtuais como duas experiências de tipos de redes de empresas que podem ser úteis à melhoria de competitividade de pequenas e médias empresas. Esses tipos de empresas não teriam condições de dominar, com competência, todas as etapas da cadeia de valor, não tendo, igualmente, capacitação para gerir essas etapas. Assim: a solução pode estar na

formação das redes de cooperação, em que a rede passa a dominar todas as etapas da cadeia de valor e cada empresa desempenha sua função, de acordo com sua competência essencial.

A capacidade das empresas de oferecer bens e serviços novos, melhorar sua eficiência e conquistar novos mercados está associada à ideia de criar e aplicar novos conhecimentos técnicos e científicos. O bom desempenho econômico e a competitividade passaram a ter como requisito a atualização permanente de conhecimentos e a inserção estratégica em redes. Assim, as redes de empresas representam um recurso inovativo de obter competitividade e sobreviver no mundo globalizado.